As indignações seletivas do progressismo

Está tudo muito bom, tudo muito bem, mas por que sermos seletivos em indignação?

Devemos elogiar o programa “De Braços Abertos”, de Haddad? Devemos, é o que se chama “Lado Certo da História”, avanço civilizatório.

Devemos criticar as vacilações e voltas atrás de Alckmin? E a ação inconsistente do Denarc? Devemos. São meras concessões políticas a abordagens ultrapassadas.

Mas devemos agir diferente quando quem volta atrás é do governo federal?

Não, não devemos.

Mas é o que fazemos.

http://www.youtube.com/watch?v=e72zQ61ZRRw] 

Em 2009 a SEE-SP lançou um programa anti-bullying simples, apenas para professores e disponível na internet.

https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-kit-gay-de-serra-por-monica-bergamo

A meu ver é tão tímido e simples que mal arranhou a superfície do problema de inconsciente coletivo preconceituoso que cerca a formação de adolescentes. (Inconsciente preconceituoso esse tanto na ‘esquerda’ como na ‘direita’.)

Mas mal não fez, tanto que nunca foi questionado, nem por pedagogos, nem por religiosos, nem por LGBTs, nem por militantes de outras questões também abordadas no kit.

 

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Em março/2011, o MEC, sem comentar a inspiração paulista, achava importante e divulgava pela “Carta Escola” o kit anti-homofobia. Também apenas para professores.

“Diante do quadro, o Ministério da Educação, em parceria com entidades ligadas aos direitos LGBTs, produziu um kit de material educativo que será distribuído oficialmente para os professores de 6 mil escolas públicas a partir do segundo semestre deste ano.”

“É um material para a promoção dos direitos humanos, com o objetivo de fazer da escola um espaço de todas as pessoas, onde se possa aprender a conviver com a diversidade”

“Criado por uma equipe multidisciplinar, o kit completo levou cerca de dois anos para ser pesquisado, construído e validado. Apenas o roteiro de um dos filmes, sobre o namoro de duas meninas, demorou oito meses para ser aprovado.”

http://www.cartacapital.com.br/carta-na-escola/o-be-a-ba-para-conviver-com-a-diversidade-sexual/

O programa foi muito elogiado por ONGs, entre elas a AGLBT:

“Os principais resultados da pesquisa mostraram que existe homofobia na escola e houve consenso de que as atitudes e práticas de discriminação e violência trazem consequências sérias para os e as estudantes, que vão desde tristeza, depressão, baixa na autoestima, queda no rendimento escolar, evasão escolar e até casos de suicídio foram relatados. A pesquisa também mostrou que embora exista uma política de educação sexual, na opinião de estudantes e de educadores, não há educação sexual de maneira sistemática na escola e não se abordam as diversidades sexuais. Entre os motivos apontados está a falta compreensão sobre a homossexualidade, a falta de preparo de educadores/as sobre o tema sexualidade e diversidades sexuais, o preconceito que existe na escola sobre o tema, o temor da reação das famílias e a falta de materiais para trabalhar o tema. Os resultados mostraram também uma invisibilidade da população LGBT na escola, houve consenso de que há mais gays que lésbicas na escola e que travestis e transexuais não estão na escola.”

http://www.inclusive.org.br/?p=18368

Em outros releases se relatava o apoio recebido da UNESCO:

“O recente aval da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) ao kit anti-homofobia desenvolvido pelo Ministério da Educação (MEC)”

http://www.portaluniversidade.com.br/noticias-ler/parlamentares-querem-examinar-kit-anti-homofobia-do-mec/1229

Em 19/maio/2011, o Ministro da Educação ainda apoiava o projeto:

“A violência contra esse público é muito grande e a educação é um direito de todos os brasileiros, independentemente de cor, crença religiosa ou orientação sexual. Os estabelecimentos públicos têm que estar preparados para receber essas pessoas e apoiá-las no seu desenvolvimento” defendeu Haddad durante o programa de rádio Bom Dia, Ministro,”

http://noticias.terra.com.br/educacao/noticias/0,,OI5138459-EI8266,00-Haddad+nega+que+MEC+ira+alterar+conteudo+de+kit+antihomofobia.html

http://oglobo.globo.com/politica/haddad-diz-que-ministerio-da-educacao-nao-vai-alterar-conteudo-de-kit-anti-homofobia-2768287

Mas…

[video:http://www.youtube.com/watch?v=2T_aY52jMMY

Por João Campos (em entrevista de 25/maio/2012): “A questão do Pallocci não era necessariamente cancelar o kit, mas forçar a presidente a nos receber, nos ouvir, já que buscávamos falar com ela há algum tempo a respeito desse assunto.”

http://www.aspectogospel.com.br/portal/index.php/politica/553-joao-campos-fala-sobre-a-pressao-da-bancada-evangelica-para-barrar-kit-gay

“Ao conseguir a suspensão do kit anti-homofobia, as bancadas evangélica e católica deixaram de pedir a convocação de Palocci e recuaram na abertura de uma CPI da educação.”

http://educacao.uol.com.br/noticias/2011/05/25/governo-recua-com-kit-anithomofobia-por-pressao-da-frente-parlamentar-evangelica-e-catolica.htm

Aí o ministro disse amém ao conservadorismo, não comentou que em SP os mesmos políticos não criticaram em nada o projeto local que é muito parecido. E ainda prometeu aprofundar a cópia (tratar de outros assuntos junto):

http://noticias.terra.com.br/educacao/haddad-novo-kit-anti-homofobia-pode-tratar-sobre-outros-temas,a85942ba7d2da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html

Interessante como o tempo muda as coisas e as pessoas. Mesmo tempo tão curto como duas semanas.

Qual o discurso real, o de 19/maio/2011 ou o de 31/maio/2011?

Na verdade, nenhum. Depois das desculpas esfarrapadas o projeto foi totalmente abandonado. Mercadante nem parece conhecê-lo. Todas as razões apontadas, por meses e em vários discursos, para sua existência desapareceram como passe de mágica. Do mesmo modo que as ameaças de CPI.

A indignação ‘progressista’ é seletiva. Falam que se deve respeitar os direitos humanos de dependentes de drogas. Com o que eu concordo muito, inclusive um dos links que propus foi post:

https://jornalggn.com.br/noticia/programa-de-haddad-tem-proposta-humana-na-abordagem-de-usuarios-diz-medico

Mas, o que fazer quando direitos humanos de adolescentes LGBT atrapalham a aliança em nível federal com alguns partidos?

É excelente considerar uma abordagem moderna na questão do crack como avanço civilizatório.

Porém, fechar os olhos ao bullying homofóbico em escolas, aos preconceitos das próprias famílias e ao não desconhecido problema da tendência maior ao suicídio de adolescentes LGBT, não, não é excelente.

Em janeiro/2014 criticam-se as ‘forças conservadoras’ que atuam contra o ‘Braços Abertos’. Correto e muito bom.

Mas em maio/2011 concordou-se com as ‘forças conservadoras’ que atuaram para enterrar o kit antihomofobia…

Comentaristas em redes sociais são mais rápidos que ‘Billy the Kid’ pra sacar o gatilho contra Alckmin. Acho que estão certos.

E o que têm a comentar sobre os recuos do MEC?

Redação

41 Comentários

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  1. E falemos da oposição a Alckmin

    Se falamos de Alckmin e Haddad, completemos com mais um político paulista, Padilha.

    Conhecido pelas posições conservadoras em direitos reprodutivos (vide MP 577 de dez./2011.)

    http://www.viomundo.com.br/blog-da-mulher/juliana-braga-cadastro-de-gravidas-desagrada-feministas.html

    https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/politicas-colocam-em-debate-direitos-femininos

    Conhecido pelas posições conservadoras em campanhas anti-AIDS (cancelamento de campanha em fev/2012 por mostrar dois homens.)

    http://www.clam.org.br/publique/media/artigoveriano.pdf

    Conhecido pelo recolhimento das cartilhas anti-homofobia do ministro anterior (março/2013.)

    http://oglobo.globo.com/pais/governo-federal-recolhe-kit-educativo-anti-homofobia-7866048

    https://jornalggn.com.br/noticia/pressao-de-religiosos-prejudicou-a-campanha-de-prevencao-a-aids-diz-especialista

    Conhecido pela abordagem moralista em relação a DSTs  e prostituição (maio/2013.)

    http://advivo.com.br/node/1395415

    Sério que é para considerar tudo isso “Avanço Civilizatório”?

    Fico com Alckmin mesmo.

    1. A meu ver, a seletividade não

      A meu ver a seletividade não ocorre porque a crítica ou a não crítica são encaradas somente como disputa política, ou seja, cada um defendendo o “seu” lado e atacando o outro na medida em que o “outro” faz o mesmo. A meu ver as questões ligadas às minorias simplesmente não são percebidas como algo que se refere e interessa à TODOS, mas somente às próprias minorias, cabendo a elas, portanto, o papel da crítica permanente.

      Não é à toa que a direita, inclusive, já cunhou o termo “sindicalismo gay”. Pela esquerda, com todos os recuos que você aponta, ainda não se chegou a tanto.

