A homofobia de conveniência

As pessoas se perguntam como é possível que um líder experiente como Putin tenha decidido apoiar-se em discurso homofóbico apenas no seu 3º mandato. É totalmente irrealista se imaginar que ele mesmo acredite nas tolices que fala a respeito (que direitos de LGBTs são respeitados na Rússia, que LGBTs se tornam pedófilos ao se aproximarem de crianças, que a taxa de natalidade irá aumentar com essa perguição.)

Eu imagino que isso pode ter razões político-econômicas. A popularidade do governo depende um tanto da manutenção de elevados preços para hidrocarbonetos. Estes quintuplicaram de preço em 10 anos, versus a triplicação dos preços de minerais e alimentos (comuns a muitos países em desenvolvimento.)

Isso pode ter até reflexos no Oriente Médio, onde não raro a Rússia dificulta alguns processos de paz, como entre Irã e EUA. Passar por antiamericano traz popularidade em alguns círculos, mas não oculta o fato de que instabilidade no mercado de petróleo e a manutenção de preços altos é vital para o Estado russo.

Mas o processo de rápido crescimento econômico lá, baseado em aumento de relações internacionais de troca, também está se esgotando. E se houver reduções expressivas dos preços de petróleo e gás haverá estagnação econômica.

Torna-se interessante já encontrar uma muleta extra.

Que pode ser criar um discurso nacionalista, que de algum modo se oponha ao Ocidente em geral e EUA em particular. Demonizar LGBTs serve perfeitamente para isso, em um momento em que quase todos os países da OTAN criminalizam a homofobia (os mais recentes foram EUA em 2009 e Itália em 2013) e em que muitos há agora casamento igualitário (as grandes exceções são Alemanha, Itália, Polônia, Japão, Austrália e Coreia.)

É dito com frequência lá que equiparar direitos civis para LGBTs seriam uma forma do Ocidente provocar a Rússia. É claro que é propaganda e ninguém sensato deveria acreditar. E a escolaridade do adulto russo é de 11,7 anos, enquanto a dos brasileiros é apenas 7,2 anos. Mas as pessoas atribuem o sucesso econômico recente a Putin, temem o desemprego e a atuação de máfias tão mais comuns nos tempos de Ieltsin e ficam dispostas a acreditar em qualquer coisa para não arriscar essa estabilidade. Não vemos aqui pessoas com curso superior desfiarem hoaxs e bobagens incríveis só para defender projetos políticos? É a mesma coisa.

Essa manobra é feita em conjunto com uma revalorização da Igreja Ortodoxa, quase oficializando-a. É um processo similar à valorização (artificial) do fundamentalismo religioso por parte de políticos (que se dizem) laicos no Brasil. Ou, ainda, parecido ao que ocorre no Sul dos EUA com o Tea Party. Não tem nada de esquerda/direita nisso. 

Discursos moralistas conservadores e fundamentalistas não precisam de racionalidade, ancoram-se em demonizações criadas (“fim da família”, por exemplo) para não ter que lidar com problemas reais (baixo crescimento econômico, aumento de criminalidade, deterioração do meio-ambiente, lidar com imigração.)

Somente a política é capaz de fazer que se aceitem mentiras que prejudicam dezenas de milhões de pessoas sem favorecer absolutamente ninguém além dos próprios políticos envolvidos. Isso é muito antigo.

Também não foi por ser favorável a liberdade (e/ou sigilo) de expressão que Putin deu guarida a Snowden. Afinal, o policiamento de informação e controle de comunicações é mais intenso na Rússia que nos EUA e o próprio Snowden já reclamou das restrições. O asilo a Snowden foi dado para angariar simpatia junto a segmentos antiamericanos pelo mundo afora. E conseguiu algum resultado: por alguns meses houve setores dispostos a apoiar e elogiar Putin por isso. Até hoje ainda há.

Mas ambos os movimentos acabam sendo munição aos antagonistas de Putin, claro. O exagero das leis anti-LGBT é tão evidente (e estranhamente exótico para um país desenvolvido) que agora não são mais somente pró-americanos que criticam Putin, mas quase toda pessoa de bom senso.

É muito triste que os LGBTs russos estejam passando por esses momentos tenebrosos. O lado positivo, no entanto, é que caiu a máscara de modernidade e democracia que Putin fingia usar. Conseguiu gastar US$ 50 bilhões para piorar a imagem do regime.

E não acho improvável que ele promova um golpe de estado em 2018, por exemplo.

Redação

52 Comentários

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  1. ENCHEU!!!! mais um bestialogico artigo de uma nota só!

    Esse seu comentario mostra bem como a mentira se tornou comum em seus artigos!  juntou um monte de possibilidades que não passam de ideias de buteco para criar um artigo novamente longo e sem nada a dizer!

    a esparela de que a posição russa no oriente medio visa apenas manter a instabilidade na região para manter elevado os valores dos “hidrocarbonetos”, como se os arabes sempre lutassem para manter o petroleo barato!  Usa a mesma lorota que aplicaram na França quando da primeira negociação com o Irã, que por um ato frances não se assinou o acordo, logo surgiu a teoria que a França fez isso porque desejava vender armas para os paises do golfo, pois bem o acordo saiu e as armas compradas foram americanas e inglesas!  O fator de instabilidade no oriente medio e o liberal e moderno EUA, que sustenta um capanga como Israel e defende um dos mais retrogrados regimes do planeta, que é a Arabia Saudita.  esses dois paises impedem que uma região inteira tenham paz e possam desenvolver suas nações sem ter que gastar bilhões em armas!

    pela sua logica o governo do PT no Brasil seguiu o mesmo caminho!  ao atender aos mais carentes como prioridade e fazendo alianças ignobeis para manter o governo funcionado, deixando de editar leis que beneficiassem o seu grupo, para não perder o apoio dos representantes de uma enorme parcela da população!  afinal isso também e popularismo!

     

    esse seu artigo e apenas um amontoado de ilações que são moldadas para que no final comprovem o seu pensamento, que é sempre o mesmo!

     

     

    1. Já que você explicou tudinho

      Já que você explicou tudinho neste comentário, será que poderia nos dizer porque a Portuguesa perdeu 4 pontos no campeonato e foi rebaixada?!?!

      1. isso ocorreu porque no

        isso ocorreu porque no terceiro quadrante jupiter invadiu a casa de Marte, quando Marte estava ausente!

         

        para mim a escalação do jogador da portuguesa foi comprada por interessados, que podem, duvido, até não ser o fluminense, mas por exemplo, em quem sabe quanto se perderia em pay-per-view, se 02 times cariocas saissem da primeira divisão!

        eu me pergunto até agora, porque um jogador mediocre entrou aos 32 do segundo tempo do ultimo jogo do campeonato, um jogo em que o resultado não mudaria nada para nenhum dos dois times em campo? alias um jogador que já estava negociado para sair do time!  

        a portuguesa para mim não cheira e não fede, não é meu segundo time do coração, e pouco me importo se ela esta ou não na elite (ha ha ha) do futebol,  e um time coadjuvante, que define o campeonato pelo numero de gols que toma e não que faz!  pois que fizer mais gols nesses timecos e o campeão!

         

         

      2. Não. Para isso não tenho explicação

        Nem tampouco para o logo da Portuguesa aparecer nas incorporações de facebook quando se fala de Sochi. Acontece isso com a matéria sobre a Lotus e também na matéria sobre a fala de Ban Ki-Moon.

    2. Muito bem, Julio

      Percebeu que há a possibilidade do Brasil fazer a mesma coisa. E que muitas alianças são, conforme suas palavras, ignóbeis.

