Luciano Hortencio
Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.
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Centenário de Luzinha Hortencio, minha mãe!

Mamãe, em sua primeira foto, com meus avós

Peço licença a todos para prestar homenagem à minha mãe, Luzinha Hortencio, que completaria 100 anos de existência, se viva fora, no próximo dia 6 de outubro. O documento abaixo é da lavra de minha bisavó, Luiza Gomes Ferreira e o encontrei dentro de um antigo missal de mamãe.

Aparentemente mamãe era uma pessoa comum, porém só aparentemente. O texto que anexarei, da lavra de meu irmão Franzé Hortencio, mostrará aos que me fizerem a grande gentileza de ler esse post, o ser humano maravilhoso e especial que foi a florista de profissão Luiza Simões Hortencio de Medeiros.

O garoto da foto é meu primo Luis Hortencio, que deu uma de “papagaio de pirata”.

Minha mãe.

 

Seremos teus nove filhos, devedores perenes das pesadas internas que demos em teu ventre, de tuas placentas, de teu sangue, de teu líquido amniótico.

Devedores de tuas dores de mãe, das noites mal dormidas, de tuas preocupações conosco, de tuas esperas – até o último chegar de – madrugada, de tuas incertezas e de nossos descuidos.

Para sempre devedores de tuas clarividentes lições de vida – silenciosas ou explicitas.

Serás eterna credora de teus ninás, de tuas histórias, de teu manso olhar azul e de teus sorrisos.

Ficaremos devendo os teus afagos, tuas mãos- na – testa, em nossas noites de febre, teus abençoados e únicos chás, teus caldinhos maravilhosos.

Deveremos, para sempre, teus molicos, de boca-em-boca, teus conselhos, tuas repreensões, tuas compressões e teus perdões.

Devendo leu otimismo, tua esperança, renovada como oxigênio, teu pouco caso para as mesmices da vida.

Devedores de tua fé a teu modo, sem preocupações com entidades ou igrejas.

Devedores do exemplo de só fazeres o bem teu caráter, porque não conhecias a hipocrisia, nem o fingimento. Nunca conjugaste o verbo trair. Eras firme como um aço nas tuas convicções e nas tuas poucas e imorredouras amizades.

Ficaremos devendo os pistilos, os miosótis, as flores do campo e margaridas e o plissado nas garrafas de água inglesa – tua arte.

Devedores de tuas ponderações e fleugma – tua sabedoria.

Devendo as tampas de rosca nos vidros de nossos remédios, os tantos novos coadores de feltro e tuas sábias manipulações no laboratório – teu trabalho.

Devedores de tuas “Magníficas” e de teus “Lembrai-vos” – tua fé.

 

 

 

Ficaremos devendo tuas noites de sono, tantos quilômetros, em casa, para nós percorridos, tantos bolos batidos com espirais, tantos confeitos, tantos rosbifes – os melhores da terra e tanto desvelo – teu amor.

Devedores daquela varrição em nossa casa, que impediu sua prematura venda – tua firmeza.

Credora de nosso grande quintal – não diminuído pela valente falta de tua assinatura – tua coragem.

Ficaremos devendo o sacrifício da utilização da metade de tua casa, com a instalação até de uma caldeira, para abrigo dos negócios de nosso pai – tua renúncia.

Devedores de tantas horas de incansável trabalho esperançoso e coroado de vitórias – no nosso modesto laboratório.

Ficaremos devendo o teu firme olhar de pouco caso para o que a maioria das pessoas treme de medo.

Deveremos, para sempre, os primeiros colchões de mola e os vestidos de baile das meninas, comprados com o parco dinheiro de tuas flores – tão perfeitas.

Levaremos avante tuas lições dc respeito ao próximo – porque entendias o que bem após foi dito: “cada um, sabe a dor e a delícia de ser o que é.” – tua sapiência.

Nunca pagaremos o teu desvelo com o Zé Lins, com a Alice Moraes, com a velhinha do Morro, com o Pedro marceneiro e com o cachorro Tarzan – os últimos, dois coitados seres quase em putrefação, que igualmente trataste, pessoalmente, com sucesso, com o mesmo direito de entes da natureza – tua caridade.

 

 

Não te pagaremos o exemplo que nos deste das vantagens do discernimento entre o ter e o ser – preferias o último – tua ética.

