Poltergeist, ou o mal que entra em casa pela TV

 
 
Por Fábio de Oliveira Ribeiro
 
Uma rede de TV que quer derrubar a Presidenta do seu país. Uma rede de TV que omite, suprime, edita, amplifica, simplifica, requenta e distorce todas as notícias sempre com a mesma finalidade política: impor a agenda dos seus donos. Uma rede de TV que é capaz até de mentir descaradamente para ferir o partido político a que a presidenta pertence. Uma rede de TV que faz diariamente propaganda da oposição como se os membros dela não fossem corruptos e não estivessem envolvidos com o tráfico de influência, de órgãos e de drogas. Uma rede de TV que elogia a companhia de água privada que deixou sua caixa vazia e que ataca ferozmente uma petrolífera pública porque a mesma produz lucros para o país.
 
Imagine todas estas ondas de ódio sócio-econômico, disfarçadas com belas palavras proferidas por vozes melodiosas que saem de rostos angelicais, entrando na sua casa diariamente sem a sua autorização. Imagine as cabeças dos seus filhos sendo “configuradas” para odiar a periferia onde vocês moram e para admirar celebridades que nunca tomarão conhecimento da existência deles. Se você visse isto diria que estamos falando de um filme de terror, não?

 
Não! Nenhum filme de terror pode ser ou será tão terrível e realístico quanto uma certa rede de TV nos dias de hoje. O Poltergeist que vimos no cinema em 1982 (e na TV desde então) é bem diferente daquele que frequenta diariamente as nossas casas. Mas o argumento do filme é válido num certo sentido: o mal pode entrar em nossas casas pelas televisões.
 
No filme original, rodado por Spielberg, os espíritos maléficos revelam a verdadeiro natureza do mal: a ganância do empresário que loteou um cemitério movendo apenas as lápides dos defuntos. Irritados, os espíritos perturbados resolvem expulsar os invasores invadindo a TV de um deles. A televisão, aparelho miraculoso capaz de criar realidades artificiais ao veicular propaganda mentirosa de bens e serviços (e, portanto, de novos empreendimentos imobiliários) não foi transformada num instrumento de terror. De fato a TV  já havia produzido as condições de possibilidade do terrorismo espiritual ao possibilitar a venda das casas sobre um cemitério sem que seus proprietários soubessem o que havia embaixo das mesmas. 
 
Nos dois filmes Poltergeist (1982 e 2015), o mal existe na faixa de TV onde há estática. Na vida real, ele existe na frequencia transmitida por uma rede de TV e decodificada em imagens e sons pelos nossos aparelhos. Portanto, o verdadeiro Poltergeist que assombra o Brasil não é apenas um ruído de fundo, é uma certa mensagem repetida à exaustão não necessariamente nesta ordem: odeie o PT, derrube Dilma Rouseff, odeie o PT, ame o PSDB, odeie o PT. Felizmente, nossas casas não foram construídas sobre os cemitérios das ossadas das vítimas da ditadura militar que o dono daquela rede de TV ajudou a construir. Em razão disto, podemos apenas mudar de canal ou desligar nossos aparelhos e tudo ficará bem.
Fábio de Oliveira Ribeiro

20 Comentários

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  1. E essa rede de TV agora em nova fase

    Assistindo outro dia o programa da TV Brasil Ver TV, com a participação de uma zumbi globalizada confirmei que entraram em outra fase, agora, a da negação tipo: Nós não fizemos isso nem aquilo. Não aplicamos as mensagens subliminares que nos acusam. Nunca manipulamos. Hommer não existe, e por aí vai…(vai ser cara de pau assim lá no jardim botânico)

  2. Já exorcisei há muito tempo

    Já exorcisei há muito tempo esses espíritos piguentos de minha casa. Minhas filhas de 18 e 16 nunca foram aterrorizadas por eles e hoje mal sabem que eles existem. Mas há quem ache que vale a pena perder seu tempo e sua saúde para espionar esses fantasmas de vez em quando para saber o que eles estâo falando. Mal sabem que eles só vão desaparecer no dia em que estiverem falando sozinhos e não tiverem mais ninguém pra assombrar.

  3. Toda organização criminosa,

    Toda organização criminosa, com o tempo e aos poucos, é que vai sendo percebida. E revelada. E só bem mais tarde, deixará de ser negligenciada. Mas não extirpada. 

