Queimar a Marca Brasil virou estratégia eleitoral

DELFT (Países-Baixos) – Estudiosos de marketing em todo o mundo dedicam-se a um campo relativamente novo nesta área, que é a criação e as características da chamada “nation brand” ou “marca-país”. Já em 1965, pesquisas aplicadas mostraram que o consumidor dá avaliações diferentes a um mesmo produto que lhe é oferecido, dependendo do rótulo “fabricado em…”, ou seja, ele leva em consideração a localidade de origem na hora de decidir uma compra.

A partir deste dado, muitos estudos se seguiram, e o conceito de “marca-país” passou a ser discutido seriamente como fator importante no comércio e na propaganda mundiais. Está consolidada, por exemplo, a distinção entre “identidade nacional” (conjunto dos elementos que dão personalidade a um país, incluindo sua história, geografia, artes, cidadãos famosos, etc.) e “imagem nacional” (a maneira como o país é visto nos demais países e no mundo como um todo). A identidade forma-se historicamente; a imagem pode ser melhorada, assim como pode piorar, e há vários métodos para medi-la tecnicamente.

A imagem é levada em conta, segundo pesquisas, também pelos executivos de grandes empresas com poder de decidir a destinação de investimentos num determinado país. Estudo do Communication Group e do Think Tank You Gov, da Grã-Bretanha, em 2006, concluiu que 92% desses executivos afirmam que a imagem de um país é “fator vital” para suas escolhas. 65% acham difícil decidir por um novo empreendimento apenas baseado em “hard factors” – fatores estritamente numéricos – e 60% afirmam que os “soft factors” ( estilo de vida, arquitetura, artes, etc.) são crescentemente importantes.

Ora, um evento como a Copa do Mundo de Futebol é um momento privilegiado para o país-sede incrementar a sua imagem positiva no exterior, partindo de sua “identidade” e agregando novos valores ao conjunto de sua representação mercadológica. Segundo o professor Marco Antonio Ocke, da USP, “para o país-sede, a Copa mostra-se eficaz ferramenta de promoção da localidade como força econômica com o objetivo de captar investimentos, atrair visitantes, moradores e profissionais, fomentar o comércio, a indústria e as exportações”. Ao organizar o campeonato de 2006, a Alemanha usou-o para reaquecer sua economia, que atravessava fase de baixa depois dos custos da reintegração. Com o slogan “Um mundo entre amigos”, o país gerou cerca de 4 mil empregos por ano desde o anúncio dos jogos, alavancando cerca de 10 bilhões de euros para sua economia. Houve um crescimento geral do PIB e grandes obras e avanços nas áreas esportiva, de turismo e de tecnologia da informação.

A Copa é tal oportunidade de promoção mundial que a Austrália, por exemplo, de onde sairá o terceiro maior contingente de visitantes, cerca de 20 mil, realizará uma série de eventos culturais nas cidades onde sua seleção nacional se hospedará ou jogará, Vitória, Cuiabá, Curitiba e Porto Alegre. O país tem 40 bilhões de reais investidos no Brasil, recebe 20 mil estudantes brasileiros por ano, e quer aproveitar a Copa para ampliar sua presença em todos os setores. Também a Holanda promoverá exposições e eventos paralelos à Copa, como outros países. Cabe ao Brasil esperar que todos os países visitantes levam daqui muito mais do que vão trazer.

 

O FATOR POLÍTICO-ELEITORAL

Os planos do Governo brasileiro para a Copa de 2014 incluem “agregar novos elementos à imagem do país (economia forte, capacidade de inovação, sustentabilidade) sem deixar de reforçar as características positivas pelas quais o país já é conhecido (hospitalidade, belezas naturais, diversidade cultural)”. No tema “negócios”, o planejamento dos órgãos envolvidos com o mega-evento prevê, internamente,  “estimular a descentralização economica, potencializando e atraindo investimentos para as diversas regiões; e estimular a cultura do empreendedorismo a partir da Copa”. Na frente externa, pretende-se “imprimir à imagem dos produtos e marcas brasileiras atributos de tecnologia, qualidade, inovação e sustentabilidade, contribuindo para o aumento das exportações; apresentar o país como fonte de oportunidades para parcerias e soluções sustentáveis de alto crescimento; e atrelar à imagem do país sua importância para a economia e a política internacionais”.