      1. Eu concordo com a primeira parte

        Mas eu não encontrei em muitas buscas muitos blog ‘progressistas’ criticando os recuos do governo em questões LGBT.

        Sobre kit antihomofobia, só o Rodrigo Vianna, depois o assunto sumiu.

        Sobre PLC 122 o Azenha falou pela primeira vez em dezembro de 2013!

        Sobre Putin e lei antigay, só há um post no Socialina Morena 

        Mas o discurso-padrão do progressismo é dizer-se defensor de questões ligadas a minorias, como agora os usuários de crack.

        Só que já vi elogios ao programa ‘Braços Abertos’ na Folha, Estadão e jornais televisivos da Globo. 

        E é bem mais fácil encontrar interesse e percepção em questões LGBT na grande mídia e seus blogs.

        Hoje em dia quem é mais seletivo é o ‘progressismo’ mesmo, uma pena.

        Essas expressões como sindicalismo gay são de projetos da direita ligados ao ‘progressismo’, como PSC, Malafaia, Magno Malta, etc.

        ‘Progressismo’ é um verniz mercadológico para tentar justificar a dependência do conservadorismo moral, é o que em outros países se chama ‘esquerda beata’.

         

    2. Indignação Seletiva é mais um tema de carnaval. Mais do mesmo

      Sinceramente Gunter

      As formas de se fazer política, e principalmente de assuntos que trafegam na zona Cinza ou dos invisíveis precisa de novos canais.

      Entendo seu “protesto” em relação a falta de rigor e coerência.

      Mas, sempre o mas, você sabe e eu sei que sabe que a “real politik” não é uma opção é uma circunstância.

      Se for ver este programa “oportunista”  Mais MédicoS( a palavra é uma explicação perfeita quando encarada sem o sarcasmo ) cai do céu no colo do PT que tinha um universo de implantação muito mais tortuoso e colou por que a hora e o oportunismo chegou, jogaram a enzima dos protestos.

      Acho que todas estas outras causas difusas como você gosta de falar, circunstâncialmente tem seus momentos de “estrelato” nessa nossa sociedade de “voyers da realidade aumentada ” , algumas tem mais tempo outras não conseguem. Por isto insisto que os programas formiguinhas são menos espalhafatosos mas vão andando. Há os exemplos todos de lgbts, consiência negra, humanização do parto, etc. Então eu acho mesmo que quando um problema da Zona Cinza ecoa há que reverberar, Criticar os partidos por isto, acho válido, mas não é definidor nem de um nem de outro por que a Zona Cinza é aquela do incômodo, do que é que eu faço com isto que eu não consigo definir, e até aqui muita gente fica incomodade em se ver obrigada a olhar de esguela para isto.

      Os partidos que trafegam com mais tranquilidade são os que tem um compromisso menor com o poder de fato, trafegam na Zona da Utopia o que é ótimo, mas não dá para misturar a condição de um e de outro e cobrar igual….são as malditas circunstâncias, um está dentro do duelo outro está assistindo e torcendo. Isto acontece por que os canais de poder político estão concentrados e entupidos. Você não gosta de falar em reforma política, mas o espaço para uma manifestação de poder mais difusa não existe e como estamos, não trinca a atual estrutura política com a veemencia necessária.Alguma coisa precisa ser feita para garantir o direito deste debate de forma tolerante e contínua sem que a obcessão com a política econômica ache  que tenha definir quando vai fazer sua opção sexual ou definir a cor da sua taxa de juros para continuar pensando com inteligência e generosidade ou que o assunto só venha a baila quando finalmente estamos chegando no momento de colocar os votos no brete e tirar vantagem de exposição com toda esta indignação seletiva.

      1. Exatamente, Alexandre

        A crítica é em relação à falta de coerência.

        Vai um pouco além, porque a falta de coerência se dá em um assunto extremamente grave, ainda que haja resistência no governo em reconhecê-lo.

        Continua não havendo nenhuma razão para se abandonar o Escola sem Homofobia sem colocar nada no lugar.

        E é útil que se diga isso, que houve um erro. Em algum momento mais gente o perceberá. Não há possibilidade de que, em se falando sobre isso, ocorra o contrário, que mais pessoas passem a considerar um acerto.

        Tanto é assim que a resistência é para que se fale disso. Como não há argumentação possível para se defender um erro, as tentativas são de escondê-lo.

        E é útil que se fale para a oposição (que eventualmente lê) que há um erro para explorar. Conforme for, quem percebe que perde mais do que ganha com um erro pode voltar atrás.

        é exatamente o que se espera quando se critica a política de Alckmin para o Denarc, que ele corrija um erro.

        E não é que não goste de falar de Reforma Política. Eu não acho necessária nem creio que ocorrerá, porque falar de algo assim? Só se houvesse possibilidade de existir ou se eu quisesse que existisse. Isto é, fala dela quem a deseja, só entrarei no circuito de debates sobre a mesma quando ela tiver chances e aí manifestarei que acho irrelevante.

         

         

         

  2. Bandeiras

    A grande luta do Gunter é contrra o PT. Suas bandeiras (pelos direitos das prostitutas, pela equidade de gêneros, contra a homofobia etc etc ) são todas nobres, mas ele parece desfraldá-las única e exclusivamente para atacar Lula, Dilma e o PT em geral. Às vezes, como neste post, é necessário. Mas sempre?

  3. Seletividade

    Impressão minha ou. seletivamente, você esqueceu que o deputado João Campos, Presidente da Frente Parlamentar Evangélica (FPE), é do PSDB-GO?

    Aí a pressão dele e seu grupo vira, no seu entender o seguinte: Aí o ministro disse amém ao conservadorismo

    Gunter,

    Você conhece a minha posição à respeito. Estes grupos permanecerão, pertencem a vários partidos. Não dá para ser conclusivo buscando a explicação nos partidos. 

    É a nossa pressão que pode alterar a correlação de forças para a votação de pautas progressistas. É devolver aos pequenos grupos organizados (e no caso multi partidários) a sua verdadeira dimensão. Não confunda com jogo partidário.

    Veja o meu comentário à respeito aqui

    1. Impressão sua.

      Eu não esqueço de nada a respeito de João Campos. (Incluindo a entrevista dele citada no post, claro)

      Eu não esqueço que ele faz apoio cruzado de relatorias com o Fonteles (PT-PI), que protocolou a PEC do Plebiscito, apoiou João Campos na PEC da Teocracia, fez fala em plenário contra o Casamento Igualitário.

      Não esqueço que ele cogitou em se filiar ao PR para ser mais governista.

      Não esqueço que foi desautorizado pelo PSDB em duas ocasiões em 2013, algo que o PT nunca faz com seus políticos da bancada evangélica (como os senadores que trabalharam para sepultar reentemente o PLC 122)

      Nem sequer esqueço que seu projeto de Cura Gay era tão bisonho que o PSoL e militantes LGBT queriam que fosse levado a votação, mas que aí, para não prejudicar a imagem da bancada fundamentalista (que ficaria isolada votando a favor dessa bobagem), o governo ‘salvou’ essa imagem arquivando-o.

      Como vê, não sou de esquecer.

      E quem não quer ver explicações em partidos é você. Sabe de como as coisas se dão mas se recusa a enxergar. Não tem importância, eu indico ler este:

      http://www.jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/errar-e-humano-persistir-no-erro-e-governismo

      Para cada ponto do artigo eu indico leituras adicionais.

      Eu não posso fazer mais pressão para votar pautas progressistas porque não sou do PT. É o PT que bloqueia as votações através de comissões e relatores, não os partidos de oposição.

      Eu não confundo com jogo partidário. Eu vejo claramente que a recusa em se reconhecer erros é um processo partidário.

      Já respondi no outro post porque considero Direitos Humanos de LGBTs uma causa de todos, não uma “razão específica”.

      E fiquei muito triste de ver que por motivos partidários, para manter a defesa incondicional do PT, você considera o combate a preconceitos e a integração de seres humanos uma “razão específica”.

      A ONU considera de modo diferente.

      [video:http://www.youtube.com/watch?v=sYFNfW1-sM8%5D

       

       

       

       

       

        1. Tem o Pastor Eurico, do PSB

          Não esqueça dele, certo? É alguém que me incomoda muito.

          Tem também o Roberto de Lucena, do PV.

          Mas no PPS e PSoL acho que não tem ninguém fazendo parte da FPE.

          De qualquer modo, eu nunca atribuí culpa à bancada evangélica ou à FPE. São só 13%. E usados como bode expiatório (voluntário.)

          Responsáveis por omissão são os 87% que fingem que as demandas deles são relevantes. Ou os presidentes de comissões (que não são da FPE) que barram projetos para agradá-los.

          Ou aqueles que topam cancelar programas de direitos humanos.

          Essas coisas.

          1. Mais dois fatos

            Eles não são registrados na Câmara, ao contrário de outras frentes.

            http://www.camara.gov.br/internet/deputado/frentes.asp

            E a composição:

            http://www.diap.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=14637&Itemid=270

            Evangélicos por partido
            Entre os partidos, o PSC e o PR elegeram a maior quantidade de representantes da corrente, 11 seguidores cada. Em seguida está o PRB, partido do atual vice-presidente da República, José Alencar, com 10 representantes.

