À altura do momento, por Luiz Carlos Bresser-Pereira

Por Luiz Carlos Bresses-Pereira

Enviado por Demarchi

Luiz Carlos Bresser-pereira (Folha de S.Paulo, 20.8.2015) publicou um artigo sensato que clama por lucidez política. Esperemos que as lideranças políticas, sindicais, empresariais e intelectuais a tenham.

O Brasil vive uma crise política profunda que tem como causa principal a Operação Lava Jato, e como segunda causa a perda de apoio da presidente Dilma Rousseff junto à sociedade devido aos maus resultados da economia e ao envolvimento do PT no escândalo da Petrobras.

Vivemos também uma crise econômica aguda, que não significou a quebra do país, como ocorreu nas duas últimas crises, mas que ameaça a sociedade brasileira com uma longa e penosa recessão.

As causas da crise econômica são a violenta queda no preço das commodities exportadas pelo Brasil em 2014 e a forte expansão fiscal. Em um país que não aceita mais a irresponsabilidade fiscal, a crise econômica associada à crise política, produziu uma grave crise de confiança e a redução dos investimentos.

As duas crises estão, portanto, associadas: a política agrava a econômica e é por esta agravada.

Diante dessa dupla crise, a presidente fez o que podia e devia fazer: mudou radicalmente sua política econômica e delegou sua formulação e execução a dois economistas competentes, Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento). Ao mesmo tempo entregou a coordenação política ao vice-presidente, Michel Temer, um político competente e experiente.

Ainda que eu não esteja tão pessimista como a maioria dos economistas a respeito da recuperação cíclica da economia brasileira, o fato é que o governo está encontrando uma grande dificuldade em fazer o ajustamento fiscal necessário.

O Orçamento brasileiro é irracionalmente rígido devido às vinculações constitucionais; os deputados do PMDB e da oposição têm votado projetos irresponsáveis, como o fator previdenciário e o aumento dos salários dos servidores do Judiciário; e a oposição não para de falar em impeachment, embora não haja qualquer base jurídica para tal.

Neste quadro difícil, o Banco Central, ao aumentar e se dispor a manter a taxa de juros em nível elevadíssimo, não reconhece que não há necessidade de aprofundar a recessão. O desemprego já aumentou e os salários começam a cair, o que significa que o inevitável ajuste salarial deverá desacelerar a inflação.

Por outro lado, o governo foi obrigado a reduzir a meta de superávit primário deste ano, pois a queda da receita fiscal tornou esse objetivo inviável. Mas estendeu o período de ajuste para 2016, o que significa que a demanda estará muito frouxa por mais tempo. Por que continuar a aumentar os juros, onerando a conta fiscal do governo brutalmente?

Hoje, vemos um governo que está frágil ser atacado pelo Banco Central, pela oposição e pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que age com o objetivo de “melar” a Lava Jato, que o ameaça, e avançar na proposta de impeachment, imaginando, assim, ter mais poder.

Ora, este não é o momento para atacar o governo. Muito menos é o momento para tentar desestabilizá-lo. Não estamos em época de eleições, mas em um momento em que temos que reunir forças para enfrentar uma crise econômica.

O que hoje precisamos é de um acordo político provisório. Como assinalou o professor Marcos Nobre em artigo no “Valor Econômico“, o acordo deve conter apenas dois itens:

  1. apoio à Lava Jato e
  2. rejeição da ideia de impeachment, a não ser que surjam fatos novos graves.

Temos excelentes políticos que sabem que a política é a arte do compromisso e que se sentem responsáveis pelos destinos da nação.

Grandes crises são momentos em que os grandes políticos se afirmam, porque deixam de lado as questões eleitorais de curto prazo e pensam no país. O Brasil vive um momento de profunda restruturação política, e os brasileiros saberão quem esteve à altura do momento”.

22 Comentários

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  1. ““O Brasil vive uma crise

    ““O Brasil vive uma crise política profunda que tem como causa principal a Operação Lava Jato, e como segunda causa a perda de apoio da presidente Dilma Rousseff junto à sociedade devido aos maus resultados da economia e ao envolvimento do PT no escândalo da Petrobras.”

    Lava Jato não é causa é efeito. A causa primária é o uso da corrupção como politica de governo, como ação de estado.

    A perda de apoio deve se ao fim dos puculecos..

