A ascensão econômica na Bolívia

 
Jornal GGN – A Bolívia tirou 2 milhões da pobreza, com a ajuda de programas sociais e uma política econômica ortodoxa, criando uma nova classe média e a “burguesia aimara”. Esse grupo está contribuindo para o aquecimento do mercado interno, responsáveis por elevar de 150 milhões de dólares (2005) para 1,177 bilhão (2013) de dólares as exportações chinesas à Bolívia. 
 
Por outro lado, cerca de 70% dos empregos no país ainda são informais e os investimentos externos poderiam ser mais elevados, não fosse o mercado fragmentado, pequeno e a insegurança jurídica. O relatório “Doing Business”, do Banco Mundial, posiciona a Bolívia na 157ª posição entre 189 países em relação à facilidade para fazer negócios. 
 
Do Valor Econômico 
 
‘Burguesia aimara’ faz fortuna com Evo
 
Por Fabio Murakawa | De El Alto e La Paz
 
Um Toyota Prado dourado e novíssimo chega levantando poeira na avenida Bolívia, no centro de El Alto. Alejandro Chino Quispe estaciona o carro e desce trajando uma calça de linho bege e um blazer de veludo marrom. A camisa amarela tem bordada, na aba frontal, uma bandeira boliviana e a inscrição “Tupay” – em alusão a um famoso grupo folclórico local. Ao ver a reportagem, abre um largo sorriso. Seus dentes são cobertos de ouro.
 
“Mira! Mira!”, diz o empresário ao erguer a cabeça e os braços. Orgulhoso, ele exibe ao repórter o imponente edifício de seis pisos, vidros espelhados e fachada pintada com formas geométricas em um chamativo degradê, que vai do vermelho ao salmão desbotado.
O prédio, projetado pelo famoso arquiteto Freddy Mamani, está em fase final de acabamento. É um entre dezenas de “cholets”, como ficaram conhecidas as construções da “nova arquitetura andina” que emergiram na cidade juntamente com a ascensão da “burguesia aimara” – os novos ricos da etnia de Chino e do primeiro presidente indígena da Bolívia, Evo Morales.
 
O hall de entrada, que será uma pequena galeria comercial, leva a um imenso salão de festas, o “Rey Alexander”. Chino chama a atenção para os adornos multicoloridos, os gigantescos lustres de cristal importados da China e os imensos painéis com motivos étnicos pintados nas paredes. “São autênticos Mamani Mamani. Caríssimos”, explica. Depois, faz questão de acender todas as lâmpadas e pisca-piscas de diversas cores. “Nos dias de festa, fica muito bonito.”
 
O tour pelo edifício, com 800 m2 de área construída, demora cerca de uma hora. Ele abriga ainda um outro salão de festas, o “Príncipe Alexander”. Em pisos intermediários, ficam o depósito e a cozinha que servirão os eventos. Num outro andar, está a futura casa da família, que também trabalhará ali – Chino é casado e tem quatro filhos. No terraço, ainda deu para construir uma imensa quadra de futebol society, que será alugada para equipes locais.
 
“Estou investindo US$ 1,5 milhão nesse prédio. Em quatro anos, tenho certeza, já terei recuperado todo o investimento”, diz.
 
Chino nasceu em 1959 na Província rural de Omasuyus, às margens do lago Titicaca – o mais alto do mundo, 3.800 metros acima do nível do mar. Filho de indígenas aimaras, tem história muito parecida com a do presidente.
 
Seus pais plantavam batatas e criavam lhamas. A família migrou para a cidade quando ele tinha apenas 5 anos. Em La Paz, Chino aprendeu o ofício de alfaiate e ganhou fama por preparar trajes típicos para festas tradicionais aimaras, além de ternos vestidos por executivos, diplomatas e pelo vice-presidente, Álvaro García Linera.
 
A estatização do gás promovida por Morales em 2006, em meio ao boom dos preços do petróleo na década passada, injetou bilhões de dólares na economia. Com a ajuda de programas sociais e uma política econômica ortodoxa, o governo tirou 2 milhões de pessoas da pobreza, criando uma nova classe média e, por consequência, um batalhão de novos consumidores.
 