  4. Fábio, você disse tudo

    “Em razão disto, podemos apenas mudar de canal ou desligar nossos aparelhos que tudo ficará bem”

    Correto, Fábio, é assim que funciona o capitalismo: livre empresa, livre concorrência, o consumidor é livre para escolher entre uns e outros, e se o produtor não atende aos desejos do consumidor, é expulso do mercado. Se o partido ao qual o seu pai pertenceu houvesse triunfado, teríamos apenas um canal de TV pertencente ao Estado, e tudo o que poderíamos fazer seria desligar o aparelho e ficar no silêncio.

    De resto, já me libertei da TV Globo há muitos anos, pois só assisto TV a Cabo, em geral documentários. Sempre que vejo por acaso a foto de um antigo ator da Globo, levo um susto ao ver como estão velhos, pois a imagem que ficou em minha memória data de muitos anos atrás. Mas mesmo quando eu assistia a Globo, nunca dei a menor bola para as mensagens de cunho político ou ideológico. Nem eu nem a imensa maioria do publico, que é por demais ignorante e desinteressada para sequer captar essas mensagens. Tal como todos, eu assistia a Globo somente porque não tinha outra opção.

    Essa capacidade da Globo em moldar opiniões sempre foi uma grande potoca, aparentemente fundamentada no quase monopólio que essa emissora chegou a desfrutar. Deviam prestar mais atenção no nível da programação e no nível de seus telespectadores. É fato que a TV Globo surgiu graças a facilidades que seu dono recebeu como recompensa por haver apoiado o golpe de 1964. Mas na época a Globo era apenas uma entre inúmeras outras emissoras, e longe de ser a mais rica, eu me lembro muito bem pois já era nascido. Se a Globo conquistou um quase monopólio, isso deveu-se a sua capacidade de agradar o mercado, fornecendo ao telespectador a programação que ele queria assistir. Como diz o ditado, pode-se levar um cavalo até a água, mas não se pode obriga-lo a beber. Um regime ditatoral pode criar uma emissora, mas não pode obrigar o povo a assisti-la. O povo preferiu a TV Globo por sua livre vontade, tal como por sua livre vontade preferiu comprar nas bancas O Globo ao invés dos jornalecos de esquerda, que inclusive eram mais baratos.

    Se a capacidade da Globo de fazer a cabeça da população sempre foi uma potoca, muito menos é verdade agora, quando essa emissora já se encontra em franco declínio.

    1. Esse papinho de, se isso

      Esse papinho de, se isso tivese acontecido aconteceria isso, já cansou. A realidaDE ESTA DADA NÃO HAVERA O QUE NÃO EXISTIU. 

      Nesta realidade, a que estamos, não somos comunistas e a globo impera como um partido unico. A direita nacional é intreguista e imediatista.

      Sua opnião de minorar o poder da globo parece até uma defesa da empresa. “Não é preciso criticar pois eles nunca tiveram esta influencia sobre as pessoas”, me engana que eu gosto

      De resto você não se libertou da globo nada, pois a NET transmissora do seu canal a cabo é do grupo globo. 

    2.  “Se o partido ao qual o seu

       “Se o partido ao qual o seu pai pertenceu houvesse triunfado, teríamos apenas um canal de TV pertencente ao Estado, e tudo o que poderíamos fazer seria desligar o aparelho e ficar no silêncio.”

      Em 1964 Partidão não tinha um Exército com milhares de homens treinados e armados (com fuzis, metralhadoras, tanques, canhões, caminhões e etc…) , não tinha uma Força Aérea com centenas de refugos da II Guerra Mundial e não tinha uma Marinha com contra-torpedeiros e torpedeiros comprados dos EUA. Esta história de que o Partidão colocava em risco o Brasil é uma mentira descarada contada à exaustão pelos traidores do país que deram um golpe de Estado para submeter as Forças Armadas ao Pentágono e para maltratar o povo brasileiro e permitir a super-exploração dos operários mediante a proibição, supressão e repressão de Sindicatos. Você acredita realmente na sua versão porque é doente mental ou porque é um cretino querendo esconder os crimes que cometeu?

  5. Efeito bumerang

    Achei que seria quase impossível me desvencilhar dessa fábrica de tolos.

