Uma nova e desejada Guerra Fria

As notícias que pipocam na internet são absolutamente preocupantes. Norte-americanos e europeus aumentam as sanções econômicas contra a Rússia, que responde ameaçando proibir voos civis ocidentais sobre seu território.

Um avião espião dos EUA foi interceptado e perseguido por caças russos dentro do espaço aéreo da  Rússia e fugiu para um país nórdico. Dias depois, bombardeiros da russos foram identificados por radar sobre o Atlantico Norte dentro de uma aérea que os norte-americanos consideram de segurança. Semana passada, um submarino nuclear dos EUA foi localizado em águas territoriais russas e expulso das mesmas pela marinha daquele país.

A Força Aérea da Rússia realizou exercícios de guerra com uma centena de aviões. Autoridades dos EUA disseram que estes exercícios causaram preocupação e a OTAN rompeu relações com Moscou.

Uma nova Guerra Fria iniciou. Ninguém deve duvidar disto.

Uma paz desarmada interessa a todos os habitantes do planeta. É evidente que as fábricas de armamentos ocidentais iriam à falência caso a OTAN morresse em paz deixando órfãos os “senhores da guerra” ocidentais. O mesmo se pode dizer dos fabricantes de armamentos russos, cujos donos seriam condenados à miséria se não continuassem a fornecer armas para o Kremlin. 

A possibilidade de guerra mantém as fábricas de armamentos funcionando. Ruim para o mundo, bom para os industriais que fornecem aos Estados os meios deles se destruírem e que controlam com maior ou menor intensidade seus respectivos governos. O “complexo de Roma” parece ser uma doença mundial.

Há uma década li o livro de Tito Lívio. Em Ab Urbe Condita Libri, o historiador romano narra que o Templo de Jano somente foi fechado duas vezes em 500 anos. O Templo de Jano somente era fechado quando Roma não estava em guerra. As primeiras guerras foram impostas à cidade pelos seus vizinhos belicosos. Mas após vencer os inimigos do Lácio, Roma seguiu mobilizando exércitos e iniciando novos conflitos, cada vez mais distantes, cada vez mais dispendiosos, sempre almejando conquistar novas terras (para distribuir entre os patrícios ou assentar colônias de reservistas) e escravos para realizar obras públicas dentro de seus domínios. Com o tempo, a guerra permanente criou uma classe especial de cidadãos que abasteciam as tropas romanas dos equipamentos necessários. Eles certamente não tinham interesse numa paz duradoura. 

Durante a Crise dos Mísseis em Cuba durante a primeira Guerra Fria o planeta quase derrapou para um conflito nuclear aberto entre as duas potências nucleares. Segundo informações seguras, quem evitou o pior foi um oficial russo que se recusou a disparar um torpedo nuclear num barco de guerra norte-americano que participava do bloqueio à ilha de Fidel Castro. A crise na Ucrânia parece ter renovado a Guerra Fria. Estamos na beira do abismo novamente ou o planeta se tornou escravo dos fabricantes de armamentos passando a sofrer do que eu chamo de “Complexo Romano”. 

Karl Marx disse que a história se repete como farsa. Esperemos que sim, para o bem de todos os seres humanos (russos e norte-americanos,  incluídos).

Fábio de Oliveira Ribeiro

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