      E, infelizmente, acho bem possível sim. Pelo que eu já vi de argumentações em redes sociais há quem tenha receio de que, ao contrário de 2010, o apoio em função de resultados econômicos pode não ser o suficiente este ano, e viria daí o afã de se conseguir os minutos de TV dos partidos conservadores morais.

      E tudo o que foi feito nos últimos três anos, como a superavaliação do prestígio dos discursos de Feliciano, Bolsonaro e Malafaia aponta para que essa crença esteja por trás da estratégia política do governo.

      Eu acho que isso será um bumerangue, ou, conforme suas palavras, um populismo que não dará resultados. Pouco se obterá em termos de mais eleitores junto a conservadores morais, pois estes sabem que não têm benefícios ao verem preconceitos virarem “leis” (também não têm benefícios ao verem programas serem cancelados.) Por outro lado, surgem insatisfações e indignações em vários setores e esses eleitores não serão recuperados.

      É ridículo se imaginar que não combater homofobia (ou não descriminalizar aborto e maconha e/ou reduzir maioridade penal) ajuda a atender mais carentes.

      Mas aguardamos uma maior estruturação das suas ilações (que certamente não serão de boteco?) defendendo o regime de Putin e suas políticas. Você poderá aproveitar para explicar porque, na sua opinião, as petromonarquias sustentam o Hamas. E os benefícios econômicos que a Rússia obteria se, ao contrário do que faz hoje, estimulasse países como Irã e Síria a reconhecerem o Estado de Israel (algo que ela mesma o faz, assim como alguns dos mais importantes estados de maioria muçulmana da região, como Egito e Turquia.) (Não se dê ao trabalho de tentar: a Rússia não tem benefícios com a paz no Oriente Médio.)

      E é claro que meu pensamento é sempre o mesmo, eu tento que ele seja lógico e que incorpore todas as informações conhecidas, evitando apenas desfiar absurdos ou defesas do indefensável.

       

      1. não mude minhas palavras! tenha dignidade!

        eu decidi que somente leio um artigo longo seu por dia,  essa resposta longa para mim e o mesmo de sempre,  muitas informações partidas.  para fingir um pensamento abrangente e amparado e muito conhecimento solido, mas que na realidade e um vazio inutir que conta com a indulgencia das pessoas em função de sua opção de vida!

        seus artigos são como aqueles bolos de noivos falsos que enfeitam vitrines buffets especializados em casamentos, parecem saborosos, parecem feitos com esmero e cuidado, parecem ser generosos para saciar a todos os convidados, mas…..    são falsos feitos de plastico na china. Servem apenas para enganar os crentes!

        1. Continuamos sem problemas

          Aguardamos você apresentar os argumentos em contrário aos apresentados no post.

          Com o seu pensamento abrangente e conhecimento sólido.

          E que trarão uma visão que não engana crentes.

  2. Cui prodest? Cui bono?

    “…onde não raro a Rússia dificulta alguns processos de paz, como entre Irã e EUA.” A partir disto o resto já ficou suspeito…

    Após chegar ao final encontrei a conclusão no próprio texto do Gunter:

    “Não vemos aqui pessoas com curso superior desfiarem hoaxs e bobagens incríveis só para defender projetos políticos?”

    Para o Gunter tudo se resume ao projeto da supremacia gay!

     

      1. Basta um trechinho do PLC 122, o da Iara Bernardi…

        “Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero:

        ……………………………………….

        § 5º O disposto neste artigo envolve a prática de qualquer tipo de ação violenta, constrangedora, intimidatória ou vexatória, de ordem moral, ética, filosófica ou psicológica.”

        No balaio de gatos o inciso abria possibilidade para a condenação criminal por qualquer coisa que desagradasse a um dos senhores arco-iris. Esta redação foi inspirada pelos coletivos GLBTs.

        O quê é uma ação vexatória de ordem filosófica? Pode ser tudo ou nada, qualquer coisa ou coisa nenhuma…

        Os ativistas gays exigem a criminalização das críticas contrárias ao seu estilo de vida. Basta não concordar que será crime, ou melhor, pelos critérios de gradação da homofobia, aceitar é homofóbico. Então para não ir para a cadeia será preciso incentivar.

         

         

        1. Minority Report Gay

          A criminalização acontece desde antes de sequer ser cometido o delito. Você é um homofóbico! um criminoso ambulante que, se olhar feio para um LGBT vai para a cadeia

        2. Isso é o “projeto de supremacia gay”?

          Por que, então, você não considera a Lei 7716/89 um  “projeto de supremacia negra”, ou “…nordestina” ou “…umbandista”?

          A lei é a mesma. Mas você apenas questiona a complementação da lei no que se refere a homofobia, e não questiona as já presentes tipificações de racismo, xenofobia e intolerância religiosa.

          1. Este inciso não existe na lei 7716/89…

            …ele seria incluído no artigo 20, pelo PLC 122, da Iara Bernardi e dos coletivos GLBT.

            Entendeu: o inciso 5º, do artigo20, da lei 7716/89, seria incluído caso o projeto da deputada obtivesse sucesso. Ele não está lá, e espero que jamais esteja.

            “Digas-me a quem não se pode criticar e te direi quem manda.”

  3.  
    Vou pedir ao professor

     

    Vou pedir ao professor Hariovaldo que me oriente na tese de doutorado “A relação da proporcionalidade direta entre a homofobia com o preço dos hidrocarbonetos soviéticos”.

    Provarei que Hb = P  x  CnH2n+2  x  K

    onde:

    Hb = Homofobia Bruta

    P = Preço em euros/ton. dos hidrocarbonetos soviéticos no mescado europeu

    Cn H2n – n = quantidade de toneladas de hidrocarbonetos soviéticos exportáveis

    K = fator KGB, também conhecido como Constante de Putin

     

    Retirando o fator K da fórmula teremos:

    Hl = Homofobia Líquida

  4. Gunter brilhante.

    Gunter, com a mente brilhante que você possui, e princípios de identificação com a liberdade, quem sabe poderia contribuir para a reflexão dos motivos de conteúdos de valor e razão dos países com o mundo; e ter, também no presente, o tipo de objetivo que avalias, aparentemente plausível, com mais aceitação em um discurso profundo de valor dos produtos, por exemplo, na Russia, na medida que não poderá fugir da sua correção.

    Donde se vê a superficialidade de Putin, e considerando equiparar direitos civis aos LGBT com o seu agudo talento, poder-se-ia incluir o valor do trabalho, também radicado no homem, o qual requer o conhecimento técnico de fenômenos naturais para que se estabeleça com critérios exteriores de admissão no Estado. 

    Obrigado.

  5. Criar o espaço da resistência

    “Somente a política é capaz de fazer que se aceitem mentiras que prejudicam dezenas de milhões de pessoas sem favorecer absolutamente ninguém além dos próprios políticos envolvidos. Isso é muito antigo.”

    Gunter,

    Qual a função da política? Da forma como você colocou,  fica parecendo que você faz parte dos reducionistas do tipo “político, é tudo igual” (sic). Não que eu acredite que seja esta a sua posição,  pelo que acompanho de seus posts.

    O problema,  é que foi dada nesta sua fala uma contexto à política, como sendo uma atividade exclusiva dos políticos. Ora, na realidade é um  jogo do qual todos fazemos parte ( ou deveríamos). Se Putin utilizou o tema,  certamente é porque viu possibilidade de faturar algum dividendo. Nenhuma novidade, que está tática vá recrutar adeptos na religiosidade.  É um setor que responde com rapidez a qualquer tema à respeito do qual  o grupo tenha posição definida (melhor ainda, sobre a forma de um dogma). Queiramos ou não, gostemos ou não,  são o mais antigos grupos organizados da sociedade. Isto lhes dá, na maioria dos casos, um poder maior do que sua real representação, em número,  na sociedade. 