O relatório “Doing Business”, do Banco Mundial, coloca a Bolívia na 157ª posição entre 189 países em relação à facilidade para fazer negócios. O mercado pequeno e fragmentado, e um clima de certa insegurança jurídica, tem afugentado os investidores estrangeiros. Cerca de 70% dos empregos no país são, atualmente, informais.
 
Mas, para os aimaras, conhecidos há séculos pela habilidade com o comércio e já acostumados ao ambiente informal e irregular do mercado boliviano, isso não representa um problema. Ninguém aproveitou melhor esse cenário do que eles.
 
O pequeno ateliê de Chino, no centro de La Paz, transformou-se nos últimos anos em uma empresa com 20 funcionários, depois que as mais de 50 fraternidades de El Alto passaram a ter mais dinheiro para comprar trajes típicos para suas festividades. Já com um dos dois salões de festas em funcionamento, ele agora pensa em expandir ainda mais os negócios. Pretende juntar dinheiro com amigos para trazer “um contêiner de produtos” da China. Ainda não sabe quais, mas a ideia é revendê-los a comerciantes locais.
 
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Sua ideia tem lógica: a maioria dos “burgueses aimaras” fez dinheiro na última década importando quinquilharias chinesas. Eles dominam, por exemplo, quase todo o comércio ambulante de eletroeletrônicos, televisores e telefones celulares em La Paz e em outras regiões do país.
 
Com grande contribuição dos aimaras, as exportações chinesas à Bolívia explodiram na última década. Em 2005, antes de Evo, elas chegavam a US$ 150 milhões, aproximadamente. No ano passado, o número cresceu para US$ 1,177 bilhão. Neste ano, ou no máximo em 2015, o país asiático deve ultrapassar o Brasil como o principal fornecedor de produtos para a Bolívia, estimam economistas.
 
Em nichos dominados pelos comerciantes aimaras, o salto também foi gigantesco. Entre 2005 e 2013, por exemplo, as exportações chinesas de televisores e aparelhos de DVD, de som e afins para a Bolívia foram de US$ 6,5 milhões para US$ 25 milhões. Já as vendas de telefones celulares tiveram um salto de US$ 6,1 milhões em 2005 para US$ 75,4 milhões no ano passado. O setor têxtil viu duplicar o fluxo de exportações da China para a Bolívia, de US$ 31,8 milhões em 2005 para US$ 62,8 milhões em 2013.
 
Todas essas cifras, no entanto, tendem a estar imprecisas e subestimadas, dada a vocação tanto de chineses quanto de aimaras à “informalidade”. Seja em grandes feiras populares ou em pequenos quiosques nas ruas, esses produtos são vendidos hoje em enormes quantidades no país, em grande parte dos casos sem nota fiscal.
 
A Feira 16 de Julio, que ocorre quinta-feira e domingo em El Alto, movimenta cerca de US$ 1 milhão por dia. Ali é possível encontrar desde a última versão do iPhone até carros importados usados, autopeças, roupas, animais de estimação e remédios. Tem entre 300 mil e 500 mil comerciantes registrados, segundo associações locais. A cada dia, a feira consegue ocupar cerca de cem quadras da cidade.
 
“Muitas vezes, esses produtos são feitos na China de forma ilegal, exportados de forma legal, importados de forma ilegal, mas vendidos na Bolívia de forma legal”, diz o economista Juan Manuel Arbona, estudioso do comércio popular boliviano. “O produto chinês pode passar do legal ao ilegal várias vezes no processo de importação e de consumo na Bolívia.”
 
Segundo a Federação de Gremiales da Bolívia, uma espécie de associação de pequenos varejistas, o comércio cresce a uma taxa anual de 15% a 20%, e há ao redor de 2 milhões de vendedores “por conta própria” no país, de cerca de 10 milhões de habitantes. Em El Alto, de acordo com dados do Censo de 2012, mais de 60% da população se dedicam ao comércio.
 
“Depois da nacionalização, em 2006, os recursos com o gás sextuplicaram na Bolívia, com impacto direto nesse setor [comércio]”, diz a socióloga brasileira Fernanda Wanderley, que vive há duas décadas no país. Segundo ela, políticas governamentais, como o câmbio fixo e valorizado, combinadas com a renda em alta, também facilitaram a criação de um mercado consumidor. “Houve um aumento exponencial das importações e do consumo de produtos.”
 
Os aimaras, afirma ela, ascenderam não só economicamente, como politicamente, com a chegada de Evo Morales ao poder.
 