Vê-se que muito além dos campos de futebol, que reunirão centenas de milhares de torcedores em doze capitais de Estados, há muito mais em jogo. O Brasil pode galgar um degrau importante no seu conceito geopolítico e comercial, ampliando sua presença no cenário internacional do século que começa. Ou pode mostrar-se um país carente de organização, governabilidade e eficiência, fatores que valem, no mínimo, tanto quanto a simpatia de seu povo, a beleza de suas paisagens, a riqueza de sua Cultura.

As manifestações de rua contra a realização da Copa não chegam a preocupar, já que são normais em todos os países democráticos. A menos que resvalem para depredações de grande porte, ou causem vítimas brasileiras e estrangeiras – para o que o governo federal, os estaduais e municipais afirmam estar devidamente preparados, inclusive com respaldo de órgãos de segurança dos países participantes – os protestos podem até servir de atestado de nossa estabilidade política, da ampla liberdade de manifestação, da maturidade democrática do país – pontos positivos para a “imagem”.

Esta imagem vinha melhorando ao longo dos últimos dez ou quinze anos. Em termos de eventos, a Copa das Confederações da FIFA, em meados do ano passado, foi um teste muito positivo. A audiência internacional de TV na final entre Brasil e Espanha foi 50%  maior do que a final da última Copa do Mundo, entre Holanda e Espanha. Dos estrangeiros que aqui estiveram para a competição, 75,8% disseram em pesquisas que pretendiam voltar ao Brasil para a Copa de 2014. 70% afirmaram que tiveram suas expectativas com o país atendidas ou superadas; 95% aprovaram os estádios; 72% aprovaram os transportes públicos (!), e 88% gostaram dos serviços de táxi. Também foi um sucesso a “disponibilidade dos funcionários nos estádios e outras instalações em dar informações”, elogiada por 89,5% dos turistas-torcedores. Já a qualidade e preço da alimentação nos estádios foi reprovada por 78,2%.

De poucos meses para cá, cresceu o número de reportagens negativas na mídia internacional sobre o Brasil, mas isso resulta do próprio fato de as atenções do mundo estarem se concentrando mais no país. Os problemas mostrados, e os preconceitos revelados, por exemplo, pela revista liberal The Economist, que chamou os brasileiros de “preguiçosos”, ou pelo jornal sensacionalista Daily Mirror, que colocou Manaus entre as cidades mais perigosas do mundo, cujos riscos incluem “cobras venenosas e tarântulas” são reversíveis. Tudo depende da normalidade dos jogos, da recepção aos turistas e torcedores, e do funcionamento razoável da infraestrutura.

O fator mais preocupante é outro: a oposição política ao governo Dilma Rousseff, nesse ano eleitoral, tem demonstrado que o fracasso da Copa do Mundo lhe convém. Ela teme que a vitória da seleção brasileira leve o país a uma tal euforia que isso contagie o governo e influa numa fácil vitória da candidata do PT. Assim, há evidente torcida entre forças políticas de extrema-esquerda, do centro-direita e de pequenos grupos de extrema-direita (aqueles que convocaram marchas em favor de um golpe militar, fracassadas em 22 de março último), para que o Brasil saia derrotado dentro e fora dos gramados. Um caos nas cidades-sede seria de grande proveito para as oposições na campanha eleitoral que se aproxima, e para a qual elas não parecem contar com propostas e candidatos capazes de reverter o favoritismo de Dilma em todas as pesquisas, até agora.

Apostar num fracasso da Copa, porém, envolve muito mais do que o episódio eleitoral. Como vimos, a “marca-país” é algo muito mais sério, importa a várias gerações, e seria lamentável que brasileiros, propositadamente, ajudassem a detonar uma construção tão difícil. Já nos bastam os problemas que realmente temos; não precisamos de outros gerados pela ambição de poder de alguns políticos. Além disso, não há provas de que o resultado da Copa influa decisivamente nas eleições. Já o prejuízo em termos de imagem internacional do país, caso o Brasil falhe, este é previsível cientificamente, e os danos custarão décadas a serem reparados, afetando, inclusive, o próximo megaevento, os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Antonio Barbosa Filho -Jornalista e escritor, autor de A Bolívia de Evo Morales e A Imprensa x Lula – golpe ou sangramento? (All Print Editora). Vive entre a Holanda e o Brasil, e visitou 32 países nos últimos oito anos, alguns várias vezes.