    O problema maior que enfrentamos,  é o da emergência. Criou-se uma situação onde é necessário responder rapidamente aos reclamos. Por isto Obama fecha os olhos a exploração do gás nos EUA. Por isto, como você mesmo colocou, Putin cria este clima com a questão homofóbica. Por isto a subsecretária americana fala “Que se f… a UE” e Merkel reage. E tudo se fecha na Ucrânia, que também é um problema russo. 

    Faz parte do jogo político. Nada de fato “vaza”. Cada fala é cuidadosamente pensada. A maioria delas, ao menos. Aí, chegamos em nós. Como nos comportamos, é a grande questão. Eu, particularmente, não gosto de um jogo político imediatista.  

    Ganhar a qualquer custo pode significar o fim da política. Fim pois me obriga a deixar de lado aquilo que me move, em troca da permanência no poder. Questão brilhantemente colocada por Sartre na peça “A Engrenagem” há várias décadas.

    Se eu não sou o poder, me resta o espaço da resistência. Penso ser este o espaço possível para atuarrmos. 

     

    1. Então, Gilberto

      Como você mesmo nota não sou mesmo reducionista e acredito que a função da política seja estimular sociedades para sua evolução e progresso.

      Foi com a política que passamos dos estados teocráticos para os laicos. Depois para os democráticos ‘formais’. E, mais recentemente, para os estados de bem-estar social e respeito a minorias.

      E por isso mesmo parece sensato resistir agora no sentido de dar um renovado impulso ao laicismo.

      E sim, faz parte da evolução humana o respeito ao meio-ambiente e Obama e os Democratas sofrerão custos políticos pelo imediatismo com o gás.

      E acho que será interessante para os ucranianos se eles estimularem, politicamente, associação à União Europeia.

      Mas, em relação ao post e ao que você escreveu, acho que não há “reclamos válidos” que justifiquem as políticas interna e externa de Putin. Teríamos então um imediatismo em favor de uma plutocracia?

      A sociedade russa certamente não sai fortalecida com o que se desenvolve lá. Pode-se pensar na economia russa. Será mesmo que é uma boa ideia se tornar dependente de commodities? Não seria melhor se eles também pensassem em uma reindustrialização da pauta de exportações?

      E que ganho há para a sociedade russa com a piora da imagem junto às populações ocidentais?]Bom, são coisas para as quais teremos respostas ao longo da próxima década.

      1. Atenção para o principal

        Foi com a política que passamos dos estados teocráticos para os laicos. Depois para os democráticos ‘formais’. E, mais recentemente, para os estados de bem-estar social e respeito a minorias.

        Penso que isto é quase consensual para todos. O que não quer dizer que seja algo assegurado. Justamente aqui, entra a questão da “solução” de emergência. Quem força esta “solução”? Quase sempre os grupos organizados em torno de dogmas, ou seja os renitentes a aceitar o laicicismo.

        Caberia aqui um longo estudo para analisar como, e quando isto ocorre. Você postou análises interessantes aqui sobre o Tea Party, que acredito, é um caso exemplar da “hiper representação” de um grupo relativamente pequeno. Parecido aliás, ao da direita francesa.

        Ora, exatamente por isto que falo em espaço da resistência.

        O fortalecimento destes grupos só se dá quando nos dividimos. Há pautas mínimas, que poderiam ser comuns, entre você e várias pessoas aqui do blog. No entanto, a diferença de enfoque, causa muitas vezes um enorme estranhamento. Isto acontece sempre quando entramos na discussão partidária. Atribuímos, a este ou àquele partido, a culpa ou o mérito por questões de fundo. Uma parte, procede. Outra parte porém, está num contexto mais amplo. 

        Vou exemplificar. O caso de Gleisi Hoffmann por exemplo. Há consenso, contrário a ela, entre você e vários petistas no blog.

        No meu caso, mesmo votando prioritariamente no PT, abro sempre uma exceção para Luíza Erundina. Sempre teve meu voto, não por ser do PSB, mas por defender e brigar há décadas pela Reforma Política. Por ser uma pessoa integra e, talvez exatamente por isto, “pouco política”.  Precisamos alguns destes “pentelhos” no congresso.

        A maior parte do debate se concentra, erroneamente, nos cargos majoritários. Depois, não nos queixemos das concessões que o nosso “escolhido” terá que fazer, para compor uma maioria e conseguir governar. Os fundamentalistas agradecem a chance que lhes proporcionamos…

         

        1. Mas eu não estimulo divisão nenhuma

          Eu sempre, sempre, sempre, estimulo o apoio a projetos secularistas. E repudio os antissecularistas.

          O que acontece é que talvez nós tenhamos diagnósticos diferentes de quais são as forças políticas a favor do secularismo.

          O Tea Party já está em descenso. Os Republicanos viram uma perda de representação no Senado recentemente. Ainda manterão a maioria na Câmara a partir da eleição parcial de 2014, mas, para 2016, quando Hillary será candidata (vis a vis a até agora nenhum candidato republicano competitivo), farão um discurso mais voltado para o tradicional, o papel do Estado em economia e programas sociais. Já acusaram o golpe, vários republicanos reconheceram que foi um erro político fazer discurso beato em 2012.

          E os equivalentes brasileiros do Tea Party são o PP, o PSC, o PR e o PRB. Eu não apoio coligações com auxílio deles. Quando muito aceito o que ocorre em SP, em que esses partidos oferecem apoio não condicionado, isto é, sem exigir concessões contra o secularismo.

          Eu não estou preocupado com estranhamentos de pessoas do blog. Estou apenas relatando o que parece acontecer na maioria da sociedade.

          Há um estranhamento, que eu considero mais importante, de LGBTs (de todas as classes sociais) e de classes médias (mais secularistas que a média da população) em relação ao excesso de concessões que o governo faz a fundamentalistas religiosos.

          Quem “divide” a força do secularismo é o PT ao sobrevalorizá-lo, com atos como os de Lindbergh cortejando Malafaia.

          Sinceramente, não vejo para quê apoiar isso. O PT e o governo me parecem subestimar o dano de imagem que isso tudo provocou. Se estimularmos um retorno a um discurso mais secularista não seria melhor para todos?

          Se já há consenso sobre os danos que o discurso de Gleisi pode representar, ótimo. Trabalhemos então para ampliar essa percepção. 

          Lamento, mas os discursos de Dilma, Padilha, Lindbergh, Agnelo, Eduardo Cunha, Fonteles, Walter Pinheiro, Wellington Dias, são tão ruins quanto os de Gleisi.

          É só questão de tempo as pessoas notarem.

          Eu acho oportunismo, por um lado antiético e por outro lado contraproducente, apoiar coisas como Feliciano (e agora Bolsonaro) para a CDHM. Acho um desastre o que tem sido feito em vários ministérios.

          Essa minha visão eu considero resultado de conscientização, não de partidarismo.

          E eu nunca foco em Executivo, mas em Legislativo. E eu reclamo direto das concessões que Dilma/PT fazem.

          Acho que eu sigo muito mais o que você propõe do que você mesmo, não é?

           

           

          1. Por que não sigo?

            Gunter,

            Sei que o Tea Party está em queda, mas não deixa de ser um bom exemplo de atuação de uma minoria organizada.  A reação no interior do partido foi necessária para diminuir sua influência. Por isto o caso ainda me interessa. 

            Você falou dos maiores partidos evangélicos.

            E a presença dos evangélicos nos maiores partidos?

            São sete no PMDB

            Sete no PSDB

            Três no PT

            Dois no PSB

            O líder da bancada evangélica é do PSDB

            * Dados tirados deste link.