            O PMDB, partido do futuro vice-presidente da República, Michel Temer, tem nove evangélicos e os tucanos aparecem com sete. O partido da Presidente Dilma, PT, reúne apenas três integrantes evangélicos.

            Entre os destaques da bancada do PSC está a cantora gospel e empresária musical Lauriete (ES). A nova deputada é casada com o presidente da legenda no estado e deputado estadual, Reginaldo Almeida. Eleita com 70 mil votos, será a primeira experiência dela na política.

            Anthony Garotinho (PR) também reforçará a bancada Evangélica no Congresso. Com mais de 500 mil votos, o deputado carioca chegará à Câmara para o primeiro mandato com a experiência de ex-governador do Rio e ex-prefeito de Campos.

          2. Relaxa, Gilberto

            Estamos falando de algo muito mais básico do que religião de políticos, que é o respeito à dignidade dos cidadãos LGBT, principalmente das maiores vítimas, os adolescentes.

            Eu mesmo sou religioso e não me importo com a religiosidade alheia. E eu não tenho nada, portanto, contra evangélicos também, faço questão de frisar.

            Acho um horror o modo como alguns fazem campanha contra Marina, apenas dizendo que ela é evangélica sem apontar uma única iniciativa antissecularista sequer que ela tenha apoiado.

            Dizem que ela é criacionista, como se isso fosse demérito. Não é, mas ela já afirmou e reafirmou que não é criacionista e que, portanto, não apoia que se deixe de ensinar evolucionismo. O mesmo tipo de hoax se faz em relação a Alckmin. ele já desmentiu ser Opus Dei, mas nas redes sociais insistem em falar disso para demonizá-lo, mais ou menos como já se fez em relação a FHC ou dilma chamando-os de ateus.

            Quando alguém fala “não vote em evangélico” ou “não vote em ateu” eu acho tão ruim como quando alguém fala “não vote em LGBT”. Simplesmente não tem cabimento numa sociedade que se pretende laica e plural.

            Eu me incomodo apenas com aqueles, quer religiosos quer agnósticos ou ateus que buscam recuos no secularismo.

            E também que não reconhecem a igualdade de direitos civis para LGBTs.

            Para mim so é elegível, portanto, quem não participa de esquemas para prejudicar o Estado laico ou suprimir os direitos humanos dos cidadãos LGBT.

            Então eu digo “não vote em quem não for secularista”, “não vote em quem patrocina recuos na busca da inclusão de LGBTs”.

            Evangélicos, quando estão em cargo executivo num país ou estado de maioria defensora de estado laico, podem até tomar o maior cuidado para não serem patrulhados. Já citei os exemplos de Romney e Garotinho, não foi?

            Ou seja, do universo de políticos que se manifesta simpatizante (isto é, reconhece o direito humano à igualdade) escolherei os que parecerem melhores para governar país e estado ou para participar no legislativo.

            Pode ser sem religião ou da religião que for.

             

             

          3. O meu problema

            A FPE pauta sua agenda nas ações anti LGB e anti secularistas. Espero que haja evangélicos e cristãos que não sejam ligados a ela.

            Quanto aos itens:

            a) eu prometo defender o Estado Laico

            b) eu prometo combater a homofobia porque vejo que há um grupo que está injustamente com direitos suprimidos em função dela.

            Totalmente de acordo.

             

             

             

          4. îxe…

            Não sabia que você estava escrevendo enquanto eu ainda estava editando o comentário… Desculpe. Eu compreendi o que houve, os colegas ficarão confusos.

            Mas olha só, os políticos brasileiros não são muito dispostos a falar o item a) com sinceridade.

            E quanto ao item b) quase nenhum se compromete.

            E quem se compromete é quem vocês mais malham… (Alckmin, Freixo, Roberto Freire)

            Aí não há solução possível rsrsrs

  4. Por falar em seletividade…

    O autor da postagem reclamou na postagem “É hora de Dilma olhar para o novo” que “Só se fala em economia e produção” e complementou com a seguinte pérola “Só que a vida das pessoas não se resume a isso.”, comentário que virou até postagem aqui no espaço do Nassif.

    Aí eu fico pensando… ele só sabe falar de LGBT. Eu perguntei lá e pegunto novamente aqui: A vida das pessoas se resume a isto?

    Sinceramente, este mimimi enche o saco e não adianta adotar a tática de classificar meu comentário como homofóbico, procedimento padrão para fazer todos engolirem esta pauta.

    A luta contra a homofobia da maneira como está sendo feita por alguns está servindo apenas para radicalizar mais a posição dos homofóbicos e criar antipatia em um grande número de pessoas que NÃO são homofobicas. Não adianta colocar culpa em governos e suas políticas (ou falta delas).

     

    1. A vida não se resume a isso

      Como, no caso do post sobre o ‘novo’ não se resume a indicadores econômicos.

      Mas a RESISTÊNCIA a se falar DISSO se resume à bancada governista.

      A sociedade não se incomoda que se fale disso.

      Mas tratar do assunto incomoda muito aos militantes governistas, porque será?

      Se fosse só ‘mimimi’, as pessoas sequer parariam nesses posts, não é mesmo?

      Nem a mídia mais alinhada com o ‘progressismo’ começaria agora, após 4 anos de erros, a falar do assunto:

      http://www.jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/o-governo-dilma-rifou-as-questoes-lgbt

      http://www.viomundo.com.br/denuncias/lindberg-farias-ajuda-a-enterrar-projeto-que-criminalizava-homofobia.html

      Aproveite para colocar o seu ‘mimimi’ em um post mais aprofundado:

      http://www.jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/errar-e-humano-persistir-no-erro-e-governismo

      Ah, e não há antipatia crescente em relação a quem combate a homofobia. Pelo contrário, há é crescente antipatia em relação a quem resiste a combatê-la. Considera-se homofóbico quem trabalha contra a inclusão.

      Ou as falas (inclusivas em níveis diversos) de Obama, Papa Francisco, Ban Ki Moon e todos os programas da Globo são fruto do acaso?

      Você está incomodado com a pauta? Eles não estão.

       

       

      1. Bancada Governista

        Neste caso Gunter acho que é como alguns aqui. Acham que não é assunto para o palco. é coisa de coxias e comissões de empurrar com a barriga o problema que contém risco de fricção social na zona Cinza, aquela em que é difícil o “domínio” do debate. Neste sentido eu acho que a “psyque” cerebral governista e de 87 % dos cagões do congresso é um bando de brasileirinhos de 500 anos que só fala em furar coro de donzela  e não quer nem saber de assunto de cabra sem vergonha ou de escurinhos e problemáticos. Minoria não dá lucro.

        1. Minoria não dá lucro

          Mas pode influenciar os parentes da minoria. Aí fica uma minoria mais encorpada.

          E pode ajudar a decidir eleições apertadas.

          Vamos perguntar pro Romney se ele não se arrependeu de ter sido tão tosco em campanha…

          Nós vamos melhorar muito quando os institutos de pesquisa começarem a perguntar “você é LGBT ou parente próximo de algum?” e aí fazer os cruzamentos como se faz para religiões ou grupos de escolaridade.

           

           

      2. Crescente antipatia

        Não confunda, a crescente antipatia não é em relação à pauta, é em relação a você, Gunter. Foi isso que o rapaz lhe disse, e que na sua arrogância você não se dá conta. Quem lhe dá o direito de rotular as pessoas aqui de militantes governistas? E mesmo entre os petistas não existe uniformidade em todos os temas, simplesmente porque são indivíduos. Você que preconceitua as pessoas dessa forma, com que moral você vem falar em preconceito? As pessoas são INDIVÍDUOS, Gunter.

        Posso falar por mim: eu subscrevo praticamente toda a pauta de reinvidicações LGBT – e discordo totalmente da chantagem que você faz para defendê-la. Se você acha que o apoio da grande mídia é suficiente, então vá buzinar a sua trombeta lá. Mas no que tange aos indivíduos você precisa exercer a arte do diálogo e da persuasão, é assim que funciona. Política é isso, trate de aprender.

        1. Uai, e você pensa que eu não entendi o que Rabuja disse?

          Entendi sim. Entendi você também e suas intenções.

          Você não paree sincero nisso de subscrever a pauta, posto que, também aparentemente, aceita que ela seja abandonada ou que se retroceda nela.

          Veja o modo agressivo como se refere às pessoas: “você é antipático”, “você é arrogante”, “vá buzinar longe”.

          Isso é apenas uma tentativa de circunscrever manifestações. Se alguém não fala o que lhe convém, você agride ad hominen. Isso é muito antigo.

          Isto é, que você pensa que convém, posto que o que eu mais explico é que essa recusa em reconhecer o erro das concessões a fundamentalismo religioso é prejudicial à imagem do PT. Mas isso é minha intuição, gostaria que isso fosse pesquisado.

          Se alguém não gosta do que exponho é porque acredita na tese contrária, que acredita que é benéfico para a imagem. Mas essas coisas não são benéficas não. Basta ver como Alckmin retrocedeu ontem.