Redação

29 Comentários

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  1. Falando em “Marca Brasil”… 

    Falando em “Marca Brasil”…  hoje minha irma da Australia me informou que o Ciencia sem Fronteiras de Dilma esta patrocinando minha sobrinha do Brasil em uma das melhores universidades da Australias por um ano, ela ta felicissima de ter visita brasileira por um ano.  Eu mal conheco minha sobrinha pois ela eh muito mais nova do qumeus anos de partida do Brasil, e como nao a conheco deixo meu “relatorio completo” da reacao dela pra depois…

  2. Novidade nenhuma. As

    Novidade nenhuma. As Organizações Globo, por exemplo,quando  resumia-se a um jornal que lutava por  sobreviver,escolheu o lado mais cômodo e seguro e  rentável.

    Desde então,lá se  vão  61 anos, tem se dedicado ao mote  que elegeu como slogan ideológico;”Brasil foi,é,e será sempre uma merda”. Atendia  assim à estratégia  dos neo colonialistas que viam  um imenso território vazio e mal administrado,sub democrático e fedendo a senzala. Colaborou com o suicídio de Vargas e teve empastelada suas oficinas,ossos do ofício.Manteve  fidelidade aos seus “princípios”,apoiando todas as conspirações e possiveis golpes em marcha e por isso foi regiamente recompensado.Hoje,a maior  fortuna do país,com quase   30 bilhões de dólares.

    Mantém um pool de veículos,pela América Latina,semelhante a”Operação Condor”,servindo ao mesmo  senhor,com o mesmo propósito original: conter  os ímpetos libertários dos oprimidos do continente.Dar  continuidade ao negócio  longe   de regras e leis que  democratizem a informação é a razão da deseperada luta  que trava mesmo à custa de  danos extremos à nação.

     

  3. Ou seja, é preciso ser muito

    Ou seja, é preciso ser muito irresponsável, como são os segmentos políticos apontados na matéria, teleguiados por uma mídia delinquente e igualmente irresponsável para não distinguir aquilo que é estratégia política e oposição política dos interesses do país.

  4. Mas se uma cidade se

    Mas se uma cidade se candidatou para ser sede a organização tambem é responsabilidade das autoridades locais que levarão o onus se tudo der errado ou não? Quem manda nas policias estaduais e municipais? Talves uma má organização local seja tiro no pé da propria oposição.

    1. claro que não!

      a população como um todo “SABE” que o ENTE “o Governo” tão criticado por todos na midia falada televisada impressa internetada se refere apenas ao Gov FEDEREAL, a Dona DILMA.

      N’ao importa se a quest’ao  problema seja da al;ada municipal ou estadual, como a quest’ao da pol[icia? [e tudo culpa do PT, da Dilma!

       

      Que dureza… essa #MidiaBandida faz um estrago!

  5. Essa é a ” proposta” que

    Essa é a ” proposta” que extrema direita aliada à extrema esquerda tem para o país. Eu  passo…

  6. As vezes tenho a impressão

    As vezes tenho a impressão que tem gente que acha que nunca um estrangeiro pôs os pés no Brasil. E que todos vem agora com a Copa pela primeira vez…

    Exposição da Copa 2014: Centro de Belgrado/Sérvia

     

    Nada mais absurdo. A cada ano aumenta o número de turistas no país, consequentemente o número de estrangeiros que resolve ficar, morar e trabalhar no Brasil, também. Já é comum no meu ramo de trabalho ter colegas de outros países no dia a dia.

    No turismo executivo o Brasil já é há muito tempo ponto de parada obrigatório na América Latina. São Paulo que tem pouquíssima atração turística é a cidade que mais tem hotéis no país. E boa parte deles vive do turismo de negócios.