            São dados interessantes para analisar e desfazer alguns mitos. Praticamente qualquer aliança, independente de quem ganhar as eleições, terá evangélicos. É isto que é necessário mudar. A posição de reféns. 

            Outra coisa: Aonde, não sigo o que proponho? 

            Até agora não apoiei Padilha, Lindbergh, Agnelo, Eduardo Cunha, Fonteles, Walter Pinheiro, ou Wellington Dias. Fiz até um comentário recente dizendo que a candidatura de Padilha não me empolga. Creio que o voto para governador, será o mais difícil. Só sei o que não quero, outra administração do PSDB. O estado está sucateado após suas sucessivas gestões.  

          2. Uai, Gilberto.

            Você diz que não apoia Padilha? Em quem vai votar em SP? Em Skaf?

            E quanto à rede de relacionamentos desses políticos, todos convergindo para Dilma, em quem você vai votar para presidente?

            Na prática você vai votar no nível federal em uma coligação que atribuiu como nunca neste país valor ao fundamentalismo religioso. E que traz o risco de trazer isso para o nível estadual do nosso estado.

            Você pode até não gostar da contradição embutida nisso, mas apoia.

            Eu é que escolho para cada cargo a alternativa menos propensa a ser condescendente com fundamentalismo religioso. Ainda que isso signifique votar em PSB, PSDB e PT numa mesma cédula.

            Que importância tem se o líder da bancada evangélica é do PSDB? Já debatemos isso. 

            Importante é que projetos são barrados por presidentes de comissões que NÃO SÃO da bancada evangélica mas que atuam de acordo com as negociações feitas, para manter o “teatrinho” do Congresso.

            A maior parte da bancada evangélica entra muda e sai calada do Congresso. São apenas um bloco coordenado de 13% dos deputados.

            E é claro que não tem sentido algum governo se sentir refém desses 13%.

            Para isso sugiro debater o seguinte post:

            https://jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/como-superar-o-uso-do-obscurantismo-na-politica

        2. “Em Nome de Deus”, de Karen Armstrong

          Esse livro explora as origens dos fundamentalismos judaico, cristão e muçulmano. E entendo que forneça as respostas para essas perguntas. Sou capaz de apostar que Putin o leu cuidadosamente antes de adotar o discurso anti-LGBT na Rússia.

          Explico: a tese da autora é que os fundamentalismos surgem na rabeira de mudanças que decretam “o fim do mundo tal como o conhecemos”. E por isso, não é coincidência que o fundamentalismo judeu emerja quando da perseguição aos judeus na península ibérica, no século XVII (que os leva ao êxodo na Holanda), e que os fundamentalismos cristão e muçulmanos emerjam no alvorecer do século XX. No caso do fundamentalismo cristão, significou a revolta contra a cientificação do divino, tão em voga no final do século XIX; no caso do fundamentalismo islâmico, a revolta contra a ocidentalização do oriente, da qual um dos grandes exemplos foram as reformas levadas a cabo por Ataturk, na Turquia. Em todos os casos, ele é um movimento de resposta que nega a evolução da sociedade exterior a essas religiões.

          Penso que não seja difícil transpor o mesmo modelo para a igreja ortodoxa russa que foi absolutamente reprimida na união soviética após a revolução de outubro de 1917, onde a ascenção do comunismo representou a morte de muitos padres e a expropriação das propriedades da igreja, num roteiro talvez não muito diferente daquele ocorrido no holocausto judeu. Essa repressão, para os que sobreviveram, representava que fosse necessário manter os ritos e dogmas da religião a qualquer custo e a qualquer preço. Ao mesmo tempo, os patriarcas aspiravam à restauração da aliança entre igreja e estado, que em simbiose definiam o que era a sociedade russa até o final da primeira guerra mundial. Putin percebeu isso e se apossou desses ideais com o propósito de constituir novamente “a grande Rússia”, e ingenuamente (ou não) a igreja ortodoxa topou a parceria – algo irônico, pois Putin fez parte dos quadros da KGB durante 15 anos, de 1975 a 1990. O resto é consequência.

          Entendo que enquanto Putin seguir esse roteiro, será praticamente impossível mudar a situação dos direitos LGBT da Rússia. O apoio da igreja ortodoxa russa é fundamental ao projeto de poder de Putin, que por sua vez não deseja largar o osso tão cedo e colocar a Rússia numa posição prominente, semelhante àquela que tinha nos tempos da guerra fria.

          Por outro lado, o mesmo livro explica a sinuca em que se encontra a situação desses direitos aqui no Brasil. Ao contrário da Rússia, a presidência da república não pode simplesmente decretar que os direitos dos LGBTs (não) estão (mais) valendo e ponto final. E isso ocorre porque, apesar de haver muito poder na presidência, ele não é absoluto; todos os presidentes eleitos democraticamente no Brasil dependeram de maioria no parlamento para governarem, e isso por si só é um alento pois significa que o Brasil é um pouco mais democrático que a Rússia.

          Por outro lado – até por conta de suas religiões e do machismo brasileiro – a aprovação de direitos para os LGBTs é, de certa forma, “o fim do mundo” para representantes das religiões cristãs, principalmente as neopentecostais. De certa maneira, também, é a última fronteira dos direitos a serem conquistados pelas pessoas. E com isso, esses representantes reagem da mesma maneira que judeus, cristãos, muçulmanos e ortodoxos já reagiram: proclamam que “assim é demais” e começam a se movimentar, para não terem que admitir a irrelevância de suas crenças no mundo contemporâneo.

          Não que essa rejeição a esses direitos não exista entre os adeptos das denominações tradicionais; os pentecostais são somente os mais barulhentos. E por outro lado, muitos desses deputados têm concessões de rádio e televisão, as quais não hesitarão em usar caso o governo resolva afrontar suas crenças. E é aí que a estratégia de enfrentamento que GZ segue não leva a nada – porque, por um lado, os partidos de esquerda não têm deputados suficientes para aprovar as reformas laicistas que tanto desejamos; e por outro, o governo sabe que, ao se indispor com esses deputados – que são minoria, mas têm os meios de comunicação nas mãos – estaria cometendo suicídio político.

          Esse círculo vicioso só pode ser quebrado com o convencimento progressivo das pessoas e, claro, com votos. E é aí que repito o que já falei um monte de vezes: a comunidade LGBT só se tornará mais relevante quando estiver melhor representada nos parlamentos, em todos os níveis. Porque no modelo de poder político brasileiro, o presidente (e o governador e o prefeito) não têm o poder absoluto, por definição. Principalmente quando estes forem de qualquer partido de esquerda.

          1. Encaixe união homoafetiva

            e casamento igualitário nessa perspectiva. E pesquisas de opinião.

            A situação jurídica no Brasil e as visões da maioria da opinião pública são muito diferentes que na Rússia.

            Apenas a estratégia política do governo e a atuação do Congresso guarda semelhanças.

  6. Vitimizar-se não vai resolver nada. Só enche mais o saco!!

    Gunter

    Se, todo o dia, eu escreve um texto no Nassif para dizer que dos cerca de 45000  mortos, de forma violenta, no Brasil, grande parte, ou talvez a maioria, é de jovens negros, ou quase negros, e que o número é bem maior do que os  300 e poucos gays, supostamente mortos por “homofobia”,  eu seria chamado de chato e, sobretudo, estaria indo contra a causa  que eu quero defender. Ademais, se eu dissesse que todas as milhares de mortes, violentas, de jovens negros forram motivadas pelo racismo, com certeza, eu estaria mentindo. As motivadas por racismo seriam só algo em torno de 300….