Deveremos, para sempre, teus cuidados com tua bela casa e com o teu sempre renovado jardim – tua feminilidade.

Devedores eternos de teu exemplo de sempre ver as coisas da vida pelo ângulo melhor ou o menos doído – tua sensibilidade.

 

Mamãe, entre minha irmã Danielle e minha sobrinha Luiza Cristina, que aniversaria no mesmo dia de mamãe.

 

Finalmente, minha mãe, estamos aqui chorando a tua saudade e brindando tua edificante e inigualável vida.

Obrigados, pois, minha mãe, estamos todos – os teus filhos, netos e bisnetos, parentes e amigos presentes – pela oportunidade ímpar que nos brindaste, com o teu sereno convívio.

Os céus repletos de flores e de paz certamente abrir-se-ão para te acoitar, pois é lá que viverás eternamente.

Aqui, continuarás vivendo em nós.

Espere-nos, que não tardaremos demais.

Beijos eternos do teu filho

 

Franzé. 29/10/2003

 

Ilustração do artista Elson Rezende, a quem externamos aqui nossa imensa gratidão.

Luciano Hortencio

Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.

46 Comentários

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  1. Mamãe, teu nome é trabalho!

     

    Dentre as minhas mais remotas lembranças de tenra infância está o retorno para casa, acompanhado de mamãe, que havia dado seu expediente na empresa de meu pai e que recomeçaria, inevitavelmente, sua labuta doméstica de mãe, esposa e dona de casa.

    Anos a fio a rotina de mamãe foi desdobrar-se tanto nas tarefas domésticas quanto como gerente, operária, farmacêutica prática e um dos principais esteios de meu pai, que conseguiu criar e educar nove filhos com as famosas Pílulas de Mattos.

    Findo o expediente no Laboratório Mattos e realizadas todas as tarefas domesticas, mamãe, apos o jantar, nos intervalos que tinha e até altas horas da noite se dedicava a profissão de FLORISTA, criando e fazendo belíssimos arranjos e rosas de pano, que iriam enfeitar os vestidos das moças e senhoras da sociedade fortalezense. Não é demais dizer que, com a ajuda de nossa grande amiga e sua nora de coração Leda Maria, hoje famosa colunista social, mamãe, já em idade madura, tirou todos os documentos civis e passou a contribuir para a previdência social, como autônoma, na sua bela e incomum profissão, sendo hoje aposentada como florista.

    Além de todas essas atribuições, mamãe ainda conseguia tempo para costurar e bordar, além de realizar ainda outros diversos trabalhos manuais.

    Não havia festa na nossa família, ai incluindo tios, primos, etc, que mamãe não fosse solicitada a fazer suas famosas ROSAS DE MALTA, salgadinho feito com massa de pastel, cortado em duas fôrmas em formato de rosa, coladas com clara de ovo, fritas e recheadas com uma receita saborosíssima de camarão. Sinceramente não sei o que era melhor, se o aspecto belíssimo das bandejas plenas de rosas de malta ou o seu sabor que ainda hoje me da água na boca.

    A capacidade laborativa e a vontade de colaborar de mamãe não paravam por ai. Não havia amigos da família ou entes queridos que não se socorressem da LUZINHA para ser sua acompanhante quando necessitavam hospitalizar-se.

    Tudo isso mamãe fazia sem alarde, sem propaganda, dentro de seu modo simples, direto e digno de ser, suportando sempre com estoicismo os reveses e perdas que marcaram sua longa e profícua existência, sobretudo o falecimento de duas de suas quatro filhas, alem da morte do papai.

    Amiga fidelíssima, conserva ate hoje marcantes amizades, podendo ser citadas, apenas como exemplo, Dona Zenaide, sua prima Terezinha Queiroz, Tia Ivone e Dona Helena sem poder esquecer o afeto que a liga à querida Leda Maria.

    Esposa fiel e mãe amantíssima criou e educou todos nós, obviamente em conjunto com meu saudoso pai, Murillo Hortêncio de Medeiros, sempre ressaltando as virtudes da decência, dignidade e trabalho.

    Incontáveis são os beneficiados por mamãe, que ensinava aos seus ajudantes profissões por ela nunca exercidas, como pedreiro, marceneiro, carpinteiro, etc., somente por intuição e vontade de trabalhar e ajudar o próximo.