    Muita gente estará de volta aqui para a Copa. Outros tantos virão pela primeira vez acompanhando suas seleções. A Copa é importante sim, fará extraordinário sucesso, pode queimar etapas, mas com ou sem ela a atratividade brasileira para o turismo e os negócios não vai parar de crescer.

    A imagem do Brasil já está bem consolidada lá fora, eventos como manifestações, choques com a polícia, violência não são exclusividade de nenhum país. Todos tem problemas. Podem ser maiores ou menores, podem ser diferentes mas nada que transforme o Brasil em um inferno artificial como muitos “brasileiros” gostaríam,  para simplesmente justificar suas preferências políticas ou ideológicas.

    Segue o jogo. A Copa vai começar, acabar e o Brasil vai contnuar.

    Melhor do que antes.

    1. Marcos St, a imagem do noso

      Marcos St, a imagem do noso país está solidificada aqui fora, mas conversando com as pessoas essa visão é inelástica: sol, praia, carnaval, desflorestamento, violência, etc. O problema é que pessoas oriundos dos ditos “desenvolvidos” são ensinada nas escolas dentro de um contexto de dominância, mesmo a Europa, por exemplo, indo a cada ano para mais próximo de situação  adversa. Em suma, a boçalidade vem de berço e reforçada na escola.

  7. Muito pior que isso foi

    Muito pior que isso foi difamar o Plano Real com interesses politiqueiros.

    Não só difamar, boicotar também, agir deliberadamente para que o plano de estabilização não desse certo, como no caso da greve dos petroleiros em 1995 capitaneada pelo PT.

    Isso aí é fichinha perto do que o PT fez contra o Brasil, seu povo e sua economia quando estava ainda tentando chegar ao poder. É o roto falando do esfarrapado.

    1. Já que vc não consegue pensar

      Já que vc não consegue pensar estando no BRASIL, vá fazer companhia ao JB lá em miami!

    2. Nãnaninanão.

      A greve dos petroleiros também foi para evitar sua completa privatização e não acontecer o mesmo que a Vale do Rio Doce, entregue na ‘bacia das almas’ pelos LESAS-PÁTRIA.

      Não adianta querer distorcer os fatos, que aqui não cola, sr espertalhão.

       

      O PsDB conseguiu ser ruim como governo e MUITO PIOR como oposição.

       

       

       

    3. Não consegue separar partido político de imprensa?

      Ou você acha que a imprensa deve ser partido político? Vai se situar, caro tolo.

  8. A direita do Brasil

    Nunca teve interesse em desenvolver o país. 500 anos de faz de conta desde que a camada de maior renda possa usufruir do poder federal e comprar em Miami. Por isto se acabar com o capital de marqueting não faz diferença. É vergonhosa esta postura mas é a única que a direita brasileira conhece.

  9. Funciona mal, mesmo porque

    Funciona mal, mesmo porque tem gente que nasce aqui ,cresce e não se sente brasileiro,

    brasileiro são os outros e isso vem de berço.Eu como um dos outros vou suportar bem.

    Sequelas da escravidão, os outros sou eu.

  10. Dilma tem que aproveitar e ir

    Dilma tem que aproveitar e ir na TV bater de frente,  e de camisa amarela , falar

    para aqueles que querem a copa, e é a maioria e denunciar  e anunciar o novo

    modus-vira-latas.Pode ser agora dona Dilma!

     

  11. Na verdade, tem muito filho

    Na verdade, tem muito filho de imigrante arrogante e ignora que seus antepassados vieram para o Brasil em decorrência de crises causadas pela administração capitalista dominante na Europa. 

    É difícil encontrarmos descentes de romanos, perisienses, berlinenses, e por aí vai. Até mesmo de lisboetas.

    Ou seja, os caras tem a mesma condição periférica que nós que viemos do interior do País, também são considerados os Manés nos seus Países de origem, mas chegam por aqui cheios de nariz em pé.

    É por isso que costumo dizer que o Brasil é a terra dos fsriseus.

  12. Sôpa

    A chamada grande mídia “achava” que estava fazendo um sôpa que não tomaria. Começou a tomar e parece que agora mudou de idéia. 