    A crise não é ciclica é uma crise que tem origem nas  extruturas do estado brasileiro. O que já era precário se eleva N vezes pelo dirigismo e pelo engessamento ideológico.

  2. O incrível é que

    O incrível é que Bresser-Pereira debita a irresponsabilidade do Congresso nos “deputados do PMDB e da oposição” que, ora vejam!, estão cumprindo seu papel de oposição ao Governo.

    A desonestidade intelectual do articulista fica evidente ao, convenientemente, esquecer de mencionar que os deputados do próprio PT, partido do Governo, também votaram a favor do fator previdenciário e ao aumento do Judiciário.

    Ou seja: mesmo quando é claro que o próprio PT também contribui para a irresponsabilidade, ele prefere jogar a culpa exclusivamente na oposição.

    Qual diálogo é possível nessas condições?

     

  3. Discordo. Apesar de

    Discordo. Apesar de aparentemente coerente com as teses da Escola de Frankfourt, a conclusão de que o Brasil sofre de uma crise de legitimidade partidária ou de legitimação política é profundamente errônea. O povo brasileiro não desistiu da democracia, nem tampouco desistiu de sua presidenta. O ódio ao PT é um fenômeno menos importante do que parece, tanto que apesar de diaariamente insuflado pelos jornalistas e telejornalistas não conseguiu engrossar com povo as passeatas da elite descontente em 16/08. Mais importante do que tudo neste momento é a legitimidade e a legitimação indiscutível do capitalismo de consumo inclusivo que foi adotado por Lula e refinado por Dilma Rousseff.

    A Lava Jato é uma reedição do Mensalão e provoca mais cansaso do que indignação popular. A percepção de que os tucanos bandidos são injustamente protegidos pela justiça se espalhou velozmente pela internet que até a Folha já admitiu este fato. 

    A segurança da democracia brasileira é um fato incontestatável. Os quartéis estão tranquilos, os oficiais subalternos seguem obedecendo seus generais, almirantes e brigadeiros do ar e estes não se desviaram de sua missão constitucional.

    O problema econômico existe, mas não foi causado pelo PT. O Brasil sofre as consequencias de uma crise que foi produzida pelo neoliberalismo e que não pode ser resolvida dentro do neoliberalismo que EUA e Europa se recusam a rejeitar. A insistência da oposição em parar o Brasil é tão ridícula que os tucanos foram abandonados por importantes veículos de comunicação dentro e fora do país. Banqueiros e industriais não estão comprometidos com o golpe. E isto indica que a situação não é tão dramática como tem sido esboçada.

     

    1. “O Brasil sofre as

      “O Brasil sofre as consequencias de uma crise que foi produzida pelo neoliberalismo e que não pode ser resolvida dentro do neoliberalismo que EUA e Europa se recusam a rejeitar.”

      Francamente, colega, nem os mais renitentes petistas creem que  a crise não tem origem na desastrosa política econômica de nosso governo. Por sorte até a presidente percebeu, e mudou o rumo, em que pese sua recaída, agora com financiamento ao setor automobilístico.

      1. Discordo de você e concordo

        Discordo de você e concordo com o Bresser. Nesta hora os abutres aparecem para se apropriar dos despojos e me parece que o Banco Central tem apreço por abutres.

        Apenas faço um reparo na lava jato pelo fato “escancarado” de proteger “descaradamente” os tucanos e demistas e direcionar tudo para o PT. Ora, todos sabemos que quase todos os políticos envolvidos nas maracutaias são do PP e do PMDB. porque só o PT aparece? se isto não for parciliadade não sei o que é?

        Outra: porque o juiz não denunciou o Aécio após o principal delator acusá-lo diretamente de receber mesada de Furnas? Se esta denúncia não é foco da lava jato o juiz poderia solicitar que outro juiz a investigasse. Mas, aí se entraria na castelo de areia, lista de furnas e isto não é bom para o PSDB.

        1. Moro não tem competência para

          Moro não tem competência para julgar agente público. Por isso, todos que foram citados, como Aêcio e Dilma, e têm foro privilegiado, tiveram suas investigações enviadas para Janot. Foi ele, e não Moro, que decidiu arquivar, tanto contra Dilma como contra Aécio . 

      2. É impressionante. O partido

        É impressionante. O partido deles está a quase 13 anos do poder central e ainda ficam culpando FHC e o neoliberalismo, seja lá o que isso for, pela crise e a recessão profunda e longa  q está se instaalando no Brasil.