          De qualquer modo, você não pode impedir pessoas de se manifestarem nem querer pautar o que elas falam. Se não tem argumentos para contrapôr ao que é exposto com lógica, não adianta dizer “saia”. Antes de ‘gritar’, melhore seus argumentos.

          Como você não me persuadiu em absolutamente nada, logo é você que precisa aprender a exercer a arte do diálogo, posto que nota-se que você só pretende exercer censura e impor sua opinião.

          Infelizmente, para você, isso não é possível em ambientes democráticos e com liberdade de expressão.

          Que sabe na Rússia.

           

           

           

           

          1. Acorda, Gunter!

            Você está enganado, Gunter, e está afastando aliados. Te digo com toda a sinceridade. Liste ponto a ponto a pauta de reivindicações LGBT e eu lhe mostro a minha posição, com toda a clareza. Abertamente. Vamos lá, Gunter, me teste. 

             

          2. Não é necessário testar

            Você pode dizer que apoia todos os pontos.

            Mas isso é discurso fácil de fazer.

            E difícil de defender.

            É uma proposição ilógica dizer “eu apoio os pontos da causa LGBT + apoio os recuos que o governo faz na causa LGBT”.

            É como dizer “eu apoio a manutenção do meio ambiente + apoio a devstação do meio-ambiente”.

            Não é possível fazer um discurso crível de que trabalhar contra o combate à homofobia é fazer combate à homofobia.

            Se o PT quer votos de fundamentalismo religioso pode até fazer o que está fazendo e receber mais votos do que perde (eu acredito que mais perde do que ganha, mas há quem ache o contrário, ok)

            Mas discurso contraditório não cola. No mínimo para um dos lados, certo? Pode até não convencer ambos os lados.

            Há vários grupos gospel que ainda não confiam no PT, dizem que está tentando enganá-los.

            Infelizmente, é uma questão de imagem.

            O PT não convence como neoconservador.

            E perdeu a credibilidade como ‘libertário’.

            E isso não é culpa minha, nem dos evangélicos nem dos LGBTs nem da oposição.

            Quem faz discurso contraditório ao público é o PT. Se isso for aceito, poderá haver uma recuperação de imagem.

            Um exemplo do que falo são as notícias abaixo da mesma época:

            http://revistaforum.com.br/blog/2014/01/o-governo-dilma-rifou-as-questoes-lgbt/

            http://artigos.gospelprime.com.br/plc122-reforma-codigo-penal-igreja-homofobia-criminalizacao/

            Ou seja, não agrada nem a gregos nem a troianos.

            Melhor (politicamente) faz Alckmin. Não se indispõe nem evangélicos nem com LGBTs…

            Por isso não concordo com a avaliação de Nassif de que Alckmin sejá mau político… Ele pode até defender coisas erradas e é truculento em segurança pública.

            Mas se reeleger ele sabe sim.

            E acaba de ganhar mais um grupo de ‘valores’, os defensores de animais (a parte coxinha deles, claro.)

            Eu não quero que Alckmin se eleja para sempre.

            Mas não aceito um discurso contraditório e perigoso (tipo esquerda beata) para meu estado.

            Eu gostaria que o PT voltasse atrás no que eu considero um erro.

            Se para isso é necessário ser hostilizado neste blog, faz parte, no fim maior racionalidade prevalecerá.

            Mas não se iluda: a opinião majoritária dentro de um nicho (um blgo frequentado por petistas) NÃO É a opinião majoritária do Estado de SP.

            Já vi gente (não muita, é fato) fazendo o mesmo caminho que eu. Mas não vi o contrário.

            Nunca vi algum LGBT que votou em Alckmin dizer “Êeeba, em 2014 vou votar em Padilha”.

            Nunca vi algum evangélico (se bem que conheço pessoalmente pouquíssimos) dizer “ôopa, Padilha atendeu Feliciano, este ano não vou votar em Alckmin”.

            E tem uns subgrupos curiosos em SP, os religiosos secularistas simpatizantes, por exemplo, principalmente espíritas e judeus, dos quais conheço muitos. Eles tradicionalmente tendem a ser conservadores econômicos e modernizantes em comportamento. Jamais que esse grupo vai prefeir Padilha a Alckmin se Padilha vier amarrado a concessões a evangélicos. 

            Do jeito que está duvido que Padilha passe dos 35% que o PT recebe, até porque não houve aumento da popularidade do PT no Estado em anos recentes. Ameaçou ter no primeiro ano de Dilma, depois voltou ao que era.

            Enfim, ainda faltam 8 meses, temos que aguardar.

            Mas fico feliz que sua resposta agora foi mais educada e menos beligerante que a primeira.

             

          3. Polarização

            Gunter: a não ser um nicho de evangélicos, praticamente todo mundo ficou contra a indicação do Feliciano para a CDH. E eu vi o material do chamado kit contra a homofobia: ali não tinha nada de mais, fiquei indignado com os ataques covardes que o Haddad recebeu da TV Record. Por mim o Haddad não recuava, mas quem governa tem um ponto de vista; quem milita tem outro; e quem analisa tem outro e deve primar pela objetividade. Eu não estou aqui pedindo o seu voto para o PT. Não concordo com tudo que o governo faz, apenas reconheço que o governo age com pragmatismo, aliás todo governo é pragmático. O que me interessa aqui é discutir os rumos do meu país, e creio que as pautas devem ser discutidas para além das polarizações partidárias. Assim também creio que é o pensamento do dono do blog. O Nassif criticou o Alckmin, como critica o Mantega, a Maria do Rosário ou qualquer outro político, de que partido for, sempre e quando ele achar que deve. Da mesma forma eu gostaria de ter a liberdade de participar aqui sem ser tachado de chapa-branca. 

  5. Gunter,
    Penso que existem

    Gunter,

    Penso que existem vários direitos humanos, e direitos Lgbt’s é um deles.

    Alckmin pode ser liberal no que se refere a Lgbt’s, mas é extremamente conservador quanto ao papel da polícia (“quem não reagiu está vivo”), política penitenciária, relação com movimentos sociais (Pinheirinho e protestos de junho), redução da maioridade penal, sem contar a agora discutida política referente aos usuários de drogas.

    É programa voltado a um eleitorado “reacionaríssimo”, a exemplo de Ricardo Salles, seu assessor particular, entusiasta da ditadura militar, contra o casamento de pessoas do mesmo sexo e membro do “Endireita Brasil”.

    Se Alckmin fosse um político conservador economicamente, mas extremamente vanguardista e liberal em todos os aspectos dos direitos humanos, seria pertinente uma contraposição a Padilha. Mas infelizmente não é o caso.

     

    1. Arthur, você está com uma abordagem muito antiquada disso

      quase que uma defesa da heteronormatividade obrigatória…

      LGBTs é uma diferenciação criada por quem quer discriminar. Um grupo de pessoas é posto à margem e reprimido para viabilizar um discurso teocrático.

      Assim, “direitos LGBTs” nada mais é que o reconhecimento de que se é igual, não merecedor que direitos sejam retirados desse modo.

      Não são direitos especiais ou diferentes, mas apenas a ‘não-negação’ de direitos que todos os demais têm sem precisar de luta alguma.

      Não estamos, portanto, falando da conquista de direitos novos ou ‘mais um’. Estamos falando de mudar uma situação onde há uma supressão sistemática, mesquinha e preconceituosa de direitos para um grupo de pessoas.

      Qual a lógica de qua haja uma legislação para proibir o preconceito racial, contra minorias religiosas ou por origem geográfica?  Que as pessoas pertencentes a esses grupos não tenham direitos diminuídos, certo?

      Então, o que justifica ser contra que se proíba o preconceito por orientação sexual?

      Qual a lógica para que o governo use recursos para combater esses preconceitos (e mais o machismo) em escolas, mas combater o preconceito homofóbico não? Nenhuma, isso equivale a dizer: “Quem quer discriminar LGBTs é livre para fazê-lo, o Estado não quer que parem.”

      Então não há “liberalidade” nenhuma de Alckmin ao dar entrevistas como esta:

      http://www.mixbrasil.xpg.com.br/pride/eu-sou-a-favor-do-casamento-gay-afirma-geraldo-alckmin-ao-mix.html

      Chamar de liberalidade é de um conservadorismo atroz. É apenas absolutamente sensato e lógico reconhecer que as pessoas devem ter os mesmos direitos, é diversionismo dizer que devolver direitos é liberalidade!

      É quase como comparar o direito a ser LGBT com o direito a fumar ou beber. Isso é um absurdo! Liberalidade é para vícios ou modernidades de comportamento, não cabe falar disso em algo como a ESSÊNCIA da pessoa. 

      Então não há base nenhuma de comparação, pelamordedeus! 

      Em relação a direitos de LGBTs só há duas posições possíveis: o justo e o conservador. Sendo que chamar de conservador quem se opõe a direitos LGBT é ‘bondade’, pois trata-se de maldade mesmo, de promoção sistemática de injustiça.

      Quanto a papel de polícia sim, podemos dizer que alguém é mais conservador e alguém mais modernizante.