    O cenário que eles queriam construir, com propósitos eleitoreiros, não tem o menor valor de sobrevivência para o País. Pura loucura. Todo mundo perde!…

    Escatológico a grande mídia fazer gol contra sí mesmo, detonando um evento que pra ela faturar  dos anunciantes tem que ser viável e pontecialmente lucrativo para esses.

    Essa postura só revelou uma profunda falta de querer  pelo Brasil.

  13. Essa copa do mundo  não é de

    Essa copa do mundo  não é de futebol e sim de “bilhar”, os do contra só tem as bolas,menos uma.

     

    Lula…bola 7!

  14. Que tal?

     

     

     

    por Fábio Ribeiro Corrêa, no Facebook

    Postei agora há pouco este link que resume a sensação de um bom observador de que há uma ação generalizada para menosprezar nossa cultura, nossa democracia e o Brasil. Pode ser ação política dos americanizados de sempre. Pode ser qualquer coisa.

    Muitos acreditam que tudo isso se trata sempre de teoria da conspiração. Pode ser. Pode ser coincidência, pode ser senso comum. Mas me desagrada. Ontem à noite, fui ao Rio Sul e vi a vitrine abaixo, da loja Ellus do térreo. Fiquei muito puto da vida. Fotografei, entrei na loja e dei um esporro bem grande no gerente. Ele ficou com uma cara de bunda gigantesca. Eu queria que mais brasileiros tivessem atitude e patriotismo para brigar contra uma coisa dessa.

    Como é que o cara tá lucrando no Brasil, vendendo camisas de malha a mais de cem reais e chama, na vitrine, meu país de atrasado? Qualé Nelson Alvarenga? Além de ser uma ofensa a todos os passantes brasileiros, trata-se de uma propaganda negativa do país num momento em que ruas e shoppings estarão lotados de turistas. Ou seja, é burrice, estupidez pura.

    Qualé a sua, Adriana Bozon?

    Vai ofender a pqp, Ellus.

     

    1. Isso é no mínimo desprezível.

      Isso é no mínimo desprezível. Eu jamais vi uma marca que almeja vender mais em um país fazer esse tipo de campanha. Espero snceramente que as vendas dela desabem.

  15. Sinceramente, não temo nada

    Sinceramente, não temo nada em ralação à copa. Mas fiquei preocupado com esta história de arquibancadas provisórias no Itaquerão. Como foi ou será ou não vai haver teste de carga? Aquilo lá é muito preocupante. Um desastre na inauguração da copa acabaria com o país por muito tempo.

  16. Não dá pra fechar os olhos

    Não dá pra fechar os olhos aos problemas do país, isso é evidente. Mas não dá, absolutamente, não dá para concordar com essa falta de sentimento de nação. Esses dias eu tive o desprazer de entrar em uma página e constatar o que é o óbvio, os tempos de pensar o país acabaram para muita gente. Ali se lia de tudo, de que o Brasil é uma merda, e assim ia ladeira abaixo. O site falava sobre os motivos para não voltar a viver no Brasil.

    Não é preciso elencá-los, pois os problemas que temos são muitos, mas o que entristece é ver que potenciais vetores de modificação, de mudança no quadro, estão mais afeitos a seguir as Leis da Física. Incrivelmente, não falo isso em relação aos políticos com bicos longos, vermelhos, verdes, os do sol; falo da juventude, de adultos jovens do Brasil, por exemplo, que tiveram experiências de vida no exterior, no chamado “Primeiro Mundo”, e que agora tem que voltar com o rabo entre as pernas porque os “Paraísos” estão com os caixas em baixa e, por razões óbvias, não podem dar preferencia em demasia para não nascidos no Céu.

    Correndo o risco de tomar as bordoadas comuns em arenas democráticas, mais uma vez volto a bater na tecla da responsabilidade com o seu país. Não se trata de nacionalismos toscos, se trata do óbvio. O que leva pessoas, por exemplo, a receber dinheiro público, gastar dinheiro público, teoricamente se instruir no exterior com dinheiro público, a descascar a sua própria nação como se tudo fosse uma bosta? Menos, é claro, o dinheiro que elas recebem para viver nos Céus mensalmente.