         

         

      3. O PT ter ganho a última

        O PT ter ganho a última eleição é fato, não se pode mudar a realidade. Mas não dá para sustentar que nosso PIB negativo é fruto do neoliberalismo, se o citado partido está no poder há treze anos.

  4.  
    Bresser Pereira sem

     

    Bresser Pereira sem mencionar uma vez sequer o nome do espírito-de-porco FHC encerra sua fala com uma cacetada certeira nas fuças do ociólogo, alvejando por tabela os seus estagiários tucanos e demais aprendizes de golpismo udenista : 

    “Grandes crises são momentos em que os grandes políticos se afirmam, porque deixam de lado as questões eleitorais de curto prazo e pensam no país. O Brasil vive um momento de profunda restruturação política, e os brasileiros saberão quem esteve à altura do momento”.

    Orlando

     

  5. Vivemos mais uma vez uma

    Vivemos mais uma vez uma crise de analfabetismo funcional da maioria de nossos parlamentares. Isso porque a política partidária é um grande negócio. São ,profissionais do negócio fazendo negocios em “nome do povo Brasileiro”.Para isso vendem o que for preciso para fazer os negócios, tais como credos religiosos, filhos(que sucedem os pais ou acompanham no parlamento). São analfabetos políticos PORQUE TROCAM LIVROS, CONHECIMENTOS, POR PATRIMÔNIO. Fazer patrimônio, se possível pagando poucos impostos para si e para seus financiadores. AUTORIDADES sem visão do contexto, sem olhar para seu povo, sem fazer política pública de interesse somente do povo. è tudo negociatas na base da comissão, do acerto, do caixa dois.LAVA-JATO não sai do papel e com alguns querendo aparecer mais do que outros. Senão vejamos: judiciário e seus salários acima da lei. ódio extremo com nosso presidente com  amídia de corona vendendo e fazendo negocios com a LAVA-JATO.Crise está aí e o emprego está indo embora junto com a esperança de um país mais justo.

  6. Quais ministros, funcionários

    Quais ministros, funcionários de ministérios, diretores de secretarias, enfim, aqueles que formam o executivo federal são suspeitos de corrupção e estão envolvidos com a lava-jato? A lava-jato não atinge, ou não deveria atingir, o executivo federal. Ela atinge, de fato, todos os grandes partidos, inclusive os de oposição. O enfraquecimento do executivo federal é uma construção da oposição e da impreensa com o objetivo de criar condições para um golpe branco de Estado.

  7. “O Brasil vive uma crise

    “O Brasil vive uma crise política profunda que tem como causa principal a Operação Lava Jato  [[  Disse tudo. Eis o que só traz desgraça. Se não fosse por nunca ter nada disto é que o Brasil chegou na maravilhosa posição de sétima economia do mundo. Esse sabe que sem corrupção, seria duro achar quem quisesse se quer concorrer aos cargos públicos

  8. Crise de Silêncio

    Há a crise econômica, crise política, que é maior que a econômica e agora a crise do silêncio da oposição.

    Após 20/08 a oposição foi acometida de crise do silêncio e recolhida de flap. O Aécio avisou seu exército de Brancaleoni (Revoltados Online e outros) que não é mais para ir para as ruas mas só para ir para as portas dos Tribunais fazer pressão. Os empresários já antes do 20/08 haviam dito que não havia motivos para o impedimento, que a roda tem que rodar. Os banqueiros também já desviaram deste caminho, vide o banqueiro do Itaú. A oposição está silenciosa. 

    O que ninguém fala é que até 20/08 estavam todos assanhados, motivados pela imprensa carnavalesca que os convenceram que a maior parte dos brasileiros estavam contra a Dilma e a favor do impedimento, que as ruas mostravam isso e blablabá-blablablá.

    A manifestação de 20/08 mostrou que não é bem assim, que se há muita gente com a oposição, há tanto ou mais (se a contagem oficial fosse honesta, mas não é) pessoas dispostas a garantir a Democracia (cadê os institutos, que fazem pesquisas nos protestos dos coxinhas, para pesquisarem o manisfesto do dia 20?).