    Enfim, a sua insistênciaq em vitimizar o pessoal LGBTS tem tidoo, no blog do Nassif, o efeito contrário. Já encheu!!!. 

    1. Caso você acredite em algo

      deve sim escrever a respeito e propor posts. Apresentar artigos de terceiros também vale.

      Se você acredita que não deve relatar sobre o racismo e suas implicações nas políticas de segurança e Estado Penal, apenas para não ser “chato”, é uma crença sua, mas muita gente acha que, sim, é relevante falar disso até que se encaminhe melhor o problema no Brasil.

      Tanto que uma das consequências nefastas desse racismo é a popularidade midiática das teorias favoráveis à redução da maioridade penal.

      Mas nesse seu comentário você apenas apresentou a sua costumeira resistência a se enfrentar problemas.

      Você parece acreditar que se não falarmos de uma questão ela se resolverá por si só.

      Infelizmente, a vida presencial e política não é assim. Problemas não se resolvem por si só.

      Há hoje no Brasil uma inconsistência de representatividade. A maioria da população é favorável à retomada do combate à homofobia. A maioria do Congresso, não.

      Enquanto houver essa desconexão isso traz potenciais de custos e de dividendos políticos.

      Então, o assunto não está em pauta por meu desejo. Eu prefereria que isso já estivesse solucionado.

      Ajude a participar da solução!

      1. Gunter 
        O post do Nassif não

        Gunter 

        O post do Nassif não é o forum para se resolver o problema do racismo. O racismo se resolve, no dia a dia, com atitudes de negros que não tem vergonha de serem negros e, sobretudo, não se deixam enganar pela politica de hipocrisia da miscigenação. O post tem que ser usado para discussão, denúncia, e repercusão, de fatos concretos de racismo. Afinal, todo mundo sabe que o Brasil é racista.´ 

         

        1. Essa é sua opinião.

          A minha é diferente.

          Discursos que camuflam racismo travestidos de propostas para segurança pública também podem (e devem) ser comentados em um blog sobre política.

          Não é responsabilidade minha se a homofobia é mais utilizada em política que o racismo. Posso apenas dizer que fico feliz de argumentos racistas serem pouco usados. E triste dos antirracistas, infelizmente, também.

          E sobre o quê pode ser discutido em posts deixemos isso para o blogueiro proprietário/responsável do blog.

          Nem você nem eu podemos determinar o que pode ser discutido, podemos apenas fazer sugestões de links nas áreas ‘blogs’, ‘fora de pauta’ e ‘clipping’.

          Em outras palavras. Se você está incomodado por eu reportar a questão da homofobia, não vou lhe ajudar a “apagar” esse assunto.

          Mas, se quiser minha colaboração ou participação em posts sobre racismo, poderei contribuir.

          Você é contra o racismo mas não contra a homofobia.

          E eu sou contrário a ambos.

           

      2. Tolice no País das (des)Maravilhas.

        Eh, eu acho que não li isto: A maioria da população é a favor do combate a homofobia, mas o Congresso não!

        Sei, então devemos impor uma ditadura para tornar equiparada e simétrica a vontade popular e a ação legislativa?

        Pode ser. Este argumento foi o usado pelos gorilas militares e civis em 64 (que o Congresso e a política estavam contra a população).

        Novidade é ver o movimento LGBT defendendo este “valor”. Na verdade não é o movimento LGBT, é uma parte conservadora e retrógada dele, que sequestra a luta por direitos e instumentaliza para a disputa partidária.

        Será a população tão idiota a ponto de ser usurpada nos mandatos outorgados, e silenciar sempre frente a ação homofóbica de seus parlamentares, e nunca pressioná-los a fazer diferente?

        Só falta dizer que a população é “enganada”, seguindo a visão tradicional coxinha da hierarquia dos saberes, onde o povo mais pobre sempre “sabe menos”.

        Por Tutátis.

  7. A militância Gay de Conveniência

    Bastou a Rússia estar nas primeiras páginas, por conta da Olimipiada de Inverno, que as baterias Gays concentram-se na suposta homofobia do povo Russo. Gunter é um excelente comentarista neste blog, mas também um militante monotemático e cansativo. De flor em flor, o movimento Gay voa de fato em fato, numa sucessão interminável de 15 minutos de glória em cada. Chama de oportunista ou conveniente a um dirigente, com anos no poder, sintonizado totalmente com os anseios do povo Russo e, pelo contrário, é Gunter quem atua em forma oportunista e chata, seja pagando mico como o falso “assassinato” desde cima da ponte de jovem no RJ, ou metendo o assunto Gay em temas que não tem nada a ver com isso.

  8. A “solução final”

    O psicopata do Adolph chegou perto: não na propriamente dita, evidentemente, mas criou um “título”.

    Depois de tantos milênios de humanidade (com homosexualismo e homofobia), Zibell descobriu que ela (a humanidade) só poderá ser perfeita depois que se resolver ESTA questão, pois TODAS as outras são decorrentes dela!

    Consegue usar a sua (justa) bandeira para incriminar qualquer outro processo, sistema ou pessoa que não sirva de mastro para ela. Ou por ele seja fincável…

    Realmente, enche o saco. Assim.

    1. Imaginemos que sim,

      que o artigo lhe aborreça.

      Mas, além dos ‘ad hominen’, quais são os argumentos que mostram os erros de diagnóstico?

       

      1. “Ad gayminem”

        Ora, em nenhum momento lhe qualifiquei pessoalmente, mas sua argumentação obssessiva e monocórdica, que deriva dissimuladamente para outros temas e pessoas, insinuando que este é o maior e definitvo problema a ser solucionado pela humanidade.

        Pronto, falei a mesma coisa de outra forma.

        Se ainda não entende, desenho bem também.

        Mas atualmente, só sob demanda.

        1. Ou seja.

          você confirma que não tem argumento em relação ao post e que está trollando.

          Quem está dando importância para o assunto são Obama e Putin, discuta com eles.

          1. Argumentação a la Reinaldo Azevedo

            “a Rússia dificulta alguns processos de paz, como entre Irã e EUA”

            Vc quer que alguém discuta (por ex.) este tipo de “conclusão, opinião, afirmação” ou sabe-se lá o que?! Talvez o Brasil de Lula também “dificulte”, não é mesmo?

            Embora não discuta muito seus posts e comentários (até para não lhe atrapalhar em sua causa, muito mal defendida), já cansei de argumentar, até para lhe ajudar (na “causa”).

            Mas vc traz muita bobagem descorrelacionada para ficarmos “explicando”.

            Dá para discutir por mera “taxa de amostragem”, mas ainda assim dá trabalho e não vale a pena, vc ignora obssessivamente e continua a ladainha dissimulada e derivada para outros assuntos paralelos.

            Como isto aqui é um site de disseminação de conhecimento e discussão extremamente útil, sua atitude discursiva toma energia boa (até de sua “causa”) para discussão inutil (longa e trabalhosa), pois vc traz até a Globo (e castelos da Disney) para que tenhamos que replicar, misturando jornalismo, politica, novela, beijo gay, legislação e realidade, “avanços humanos” dos Marinho, a “modernidade” do PSDB e do PSOL e outras “tramas”…

            Isto sim é atitude de “troll”!

            E no momento é só isso que preciso comentar, em prol da eficácia e objetividade.

            O resto é como discutir arte com meu primo Hitler durante a guerra.

            O assunto é bom, mas a discussão, inútil.