    Consegui e não sinto falta, ao contrário me informo mais e melhor pela internet.

    Em casa o hábito já mudou, e não foi tão difícil assim. Os que frequentam minha casa também já perceberam.

    As coisas estão mudando para melhor, perfeitamente perceptível.

    Tomara que o efeito bumerang se espalhe Brasil a fora.

     

  6. Só tem um detalhe a ser

    Só tem um detalhe a ser explicado, se a tal TV faz isso tudo contra o governo do PT, porque será que a maioria dos eleitores da Dilma é formada justamente por aqueles que tem a TV aberta como principal fonte de informação? Aqueles que menos assistem TV Aberta deram a maioria dos seus votos ao Aécio e vão pra rua protestar contra o PT e a Dilma. Estranho, né?

    1. Aqueles que menos assistem TV

      Aqueles que menos assistem TV Aberta deram a maioria dos seus votos ao Aécio e vão pra rua protestar contra o PT e a Dilma. Estranho, né?

      A classe média pode assistir menos a TV aberta se falarmos da totalidade da grade da programação, mas será que assistem menos o JN, o Jornal da Globo, ou quem sabe o Manhattan Connection que são os que importam no contexto do texto?

      A resposta é óbvia.

       

        1. Sinceramente não sei. Mas se

          Sinceramente não sei. Mas se tiver um link sobre uma pesquisa com os dados objetivos esteja à vontade… Mas quem acha que assiste ao Jornal da Globo que por passar tarde da noite está fora de cogitação para quem bate ponto as 7, 8 horas da manhã?

          Quando tenta dizer que a mídia não tem influência me parece contra-senso. Talvez esteja acreditando no argumento de que a mídia apenas segue uma tendência que já existe. Isso é verdade, porém, o aspecto que se imputa a mídia não é ela criar tendência, mas o aspecto de realimentar as tendências que interessam aos grupos que a controlam.

    2. Há duas falácias no seu
      Há duas falácias no seu comentário:

      1- Você presume que a população deve votar conforme a vontade da tal rede de TV e usa a discrepância entre o voto e a conduta da mesma como prova de que nenhum mal está sendo veiculado;

      2- Você atribui a Aécio os votos dos mais ricos e no entanto as estatísticas feitas com base nas urnas dos bairros nobres provam o contrário. Em Minas Gerais os ricos votaram em peso em Dilma Rousseff e elegeram o governador do PR.

      No fundo você está apenas querendo dizer que apoia o mal veiculado pela TV porque o mesmo não atinge o seu partido e o seu candidato. Você é esperto mas não apresentou um argumento inteligente.

      1. Fábio, só coloquei fatos! Eu,

        Fábio, só coloquei fatos! Eu, particularmente, dificilmente assisto programas da TV Globo e qualquer outro canal de TV Aberta, pois felizmente tenho TV por assinatura e acesso a internet e, posso te garantir que nunca votei no PSDB. Porém, sempre me intrigou essa postura de culpar a tal da grande mídia, quando os dados, que já foram expostos aqui neste Blog, mostram que a base elitoral da Dilma tem menos acesso à outras fontes de informação. Na boa, não presumi em nenhum momento que população deve votar conforme a vontade da tal rede de TV, você interpretou muito mal o que escrevi. Não tenho conhecimento das pesquisas específicas de Minas, mas quando falamos de Brasil, foram os mais pobres que deram a maior proporção de votos à Dilma, o que para mim faz todo sentido, afinal foi essa camada da população que mais se beneficiou com o governo do PT, e foi o que me fez votar na Dilma também. Porém não concordo com essa mesmice de discurso, isso mim, pouco inteligente, de ficar culpando a mídia, quando está esplicito que o PT e a Dilma cometeram erros graves. O PT está se enfiando num buraco e tenho certeza que a culpa não é da mídia.

    3. A classe média vê tv goebbels

      A classe média vê tv goebbels sim senhor e além disso suas outras fontes de desinformação são as os jornalões e revista vesga. Sou de classe média, tenho amigos de classe média, minha família é de classe média e posso te afirmar: não sabem nada de nada, são analfabetos políticos manipulados pela mídia. Basta aprofundarmos em qualquer tema numa conversa que a gente percebe que são meros papagaios do PIG, não têm opinião própria.

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