    Minha saudosa avó, Umbelina Simões, outro exemplo de mulher excepcional, sempre brincava a dizer – A Luzinha tira o couro de seus ajudantes… Estes, enquanto descansam, carregam pedras. Não e necessário dizer que mamãe era exigente com seus colaboradores e com seus filhos porque o era também consigo mesma, achando natural trabalhar e trabalhar, sem conhecer cansaço físico ou mental.

    Em 1945 passou a residir na casa em que ate hoje habita, composta de 18 cômodos, toda avarandada e com grande jardim, não admitindo jamais mudar-se para outro imóvel, cuidando pessoalmente da administração da casa ate onde pode, cultivando um belo jardim, mesmo na fase atual de sua vida.

    Saúde de ferro até os 88 anos, sem jamais haver sofrido uma intervenção cirúrgica de grande monta, mamãe encontra-se atualmente com sua saúde muito debilitada, em consequência de grave problema hematológico, problemas respiratórios e demais sintomas decorrentes de sua avançada idade.

    O que despertou minha atenção e fez com que escrevesse essas notas foi o fato de, em razão de suas moléstias e da idade avançada, mamãe estar uma fase introspectiva e descentrada, falando pouco e sempre repetindo os mesmos gestos com as mãos sobre um pequeno paninho.

    Ontem, ao perguntar-lhe se estava triste ou zangada, respondeu-me que não. Insisti e perguntei por que não estava a conversar comigo. De pronto rebateu olhando para o tecido que estava em suas mãos. NÃO POSSO AGORA, ESTOU TRABALHANDO.

    Fortaleza, aos 23 de setembro de 2003 

    Luciano Hortencio

     

  2. Comovente!!

    Muto bem, Luciano! Comovente homenagem àquela que nos deu tanto, que nos ama incondicionalmente.

    Mãe é eterna, com o tempo a dor da perda diminui, mas a saudade não acaba, 

    Parabéns pela mãe que você teve.

  3. Parabéns dona Luzinha
    Pelo

    Parabéns dona Luzinha

    Pelo filho que você nos deixou dá para ver a pessoa que você foi.

    Grande abraço, Luciano.

  4. Que coisa linda essa

    Que coisa linda essa homenagem!!!!! Não sei se és cearense, Luciano, mas, olhando as fotos da tua mãe, lembrei de uma senhora linda(em ambos lados, dentro e fora) Terezinha Colares, minha sogrinha querida. Morei no Ceará algum tempo e passei a chamá-la de maezinha, que de inha só tinha o tamanho, com muito carinho. Ela faleceu na mesa de cirurgia, mas, na noite anterior, eu já estava aqui no RS, ela me ligou do hospital e disse – Janes, muito obriagada por tudo, te amei desde o primeiro dia que te vi”- Eu, que não sou de chorar, só esperei ela desligar o telefone e desandei. Aprendi, na minha segunda querência, Ceará, que o amor cearense, quando permitido brotar,  é fortificante, de tronco fortíssimo e para sempre. Linda homenagem, Luciano, que fizeste para tua mãe e que mulher linda era ela.

    1. Janes Salete!

       

      Sou cearense e me ufano!
      Pertenço a hoste aguerrida, 
      … Minha terra, — é mãe fecunda, 
      Que tem filhos por milhares, 
      Que se espalham, n’outros lares, 
      Num continuo viajar! 
      Entretanto, quem não sabe? … 
      Quando chove, — é o paraíso.

      (Juvenal Galeno – 1905)

       

      Muito obrigado pelo gentilíssimo comentário

      Abraço do luciano

  5. PARABÉNS!!!

    parabéns Luciano pela belo post e ter homenageado essa mulher que marcou tanto a vida de vcs..a minha foi-se precocemente quando eu tinha 14 anos, não pude viver essa maravilhosa experiência..