      Então façamos uma primeira distinção bem clara:

      Só é digno quem reconhece que LGBTs merecem todas as possibilidades que os demais, que não se lhes deve tomar o direito à vida, à segurança, à proteção, ao combate desse preconceito estúpido.

      Aí, a partir de um conjunto de pessoas que compartilha desse valor digno comum, pilar de Direitos Humanos, é que podemos ver quem oferece propostas mais interessantes para a melhor saúde, educação, segurança.

      Reduzir Estado Penal, abordar de modo moderno drogas, questionar o arcaísmo de redução de maioridade penal é algo que estou muito disposto a apoiar.

      Desde que quem faça esse discurso aceite o ponto irrevogável de que LGBTs são dignos de direitos iguais a heteronormativos.

      Eu nem me preocupo com a ideologia ou propostas de alguém como Serra. A partir do momento em que ele se disse contrário ao PLC 122, sem oferecer nada em troca, ele se tornou inelegível para mim.

      Do mesmo modo que Lindbergh. Eu sei de cor todos os políticos que se manifestaram contrários.

      Para mim alguém dizer que não é necessário combater a homofobia é tão hediondo quanto dizer que não é necessário combater o racismo. É alguém que se finge de cego, e quem finge o faz por interesse que não pode ser bom.

      Quando Padilha explicar con-vin-cen-te-mente porque abandonou dois programas pagos de combate à homofobia, quando ele disser publicamente que apoia a federalização da criminalização da homofobia, quando ele reconhecer que isso é função do poder público, aí poderá ser uma contraposição a Alckmin.

      Mas, infelizmente, não é o caso.

      Notou que você fez uma sepração apenas conveniente do que são direitos humanos e do que é ser liberal?

      Você apenas ‘minimizou’ o que Alckmin defende. Mas o que ele falou na entrevista de 2012 é apenas o básico do básico da dignidade humana. Qualquer político de bom senso deveria dar entrevistas iguais, não é nada especial.

      Assim, ser pró-LGBTs não é mérito de Alckmin. Ele só está fazendo o mínimo do mínimo.

      Esperemos que Padilha divulgue em público que é a favor desse mínimo.

      x-x-x-x-x-x-x-x-x 

      Mas eu não estou defendendo Alckmin no episódio Cracolândia. 

      Estou falando de outras coisas.

      Que Alckmin é menos duro na questão de maioridade penal (ele não a defende, defende é a extensão do tempo de detenção de 3 para 8 anos.)

      Mas a redução da maioridade penal e inconstitucional. Bom, cadê os comentaristas a criticarem a PEC do Plebiscito que poderia torná-la constitucional?

      Não vão aparecer porque é projeto do PT.

      Os comentaristas daqui não criticam a redução da maioridade penal porque PMDB, PR, PP e PSC a puseram em seu programa de TV. 

      Com isso apoiam indiretamente que se defenda pela coligação governista um discurso mais duro que o de Alckmin.

      Quem é o reacionário afinal?

      O post sobre Ricardo Salles fui eu quem indiquei aqui. Considerei um equívoco de imagem. Mas qual retrocesso no governo Alckmin em secularismo foi decidio em função de Salles? Porque os comentaristas que citam Salles não menionam os efeitos? 

      Por que não há.

      Temos muitos ministros que gostam de posar de progressistas secularistas. Não deveria ser possível apontar recuos, não é mesmo?

      Mas, como eu consigo?

      2013 06 03 https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-questao-dos-direitos-humanos-e-civis-no-governo-do-pt

      2013 06 13 https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/o-governo-dilma-nao-e-de-continuidade

      2013 01 03 http://www.jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/saudades-do-estado-laico

       

       

      1. Os comentaristas daqui não

        Os comentaristas daqui não criticam a redução da maioridade penal porque PMDB, PR, PP e PSC a puseram em seu programa de TV.

        Tem gente que não critica simplesmente por ser favorável, e acho que tu lembra que sou um deles. Além de ser um tema que o blog “racha”, e não é o único na “esfera progressista”. Onde já não havia consenso antes mesmo de virar um assunto mais frequente ou entrar na pauta dos partidos. Mesmo sem defender o abominável “bate e arrebenta”, tem comentaristas tradicionais “do lado de cá” que defendem algum tipo de endurecimento legal. Por sinal, esses dias vi um post do Rebolla, onde ficou claro que nem mesmo ele defende essa abordagem tosca defendida pelo Alckmin.

        E por sinal, tem ministro do PT que vive levando pedra direto aqui faz mais de ano, teve uma por sinal, que levou “na ida e na volta” esses dias, então não adianta dizer que o pessoal não faz A ou B para proteger o partido ou o governo. E nesses momentos de crítica, geralmente nem o “porta-estandarte do governismo acrítico” (tu deve imaginar de quem eu falo) costuma aparecer para fazer a sua abordagem clássica.

        Se o pessoal ou a blogosfera progressista não “compra” ou destaca determinada bandeira ou tema, existem duas possibilidades:

        – que não se importa tanto com a questão.

        – considera outras pautas mais relevantes para o seu público e/ou para a sociedade.

        Não dá para afirmar que o copo está meio cheio ou meio vazio como tu vive fazendo. A própria questão da educação aqui no blog é quase que completamente ignorada, pois são raros os comentaristas que aparecem quando o tema é levantado.

        As pessoas tem interesses, necessidades e prioridades diferentes. Tanto que se for ver, quando o assunto é LGBT aqui no blog é sempre os mesmos participantes, os “do contra” e a “bancada LGBT” (com seus membros honorários). Não tem a “diversidade” que se encontra em temas de interesse “mais amplo”.

        Mas de qualquer forma, no próprio texto tu deixa claro que está querendo sair pela tangente, minimizando os erros do Alckmin, pois os acertos dele são mais relevantes para ti, o que é compreensível por um lado. Mas no fim é o mesmo “erro” que tenta condenar no Taguti e nos “seletivos”.

        Mas eu não estou defendendo Alckmin no episódio Cracolândia.
         
        Estou falando de outras coisas.

        1. É verdade, Ed, você é favorável

          à redução da maioridade penal.

          Só que você é conservador em quase tudo o que se refere a segurança e não costuma usar redução penal e outras coisas como argumento.

          Mas tem quem usa, tem quem diz que é ‘modernizante’ na área e não critica o governo. Eu acho que devia ser trabalho do Min. da Justiça fazer alguma gestão no TSE de que não se deve pôr em propaganda paga campanha por coisas inconstitucionais. Mas fazer o quê, a Câmara aceita que tramite a PEC 33/2012 do Aloysio Nunes…

          Mas enfim, não se pode usar o argumento “eu apoio as concessões ao fundamentalismo porque a maioria quer”, pois isso é mentira, a maioria não quer.

          E menos ainda se pode usar redução de maioridade penal como argumento anti-Alckmin, tanto porque aí sim “a maioria quer” e a coligação é, na média, defensora de projeto pior que o dele…

          Há algo básico a entender. O PT cometeu um erro político e nao quer reconhecer isso. Ignorar fatos não é solução para nada.

          E do ministério quem eu gosto mais é Ma. do Rosário….

          Note, eu não digo nunca que o pessoal não faz críticas ao governo… Fazem muito mais que eu, na verdade. Só que fazem as críticas que o PIG ou a Nova Oposição não poderão copiar.

          Percebe a diferença?

          Fazem críticas mas por não terem caminhos caem no colo do PT. Ou do governismo conservador.

          E, de qualquer modo, eu não quero ser discriminado oficialmente pelo governo do meu país.

          Imagine que você vai a uma festa e que é simpático ao anfitrião. Aí vários convidados começam a lhe assediar com maldade. Aí o anfitrião no lugar de passar um corretivo nos outros convidados, ri da sua cara.

          É assim que me sinto.

          Você quer que eu me preocupe se o anfitrião ou convidados estão vestindo verde ou marrom?

          “- que não se importa tanto com a questão.”

          Exato. E eu só acho digno quem se importe.

          E dá para afirmar sim que o copo está vazio. Não meio vazio.

          ” tu deixa claro que está querendo sair pela tangente, minimizando os erros do Alckmin, pois os acertos dele são mais relevantes para ti, o que é compreensível por um lado. Mas no fim é o mesmo “erro” que tenta condenar no Taguti e nos “seletivos”.”

          Você está delirando nessa. Eu não estou minimizando erro nenhum de Alckmin.

          Ser pró-igualdade de direitos para LGBT não é sequer um acerto, é mínima obrigação para alguém ser elegível por mim.

          Você que quer sair pela tangente para não ter que reconhecer que quem é contra igualdade de direitos para LGBTs não merece ser eleito, mesmo que seja de uma ideologia que lhe agrade.

          Comparar a atuação do Denarc em relação a traficantes de crack com a postura oficialista  da homofobia dos ministérios da saúde e educação me parece uma falta de propósito e de senso de medida total.

          Reprimir tráfico de drogas não é considerado atentatório à dignidade humana (até há quem ache bom) e muito menos alcança 7 ou 8 milhões de pessoas. 

