A campanha vista do teto de Dilma, por Raymundo Costa

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Do Valor

A campanha vista do teto de Dilma

Por Raymundo Costa

Domingo, fim de tarde, duas semanas antes da eleição. No comitê eleitoral da presidente Dilma Rousseff a televisão está ligada no jogo de futebol, Fluminense e Flamengo. De calça jeans e camiseta azul, o ministro licenciado Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), recém-chegado à campanha da reeleição, argumenta que nunca se discutiu tanto programa de governo no primeiro turno de uma eleição: pré-sal, indústria, agricultura, economia, bancos públicos, CLT, homofobia, educação e Saúde. “Os programas e os compromissos estão sendo debatidos naquilo que são as ideias fundamentais das candidaturas. Portanto, não há sentido político nesse debate sobre ter ou não ter programa”, anuncia Rossetto. “Quem quiser conhecer os detalhes de nossos programas, é só olhar o projeto de Orçamento de 2015”.

Dos três candidatos, apenas Marina Silva (PSB) apresentou um programa, que foi escrutinado pelos adversários e até deu origem à dita “campanha do medo” patrocinada pelo PT. Rossetto rebate: “Não existe campanha do medo. Existe medo na campanha dos nossos adversários”.

O entusiasmo do ministro está mais para o Fla-Flu da televisão que para as salas desertas do comitê de Dilma, uma cena incompatível com o corre-corre frenético normal das campanhas eleitorais, quando faltam duas semanas para o grande dia. A poucos quilômetros dali, a candidata protestava contra um comentário do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), José Antonio Dias Toffoli, de que talvez constituísse “vantagem indevida” a presidente usar o Palácio da Alvorada para suas entrevistas eleitorais: “Só quero lembrar que todos os meus antecessores usaram o palácio. Caso contrário, eu serei uma sem-teto. Não tenho casa. Não tenho outro local”. Dilma, como todo candidato, tem uma sala no comitê, que nunca usou.

“Marina saiu do Acre e foi morar na Avenida Paulista”

Segundo Rossetto, os “dados qualitativos” em poder da campanha indicam um crescimento forte da candidatura Dilma Rousseff em todos os segmentos e regiões do país, a ponto de o comitê apostar que a presidente aparecerá à frente nas simulações de segundo turno, nas próximas pesquisas. O ministro atribui o crescimento sobretudo a definição de cerca de 25% do eleitorado que, nas respostas espontâneas nas pesquisas, não indicaram o nome de um candidato. Rossetto afirma que esse contingente se desloca majoritariamente em direção a Dilma. A conferir nas próximas pesquisas. Quando o ministro subiu para a sala de reuniões, o Flamengo vencia. Na volta, encerrada a entrevista, o placar do Maracanã marcava 1 X 1.

“Nós trabalhamos com a hipótese de segundo turno, mas enxergamos um forte crescimento nos próximos 15 dias”, informa Rossetto. O ministro apenas insinua o que no domingo corria solto nas redes sociais, alimentado pela militância do PT: “Estamos preparados para o segundo turno, mas trabalhamos com um forte crescimento nos próximos 15 dias”. O mais novo integrante da coordenação da campanha de Dilma acredita tanto numa vitória em primeiro turno quanto na recuperação do senador Aécio Neves numa velocidade tal a ponto de ultrapassar Marina na última curva do circuito eleitoral.

Colorado, o gaúcho Rossetto gosta de conversar sobre revoluções. Mas não só a Farroupilha. Fala da Balaiada, no Maranhão, e conhece como poucos a história da Cabanagem, no Pará, a qual foi apresentado pelo historiador Décio Freitas, conterrâneo e autor de “A Miserável Revolução das Classes Infames”, livro que narra a revolta paraense à Independência do ponto de vista de um bretão preso em Paris e enviado para a Guiana, durante a Revolução Francesa, de onde fugiu para Belém, à época da sangrenta revolta.

“Uma referência forte de virada é Minas Gerais, chegamos em 40%”, observa Rossetto, referindo-se ao Estado de Aécio Neves, onde a expectativa, antes da eleição, era que o candidato do PSDB teria mais de dois terços do eleitorado. “DataJaques não falha”, diz, aludindo ao governador da Bahia, Jaques Wagner. “Ele tem duas vitórias no segundo turno e está muito otimista”. As pesquisas indicam que Paulo Souto (DEM) pode ganhar no primeiro turno do candidato do governador, Rui Costa, mas o PT tem tradição de viradas de última hora no Estado da Bahia.