    Abraços

    1. Amigo Celso Orrico!

      Jamais se esqueça que:

      “Mais servira se não fora

       Para tão grande amor

       Tão curta a vida”

       

      Abraço do luciano

       

       

  6. Pureza

                              Lá onde
                a raiz da tua alma principia
                 há uma virgem que de ti se esconde
                              e foge como estrela à flor do dia

     

    “Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira”

     

    “Serás eterna credora de teus ninás, de tuas histórias, de teu manso olhar azul e de teus sorrisos”

    “Ficaremos devendo os pistilos, os miosótis, as flores do campo e margaridas e o plissado nas garrafas de água inglesa – tua arte”

    Como é que Deus permite que uma deusa mulher tão especial, tão diáfana e pura, possa gerar um filho mal criado como esse nobre e sem acento Comandante Hortencio?

    Xápralá, se ele não merece a minha aprovação incondicional, prá ela – prá Dona Luizinha -, guardo o meu imenso carinho e imenso respeito pela sua memória emoldurada pelo “otimismo, esperança, renovada como oxigênio, e pouco caso para as mesmices da vida”, que são atributos de seres iluminados e “firmes, como o aço, em suas convicções”.

     

                             Não sei… se a vida é curta ou longa demais pra nós,
                             Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
                             se não tocamos o coração das pessoas.
                             Muitas vezes basta ser:
                             Colo que acolhe,
                             Braço que envolve,
                             Palavra que conforta,
                             Silêncio que respeita,
                             Alegria que contagia,
                             Lágrima que corre,
                             Olhar que acaricia,
                             Desejo que sacia,
                             Amor que promove.
                             E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida.
                             É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais,
                             Mas que seja intensa, verdadeira, pura… Enquanto durar”

     

    Mestre, quando você for prá lá, não pergunte, jamais, porque ela não quer conversar com você. De pronto ela vai rebater e dizer: “Não posso agora, estou cadastrando e orientando quem chega aqui, a todo momento, após passar pelo crivo do Pedrinho, tadinho…”

    “A gente não perde tempo na vida; o que se perde é a vida, ao perder-se tempo”

    – Provérbio árabe

    [video:http://youtu.be/UfrQb5bEvCw width:600 height:450]

    “Ficaremos devendo o teu firme olhar de pouco caso para o que a maioria das pessoas treme de medo”

    [ O poema ‘Pureza’ é de Luís Veiga Leitão | A citação ‘Na plenitude…’ é de Goethe | O poema ‘Não Sei’ é de Cora Coralina ]

    Sua benção, dona Luizinha Hortencio!

    1. Ela diria!

      Que Deus te abençoe!

      O filho dela, peremptoriamente diz: Deus te dê o que deu ao bode: Barba, chifre e bigode!

      Fui!!!

      PS: Meu irmão JNS!

      Só os puros pinçam o que notaste. Que Deus te abençoe!

      luciano

      A ilustração é do artista Elson Rezende, obtida através de uma péssima foto batida pelo teu parça.

      1. Meu Comparça

         

        Ao reler o meu comentário acima e ficar petrificado ao ouvir o vozeirão do Matt Monro, fiquei com os olhos marejados, mas não deixei as lágrimas rolarem porque “homem não chora” – aqui é macho, Véi, sem barba, com chifre e sem bigode, como o seu.

        Nóis só trupica mais nóis não cai, nem quando nóis encontra pedregulhos no meio do caminho.

        Preservando os diamantes, o resto…

        Nóis chuta eles, uai!

  7. Luciano querido!
    Que coisa

    Luciano querido!

    Que coisa mais linda e emocionante a descrição que fez, com muita sensibilidade, da sua querida mãe.

    Beijão procê.

    Nilva

     

    [video:http://www.youtube.com/watch?v=BVsWqLFyWlw%5D

     

     

    Para Sempre

    Carlos Drummond de Andrade

    Por que Deus permite
    Que as mães vão-se embora?
    Mãe não tem limite
    É tempo sem hora
    Luz que não apaga
    Quando sopra o vento
    E chuva desaba
    Veludo escondido
    Na pele enrugada
    Água pura, ar puro
    Puro pensamento
    Morrer acontece
    Com o que é breve e passa
    Sem deixar vestígio
    Mãe, na sua graça
    É eternidade
    Por que Deus se lembra
    – Mistério profundo –
    De tirá-la um dia?
    Fosse eu rei do mundo
    Baixava uma lei:
    Mãe não morre nunca
    Mãe ficará sempre
    Junto de seu filho
    E ele, velho embora
    Será pequenino
    Feito grão de milho

     

    1. Amiga Nilva!

      Obrigado pelas palavras e pelo lindo poema de Drumond.