    Quanta amargura. Algumas até, com pompa injustificável, ainda  perguntam: para onde vai o dinheiro dos “meus” impostos? Enfim, o tal site falava da Síndrome do Abandono, da solidão enfrentada por quem teve que votar e agora fica o tempo todo reclamando sobre as murrinhas dos trópicos. Para isso não há explicação se não aquela da decepção com o Céu, com a decepção da platonização dos sonhos de consumo, da não violência, da infraestrutura divina, tudo ali degenerado porque alguns caras em Wall Street foram gananciosos além da conta em 2008. Mas há algo mais nessa, na minha opinião, covardia.

    A teoria da entropia, em sua maneira simplória de ser explicada, ensina que tudo tende a desordem, que as coisas tendem ao menor nível de organização porque isso demanda menos energia, menor esforço. Isso está diretamente relacionado a um post recente aqui no Blog que falava sobre como é cansativa a Democracia. O autor que me perdoe, pois esqueci o nome, dizia: debater cansa, assim como convencer e ser convencido é algo irritante. De fato, não debater é normal para aqueles que seguem o fluxo natural, do menor esforço. A reclamação sem contrapartidas,  sem ser oriundas do debate e ação para alterar os rumos do país, é uma ode à preguiça.

    Novamente, a percepção, e a decepção, apresentadas por alguns braZileiros que tiveram que voltar ao inferno tupiniquim mostra o quanto muito de nós somos intelectualmente sem noção, para ficar no eufemismo, por admirar o “primeiro mundo” como “exemplos a serem seguidos”, mas ao mesmo tempo achar que aquilo tudo fora construído da noite para o dia.

    Nações antigas e com mentalidades de concepção distintas. Todas passaram por problemas, e ainda passam; mas acredito que quase nenhum dos seus, nos momentos de adversidades do passado, bateu em retirada falando impropérios de sua própria terra  só porque esta ainda não havia atingido o nível de paraíso almejado. Provavelmente porque, diferente de hoje, não havia opções para abandonar o Inferno, leia-se abandonar o barco, ao menor sinal de Céus no horizonte. É a tal globalização.

    Fico imaginando, por exemplo, se todos aqueles que lutaram para tornar seus países desenvolvidos tivessem abandonado a empreitada porque a grama do vizinho era mais bonita. Pode não parecer para os chamados “coxinhas”, mas espinafrar seus país de origem não ajuda a se elevar perante aos nativos do Céu. Entendam isso de uma vez por todas.

  17. “Está tão ruim? Então, vende

    “Está tão ruim? Então, vende o negócio e muda de país”. Trabalha aqui, ganha dinheiro aqui e acha que está tudo ruim? O Brasil é nosso. Não adianta eu reclamar de mim mesma. À medida que eu estou reclamando do país eu estou reclamando de mim. O que eu posso fazer para ajudar? Não é um otimismo sem participação. É se sentir responsável por construir um país melhor. Quem se sente responsável não aponta dedo. Luiza Trajano.

  18. Dilma: péssima nas comunicações!

    Para rebater tal estratégia anti-Brasil precisaríamos de um esquema profissional nas comunicações, considerada como setor estratégico no Governo.

    Mas, com um ministro das comunicações medroso e incompetente dando entrevistas para a VEJA e sabotando qualquer possibilidade de desconcentração na mídia brasileira, chegamos a este ponto: um governo extremamente exitoso em melhorar a vida do povo vê este povo pessimista às vésperas da Copa do Mundo e das eleições presidenciais.

    Mostrar o êxito do Brasil em crescer com distribuição de renda enquanto a Europa está em frangalhos deveria ser uma prioridade para a comunicação do Governo em relação aos investidores produtivos no exterior.

    Parece que os EUA acordaram para o fato de que o Brasil é o fiador da quase década e meia de progresso econômico e social na América do Sul. As matérias na imprensa brasileira e estrangeira atacando o governo brasileiro não são mera coincidência. Antes, são parte de uma velha estratégia sobejamente conhecida. Os EUA trabalham hoje ativamente para desestabilizar o Governo petista e colocar um neoliberal submisso à Casa Branca no Planalto em outubro.

     

     

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