“Os ‘cholets’ refletem esse enriquecimento e a afirmação da estética e do modo de viver dos aimaras. Para eles, a casa não é só um espaço de ócio, mas um espaço de negócios também”, diz Fernanda.
 
Segundo ela, além disso, as cores chamativas da fachada, dos adornos e da decoração das obras “são uma forma de ostentação, que é parte da cultura aimara”. “Essas casas são uma mostra de diferenciação social entre eles”, diz a socióloga. “O que mais importa é mostrar.”
Redação

18 Comentários

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  1. Ao ler este artigo lembro

    Ao ler este artigo lembro Reinaldo Azevedo ontem na Folha:

    ”Ou é isso, ou o PT ainda se orgulhará de 100 milhões de pessoas no Bolsa Família, enquanto R$ 21 bilhões da Petrobras desaparecem no ralo da sem-vergonha”

            Exatamente isso que a Bolivia está fazendo.

             Aqui ninguém se interessa,mas pra uma alma perdida o artigo está aqui:

                              http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/196576-o-pt-e-a-mafia.shtml

                                 Se fosse editor tbm destacaria:

                                     ”. Para os companheiros, só existe uma pergunta virtuosa: “Tal ação fortalece o PT?” Se a resposta for “sim”, inexiste solução moralmente errada.”

          1. Falo sério,sim.Inrependente

            Falo sério,sim.Inrependente de suas preferências políticas, o cara é culto.

                     E eu sempre aprendo com  pessoas cultas.

                            Mesmo não concordando com eles.

  2. A economia da Bolivia tem

    A economia da Bolivia tem DUAS fontes de receita para a prosperidade: O GAS exportado pelo Brasil, descoberto pelo Brasil, todos os investimentos foram brasileiros, inclusive o gasoduto de 2.700 quilometros, o negocio era nosso é foi expropriado sem cerimonia pelo Morales com aplausos da companheirada do outro lado da fronteira, batendo palamas para seu proprio prejuizo, nenhuma indenização foi paga e nem cobrado, expropriou os campos, os compressores e as duas refinarias da Petrobras, chutou a Petrobrás como um sapato velho, com assessoria dos venezuelanos.

    Quando Morales chegou ao poder a Bolivia recebia em torno de 2 BILHÕES DE DOLARES por ano do gás vendido ao Brasil nos termos de Tratado Internacional solene assinado e homologado pelos dois Congressos.

    Hoje pelo MESMO GAS o Brasil paga 8 BILHÕES DE DOLARES, porque o Brasil é bonzinho e companheiro e aceitou todas as extorsões, achaque, quebra de contratos, coroando com um PREMIO pago este ano de US$474 milhões QUE NÃO ESTÁ PREVISTO ENM CONTRATO E NEM EM NENHUM LUGAR, porque os bolivianos alegam que “”és um gas MAS RICO do el antiguo”””, uma piada, a Petrobras já exaurida fez mais esse chequinho a YPB boliviana em nome de nossa amizade, gas mais nobre coisa nenhuma, é um “aplique”” combinado com os bolivarianos do lado de cá.

    A segunda receita é a COCA em todas suas formas, quando Morales chegou ao poder a plantação legal de folha de coca era de 3.000 hectares, hoje é de 42.000 hecatres, afinal Morales vem do ramo de coca, o mercado para essa mega produção de coca fica aonde? Na propria Bolivia mascam a folha produzida em 3.000 ha, dez vezes mais é exportado, hoje a Bolivia é a MAIOR produtora mundial de coca e o Brasil é o 2º maior mercado de cocaina.

    Ganha um doce quem advinhar, é aqui mesmo, o Brasil e haja cracolandia e bocas de fumo para consumir. Para ninguem atrapalhar,  Morales fechou a agencia da DEA na Bolivia. O Governo do Brasil por sua vez JAMAIS reclamou desse aumento de produção obviamente dirigida para o mercado brasileiro, em Brasilia Morales é visto com um temor reverencial, admirado, visto como um conquistador, por sua vez ela despreza o Brasil do fundo de sua alma.