      O texto que aqui está não é meu e sim de meu irmão Franzé Hortencio. O texto do primeiro comentário sim, eu o escrevi e captei o momento através de uma foto que, apesar de mal batida pela emoção do momento, foi ilustrada a contento pelo artista Elson Rezende, a quem rendo aqui sincera homenagem.

       

      luciano

  8. Luiza

    Meu caro Luciano, quantas saudades sente-se em você e seus irmãos, ao ler tão bela homengem. Ja itnha lido, quando do prefacio de “Agora eu digo como diz o dito”, que sua mãe era florista. Achei sensacional. Teria gostado imensamente de conhecer dona Luiza Hortêncio. Como sou uma romântica, amadora de flores, todas elas: suas cores, seus cheiros, suas particularidades, seus significados, tenho muita simpatia com quem também tem essa sensibilidade. 

    Um grabde abraço a familia e um pensamento carinhoso a uma mãe que deixou tantas e boas lembranças.

     

     

    1. Florista de Profissão!

      Amiga Maria Luisa,

       

      Se eu fosse enumerar os ofícios de minha mãe passaria a tarde inteira. Mamãe sabia fazer tudo na vida e não ficava com seus dons pra si não. Ensinava a todos que dela se aproximassem. Ainda hoje mantemos relações de amizades com várias e várias pessoas que adquiriram uma profissão através de mamãe.

      Quando minha mãe casou, foi ao Rio de Janeiro e lá comprou todos os ferros necessários para a confecção de flores e ali mesmo fez um curso. Assim que chegou repassou tudo para minha avó, que passou a ser também florista depois de viúva.

      Vovó trabalhou como florista até sua morte. Era afamadíssima na cidade de Russas, onde fazia, além de rosas para enfeitar vestidos, rosas para jarros, altares, além de confeccionar velas ornamentadas para primeira comunhão, bouquets para noivas, solidéus e grinaldas.

      Graças a Deus que mamãe e vovó viveram em uma época em que a profissão de florista, se não dava para enriquecer, dava bem para alguma coisa. Hoje em dia, com a invasão de produtos provenientes da China, acho que essa profissão está meio por baixo.

      Minha mãe tinha profundo orgulho por ser aposentada como FLORISTA, tendo essa profissão consignada em sua Carteira de Trabalhador Autônomo.

       

      Grande abraço do luciano

  9. Querido “Oásis”.

    Querido ” Oásis “.

    Não te conheço pessoalmente, mas sei que você entenderá corretamente:

    “Você é um autêntico filho da mãe”.

    Parabéns por ter tido uma mãe assim e que me fez lembrar a minha, muito parecida com ela em sua vida de labutas , compreensões e 12 filhos.

    Um grande abraço.

  10. Diamante Puro

     

    Behind the Candelabra

    Por Alexandra

    Memórias da Minha Mãe – Liberace & Hope Diamond

    Os colombianos são propensos a florear e embelezar uma história e torná-la ainda maior. 

    Foi Gabriel Marquez, o famoso romancista colombiano, quem proclamou: – “Para os colombianos, a vida é um palco”.

    Diamante Hope

    Minha mãe entrou em uma fase deliciosa de demência. 

    Deliciosa no sentido de que ela transforma os seus causos, que se tornam fascinantes, em contos colombianos.

    Ela passa os fins de semana na nossa casa, onde meus três meninos e eu espalhamos o seu cobertor favorito, no seu colo, e, como em uma rainha, colocamos um cerimonioso envoltório de arminho drapeado sobre os seus ombros.

    Nós preparamos o cacau mexicano – um chocolate quente com uma pitada de pimenta de Caiena – que ela bebe devagar, soprando suavemente o vapor, e, quando ela se inclina para a frente para saborear o líquido cremoso, sabemos que estamos prestes a ouvir mais uma pérola do Teatro Colombiano, onde, na Parte VI, ela vai continuar de onde parou, quando  esteve aqui, na última vez.

    – “Você sabe” – voltamos todos, com atenção, para ouvir o que ela vai contar hoje – “eu tive que dizer não!, quando Fidel Castro me pediu para casar com ele. Sim, ele agia de uma determinada forma na frente do nosso governo, mas eu sabia… ele não iria se transformar em um bom homem… e olha, eu estava certa…”.