          É uma repressão que eu não apoio o modo como é feita, inclusive sou pela não repressão a outras drogas mais leves que o crack, mas aí só fica mais contraditória a postura dos colegas.

          Estão criticando o Alckmin por reprimir na cracolândia? Ora bolas, nem pela liberação da maconha esses colegas são (com vistas a redução do estado penal.) E eu sou.

          É o que eu falei outro dia. Se o PT fosse simpatizante, estaria toda a tropa fazendo exatamente o meu discurso. Mas aqui se vai como numa quadrilha junina, com vais e vens de acordo com a chance de alguém dar tempo de TV para a campanha oficial.

          Se Maluf vai apoiar Serra, é do mal, se vai apoiar Haddad, apaga o post.

          Se Bornhausen entrou para o PSB, use-se esse único argumento contra Campos. Se dezenas de outros ex-DEM entraram para o PSD, não têm importância. Se Katia Abreu tiver que ser vice, é pelo bem da governabilidade.

          Se Malafaia está com Serra, é homofóbico. Se está com Lindbergh, é representa da diversidade religiosa.

          Gente, é tudo ridículo demais. O auge desse nonsense já passou.

          E não existe defesa no campo da lógica para se abandonar o combate à homofobia no Brasil. Para mim é o mesmo que abandonar o combate ao racismo, revogar a lei 7716/89, querer apagar o artigo 5º da Constituição.

          outras coisas podemos discutir, de economia a Estado Penal.

           

           

           

           

           

      2. Realmente, você tem razão que

        Realmente, você tem razão que eu fui extremamente infeliz ao usar o termo “liberal”. De alguma forma ou de outra, há uma influência da heteronormatividade obrigatória da sociedade em que vivemos sim na minha escolha. Só que eu não cheguei tão longe assim, até porque me referi a tais direitos como “humanos”. Apesar do cacoete infeliz, eu considero sim tais direitos como inatos a pessoa humana, e seu reconhecimento compulsório. 

        Posto isto, você parece incorrer no mesmo erro que eu. Alckmin tem sim seus diversos calcanhares de Aquiles na área dos direitos humanos.

        O próprio Nassif, aqui, em diversos editoriais, já alertou sobre o massacre operado em 2005/2006, em resposta ao PCC, ou a atitude temerária do governador ao dizer “quem não reagiu, tá morto”, fomentando um cenário de guerra na capital paulista no final do ano retrasado. Prisões arbitrárias, execuções de pena (de morte?) sem o devido processo legal são temas afetos aos direitos humanos, e Alckmin fica devendo muito neste sentido.

        Isto sem contar sua posição, de rotular como vândalos e bandidos manifestantes, e endossar um comportamento inaceitável de sua tropa, suprimindo o direito constitucional de manifestação prendendo jovens que portavam vinagres, ou agredindo com balas de borracha e bombas de efeito moral pessoas que não tinham cometido crime algum.

        Eu respeito sua posição de eleitor do Alckmin. É uma opção democrática como qualquer outra. Mas não concordo quando você usa o argumento dos direitos humanos para justificar tal opção.

        É até natural que você prefira Alckmin ao Padilha, já que o tucano possui um posicionamento que satisfaça mais suas demandas, e repressão policial não seja um tema que interfira tanto na sua vida. Por outro lado, talvez haja jovens da periferia da grande capital que optem por qualquer opositor consistente a Alckmin, por causa da sua orientação no mínimo reprovável em relação a segurança pública.

         

        1. Eu acho que não, que não estou incorrendo em cacoetes

          Eu apenas digo que Alckmin atende a um requisito mínimo obrigatório, o de não trabalhar contra um direito inato das pessoas LGBTs.

          E será escolhido em comparação com outras pessoas que também não trabalham contra direitos inatos.

          Se ele for o único candidato assim, torna-se a única decisão racional.

          Se alguém me provar (como você pretende) que ele trabalha contra direitos inatos, bom, aí não posso votar nesse cargo, ficaria ‘em branco’:

          http://www.jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/um-breve-raciocinio-logico

          Calcanhares de Aquiles em direitos humanos é diferente de trabalhar contra direitos inatos, não reconhecê-los, dizer que não valem.

          Quanto a “quem não reagiu, tá morto”, veja o que respondi para o Ed.

          Pode haver sim eleitores de periferia que julguem reprovável a orientação de Alckmin em relação a segurança pública. Eu julgo reprovável também.

          Eles estarão seguros que a de Padilha será melhor? é bom trabalhar essa questão. O que ele propõe fazer, o que propõe não fazer.

          Mas ainda assim você está falando de repressão e truculência policial. E às vezes, infelizmente, há até pobres que pedem isso, por um processo perverso de oprimidos fazendo discurso de opressor. Note como mais de 80% da população apoia o discurso da redução da maioridade penal.

          Tem certeza que os jovens da periferia são contra o discurso que nós dois aqui consideramos reprovável?

          E, ao contrário desse exemplo, você acha que eu faria o discurso do opressor homofóbico, quando eu sei que ele é absolutamente irracional?

          De qualquer modo, o projeto de retrocessos no combate à homofobia é ilógico, violento. É um modo de dizer “vocês são piores, não merecem amparo”. E isso inclui os LGBTs jovens de periferia.

          Eu prefiro não entrar em campeonatos do quanto menos pior melhor, mas, francamente, o discurso de que se deve discriminar pessoas por orientação sexual, que nem popular é, para aumentar tempo de tv me parece muito mais antiético e reprovável, sem termos de comparação, que o discurso de que devemos manter a política de segurança.

          Espero não ser forçado a escolher entre nhô pior e nhô ruim.

          Você está entrando no jogo do opressor. Foi convencido de que não é possível retomar o combate à homofobia porque isso atrapalharia o combate à criminalização arbitrária de jovens de periferia.

          Ora, que lógica tem isso? Porque você pensa que deve fazer essa escolha?

          Se a maioria da sociedade já apoia o combate à homofobia até fora do plano da teoria é necessário aderir ao mesmo.

          Com isso se ganharia mais força e redibilidade para dizer que irá combater a criminalização arbitrária de jovens. Causa justa, por sua vez, que não conta com o apoio da maioria, nem das vítimas!

          O que você está dizendo é que pensa que deve apoiar algo muito errado (a oficialização da homofobia), que é repudiado (por mim e) pela maioria da população de SP, como meio de atingir uma causa certa (redução do aprisionamento indevido) que não conta com o apoio da maioria da população (porque não percebeu a importãncia)

          Isso é muito torto. Na prática você propõe votar em alguém que defende duas causas impopulares, uma das quais correta.

          Alckmin defende uma causa errada e uma certa, mas ambas populares (sendo que é uma lástima que a criminalização de jovens seja popular.)

          Muito melhor seria você apoiar alguém que apoie algo muito certo (o combate à homofobia), para assim ter credibilidade em discurso de direitos humanos para convencer as pessoas a combater algo errado, que é a criminalização indevida e excessiva, apesar da falta de popularidade dessa questão.

          Mas veja o que você me sugere (caso eu fosse convencível de seu raciocínio): que em função da causa dos jovens de periferia (causa que também acredito) eu apoie alguém que não é apoiado por esses mesmos jovens (como explicado, a maioria apoia a redução da maioridade penal e provavelmente apoia discursos repressivos, mas isso teria que ser pesquisado) e que além de tudo passou 3 anos trabalhando contra minha cidadania?

          Sinceramente, é questão de lógica.

          Vai dar mais resultado tentar convencer Alckmin a ser menos truculento.

          x-x-x-x-x-x-x-x-x-x

          A minha opção como eleitor de Alckmin é provisória. Aguarda que outros candidatos se mostrem mais. O que pensa Skaf? Posso votar em quem o PSoL apresentar em 1º turno e me ausentar no 2º turno (no 1º turno não me ausentarei porque faço questão de ajudar a eleição presidencial a ir a 2º turno e faço questão de escolher deputados.)

          Mas eu pergunto aos colegas:

          Por que, no lugar de questionar quem vota em Alckmin, vocês não propõem que o PT, Dilma ou Padilha melhorem seu discurso?

          Por que não propõem a esses políticos que negociem outras coisas com conservadores morais, como emissoras de rádio, isenções tributárias, não os direitos humanos?

          Não é proibido ser simpatizante LGBT no Brasil. Não é proibido respeitar o direito inato das pessoas LGBT. Não é proibido trabalhar pela igualdade de direitos civis.

          Basta querer.

          E pegaria até bem, seria até vantajoso eleitoralmente.

          x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x

          Arthur, só existe um modo do PT e seus candidatos se saírem bem nessa história toda. Voltarem atrás nessa política de concessões a fundamentalismo.

          Quanto mais insistem nisso mais assustam as pessoas.

          O PT cresceu fazendo um discurso “certo” em, por exemplo, três coisas. Se passa a fazer um discurso “errado” em uma dessas coisas, ainda que mantendo o discurso certo nas outras duas, necessariamente piora sua situação competitiva.

          O próximo passo será qual? Abdicar do discurso de desmarginalização da periferia?

          Do jeito que vai logo os petistas também apoiarão a redução da maioridade penal, irão apoiar a repressão a manifestações, a tudo que incomoda.

