A defesa ou o fim da publicidade infantil?

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – A proibição de publicidade para crianças foi assunto de audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira (21). O Projeto de Lei 5921, texto do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) e sob relatoria de Arthur Oliveira Maia (SD-BA), deve ser votado nas próximas semanas.
 
“A publicidade brasileira vem cuidando dos consumidores com responsabilidade. A propaganda brasileira está submetida a regras mais rigorosas que a maioria dos países desenvolvidos”, destacou Presidente do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR), Gilberto Leifert, enfatizando os avanços na área. Lembrou, ainda, que o CONAR desed 1977 analisa todas as denúncias e atua com eficácia.
 
Por outro lado, uma consumidora, Mariana Sá, mãe e representante do Movimento Infância Livre de Consumismo (MILC), disse que tentou recorrer ao CONAR, mas não conseguiu. “A gente fez uma denúncia ao CONAR, que demorou três meses para ser analisada. Isso não é rápido o suficiente”, afirmou. Ela pediu que os deputados levassem em consideração o apelo de grande parte da sociedade, “que não são atendidos em suas demandas pelo modelo de autorregulação que existe hoje”.
 
O desenhista Ziraldo também compôs a mesa de debate e defendeu que o Brasil não precisa de mais leis sobre a publicidade infantil, e que a responsabilidade deve partir dos pais. “O Brasil é de longe o que mais aprova regulações, autorregulamentações e leis nesse sentido, por isso essa lei é inútil. Deixa a sociedade, deixa o pai decidir. Filho não exige nada do pai que tem consciência de como educar seu filho”, argumentou Ziraldo.
 
Do Instituto Alana, o advogado Pedro Hartung defendeu o fim da publicidade direcionada ao público infantil. “Há um projeto de país que foi desenhado desde a promulgação da Constituição Federal, em 1988, e o que a gente busca é que esse projeto seja levado a cabo. Qual é ele? Que o superior interesse da criança seja colocado em primeiro lugar pela família, pela sociedade e pelo Estado, antes de qualquer outro interesse, especialmente o comercial”, disse. “O que está em jogo não é o fim da publicidade, mas o redirecionamento dela para os adultos, os responsáveis por fazer a mediação com as crianças”, completou Hartung.
 
Com informações do Instituto Alana.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

26 Comentários

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    1. Por falta de informaçao. Ele já havia se mostrado cretino antes

      Ele invadiu uma vez (acho que foi por volta de 2005) um congresso de educadores xingando todo mundo e defendendo um retrocesso enorme em alfabetizaçao.

  1. O fim “pardo” da propaganda

    O fim “pardo” da propaganda infantil está tirando de toda uma geração de crianças entretenimento na TV aberta.

    Os desenhos foram trocados por sub-jornalismo com dicas para dona de casa em que produtos sem nenhuma comprovação cientifica de eficacia podem ser anunciados para os responsáveis adultos.

    Eu aprendi tanta coisa de história mundial, cultura e ciencia com os desenhos nas manhãs e tardes na televisão.

    Será que propaganda de bonecos de plastico ofendem tanto o hubris progressista? E eles preferem propaganda de carnes Friboi e capsulas milagrosas ao invez de bolachinhas coloridas e recheadas?

  2. Resultado do “politicamente

    Resultado do “politicamente correto”: fim da programação infantil em rede aberta e possivelmente do cinema feito para crianças, já que sem dinheiro dos “malvados capitalistas” nada acontece.

  3. eu leio e leio.E quanto mais

    eu leio e leio.E quanto mais leio menos compreendo.

      Qual é problema com a publicidade infantil que até agora não entendi nada?

  4. Consequências…

    Além dos males resultantes da publicidade dirigida à criança acrescento as “ditas” novelas infantis, onde se observa as “mesmas maldades” mostradas nas novelas “adultas”.

  5. A última preocupação de

    A última preocupação de Ziraldo é com a saúde mental e social das crianças.

    Esse sujeito me enganou direitinho… Com cara de bom velhinho é na verdade um canalha preconceituoso.

     

     

  6. A última preocupação de

    A última preocupação de Ziraldo é com a saúde mental e social das crianças.

    Esse sujeito me enganou direitinho… Com cara de bom velhinho é na verdade um canalha preconceituoso.

     

     

  7. O desenhista Ziraldo também

    O desenhista Ziraldo também compôs a mesa de debate e defendeu que o Brasil não precisa de mais leis sobre a publicidade infantil, e que a responsabilidade deve partir dos pais. “O Brasil é de longe o que mais aprova regulações, autorregulamentações e leis nesse sentido, por isso essa lei é inútil. Deixa a sociedade, deixa o pai decidir. Filho não exige nada do pai que tem consciência de como educar seu filho”, argumentou Ziraldo.