             

             

             

             

  9. gunther, na boa, 
    com esses

    gunther, na boa, 

    com esses argumentos voce esta afastando quem defende direitos sociais, inclusive dos LGBTs

    parece mais um artigo usando a causa  LGBTs para defender politica dos EUA

    onde não raro a Rússia dificulta alguns processos de paz, como entre Irã e EUA

    hei, para, processo historico, ditadura pro americana no ira, tomada propriedades por empresas  americans,etc , lobby judeu norte americano, Israel, etc,,,

    Passar por antiamericano traz popularidade em alguns círculos

    eu poderia citar uma centenas de atrocidades gringas para o anti americanismo na regiao, mas vou me restringir ao inverso ser verdadeiro, o pro americanismo tupiniquim promovido pela elite, seja atraves das escolas ou imprensa, faz “os marias vai com outras”daqui tambem ter esse efeito, chegam a preferir um rato norte americano que um tuiuiu do pantanal

    Eu imagino que isso pode ter razões político-econômicas. A popularidade do governodepende um tanto da manutenção de elevados preços para hidrocarbonetos.

    como voce questiona, por que so agora ele fez isso? pra voce, pelo que entendi, seria busca de popularidade, se medidas sao populares qual motivo? ao contrario da midia pro americana afirmar, no pos revolucao NAO foi proibido a religiao na russia/urss, apenas os cultos deveriam ser privados e todos deveriam antes cumprir suas obrigacoes, como trabalhar, e sem fins lucrativos, ou seja, sem padre ou pastor parasitas como no brasil e sem mandar dinheiro para matriz, origem da ira da ICAR, mas o que interessa hoje, no pos ” abertura”, igreja e estado sao quase uma coisa so por la, e religiao mais atrasada, “Ortodoxa”, os que conhecem mais sobre russia, afirmam ser a busca do apoio desse setor e nao propriamente uma posicao pessoal do putim, assim como mulher do serra, que fez aborto e chamar dilma de assassina de criancinhas por defender a legalizacao e nao o aborto, 

    o policiamento de informação e controle de comunicações é mais intenso na Rússia que nos EUA

    simples “lei patriota” ou escutas no brasil,etc  politica “anti terror”, meio obvio demais ne nao

    que agora não são mais somente pró-americanos que criticam Putin

    veja se entendi direito, voce esta a afirmar que os nao pro americanos sao ou eram a favor do putim?? ou ta maluco ou andas conversando demais com roberto freire

    o próprio Snowden já reclamou das restrições.

    a democracia norte americana que condena a morte

    O asilo a Snowden foi dado para angariar simpatia junto a segmentos antiamericanos pelo mundo afora.

    tambem, mas principalmente para desgatar e mostrar como eua agem, imagina se fosse russia a invadir privacidade do mundo todo por interesse economico?

    E conseguiu algum resultado: por alguns meses houve setores dispostos a apoiar e elogiar Putin por isso. Até hoje ainda há.

    meio obvio, mundo todo fora eua apoiam por isso, tem excercito para isso e interesse, assim como apoia obama quando defende casamento entre gays e condenam como assassino no oriente medio principalmente, palestina, bloqueio de cuba,quantanamo, etc,,, poderiamos disser ser apenas uma demagogia do obama, isso tbem nao tira o merido, nem anula lado criminoso

    ao que ocorre no Sul dos EUA com o Tea Party. Não tem nada de esquerda/direita nisso. 

    nao?

    1. Você acha?

      Então estou fazendo a coisa certa.

      Não vou me deter em detalhes. 

      Mas…

      Você não está rebatendo o raciocínio apresentado no post, não está dizendo que a estratégia política de Putin é diferente do descrito.

      Você apenas está dizendo que critica a política externa dos EUA, mas isso não é objeto do post. 

      E começa usando uma assertiva ilógica. Não tem o menor cabimento dizer que ser contra a política da Rússia afasta quem defende direitos LGBT.

      Enfim, você construiu uma fantasia, a de quem defende direitos sociais de LGBTs acredita em Putin. 

      Isso não tem sentido.

  10. Samba de meia-nota só.

    Eu ia perder tempo, mas o Claudio Bala resumiu tudo o que eu gostaria de dizer.

    Mais um lixo do ótimo comentarista Senhor Gunter, que deve estar perdido no meio de algum caminho.

    Tenhamos tolerância, ele tem créditos…ainda.

    Pobre alma torturada.

  11. Hoaxes russos são elaborados à décadas

    deve ser tudo montagem mas parece que os russos conseguiram destruir os originais, se alguem encontrar, favor publicar

    Photoshop contra a russofobia antirussa

    O rei saudita que enforca gays por serem gays visita seus velhos acompanheiros

    eu outro photoshop antiamericano

    King Abdullah of Saudi Arabia U.S. President Barack Obama (R) and Saudi Arabian King Abdullah Bin-Abd-al-Aziz Al Saud laugh as they speak to the media after their meeting in the Oval Office of the White House June 29, 2010 in Washington, DC. Obama and Abdullah spoke about the peace process in the Middle East.

     

     

  12. Gunter
    Não posso ser contra

    Gunter

    Não posso ser contra algo que não existe, no caso a “homofobia”. Como não sou contra a “feminofobia”, ou a “sinofobia”, ou “negrofobia”, pois, nada disso existe. Agora se você falar em ódio a LBGTs, sim, sou contra. Como, igualmente, sou contra proibir-me de não gostar de algo, isto é, o fato de ser contra não quer dizer que eu goste das idiossincrasias LGBTs. Não gosto. Em especial a vitimização ou o fato de os LGBTs quererem que os outros aceitem o modo LGBTS de ser sem reservas.

    Eu não vou repercurtir o racismo dos EUA, no blog do Nassif, pois isso não resolverá os problemas dos negros no Brasil. Isso seria masturbação mental. Quanto à Rússia e Putin, esse é um problema local deles, com cores e idiossincrasias locais. E só. Discutir a Rússia não ajuda a causa LGBTS no Brasil.

    1. A Rússia e Putin não são problema local

      À medida que discursos muito similares ao de Putin são usados pelo Tea Party brasileiro, julgo importante e necessário mostrar como são falácias antes que incautos no Brasil acreditem neles.

      Teremos um ano complicado com Bolsonaro da CDHM.

      Pensem nisso.

      E eu não conheço nenhuma idiossincracia LGBT além de não aceitar discursos impostos por terceiros. No que acho que estamos muito certos.

       

  13. Na Rússia não tem Globo

    E nem o estrondoso sucesso do capítulo final da novela do Felix!!

    A Cidade parou pra ver o tão esperado beijo!

    Depois tem gente que se irrita ao ouvir o locutor de rádio gritar ” Brasil iL iL iL iL “

    1. Você pode ter razão.

      Não haver na Rússia emissoras que critiquem o governo pode ser parte do problema.

      Mas eu não sei bem como são as relações mídia/governo e liberdade de expressão na Rússia. 

      Aparentemente a mídia lá é mais subserviente.

      O fato é que, do jeito que as coisas estão, será muito difícil para a Globo vender novelas na Rússia. Nos últimos 2 anos apenas teve 4 que não apresentaram personagens LGBT..

  14. Gunter 
    Não queira lutar

    Gunter 

    Não queira lutar contra o “sistema”. a contracultura dos anos 1960 tentou e não conseguiu. Sobretudo, se existe um tea party brasileiro eles estão muito mais interessados em manter o poder  do que preocupados com LGBTs ou negros ou afins. Procure lutar por direitos para o pessoal LGBTs e não tente mudar o mundo – você não vai conseguir. Sobretudo, procure ter o melhor dos mundos para o pessoal LGBTs. Ademais, respeite opiniões alheias, e contrárias, de que o modo de vida LGBTs não é o melhor dos mundos. enfim, pegando só T do LGBTS, isto é, travestis, não acho que rodar a bolsinha nas esquinas das gandes cidades seja legal ou eventual envolvimento de travestis com crime e drogas, nesse caso não sei o que é pior o brazilian tea party ou o T de LGBTS.