    Minha mãe, após sorver parte do seu chocolate quente, reinicia a sua história fantástica:

    – “Mesmo com o diamante Hope, que ele ofereceu para mim, eu disse que não podia. E essa era a coisa certa a fazer, porque Elizabeth Taylor era a única para aquela jóia. Por isso, como a vida nos ensina, é sempre melhor resistir.”

    Um gole!

    Um sopro!

    Um gole!

    Ela começa de novo:

    – “O Candelabro sempre toca uma canção em seu piano, para mim. Fico feliz de ver que ele me tem sempre com ele”.

    [video:http://youtu.be/FG-PBM7BmMQ width:600 height:450]

    Neste ponto, tive que intervir na sua performance, ao vivo e a cores, de “For One Night Only”, mas eu precisava fazer isso, porque ela estava, adoravelmente, misturando tudo:

    – “Mamãe!” – esperei que ela olhasse para cima – “Mamãe, acho que você quer dizer Liberace, porque ele é o único relacionado ao Candelabro”.

    [video:http://youtu.be/TQ9OgbLCsUM width:600 height:450]

    Sem, nem mesmo, dar alguns segundos de pausa na confusão, ela esclareceu:

    – “Não, Liberace não! Do Liberace lembro-me muito bem. Ele também queria se casar comigo, mas eu fui a única a dizer que ele jogava em outro time”.

    Olhando para mim, ela se inclinou e disse:

    – “Pobre homem, ele esperava que a minha beleza pudesse convencê-lo a mudar de lado. É por isso que ele tinha comprado o diamante… ele foi o primeiro a tê-lo”.

    – “O quê, mamãe? Que diamante?”

    – “O diamante Hope, mija. Minha filha, é por isso que ele batizou o diamante com esse nome. Ele esperava que eu fosse convencê-lo…”

    Diamantado e Raro Parceirinho Maior,

    Já tive a felicidade de visitar o Natural History Museum, da Smithsonian Institution, em Washington, DC, e pude contemplar a esfuziante beleza do extraordinário diamante Hope, que pertencia e foi um símbolo do poder majestático de Luis XIV, o Rei Sol.

    [video:http://youtu.be/4s8PxtExRJE width:600 height:450]

    Hoje, ao ler o seu belo post, compreendi que todo o brilho que ele irradia não é tão intenso quanto, como você descreve, era o brilho emanado pela sua amada, idolatrada e saudosa Mãezinha.

    http://www.smithsonianmag.com/science-nature/testing-the-hope-diamond-63311794/?no-ist

    http://po4ever.com/content/hope-diamond-and-usps

    Abraços!

    1. Mamãe e suas astúcias!

      Dom JNS!

       

      Mamãe sempre foi muito voluntariosa. Um de seus lemas era: Cada um que viva como quer e pode…

      Pois bem: Mamãe já velhinha teimava em dormir de porta do quarto trancada. Isso era motivo de repetidas discussões pois achávamos que ela poderia cair e não ser socorrida de imediato. Ela prometia que não iria fechar a porta e quando íamos ver, estava trancada.

      Certa noite falei sério com ela. Disse que ela estava esquecida porém era muito lúcida. Tinha que admitir que estava fragilizada e poderia cair ao se levantar da rede para apagar a lâmpada.

      Ela sorriu e me disse:

      – Entre e feche a porta.

      Eu entrei, ela deitou-se na rede, pegou a bengala que estava encostada no criado mudo e, com a ponta emborrachada da bengala foi direto ao interruptor, apagando a lâmpada…

      Que poderia eu dizer, meu irmão???

      1. A Minha

         

        A minha mãe tranca tudo, porque ficou apavorada com a violência urbana.

        Ela está sempre solicitando ao meu irmão mais novo que faça saques bancários – mil, mil e quinhentos ou dois mil reais por vez, a cada semana – e ninguém sabe como ela gasta o seu dinheirinho.

        Anteontem, ouvi a moça que trabalha com a minha mãe dizer que ela relatou o “sumiço” de seis mil reais.

