Dilma perdeu a guerra da comunicação, avaliam petistas

Jornal GGN – A contraofensiva da presidente Dilma Rousseff às manifestações de rua, traduzida em propostas, algumas delas já referendadas por votações ocorridas no Congresso desde ontem (25), e em uma maratona de reuniões com movimentos sociais, tem um potencial bastante limitado de quebrar o isolamento político do governo.

Antes das manifestações, o governo Dilma não tinha relação com os movimentos sociais, aprofundou compromissos com inimigos figadais dessas organizações – como as bancadas ruralista e evangélica – e manteve o Congresso distante das decisões de governo. A bancada aliada, liderada pelo PT, embora insatisfeita, mantinha-se leal porque a reeleição da presidente era considerada como uma fatalidade. Após as manifestações, Dilma imprimiu uma velocidade de maratona às consultas a movimentos sociais, mas pode ter aprofundado ainda mais a distância que sempre manteve com o PT e com a base aliada. E não tem mais como elemento neutralizador das insatisfações dos partidos aliados uma vitória inexorável na disputa pela reeleição, no ano que vem.

Ontem (25), em reunião da bancada do PT com o presidente do partido, Rui Falcão, parlamentares desfilaram uma lista interminável de rancores com o governo – a mais recente, pelo fato de a presidente ter assumido uma posição quase definitiva em favor de uma Constituinte exclusiva para a reforma política sem ter segurança jurídica ou política de que a alternativa era viável, recuar e obrigar a bancada, que não foi consultada em nenhum momento, a um silêncio obsequioso. Os parlamentares identificam também no perfil do atual governo a origem de insatisfações.

Segundo avaliações ouvidas pelo Jornal GGN de parlamentares petistas, existe um entendimento de que a pouca disposição de Dilma para a disputa política manteve um clima de passividade facilmente manipulável pela grande mídia, que encontrou terreno para desconstruir feitos do governo e uma popularidade da presidente que era considerada imbatível.

A primeira guerra que Dilma perdeu foi a comunicação, na opinião de petistas, não apenas pela omissão, mas pela ação de governo, que privilegiou a mídia tradicional e evitou o debate sobre a regulamentação dos meios de comunicação. O governo acabou consolidando uma situação de poder monopolista da mídia tradicional e fortaleceu o setor que exerceu a influência definitiva na cabeça dos jovens mais despolitizados que foram às ruas. O terreno fértil para uma agenda política mais conservadora – como as bandeiras contra as políticas sociais ou mesmo o apelo da luta contra a aprovação da PEC 37 – foi adubado pela velha mídia que não deu tréguas ao governo e não encontrou nenhum tipo de resistência por parte dos ministérios responsáveis pela publicidade do governo e pela proposta de regulamentação dos meios de comunicação.

O outro erro apontado foi a adoção de um “pragmatismo” que acabou fortalecendo setores mais conservadores aliados ao governo, como a bancada ruralista e a evangélica. Parlamentares do PT ouvidos entendem que Dilma enfraqueceu Gilberto Carvalho – o ministro, embora tenha acesso aos movimentos sociais, não conseguiu dar protagonismo a eles,  que se consideram prejudicados pelas concessões feitas aos ruralistas (que mudaram as políticas de reforma agrária e indigenista) e aos evangélicos (que impuseram, durante todo o governo e sem resistências, uma pauta conservadora de direitos sociais).

Na avaliação dos dois anos e meio de governo Dilma, petistas avaliam que ela perdeu sistematicamente apoio de aliados históricos do PT, não conseguiu enquadrar aliados conservadores e não conseguiu seduzir a mídia tradicional. Perdeu de um lado e não ganhou de outro.

Redação

13 Comentários

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  1. Dilma perdeu a guerra da comunicação,………

    Infelizment5e, concordo ! Meu Deus, como até hoje não se deu conta de que precisa de um porta-voz? Já que não quer falar, seria o mínimo  indispensável! Péssimo ministro e secretária de comunicações, péssimo ministro da justiça e outros mais! Não é possível que sua assessoria NÃO tenha visto isso! Está pondo em risco tudo o que foi conquistado por FALTA de comunicação com TODOS !

  2. Nada mais exato que o último

    Nada mais exato que o último parágrafo. Ela perdeu de um lado, não ganhou do outro e tudo isso era perfeitamente evitável.

     

  3. Dilma perdeu a guerra da comunicação

    Diferente de Lula que era acusado pela mídia de falar demais, Dilma não fala nada que repercurte,e quando fala é em ocasiões de confronto que acabam sendo usado contra ela mesma, como quando na Africa do Sul falou de inflação e crescimento.

  4. O PT virou as costas há muito

    O PT virou as costas há muito tempo para os movimentos sociais! Só querem “conduzir”! Agora jogam a culpa na Dilma por reconhecerem-se nela!