    Os grandes amigos do Brasil na Bolivia estão em Santa Cruz de la Sierra, onde Morales é odiado e o Brasil, inves de ter laços com esses bolivianos nossos amigos, ajuda Morales a persegui-los no que pode, como fez com o Senador Roger Pinto Molina, que é de Tarija,na Meia Lua boliviana, inimiga de Morales. Com o Brasil e com os brasileiros Morales

    faz o que quer e nem dá satisfações, ninguem por exemplo lhe perguntou porque ofereceu suas resrvas de LITIO para a França e Coreia e mais uma duzia de paises e nem se deu ao trabalho de oferecer ao Brasil, que tem grandes empresas de mineração. Morales despreza o Brasil, pediu e foi atendido pela Presidente demitir o chanceler Antonio Patriota, Morales manda no Brasil, age como potencia regional e o Itamaraty treme de medo dele.

    Se a prosperidade é tão grande na Bolivia PORQUE 300 mil bolivianos se sujeitam a empregos miseraveis em São Paulo? Se la tem essa prosperidade, porque eles conitnuam em São Paulo comendo marmita fria em confecções?

    Com toda essa “”ascensão economica da Bolivia”” porque seu Governo não tem em São Paulo um grande centro de assistencia aos emigrantes bolivianos, afinal são 300 mil, uma cidade media de gente, quem olha por eles?

    Ao tempo da grande imigração italiana em São Paulo o governo fascista de Mussolini fez colegios, hospitais, patronatos, institutos culturais, os alemães, haponeses e ingleses tinham tambem seus hospitais e escolas

    com apoio financeiro de seus governos.

    E registr-ese que o folgado Marales, que passeia de jatinho Bombardier pelo mundo, despreza tanto o Brasil que não quis saber do Legacy da Embraer, que lhe ofereceu em otimas condições, porque Morales nunca veio a São Paulo dar uma palavra de conforto aos seus compatriotas morando em porões insalubres? Ai vem o Natal, porque não vem sauda-los aqui, os emigrantes são exatamente da região dele , o Altiplano, cade o humanismo do cocaleo?

    Mussolini mandou sua filha unica Edda ao Brasil, onde ficou 70 dias, para saudar a imigração italiana, em um gesto

    de interesse pelos seus compatriotas, cade o gesto de Morales, os bolivianos de S.Paulo não são gente?

     

    Está explicada a””ascensçao economica da Bolivia””, que o inocente sociologo francês não explicou porque acredita em fadas cocaleras. Quem quer contar uma estoria precisa verificar a realidade e não a fantasia.

    1. Sei

      Discurso pronto raivoso de direitista italo-fascista coxinha paulistano que pra embasar o argumento defende até Mussolini. Me senti lendo comentario do PIG

    2. E a historiografia de

      E a historiografia de botequim, quando não está ocupada plagiando verbetes da wikipedia, está promovendo essas bobagens em comentários cheios de ódio e preconceito.

      O “bonzinho” EUA pagam pelo gás boliviano o mesmo preço que o Brasil, já que o preço se baseia nos preços internacionais desse produto, e não na “amizade” entre bolivarianos, como ignorantemente afirma Araújo, do toipod e sua autoridade de analista financeiro de botequim.

      A Argentina paga ainda mais caro, e não por amizade, mas porque sua demanda é amior. E mesmo assim os argentinos estão sempre requisitando à Bolívia que auemnte as quantidades exportadas.

      Há também um aumento na demanda interna por gás, advinda da ascensão econômica dos bolivianos, como descreve o artigo tema desse tópico. Essa demanda surge do fortalecimento do MERCADO INTERNO boliviano, e não dos preços de exportações, mas é demais esperar que o financista de botequim saiba a diferença entre uma coisa e outra.

      O fortalecimento do mercado interno decorre das políticas distributivas de renda implementadas pelo presidente Morales, que promoveu grande melhoras no padrão de vida dos bolivianos.

      Essa matéria do New York Times é bastante ilustrativa do que está ocorrendo na Bolívia.

      “Economic growth last year was the strongest in at least three decades, according to the monetary fund, and it continued a string of several years of healthy growth. The portion of the population living in extreme poverty fell to 24 percent in 2011, down from 38 percent in 2005, the year before Mr. Morales took office.”