    1. Ao contrário, eu estou mais é do lado do sistema.

      E é geralmente por isso que vários por aqui não gostam que eu escreva.

      Eu não faço discurso anti-americano, anti-capitalismo, anti-mídia, anti-espiritualidade, anti-classe média. Nada disso, não é?

      E nunca proponho ou falo nada polêmico, apenas falo de processos antropológicos, históricos e econômicos de longo prazo e o como eles vão se incorporando na política.

      Por exemplo… eu falo de como o secularismo está sendo incorporado como valor pelas oposições e mídia basileiros. E como fazer concessão ao fundamentalismo religioso é um equívoco, com resultados políticos de curto prazo.

      Não invento nada, apenas comento.

      Dispenso comentar seu moralismo preconceituoso em relação a transgêneros. 

  15. Preciso aprender a conversar com as estrelas

     

    Gunter Zibell,

    Pode ser que o sol escaldante tenha reduzido a nossa capacidade de raciocínio. Há muitos posts ultimamente que eu não tenho conseguido entender. É bem verdade que eu já estou indo para os 60 anos e outros fatores podem estar afetando a minha capacidade de análise.

    São muitos posts nessa condição, mas aproveitando este seu post “A homofobia de conveniência” de sábado, 08/02/2014 às 10:27, aqui no blog de Luis Nassif, reporto mais a posts seus. Lembro aqui de um post recente seu que eu vi no blog de Luis Nassif e agora, ao pesquisar, eu o descobri no seu blog aqui no site do Jornal GGN. Trata-se do post “Nota de um observatório” de terça-feira, 04/02/2014 às 10:22, e que pode ser visto no seu blog no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/nota-de-um-observatorio

    Vendo o post “Nota de um observatório” no seu blog constato que há nele os mesmos comentários que havia quando vi o post aqui no blog de Luis Nassif. Eu ia fazer um comentário lá quando o vi pela primeira vez apontando para o que eu considerava uma falta de nexo causal ou correlação entre duas afirmações que você fizera no post, mas verifiquei que o Ed Döer, em comentário enviado terça-feira, 04/02/2014 às 12:59, dissera algo semelhante (Pelo menos foi o que eu no meu raciocínio pensei) depois de transcrever a seguinte frase sua:

    “Teve um governador que revogou a regulamentação da lei antihomofobia de sua unidade federativa. Não vai se reeleger, né?”

    E diante de sua frase, Ed Döer afirma questionando a você:

    “Como se uma coisa tivesse relação com a outra. E como se elegerem o Arruda, o que é provável, fosse um grande avanço para o DF. Deixa de misturar laranjas com maçãs”.

    Ao ler o comentário de Ed Döer, eu me senti mais confortável imaginando que ele também chegara ao mesmo entendimento a que eu chegara. Fiquei surpreso, entretanto, porque, logo depois do comentário de Ed Döer, surge um comentário seu enviado terça-feira, 04/02/2014 às 17:58, em que você insiste na correlação e acrescenta que Ed Döer, ao mencionar Arruda, é que fizera uma mistura.

    Mais recentemente vi um post originado de sugestão sua em que você fora mais contido. Trata-se do post “As manifestações da extrema-direita na França” de sexta-feira, 07/02/2014 às 08:31, na página do blog de Luis Nassif, contendo, por sugestão sua, a reportagem intitulada “Intolerância” de Helena Celestino e retirada das páginas do jornal O Globo. Não cheguei a ir no post, e assim só li até a parte em que há a manifestação do filósofo Roberto Badinter e que consta do seguinte parágrafo da reportagem que transcrevo a seguir (Sublinhei o trecho que no original estava em itálico):

    ““É lamentável a débil reação dos partidos republicanos e a degeneração do debate político”, disse, escandalizado, o filósofo Roberto Badinter, ex-ministro da Justiça do governo Mitterrand”.

    Ainda que tenha levado em conta só a primeira parte, achei válida a sua chamada, mas, sem chegar a ir no post para fazer um comentário, considerei que havia um tanto de oportunismo do filósofo Roberto Badinter em considerar lamentável a débil reação dos partidos republicanos e a degeneração do debate político. Enfim, para ele, os partidos eram débeis, o debate político degenerado e muito provavelmente, o povo, tendo ele como representante, era bom.

    O post “As manifestações da extrema-direita na França” pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/noticia/as-manifestacoes-da-extrema-direita-na-franca

    E o restante da reportagem que se segue à manifestação de Roberto Badinter não difere muito. Pelo que se lê, a culpa pela onda de preconceitos é de cômicos reacionários e líderes políticos fracos, como François Hollande.

    Aqui neste post “A homofobia de conveniência” parece que houve uma união perfeita de você e o Luis Nassif. O título é, em meu entendimento, muito bom. Com o nome de “A homofobia de conveniência”, eu cheguei a pensar que se descobriu que o deputado Marco Feliciano fosse contra a homofobia, mas que por conveniência tinha ficado a favor.

    Para minha surpresa, não era de Marco Feliciano que o seu texto falava, mas de Putin. Ainda assim, eu vi justificativa para o título e fiquei satisfeito em imaginar que você iria fazer uma análise que em meu entendimento pareceria adequada: Putin defendia a homofobia apenas por conveniência. Finalmente, eu pensei, Gunter Zibell – SP voltou a ter o raciocínio parecido com o meu.

    Ledo engano. O que você trata é da recuperação as Rússia às custas do preço de hidrocarbonetos, da revalorização da Igreja Ortodoxa Rússia e do uso da política como o único mecanismo capaz de se fazer que se aceitem mentiras que prejudicam milhões de pessoas, sem favorecer absolutamente ninguém.

    Então a culpa é da política. Ora, se “somente a política é capaz de fazer que se aceitem mentiras que prejudicam dezenas de milhões de pessoas sem favorecer absolutamente ninguém além dos próprios políticos envolvidos” para que Putin iria fazer um golpe de Estado? Bem, talvez Putin queira convencer os homens de bens da responsabilidade da política. Uma vez Putin tenha convencido os homens de bens de que a política é responsável, provavelmente ele aparecerá como salvador diante dos homens de bens e  deflagrará um golpe de estado.

    Eu vou reler o seu texto e verificar se este entendimento que eu tive permanece. Talvez, com o peso da idade, eu precise de mais tempo para entender o que você, jovem, filho de uma época acelerada, buscou expressar. Torço para que eu venha descobrir este outro sentido no seu texto, o que me daria a sensação de que não perdi minha capacidade de análise, ficaria com a impressão de que você agora se alcandora entre os honoráveis homens de bens que zelam pela nossa tenra, frágil e infensa democracia.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 08/02/2014

    1. Como ‘valores’ entraram na política

      Os posts no LNO não são mais clones dos posts nos blogs pessoais. Não sei dizer quando houve a alteração técnica, mas agora é como se fossem “puxados” de um lado para outro e depois devolvidos. Nisso eles “carregam” as mudanças que às vezes ocorrem. Uma pode ser a titulação, outra são os comentários. O Nassif não comentou disso, eu apenas percebi o processo.

      Obrigado pelo jovem, eu tenho 50 anos. Mas talvez tenha essa característica jovem de deixar novas interpretações ganharem espaço.

      Mas, enfim, acho que eu posso dar uma pista para seus questionamentos, Clever.

      Há um fio condutor em todos esses posts e respostas. Dividido em duas partes:

      A) Pense na frase “a homofobia é algo condenável” (um valor) aplicada às várias situações.

