BOB LESTER, o centenário cantor e sapateador, precisa urgentemente de ajuda!

Carta ao Mestre

Prezado Dr. Luciano Hortencio

A minha indignação não é pequena, quando sou confrontado com omissão e abandono de idosos.

Apoiei, durante muito tempo, voluntários que assistem aos familiares de pacientes oncológicos, oriundos de todos os cantos do país para buscar o tratamento na minha cidade.

Pois bem Dr. Luciano; os debilitados pelo câncer aportam acompanhados por parentes que não têm onde ficar alojados, durantes as sessões programadas em tratamentos clínicos que são aplicados em duas semanas, ininterruptamente(?).

Ajudo um asilo em Alpercata, vizinha de Governador Valadares, que esteve, como em outras oportunidades, prestes a ser fechado.

São espíritas os administradores daquela instituição, que sobrevive com a parca ajuda de alguns comerciantes e da população da região e encontra severas e inconcebíveis dificuldades para obter recursos dos órgãos municipais, estaduais ou federais.

Responsabilidade

Perceba Dr. Luciano, que os governos transferem a responsabilidade para alguns abnegados que brotam no meio do povo para abraçar causas perdidas.

Não vou contar alguns dramas pessoais dos internos de lá, que são imensos, porque nas minhas visitas (4 a 5 vezes por ano), levando, principalmente, fraldas geriátricas, não faço um contato mais intimista com os internos, para não sair de lá exaurido emocionalmente de forma mais extremada.

Ninguém quer saber dos idosos que não votam e alcançaram um estágio na vida no qual precisam receber mais que dar algo em troca, para realimentar a voracidade impiedosa da sociedade indiferente aos apelos dos mais necessitados.

Recordo de outro absurdo ocorrido com uma respeitadíssima entidade da minha cidade (para onde eu levava mantimentos em sacos pesados doados por um dos meus irmãos), que também esteve para ser fechada.

Acredite Dr. Luciano, que o local que presta assistência a várias pessoas de todas as idades com síndrome de Down e outras deficiências, que, aparentemente já recebeu algum tipo de apoio do ator Marco Frota, dono de um circo, também estava em uma condição de penúria alarmante.

Malandragem

Tive um namorico com uma garota que trabalhou, por pouco tempo, em uma das manjadas e fatídicas instituições que “vivem” telefonando para a casa das pessoas para pedir ajuda.

Ela contou que a instituição onde foi contratada era comandada por um bacanudo do triângulo mineiro, que só aparecia no escritório, montado em um reluzente carrão que ela nem sabe o qual é o modelo ou a marca da máquina possante, para recolher o troco arrecadado.

Lembro-me que ela também contou o caso envolvendo uma senhora que aportou ao local para pedir ajuda.

A mesma senhora recebeu orientação para deixar a receita médica com a supervisora e retornar outro dia.

Inacreditavelmente, a supervisora imbecil fez algum tipo de chacota sobre aquela pobre senhora que, sem surpresas e para azar dela, não recebeu a ajuda pretendida.

Naquela mesma arapuca travestida de entidade assitencial, imediatamente antes das festividades do Natal, os funcionários recolhiam, sob a supervisão da chefia, entre outros itens, caixas de leite para o consumo próprio.

A minha amiga ficou indignada com aquela monstruosidade, mas teve que aguardar um tempo até sair de lá, por não querer pedir a própria demissão, e, assim, perder alguns direitos trabalhistas.

Dr. Luciano por que deixam fechar as entidades que abraçam o papel do Estado?

Por que ninguém se move?

Atenciosamente,

Jones