      Turnabout in Bolivia as Economy Rises From Instability

      FEB. 16, 2014Photo A large market in El Alto, a working-class city in Bolivia. From colorful mansions to a proliferation of bakeries, there are signs that many have extra cash to spend. CreditMeridith Kohut for The New York TimesContinue reading the main storyContinue reading the main storyShare This PageShareTweetEmailSaveMoreContinue reading the main story

      LA PAZ, Bolivia — Argentina’s currency has plunged, setting off global worries about developing economies. Brazil is struggling to shake concerns over years of sluggish growth. Venezuela, which sits atop the world’s largest oil reserves, has one of the world’s highest inflation rates. Farther afield, countries like Turkey and South Africa have watched their currencies suffer as investors search for safer returns elsewhere.

      And then there is Bolivia.

      Tucked away in the shadow of its more populous and more prosperous neighbors, tiny, impoverished Bolivia, once a perennial economic basket case, has suddenly become a different kind of exception — this time in a good way.

      Its economy grew an estimated 6.5 percent last year, among the strongest rates in the region. Inflation has been kept in check. The budget is balanced, and once-crippling government debt has been slashed. And the country has a rainy-day fund of foreign reserves so large — for the size of its economy — that it could be the envy of nearly every other country in the world.

      “Bolivia has been in a way an outlier,” said Ana Corbacho, the International Monetary Fund’s chief of mission here, adding that falling commodity prices and other factors have downgraded economic expectations throughout the region. “The general trend is we have been revising down our growth forecast, except for Bolivia we have been revising upward.”

      Bolivia has taken an unlikely path to becoming the darling of international financial institutions like the monetary fund, not least because the high praise today is coming from some of the same institutions that the country’s socialist president, Evo Morales, loves to berate.

      Mr. Morales often speaks harshly of capitalism and some of its most ardent defenders, like big corporations, the United States, the monetary fund and the World Bank. He nationalized the oil and gas sector after taking office in 2006, and he has expropriated more than 20 private companies in a variety of industries.

      Yet while Mr. Morales calls himself a revolutionary, others have begun using a very different word to describe him: “prudent.”

      Both the monetary fund and the World Bank, in recent reports, praised what they called Mr. Morales’s “prudent” macroeconomic policies. Fitch Ratings, a major credit rating agency, cited his “prudent fiscal management.”

      While Mr. Morales remains firmly in Latin America’s leftist camp, on many economic matters he fits within a broader trend away from ideological rigidity in the region.

      In Peru, President Ollanta Humala went from ardent leftist to centrist. In Colombia, President Juan Manuel Santos, a former defense minister, now plays the role of peacemaker, negotiating with the country’s largest guerrilla group. In El Salvador, presidential candidates from left and right moved toward the center to woo voters. In Uruguay, President José Mujica, a leftist and a former Marxist guerrilla, has carried out business-friendly economic policies.

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      “There’s definitely an underappreciated element of pragmatism” in the region, said Maxwell A. Cameron, a professor of political science at the University of British Columbia.

      Not long ago, Bolivia was a focal point of political and economic instability, and while it remains South America’s poorest country, much has changed.

      Economic growth last year was the strongest in at least three decades, according to the monetary fund, and it continued a string of several years of healthy growth. The portion of the population living in extreme poverty fell to 24 percent in 2011, down from 38 percent in 2005, the year before Mr. Morales took office.

      Though there is still much misery, the economic transformation is widely visible, in thriving urban markets or in the new tractors tilling land where farm animals pulled plows not long ago. In El Alto, a working-class city perched above the capital, the newly wealthy flaunt their success in the form of brightly colored mansions. Another recent addition: the proliferation of bakeries selling elaborate cakes, a sign that even those of more modest means have extra cash to spend.

      One of the most surprising developments is the way that Bolivia has amassed foreign currency, salting away a rainy-day fund of about $14 billion, equal to more than half of its gross domestic product, or 17 months of imports, that can help it get through economic hard times.

      According to the monetary fund, Bolivia has the highest ratio in the world of international reserves to the size of its economy, having recently surpassed China in that regard.

      “We are showing the entire world that you can have socialist policies with macroeconomic equilibrium,” said Economy and Finance Minister Luis Arce. “Everything we are going to do is directed at benefiting the poor. But you have to do it applying economic science.”

      The country is doing well thanks to relatively high prices for natural gas — its most important export — during Mr. Morales’s presidency. That enabled Mr. Morales to order in November that all government and many private sector workers get double the customary year-end bonus of a full month’s salary.