  5. Perdeu e vem aí uma saraivada

    Perdeu e vem aí uma saraivada de escandalos de governo plantados. Não por outra essa insistência pela aprovação da PEC.

  6. Dilma perdeu a guerra da comunicação, avaliam petistas

    Ainda tenho esperança de que a Dilma possa iniciar o processo de democratização no setor de comunicação, mesmo que tardiamente. Vou ficar na torcida. Mas considero uma vergonha a submissão da SECOM com o cartel midiático. O resultado da queda da popularidade da presidente se deve principalmente à isto. Agora é esperar pra ver. Se ela quiser contar com a rede como em 2010, vai ter de fazer alguma coisa, porque os “blogueiros sujos” já fizeram a sua parte. 

    E aí, companheira Dilma? 

    Tá faltando ação!!!

  7. Dilma perdeu a guerra da comunicação

    Dilma é a legítima representante do povo, de todas as cores de todas bandeiras.

    O povo não é platéia é parte interessada, não existe guerra, Dilma não perdeu nem ganhou e o povo tem a prerrogativa de pautar esta discussão na hora que a presidenta achar oportuno, com PT ou qualquer outra sigla, querendo ou não. 

  8. Lula também foi pragmático,

    Lula também foi pragmático, deu sua primeira entrevista como presidente à Tv Globo, mesmo tendo sido massacrado por eles, e foi quase derrubado por causa do mensalão. pergunto: por que a Dilma teria vida fácil? 

  9. Política.

    É tudo isso. Falta-lhe o traquejo político, ela está sendo comida pela direita e por dentro, corremos o risco de entrarmos pelo cano, aquele do Cerra. Não faltou vacilo e aviso, principalmente da blogosfera a quem ela não quis ouvir. Espero que a situação se reverta.

  10. O problema é que ela nāo tem

    O problema é que ela nāo tem um ministro que preste. Todos um bando de vira-latas incompetentes e com DNA de tucano.

  11. Futebol tem dessas

    Futebol tem dessas coisas.

    “Um dia a gente perde, no outro são eles que ganham”.

    Vamos parar com essa paranóica e esquizofrênica mania de achar que tudo está perdido.

    É bom que se reflita sobre o passado e que se olhe para frente. A criminalização da política e dos políticos é um virus que atinge a todos, infelizmente. Sentado confortavelmente frente a um teclado todos são excelentes juízes e sonhadores. Mas, esquecem-se de que lá em cima também há pessoas humanas, susceptíveis aos erros e acertos, como ocorre com qualquer um. Olhando para trás, avalio que os acertos sobrepõem-se aos erros. Nesse momento de dificuldades, todos estão “rebolando” à procura da melhor saída ou superação dos obstáculos. Creio nisso. Creio na sinceridade e boas intenções da Dilma e acho que ela está tateando as respostas condizentes para o momento, assim como seus pares do governo. O que não podemos é entrar nesse clima do “já perdi”, exatamente o que querem a oposição (partidos, mídia e boa parte do Judiciário).

  12. A luta política não para nunca

    Acho normal o que está acontecendo, e aculpa não é da presidenta, cujo compromisso principal  não é com o partido, mas com o povo brasileiro. Afinal é um sistema presidencialista. Fosse parlamentarista, o PT poderia até comandar um voto de desconfiaça, derrubar ogabinete e instituir outro, mas não é o caso.

    As recentes manifestações pegaram a todos de surpresa e, fora a presidente, ninguém se arvorou a dar uma resposta a estes movimentos. Ela o fez, propondo um plebscito e uma constituinte exclusiva para elaborar a reforma política. Estas propostas, segundo a pesquisa da Datafolha (a mesma que detectou a queda da popularidade de Dilma), têm significativo apoio popular.Ela acertou, então. Ao PT caberia fazer barulho a favor destas propostas, que constituem um avanço enorme em termos do nível da luta política. A resposta da revista Veja à proposta é representativa do medo que a luta política seja estendida ao povo. 

    O PT e outros partidos digamos, populares, têm que sair do marasmo e partir para a luta. Acho que eles davam como favas contadas a esperada reeleição de DILMA, e o avanaço da votação do PT nas próximas eleições. Mas os que se opõem a isso não vão aceitar passivamente, há muito barulho ainda vindo por aí.

     

     

      

  13. Se o principal problema é a

    Se o principal problema é a corrupção, e o foco da corrupção são so políticos, a única solução é uma reforma política, sem contar com os polítifcops atuais. Isso só é possível com uma Constituinte exclusiva.

    Imaghino como a Dilma deve estar enjoada de ter que dar tantas concessões aos políticos corruptos.

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