          E aí você virá aqui para dizer que é ncessário fechar os olhos para isso porque uma trceira causa (digamos bolsa-família) precisa ser defendida?

          Não, meu colega. Discurso ruim é que nem areia movediça. Mostrar retrocessos em público é pior que nunca avançar, não tem credibilidade.

          Não há como propor trocas espúrias para as pessoas. É necessário oferecer só melhoras. Não convence “eu vou melhorar a situação da periferia se você aceitar as propostas homofóbicas de meus parceiros”.

          Quem faz esse tipo de proposta de troca é Putin. Que eu não quero ver nem pintado de purpurina rosa.

          Mas valeu-me muito, mas muito mesmo a discussão. Consegui fechar o raciocínio de um modo que me deixou mais convencido do que eu já estava de que não se deve votar em quem negocia direitos humanos com  fundamentalismo religioso.

           

          1. Gunter, eu acho absolutamente

            Gunter, eu acho absolutamente indefensável a linha de argumentação que você tomou. Você disse que Alckmin defende uma causa errada e uma certa, ambas populares. 

            Mas o que popularidade tem a ver com direitos humanos?

            Se fosse o contrário, então, a maioria da população censurasse a arbitrariedade policial, mas por outro lado fosse largamente homofóbica, poderíamos afirmar que seria uma estratégia melhor então pular fora do barco de Alckmin e partir para outro político que, apesar de homofóbico, segurasse a bandeira de extinguir a PM, já que estando ao seu lado daria para convencê-lo mais fácil a recriminar os preconceitos contra Lgbt’s?

            Aliás, não é isso que Putin faz, utilizando a homofobia como instrumento de manipulação eleitoral, ao mesmo tempo que posa de defensor das liberdades públicas ao asilar Snowden, apoiando duas causas populares (no próprio país e diante dos “progressistas” do mundo)?

            Então, apesar de concordar que estas causas (criminalização da homofobia, extensão de todos os direitos aos casais Lgbt’s) são não só justas, mas um imperativo da natureza, nossa sociedade é composta por múltiplos interesses e, muitas vezes, na escolha de um candidato, existe uma colisão de direitos humanos vs direitos humanos, a que você ignora relativizando direitos violados com a arbitrariedade policial do Estado.

            Como é que você me diz que isto não é um atentado contra direitos inatos?

            Quando 200 pessoas são presas por portar vinagre, e o comandante-em-chefe da força policial diz que a ação da PM foi irretocável, está se fazendo jogo político contra direitos inatos. Quando, ao invés de tentar o diálogo, monta-se uma operação de guerra para retirar uma população pobre e indefesa na base da porrada (sim, estou falando do Pinheirinho), está havendo jogo político contra direitos inatos. Quando a polícia de SP se notabiliza por matar tanto quanto toda a americana, e não se faz nada, premiando a tropa com “bônus por produtividade”, como se fossem executivos, está havendo jogo polícito contra direitos inatos.

            Pelas expressões que você usa (“a população reprova, a população não reprova”) parece até que o direito do preto e pobre não ser preso, ou morto, ou agredido sem devido processo legal, é uma orientação ideológica, que você escolhe aprovar ou reprovar, e não um direito fundamental consagrado na Constituição. Não importa se mesmo entre os pobres esta causa é popular. 

            O meu ponto principal é esse: não concordo quando você justifica seu voto em Alckmin como uma escolha pelos direitos humanos. Totalmente respeitável quando você o escolhe por ser o que toma medidas mais firmes contra a homofobia, mas é preciso sempre ter em mente que é uma decisão pragmática. Pergunte para uma mãe de Maio, que talvez tenha ojeriza do governador pelo fato do seu filho, sem passagem policial, ter sido morto pela polícia, se a prioridade dela é escolher alguém que reforme o sistema policial ou proteja direitos dos homossexuais?

            Quando você fala do Alckmin, então, parece até que não existem múltiplos e múltiplos interesses existentes na soceidade, e cada um votando conforme seus interesses. Se Alckmin fosse um Mujica, poderia até concordar que quem vota nele está do lado certo da história. Mas o tucano está muito, mas muito longe disso.

          2. Arthur, você segue considerando

            que devem ser feitas trocas entre direitos a defender.

            Não há lógica nesse argumento de que ‘devemos abrir mão de combate a homofobia para reformar o sistema policial’.

            Combate a homofobia não atrapalha a reforma do sistema policial, certo?

            Seria mais crível uma proposição: ‘devemos combater a homofobia E reformar o sistema policial’.

            Você quer chegar a isso, certo? Eu também.

            Só que temos que ver como as coisas chegam à população.

            A proposição Alckmin não é melhorar sistema policial, mas também não é piorar uma outra coisa.

            A proposição PT não diz que é para piorar nada, só que mostra uma prática recente de piora (suponha que se aceitem minhas constatações para isso)

            Ora, posições de recuo são pior vistas que posições de não-avanço.

            E a forma como o PT conduz a questão LGBT (e Indígenas também) tira crédito do que mais propuser.

            E crédito maior é necessário para propor algo minoritário (reformar o sistema policial)

            Não é nossa culpa que a maioria da população acredite no discurso tosco ‘bandido bom é bandido morto’.

            Mas temos que ser realistas e observar que:

            – propor recuos em uma área como se isso fosse uma “troca” não tem cabimento nenhum para os ‘afetados’

            – também não tem credibilidade junto a observadores independentes.

            – e a proposta ‘não-reformar’ já é majoritária em SP…Bom, vamos tirar bois do caminho e simplifar.

            Aceitemos que ambas as causas são justas, combater a homofobia e reformar o sistema policial.

            Eu jamais irei aceitar uma troca de posições, é uma barganha horrível, você compreende isso.

            Mas eu posso compreender que alguns achem essa barganha aceitável, ok, não têm conhecimento de um problema, faz parte.

            Mas, mesmo assim, a minha posição é mais viável.

            Se Alckmin já defende as duas posições majoritárias na população local, que são ‘combater a homofobia’ e ‘não-reformar o sistema policial’, de que modo um projeto que defenda duas posições minoritárias (recuar no combate à homofobia’ e ‘reformar o sistema policial’ pode se impor?.

            Você não pode propor melhorias com pioras simultaneamente, não dá certo. É o que é mais condenado na gestão Obama: propõe-se uma causa justa (combate a terrorismo) tirando direitos individuais (mais controles em aeroportos, comunicações, etc.)

            Um discurso vencedor precisa propor melhorias garantindo que não haverá pioras.

            E aí voltamos ao ponto de partida. Se o PT quiser mais ‘corações e mentes’ na suas lutas políticas, como essa por SP, seria melhor, na minha opinião, que abdicasse de defender propostas fundamentalistas. Parecem que pegam pior que as propostas de endurecimento policial (que também são ruins, claro.)

            (Eu não acredito mas) admitamos que seja necessário para o projeto do PT a aliança com partidos homofóbicos. Devia então tentar cooptá-los como outros governos faziam, com concessões de rádios, isenções tributárias, etc.

            Aceitar promover recuo em direitos pega mal. Não aumenta o voto conservador e ainda afugenta o voto secularista.

            O discurso atual do PT me parece que joga mais água pro moinho do Alckmin do que não, mas o que eu posso fazer para convencer os colegas disso? nada. Enfim, se o PT quiser fazer pesquisa qualitativa de opinião para isso que faça.

            A minha observação é a de que não vejo ninguém dizer que mudará o voto no PSDB em 2010 para PT agora. O contrário vejo muito (no caso indo de T-2010 para PSB-2014.)

            Até aí pode-se dizer que é torcida minha (não é, é observação)

            Mas se o PT quer ficar torcendo para que a realidade mude… Paciência, não vai dar certo para se eleger em SP do mesmo modo que não deu certo para o PSDB retomar a Presidência.

            Acredite quem quiser… 😉

          3. Vi que esqueci de tocar em um ponto:

            “Se fosse o contrário, então, a maioria da população censurasse a arbitrariedade policial, mas por outro lado fosse largamente homofóbica, poderíamos afirmar que seria uma estratégia melhor então pular fora do barco de Alckmin e partir para outro político que, apesar de homofóbico, segurasse a bandeira de extinguir a PM, já que estando ao seu lado daria para convencê-lo mais fácil a recriminar os preconceitos contra Lgbt’s?”

            Isso é uma construção teórica do exato oposto. Para boa parte da população poderia parecer razoável isso sim, apoiar quem for por reforma do sistema para depois melhor a condição LGBT. (E não é isso que ocorre na Rússia, lá o Estado Penal é cada vez maior. LGBTs votarão em 2018 em qualquer um que não seja Putin, mesmo que seja alguém que prometa a recessão e a submissão aos EUA. Veja como LGBTs são um dos grupos que organizam manifs para que a Ucrânia venha a aderir à UE.)

            Então, nesse caso hipotético seu  LGBTs (e parentes comprometidos, nunca esqueça deles) continuariam preferindo a preservação da vida deles, porque você pode negociar troca de causas quando elas são alternativas para as pessoas, mas não pode negociar isso com o grupo diretamente afetado.