    Tudo isso significa que não esperavam que tivesse tanta gente para garantir a Dilma, imaginavam uma meia dúzia de gatos pingados. Não houve bundas de fora, nem pedidos absurdos aos militares, de forma alegre e firme deram o seu recado, entende quem tem juízo.

  9. Início da crise
    Que falta de honestidade do ilustre ex ministro! Ele sabe muito bem que os rumos da economia de um país podem ser comparados a navegar num transatlântico. Algumas medidas têm resposta rápida, como mudar o cardápio do capitão e de seus oficiais. Porém o rumo do navio está relacionado a inércia de sua imensa massa. os ajustes que o Brasil precisava deveriam ter sido iniciados em 2012. Mas, havia uma eleição em 2014… Tá explicado?

  10. O Pelo da Raposa

    Ao Judiciário: o texto seguinte é patriótico-humorístico.

    Nassif: o senhor Luiz Carlos Bresser Gonçalves Pereira, ex-ministro da economia no governo Sarney, só pode estar brincando. Não se enganem. Seu desligamento em 2011 do partido que fundou em 1988, não significou o rompimento com idéias e ideais tucanídios/demoníacos, o sonho de um mercado ineficaz, corrupto e desumano como regulador social. É cria da casa, tanto quanto aquele pseudo intelectual do Imperium de Higihenopolys ou do senador que assusta criança rindo. Não passam de baba-ovo, serviçais rasteiros e vendilhões do Pais a grandes conglomerados estrangeiros. É lógico que não querem nenhum impeachment. Preferem uma presidenta fraca, a mercê de seus ataques covardes e canalhas. Para que ocupar o centro do tabuleiro político agora, se, mantendo como esta o atual cenário político institucional poderão fazer algum progresso, para tentar, não em 2018, mas em 2022, o comando da Nação? Para isto, farão alianças até com Satanás. Essa de moralizar o Pais, ou de limpá-lo de corrupção é conversa mole para boi dormir. Muito menos de “pacto político” com o governo ou com a Nação. Pensem nisto. O “apoio à Lava-Jato” é para processar e julgar a todos os históricos corruptos da Nação, inclusive os envolvidos nos fatos apurados em Furnas, no Banestado, nas privatizações da Telefonia brasileira, na compra de gás da Bolívia e outros pinduricalhos., ou vale apenas para aquela hipótese que envolve os adversários, por quem foram derrotados na eleição passada? É válida assim ou para certo Juiz mandar (sempre às sextas, sempre à tarde) a policia do Zé ministro buscar gente, inclusive uns que já estavam presos, para comparecerem a Curitiba? Ainda, a “rejeição a ideia de impeachment”, os novos fatos são “novos fatos” ou guardam relação com esses que o ministro de Diamantino, tucanídio até à medula, mandou investigar, contas essas que o próprio Tribunal Eleitoral já havia aprovado? Mesmo com toda essa pose de conciliador, mesmo com esse ar angelical e octogenário da foto, não se enganem com ele. A raposa perde pelo, mas não perde a manha.

  11. Bresser coitado, está ficando

    Bresser coitado, está ficando caduco.

    Ele coloca como prioridade nacional rejeitar o impeachment e ao mesmo tempo apoiar a Lava-jato.

    Impossível.

    Justamente a Lava-jato está mostrando todos os podres das administrações petistas.

    E alguns comentaristas tem a suprema intelig}encia de falar que a crise vivida no país é fruto do neo-liberalismo, só pode ser piada.

    A Dilma foi quem criou essa política econômica heterodoxa, baixando artificialmente os juros, abandonando o realismo fiscal, aumentando violentamente o gasto público, intervindo fortemente nos preços administrados pelo governo.

    DESDE QUANDO ISSO É POLÍTICA NEO-LIBERAL?

  12. Crise internacional é muito mais séria do que ele diz

    O Brasil não pode confiar em políticas meia-boca, soluções provisórias são risíveis, só as propõe quem não entende a gravidade da situação atual.

    Precisamos de alguém que dê Rumo, Norte e Estrela para o Brasil e aguente sozinho a tormenta internacional que se avisinha. Não é pouca coisa.

    A Dilma não será capaz de dar conta do recado, mas poderia fazer uma reforma ministerial com 14 pastas e 72 secretarias que já dotariam o País de uma estrutura muito mais eficiênte, poderosa e inteligênte para enfrentar as agruras

    Dilma, acorda!

    Ps. o bresser já não está falando coisa com coisa.

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