      It was a populist move that critics linked to the coming election season — Mr. Morales will run for a new term in October. But it is consistent with a broader effort to redistribute wealth and direct some of the country’s natural gas income directly into people’s pockets.

      “I wouldn’t necessarily say these are mainstream economic policies,” Ms. Corbacho said. “What we have assessed as very positive are the outcomes they have achieved when it comes to growth, social indicators” and other criteria.

      Bolivia’s turnaround is noteworthy because for many years the country was a proving ground for the kind of orthodox, free market policies long promoted by the monetary fund and other international institutions. Grappling with a host of economic problems, including hyperinflation that reached 24,000 percent in 1985, the government cut spending, eliminated fuel subsidies, partially privatized government-owned companies and fired many workers.

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      Critics say that while those policies tamed inflation, they also did long-term damage, exacerbating the unequal distribution of wealth, pushing newly out-of-work miners and farmers into coca farming that increased cocaine production, and ultimately contributing to the social unrest that helped usher in Mr. Morales as president.

      “The Morales administration has basically cast off the recommendations of the I.M.F. and other huge international lending organizations, and for the first time, during his tenure, you see those macroeconomic indicators improve significantly, which finally gains the approval of organizations like the I.M.F.,” said Kathryn Ledebur, director of the Andean Information Network, a research group based in Bolivia.

      Mr. Morales has benefited by being president during a time of high commodity prices, which have driven economic growth here and in many countries throughout the region. In a highly contentious move, he nationalized the energy sector by taking a greater stake in the companies that extract the nation’s gas and demanding a bigger share of the revenues. That has greatly increased government income, giving him the money to pay for social programs like cash payments to young mothers, improved pensions and infrastructure projects.

      But while the nationalization rattled foreign investors, Mr. Morales now gets generally good marks for the way he has handled the windfall.

      “You could mismanage this opportunity, and the reality is they have not,” said Faris Hadad-Zervos, the resident representative of the World Bank in La Paz, who cited the large foreign reserves stock and substantial increases in government spending on infrastructure.

      Not that there are no areas of concern. Both the monetary fund and the World Bank say much more should be done to encourage private investment. Bolivia has less than half the rate of private investment of most other countries in South America.

      There are also worries about what will happen if natural gas prices fall significantly, and whether Bolivia is simply in the midst of the typical boom-and-bust cycle that often bedevils poor countries.

      Bolivia’s gas exports go entirely to Brazil and Argentina on long-term contracts, meaning that sustained economic problems in those countries could eventually spell problems for Bolivia. But a greater concern is over a low level of investment in gas exploration, which could endanger Bolivia’s ability to maintain production levels in the future.

      “This is not sustainable in the long term,” said Jose L. Valera, a lawyer based in Houston who has represented energy companies doing business in Bolivia. “The model is not designed to generate substantial profits for an oil industry that is going to then be incentivized to reinvest in Bolivia.”

      Bolivia’s relations with the monetary fund and the World Bank, both based in Washington, are a sharp contrast to those of some of its leftist allies. Venezuela, Ecuador and Argentina refuse to take part in annual economic reviews by the monetary fund.

      Mr. Morales’s public statements have also often been highly critical. He once said the World Bank tried to blackmail him into changing his economic policies. And in a speech in December 2012, he called for the dismantling of “the international financial system and its satellites, the I.M.F. and the World Bank.”

      But his attitude toward the bank seemed to have changed in July at an event to announce a World Bank project to support quinoa farmers.

      “The World Bank does not blackmail, or impose conditions, not anymore,” Mr. Morales said, according to a publication on the bank’s website. To celebrate, he played a friendly soccer game with the bank’s president, Jim Yong Kim.

       

  3. Caro Luís Nassif.Pelo que

    Caro Luís Nassif.
    Pelo que entendi o crescimento do país está baseado no consumo, principalment de produtos importados. Sabendo que metade das exportações de lá é composta de combustíveis fósseis, será que isso funciona em longo prazo?

  4. Nossa o Mota Araujo DESTRUIU

    Nossa o Mota Araujo DESTRUIU o viagem dos bolivarianos que certamente tinha neste texto um tipo de troféu para esfregar na cara das pessoas que apontam a situaçao absurda do Brasil diante desses paises totalitarios que vivem nos humilhando sempre que podem… 

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