Acima de tudo, Rossetto, aposta em um melhor desempenho da candidata Dilma em São Paulo, onde no momento ela está com cerca de 25% das intenções de voto e pretende no dia 5 romper a barreira dos 30%. “Todos os indicadores que nós temos já mostram isso e achamos que passamos de 30%. O que é muito positivo. A campanha mexeu muito em São Paulo. Há um outro padrão de campanha e achamos que entramos com uma campanha superior no Estado”. A rejeição a Dilma também estaria em queda. “Nos últimos 20 dias Dilma conseguiu se apresentar como a liderança mais preparada para o próximo período. Este é o conceito fundamental. Esta ideia é muito forte”.

“É este debate que envolve o conjunto das ações, os compromissos de futuro e as diferenças com os outros candidatos que aproxima a candidatura Dilma daquilo que é uma expectativa majoritária da sociedade brasileira: preservar as conquistas que ela reconhece. Há uma pergunta fundamental no processo eleitoral que envolve reeleição, se a vida das pessoas melhorou durante nosso governo. E a resposta é sim”.

Rossetto rejeita a ideia de que Marina rompeu a polarização das eleições presidenciais. ” Não há um terceiro polo. Não é uma terceira via. Ela (Marina) se aproximou velozmente do polo político conservador da sociedade brasileira”, diz. “A agenda e o programa que ela apresentou revelam uma opção clara de quem saiu do Acre e foi morar na Avenida Paulista, em São Paulo, um pensamento econômico que organiza o país a partir de uma reserva de mercado para os bancos privados, agride a indústria brasileira, agride a agricultura quando fala em retirar subsídios para esta atividade importante, fundamental para o desenvolvimento do país. É uma liderança do campo conservador. A sociedade brasileira tem essa dinâmica política”.

Raymundo Costa é repórter especial de Política, em Brasília. Escreve às terças-feiras

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

16 Comentários

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  1. Agora, vista do piso: se eu

    Agora, vista do piso: se eu fosse alarmista diria que a liberdade de impresnsa está em risco. Bom, já é limitada, porque, a rigor, só pode fazer imp. rensa uma meia duzia de famílias. O resto da plebe se comunica com varas de bambu e tambores. Mas.. vá lá. Estou falando de um evento de hoje, agora. Ou melhor, de ontem e hoje. Ontem, uma pesquisa da Vox populi simplesmente foi engavetada. A TV Record comprou para nao publicar (embora tivesse anunciado a publicação). O que eles viram que acharam melhor nao divulgar? Agora, uma pesquisa da DMA, que confirma a queda cada vez mais acentuada da Marina, praticamente entrou na clandestinidade. Os grandes portais como Uol e Globo nem sequer noticiam sua existência! Até ontem, pesquisa mal saia e já era noticia. Antes de sair, já era boato. Agora… O que se quer evitar? Uma aceleração da tendência?

  2. Raymundo
    Dentro da cobertura

    Raymundo

    Dentro da cobertura onde habita a campanha de Dilma há  um distancia  muito grande par quem mora nos andares inferiores.

    Quem mora no andar de baixo  não sabe  o qe pode acontecer. Por isso  esta esperando para onde a manada  virar.

    Quem mora perto da cobertura da campanha do PT est desconfiado.

    Se o morador vizinho da cobertura atuar  com dinheiro proprio  ou ainda dentro de um setor produtivo mais elaborado  esta olhando o que o outro inquilino Aecio esta fazendo. Esta olhando tambem como a outra inquilina Marina se movimenta.

    Se o morador vizinho da cobertura de Dilma tiver contratado um lobby ou ainda for amigo do amigo do amigo esta se  candidatando à i receber financiamento do BNDES a juros subsidiados. Nesse  caso  esta tomando wiskey com a nossa candidata.