            Isto é, uma maioria pode trocar defesa do meio-ambiente por industrialização predatória mas empregadora. Mas não vai convencer ecoxiitas a aceitar isso.

            Você pode convencer a maioria a não-demarcar terras indígenas, apesar de ser uma causa errada, mas não tem como convencer Povos Indígenas a abdicarem da justiça. E um dia a maioria da população não-indígena percebe a injustiça que seria feita com indígenas e irá fazer valer seu direito difuso a viver numa sociedade justa.

            É o que ocorre em SP. O combate a homofobia JÁ é uma causa justa aceita pela maioria. A reforma do sistema penal ainda não é. O caminho da História é que primeiro a causa LGBT é aceita pela maioria, depois a redução do Estado Penal. Basta ver o que ocorre nos EUA e Europa Ocidental. Em países do Norte da Europa há até partidos ultranacionalistas (quase neofascistas) que são xenófobos e neoliberais e aceitam, em programa, a inclusão LGBT.

            O exemplo que você propôs, enfim, é apenas a-histórico.

            O caminho que eu sugeri pode ser improvável, concordo com você. Mas a situação que voc~e sugere me parece muito mais improvável ainda.

            Sim, é o que Putin faz. Ele manipula a opinião pública internacional antiamericana (mas apenas a antiamericana) Mas ele partiu de um ponto de partida favorável a ele, que é a população ser ainda homofóbica. No caso de SP não é essa a realidade. Além de que seria antiética uma proposição à la Putin, não teria resultado aqui. 

            E popularidade não tem a ver com direitos humanos. Tem a ver com eleições. 

            Eu posso achar que uma proposta +A/-B é menos pior que uma proposta -A/+B. Eu posso nunca abrir mão de +A, e é um direito meu que você reconhece, posto que +A é vital para mim. Mas para você é neutro (na realidade nao é, mas pode-se acreditar que é), enfim, você pode preferir uma posição -A/+B. Ok.

            Só que já estamos na posição +A/-B. 60% da população não quer mudança em +A, 80% da população não quer mudança em -B (ainda que eu concorde que +B seria muito melhor que -B)

            E aí você acha que uma proposta -A/+B tem chances eleitorais só porque +B é mais correto que -B? E quando -A é uma proposição absurda? Sem chances.

            O único caminho para +B se impor é aceitando +A primeiro. Um projeto +A/+B poderia até não ganhar de imediato, mas já teria 20% de ponto de partida (o complementar de quem apoia -B), já que não conflita com +A. E aí com o tempo se convenceria outras pessoas a apoiar +B.

            É como ocorre com aborto e maconha. Para mim é claro e evidente que a descriminalização de ambas é o melhor. Mas são causas com 20 a 30% de popularidade. Para elas crescerem não podem conflitar com outras causas justas populares.

            Não terei nenhum sucesso seu propor abrir mão do bolsa-família para obter descriminalização do aborto e da maconha. Eu preciso continuar apoiando o bolsa-família e, em paralelo, apoiar as descriminalizações.

            Esse raciocínio de trocas que você sugere teria alguma chance com causas igualmente populares. Se a redução do estado penal tivesse 70% de popularidade talvez se conseguisse argumentar que isso seria bom no lugar de combate a homofobia. Admitindo que 5% de LGBTs não farão a troca.

            Mas você está falando em fazer vista grossa ao abandono do Estado Laico (quando o Estado Laico é “popular”) para oferecer redução de Estado Penal (que é muito impopular)?

            isso não daria certo nem no Brasil, nem na Rússia, nem nos EUA. Só mostra como é irracional associar-se a fundamentalismo religioso como estratégia para obter outros direitos humanos.

            Oras, se fundamentalismo religioso é CONTRÁRIO a Direitos Humanos, e comprometido com valores retrógrados, essa combinação é contraditória.

            Em SP, se as proposições fossem essas (na verdade não são explicitadas, são percebidas) teríamos:

            Conservadores econômicos – conservadores morais > votam em Alckmin porque o conservadorismo econômico é mais importante para eles.

            Conservadores econômicos – modernizantes morais > se a ‘modernização’ for LGBT, votarão em Alckmin (não haveria conflito), se a ‘modernização’ por redução do Estado Penal poderão votar em outro alguém desde que a questão LGBT, já consolidada, não seja prejudicada.

            Modernizantes econômicos – conservadores morais > já não votam em Alckmin, certo?

            Modernizantes econômicos – modernizantes morais > aceitarão a proposta não-Alckmin desde que, novamente, a questão LGBT não seja prejudicada.

            Em resumo, não se tem sucesso em propor um avanço pouco popular (+B) se for pedir em troca o recuo em um avnço mais popular (+A), mesmo que se acredite que +B é melhor que +A.

            Como a maioria da população acha que +A é superior a +B, quem fizer uma proposição “fundamentalismo+modernização” não terá sucesso, até porque a população já percebe que isso é contraditório.

            Pode não ser contraditório para a Rússia, para a esquerda beata, etc. Mas para a população ‘coxinha descolada’ de SP, é. 

             

  6. enquanto o Haddad ganha todo

    enquanto o Haddad ganha todo o devido crédito pela atuação na cracolândia, o governo segue entulhando dinheiro para compras de caminhões de espionagem de cracolândias pelos municipios do país (se não me engano são R$2 mi por unidade) e para pagar as Comunidades Terapeuticas para torturar e pregar o amor de Jesus aos toxicômanos que precisam de assistência de saúde.

    precisamos que os próprios simpatizantes PTistas ajudem o resto da esquerda a expressar e denunciar as contradições do partido, só assim dá para tirar esse barco atolado da lama do “centrão” conservador e tentar fazer que o PT volte a navegar por águas mais à esquerda.

  7. Sr. Gunter

    Se a indignação dos “progressistas” é seletiva é mt compreensível. Quais são os políticos presos no Brasil? quais estão dia a dia sendo humilhados ? Quais são tornados verdadeiros bandidos piores que os piores traficantes de drogas que infestam o país, pela nossa imprensa? Serão os Demóstenes? , os Cachoeiras?, os Serras e filha?, os Maluf e filho?, o governador de goiás, Marconi Perilo? Os Perrelas ?  São estes ? e falando em seletividade, não estaria o sr. sendo tb mt seletivo ao escolher sempre os contra Gays e GBLT ?

    1. Foco do post:

      “E o que têm a comentar sobre os recuos do MEC?” (E ministério da saúde.) É dessa seletividade que me refiro, ninguém fala nada.

      Eu não obsto críticas ao Denarc. Mas críticas a ministérios são tratadas como ‘vandalismo’. 

      x-x-x-x-x-x-x-x-x

      De qualquer modo, o que que eu tenho a ver com Demóstenes, Cachoeira, Serra e filha????

      (Com Maluf sabemos quem têm a ver.)

      Por acaso estou defendendo voto em alguns deles?

      E você por acaso acha que é “ser seletivo” escolher os contra LGBT? Céus… 

      Existe alguma razão lógica no universo para alguém ser contra LGBTs? Não né?

      Então, é básico na vida não querer se manter esse prejuízo todo a LGBTs. Ou “a Rússia é aqui”?

      Não há razão para alguém ser corrupto, não há razão para ser autoritário e não há razão para alguém ser contra LGBTs. Simples assim.

      Do que sobrar a gente escolhe para votar.

       

  8. Não vou fazer corrida de

    Não vou fazer corrida de cavalo entre DHs. Doentes do Crak versus LGBT, muito embora os ultimos tem mais condições de se defender. Mas não será por isso que aliviarei o Haddad por ter retrocido na questão do combate ao bulyng gay.

    Não apoio a atitude dele de forma alguma. Voce sabe, Gunter que sou crítico a política de alianças do governo. Mas apenas coloco a seguinte questão. Lá naquela época ele era ministro, respondendo à presidenta. A opção de compor com os interesses evangélicos é da cúpula, e Haddad nunca fez parte dela. Mercadante o atual ministro sim.

    Agora ele tem autonomia para seguir suas convicções. E pelos últimos atos que tem tomado, corajosamente civilizatórios, tenho certeza que ele recuou no “kit gay” contra sua vontade e com pesar. Obediência à presidência. Acho que Haddad está se revelando um dos políticos mais humanitários da nova geração.

    PS: Padilha também não tem autonomia total no ministério da saúde. Voce não pode afirmar que ele pessoalmente seja moralista. E concordo que a gente tem visto o surgimento de posições políticas combinando liberalismo na economia com liberalismo no comportamento. Talvez seja o caso do FHC, por exemplo, que defedende o uso da canabis. Mas o Alkimin? Creio que na questão LGBT a posição aparentemente simpática é circunstancial. Aguardemos para ver

  9. Prezado Gunter
    O problema da

    Prezado Gunter

    O problema da discriminação é generalizada, não possui cor partidária, esta enraizada no seio da sociedade.

    O MEC é o caminho para a mudança com a criação de grade curricular especifica desde a pré escola até o terceiro grau e daqui a duas ou três gerações voltemos ao assunto com a redução do percentual que coloquei acima.

    Nossa luta é de um Davi contra Golias….

    Abração

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