        Que ela tem um trocado guardado, todo mundo sabe, mas ninguém acredita que ele possa ter “sumido” misteriosamente, considerando-se que o quarto dela, que tem duas portas – é uma semi-suíte – permanece, quase sempre, trancado.

        O trauma familiar reside, então, no fato das portas serem, como padrão funcional, trancadas internamente e ela não atender aos chamados de ninguém e não encontrarmos um motivo grave para este tipo de atitude, naquele momento.

        A sua dificuldade para se locomover está aumentando gradativamente.

        Ela está com 82 anos e “morre de rir” com as presepadas do Jejê.

        Abs.

         

  11. Como dizemos às crianças…

    Dona Luzinha é hoje um estrelinha que ilumina esse filho amoroso e querido por todos que o conhecem!  Agora compreendo melhor o que é Luciano Hortêncio! Dona Luzinha soube deixar para todos nós essa criatura boa, que tanto admiramos! Parabéns Luciano, pela eterna dedicação àquela que até hoje é sua mamãe querida! 

  12. Parabéns

    Parabéns, Luciano, pela belíssima homenagem. Comovente o agradecimento de autoria do Franzé. Beleza de família.

    E  viva Dona Luzinha!

    Um grande abraço.

  13. Bela homenagem, Luciano!

    Um dos meus poemas maternos preferidos é esse de Murilo Mendes

    Mamãe vestida de rendas

    Tocava piano no caos.

    Uma noite abriu as asas
    Cansada de tanto som,
    Equilibrou-se no azul,
    De tonta não mais olhou
    Para mim, para ninguém!
    Cai no álbum de retratos.

  14. MATT MONRO

     

    O SINATRA BRITÂNICO DOS ANOS 60

    [video:http://youtu.be/0-tjMqhCMVM width:600 height:450]

    Matt Monro nunca causou um grande impacto nos Estados Unidos, mas, na Europa, o crooner da voz de veludo provocava desmaios súbitos na platéia feminina.

    Foi em 1963, nos meses finais da pré-Beatlemania, que Monro gravou a música-tema do filme “From Russia With Love”.

    [video:http://youtu.be/zVuL_zgCi4U width:600 height:450]

    Esta é uma abordagem da velha escola para a canção-título, que envelheceu muito bem e é um belo tesouro da época, que foi conservado na grande cápsula do tempo.

    “Walk Away” é outra belíssima canção emoldurada pela voz cool de Matt Monro

    Afaste-se, por favor vá

    Antes que você jogue sua vida fora

    A vida que pude compartilhar por um dia apenas

    Nós deveríamos ter nos encontrado alguns anos atrás

    Pelo seu bem eu digo

    Afaste-se, apenas vá

    Afaste-se e viva

    A vida sem remorsos

    Não olhe para trás, para mim

    Apenas tente esquecer

    Por que construir um sonho que não pode se tornar real?

    Portanto seja forte, busque as estrelas agora

    Afaste-se, por favor vá

    [video:http://youtu.be/5-5osArM7rI width:600 height:450]

    Se eu ouvir sua voz

    Vou te implorar para ficar

    Por favor não diga uma palavra

    Apenas corra, corra, vá embora

    Adeus meu amor

    Minhas lágrimas cairão

    Agora que você se foi

    Eu não posso ajudar, mas chorar

    Eu devo ir

    Estou triste em ver que após procurar por tanto tempo

    Sabia, eu amei você, mas eu te disse

    Afaste-se, vá em frente, vá em frente

    Outra pintura de Matt Monro

    [video:http://youtu.be/U7vxWa-47VM width:600 height:450]

    Monro reinou até a Beatlemania destruir a sua carreira.

    [video:http://youtu.be/4SqKUrPUuto width:600 height:450]

  15. Wilson Melo

    Nosso amigo Wilson Melo, ao tomar conhecimento dessa homenagem à minha mãe e vendo que uma linda foto estava em mau estado, fez a mim e à minha família essa maravilhosa surpresa.

    Ao Wilson Melo, o nosso abraço e nosso agradecimento pelo excelente presente!

    luciano

     

  16. Centenário da mamãe Luzinha.

    Sr. Luciano, 

    Não o conheço pessoalmente. É uma pena! Mas conheço-o pelos seus gostos, pelo caráter e, agora, pela alma. Obrigado da. Luzinha!

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