    Os moradores dos andares medios  estão ressabiados com a campanha da cobertura. Se sentes enganados  e surpresos. Descobrem uma candidata sem jeito, falando coisa sem muito nexo, sentem medo dessa insegurança que  ela passa. ja foram smpaticos a sua causa, mas agora  descobrem   fatos   desabonadores sem a devida expicação. Recebem como resposta que  a PF agora atua, que há mais medicos, que há pronatec. Mas esse pessoal  percebe que essas  respostas ja nao convencem como convenciam antigamente. As coisas não são como querem que elas acreditem. Se sentem usadas. Quando algum pesquisador do ibope pergunta sobre o voto, se  sentem desconfortaveis em dizer em quem vão votar  e respondem o que o pesquisador quer ouvir. Vão levando  até a epoca da decisão.

    Ou seja, o jogo ainda não foi jogado. Os ultimos minutos das partido estão sendo bastante eletrizantes.

    Qum viver verá.

  3. Raymundo
    Dentro da cobertura

    Raymundo

    Dentro da cobertura onde habita a campanha de Dilma há  um distancia  muito grande par quem mora nos andares inferiores.

    Quem mora no andar de baixo  não sabe  o qe pode acontecer. Por isso  esta esperando para onde a manada  virar.

    Quem mora perto da cobertura da campanha do PT est desconfiado.

    Se o morador vizinho da cobertura atuar  com dinheiro proprio  ou ainda dentro de um setor produtivo mais elaborado  esta olhando o que o outro inquilino Aecio esta fazendo. Esta olhando tambem como a outra inquilina Marina se movimenta.

    Se o morador vizinho da cobertura de Dilma tiver contratado um lobby ou ainda for amigo do amigo do amigo esta se  candidatando à i receber financiamento do BNDES a juros subsidiados. Nesse  caso  esta tomando wiskey com a nossa candidata.

    Os moradores dos andares medios  estão ressabiados com a campanha da cobertura. Se sentes enganados  e surpresos. Descobrem uma candidata sem jeito, falando coisa sem muito nexo, sentem medo dessa insegurança que  ela passa. ja foram smpaticos a sua causa, mas agora  descobrem   fatos   desabonadores sem a devida expicação. Recebem como resposta que  a PF agora atua, que há mais medicos, que há pronatec. Mas esse pessoal  percebe que essas  respostas ja nao convencem como convenciam antigamente. As coisas não são como querem que elas acreditem. Se sentem usadas. Quando algum pesquisador do ibope pergunta sobre o voto, se  sentem desconfortaveis em dizer em quem vão votar  e respondem o que o pesquisador quer ouvir. Vão levando  até a epoca da decisão.

    Ou seja, o jogo ainda não foi jogado. Os ultimos minutos das partido estão sendo bastante eletrizantes.

    Qum viver verá.

      1. Depenados

        O desespero do trollzão hoje só é comparável em intensidade à arrogância com que ele decretava a vitória, segundo ele garantida, da Marina poucos dias atrás.

        É divertido ver como ele quebrou a cara e agora voltou à estratégia de fazer provocaçõeszinhas pontuais para aplacar um pouco sua enorme frustração, no seu estilo covarde de ser, como a molecada que aperta a campainha do vizinho e sai correndo.

        É divertido ver essa tucanalha depenada que perdeu o ninho se desarvorando por aí…

  4. 12 minutos de propaganda,

    12 minutos de propaganda, mais toda propaganda institucional a favor do governo, mais a instrumentalização do estado, mais toda a pelegada em sindicatos, ONGs, “movimentos sociais” que de social não tem nada.

    Isso tudo e mais um pouco não é democracia.

    Por outro lado o poder econômico, interesses corporativos.

    Tudo isso e muito mais não é democracia.

    Democracia com “estado unico” em um país com dimensões continentais é um paradoxo que nenhuma “elite nacional” quer discutir.

     

    1. O aparato midiático a serviço da oposição é bem mais poderoso

      O aparato midiático a serviço da oposição é bem mais poderoso do que qualquer outro poder

  5. Otimismo autista

    Rosseto não leva em conta que até o 2º turno a chance de o governo não parar de errar (errata do superávit, errata do PNAD, errata da projeção de crescimento, delações de Costa e ONGs) é quase zero….

  6. Esse Toffoli parece um zumbi.

    Esse Toffoli parece um zumbi. Se acompanha o voto dos é até coerente com as opiniões dos outros. Se começa falando, não diz coisa com coisa. Aff!

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