      B) E no raciocínio do ‘Political Compass’. Uma introdução aqui:

      http://pt.wikipedia.org/wiki/Political_Compass

      Eu não concordo exatamente com a visão do P.C., nem concordo totalmente com a metodologia das primeiras pesquisas (Pew Research nos EUA, Datafolha no Brasil.) Prefiro às vezes considerar o eixo autoritário-libertário como “tirania da maioria-respeito a direitos e valores”.

      Resumindo A e B em uma expressão só temos:

      “A homofobia é um valor decrescente nas sociedades e seu uso em política é contraproducente”

      Isso é válido, em várias medidas e nuances, também para machismo, racismo, xenofobia, intolerância religiosa, discurso neofascista, meio ambiente, política demográfica, mobilidade urbana, globalização.

      E muito do que se fala hoje em dia já foi antecipado por Fritjof Capra em “O Ponto de Mutação”.

      Muitas coisas se iniciaram nos anos 1980 (ou nos 1970, mas em um processo dinâmico e contínuo) : 1980 – Partido Verde alemão, os discursos do ‘poiticamente correto’, 1979 – Revolução Islâmica no Irã, redemocratizações várias na América Latina, Mediterrâneo e Tigres Asiáticos, desregulamentação de mercados financeiros nas economias capitalistas centrais, crise de dívida em países em desenvolvimento, desmonte do socialismo real e confirmação da reformulação econômica chinesa, marcante decréscimo da natalidade, crescimento da imigração para países desenvolvidos. 

      Tudo isso levou a um declínio da participação dos temas de polítima econômica nas discussões políticas e a um crescimento dos temas ligados a valores. Novamente, em graus vários e dependendo das culturas.

      Em muitas jovens democracias houve o recurso ao pensamento religioso e conservador como forma de angariar popularidade eleitoral. Não é que as sociedades estejam se tornando mais conservadoras, religiosas ou moralistas, mas que esse filão está sendo aproveitado enquanto é tempo.

      E, ao compreendermos a discussão por esse esquema de quadrantes, não mais por um simples eixo direita-esquerda, passamos a entender as contradições. Passamos a entender porque as igrejas conservadoras, normalmente associadas nas economias maduras a pensamento político conservador em economia, passaram a ser associadas em muitos países à “esquerda”. Na América Latina isso até ganhou um nome: ‘esquerda beata’.

      É por isso que eu costumo dizer que ‘valores’ não são em geral algo de esquerda ou de direita, mas de quem escolhe usá-los. Às vezes há convergência no atraso, como o que vemos na Rússia em relação à homofobia, às vezes há convergência no respeito a direitos (como nas votações maciças no Reino Unido, Itália e Chile pelo Casamento Igualitário e criminalização da homofobia) ou valores (como na Alemanha e Japão em relação ao uso de energia nuclear.)

       

    2. 2a. parte

      Bom, usando a frase “A homofobia é um valor decrescente nas sociedades e seu uso em política é contraproducente” vamos agora ver como isso se encaixa em seus questionamentos.

      Qualquer pessoa percebe que +/- desde 2008 (quando Obama declarou-se a favor da união civil homoafetiva, na esteira de iniciativas pioneiras em Bélgica, Holanda, África do Sul, Canadá e Espanha) até agora, com maior visibilidade no Brasil desde nov./2009 (1º engavetamento do PLC 122), os direitos civis de LGBTs, que deveriam ser vistos como algo evidente e tratado quase que “administrativamente”, tornaram-se parte sempre presente da discussão em todo o mundo. Nem sempre para o bem, infelizmente.

      No lado positivo tivemos a aprovação parlamentar quase simultânea do casamento igualitário em Portugal, Argentina e Distrito Federal do México no final de 2009. Depois tudo o que já se comentou tantas vezes sobre Reino Unido, França, Itália, países da América Latina, resoluções da U.E., discussões em países não-cristãos da Ásia, retrocessos em países africanos, Rússia e Índia.

      O Brasil é curioso porque apresenta avanços (STF, CNJ, opinião da sociedade civil) e retrocessos (Congresso, ministérios seguindo recomendações fundamentalistas) ao mesmo tempo.

      E em um mundo em que quase nada muda em estamentos legais, em que quase não se avança na questão do meio-ambiente e em que foi contornada a recessão de 2008/2009 (com o legado de imenso endividamento em algumas economias) as questões LGBT ficaram como um dos grandes assuntos.

      E disso não dá para duvidar, posto que é algo em que numa mesma época faz Obama, Papa Francisco, Ban Ki-Moon, corte indiana e Putin falarem. Não passa uma semana sem notícia relevante a respeito. Pode não ser o assunto mais presente em nenhum lugar, mas é um dos assuntos mais presentes em muitos lugares. E na política.

      Há apenas dois lados possíveis: maior inclusão de LGBTs nas sociedades e maior repressão (ou continuidade da mesma.) Os políticos e mídias precisam escolher um lado, sendo que é previsível que no longo prazo o lado da inclusão sairá favorecido.

      Mas vamos ao seu caso a caso.

      Caso Agnelo: em maio/2013, atendendo ao pedido de um deputado distrital, revogou a lei antihomofobia local. Como isso não é uma vantagem para o público evangélico, não impediu sua queda de popularidade. Como isso foi uma desvantagem para LGBTs, provocou uma ruptura com antigos eleitores. Ed e eu concordamos que economia é o grande mote, mas ele não atribui um papel secundário a essa questão. Eu acho que esse equívoco de Agnelo piorou a situação competitiva dele e 5% de votos podem ser a diferença entre ficar em 2º e 3º no 1º turno.

      Ed misturou as coisas ao imaginar que LGBTs poderiam ser simpatizantes da candidatura Arruda.

      Caso direita francesa: a classe média francesa é simpatizante do liberalismo econômico, mas do secularismo também. E os imigrantes argelinos podem até topar andar em passeatas contra casamento gay, mas sabem da xenofobia dos Le Pen. Ao colocar casamento igualitário em campanha Hollande conseguiu uma pequena parte da classe média e manteve os votos dos imigrantes. Ganhou por 2% de diferença.

      Hollande ser vacilante depois em relação a imigrantes e lei do aborto é outro problema, mas ninguém imagina que haverá recuos no C.I., que é o foco aqui. O partido Socialista Francês pode ser simpatizante a três causas, mas a classe média francesa a apenas uma. Isso acontece.

      Caso CDHM da Câmara (agora em processo de ida de Bolsonaro para sua presidência): “eu cheguei a pensar que se descobriu que o deputado Marco Feliciano fosse contra a homofobia, mas que por conveniência tinha ficado a favor.” Quase isso. Eu não tenho dúvida que Bolsonaro, Malafaia, Feliciano, Magno Malta, Eduardo Cunha (entre os que fazem discursos homofóbicos) e todos os que fingem acreditar na relevância do discurso deles são “homofóbicos por conveniência”. O discurso deles é tão irracional que quase ninguém célebre, quer seja da mídia, da academia ou da comunidade artística reverbera. Não tem escapatória: ou são insinceros ou são homofóbicos de verdade. De qualquer modo a repercussão é negativa. E é por isso que quem se associa ao discurso deles perde densidade eleitoral.

      Caso Rússia: E é isso mesmo “Putin defendia a homofobia apenas por conveniência.”

      “para que Putin iria fazer um golpe de Estado?” Por que a manipulação na política e a perseguição à imprensa, dependendo da economia, podem não ser o suficiente em 2018. Ou em 2024, caso ele queira mudar a legislação que limita a dois mandatos consecutivos.

      “ficaria com a impressão de que você agora se alcandora entre os honoráveis homens de bens que zelam pela nossa tenra, frágil e infensa democracia.”

      Você continua com suas ironias e gozações, né? 

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