    O excesso de regulações só indica que na prática elas não resolvem nada. E essa conversa de que pai tem como neutralizar a influência da mídia ou é ser muito ingênuo ou ser muito cínico.

     

     

     

    1. O Maurício De Souza tbém é a

      O Maurício De Souza tbém é a a favor da publicidade infantil e dessa coisa chamada auto-regulamentação.

  8. Abandono e exploração

    O que falar sobre o abandono forçado a que são submetidas as crianças brasileiras, com certeza uma criança com os pais presentes no turno em que estas ela não estão na escola, tem muito mais chance de receber uma “educação doméstica” que pode deixa-lo menos suscetível aos valores trabalhados na plubicidade voltada para seu segmento. Contudo, num país que não tem escola de tempo integral como regra, mas como exceção, temos um leva de filhos da TV,  e só!!! Sem anticorpos pela falta de vacina que é a educação integral, contando com iniciação esportiva, musical, filosófica e laboral(sim prática de ofícios manuais domésticos ou não) deixar essa legião de abandonados a mercer de desseu próprio juízo é de uma liberalidade criminosa.

  9. Deixar o conar resolver é deixar nas mãos da globo

    É uma coisa só, desde a fundação. Cinismo desta gente. São tão bons estes liberais. Deixem-nos fazermos propagandas que abusem dos desejos e deixem as pessoas (principalmente as crianças – que são os que mais ficam à frente das telas) escolherem.

    Espertos estes mídias…

  10. propaganda

    è só olhar a quantidade de propagandas dirigidas às crianças sobre refrigerantes e comida. A turma tá obesa pela irresponsabilidade da divulgação de comidas industrializadas.Refrigerantes deveriam ter quantidade máxima de 1 litro e a incrição de que o consumo excessivo causa males à saúde.

  11. O argumento do Ziraldo

    O argumento do Ziraldo é o mesmo do personagem Nick Nailor no filme “Obrigado Por Fumar” (2005). Como Relações Públicas da indústria tabagista, o personagem obviamente defendia a liberdade de decisão dos consumidores e dos pais sobre a decisão sobre quando os filhos deveriam começar a fumar.

    O argumento tem o típico appeal do liberalismo que assume as chamadas democracias Ocidentais.

    Mas esse argumento interesseiro coloca entre parentesis a relação assimétrica entre o poder financeiro e subliminar da indústria do entretenimento e publicitária e os pais fragilizados pelo cotidiano onde se tornam ausentes fisicamente e simbolicamente pelas suas jornadas de trabalho, deixando os filhos expostos à mídia.

    Leia: sobre o filme “Obrigado Por Fumar”:  http://cinegnose.blogspot.com.br/2013/11/um-guia-pratico-de-engenharia-de.html

    E sobre a fragilização dos pais: http://cinegnose.blogspot.com.br/2014/01/criancas-chiliquentas-e-pais-frageis-no.htm

  12. Documentário sobre alimentação infantil.

    Há algum tempo assisti um documentário sobre alimentação infantil e neste documentário mostrava populações ribeirinhas na Amazônia onde o único contato com o exterior era através da TV. Os pais tinham que periódicamente ou viajar longe para centros populacionais maiores ou aguardavam a passagem de um barco-armazém para principalmente comprar bolachas e guloseimas em geral para satisfazer a “livre vontade” das crianças que achavam o máximo comer “traquinas”.

    Se alguém souber a onde se encontra este documentário era bom pelo menos colocar esta parte para mostrar como é profunda a atuação desta propaganda mentirosa.

  13. Covardia… de um lado um

    Covardia… de um lado um bando de adultos experts em convencimento, treinados e afiados em psicologia e nas artes audiovisuais, profissionais altamente profissionalizados de elite que ganham “os tubos”; do outro uma criança sozinha ou mesmo junto com pais que não têm a mesma expertise que as pessoas daquele bando. E quem se propõe a mediar essa disputa? Um juiz que é também do bando…

     

    Precisamos urgentemente de mais e melhor Educação. Aliás deveria haver nas escolas, desde a mais tenra idade, a matéria “Defesa contra o assédio moral da mídia” ou “O que é e como funciona a Propaganda”.

    1. Prop Infantil

      Covardia é a palavra exata. Mais que irresponsabilidade, mais que abuso, covardia absoluta. Trabalhei mais de 40 anos na propaganda e posso garantir: as mesmíssimas técnicas de convencimento usadas para persuadir um adulto de 40 anos  são usadas para seduzir uma criança, completamente indefesa, de 2 de 4 de seis. Há anos venho denunciando essa covardia e conclamando os clientes e os criativosos de suas agências para que convençam os pais. Mas é muito mais fácil continuar apontando um canhão para acertar num mosquito.  Lamento profundamente (e mais uma vez) a posição do Conar e  a do Ziraldo que mostra o quanto está ultrapassado e quanto deconhece o assunto.

       

       

  14. Publicidade infantil: Direitos da criança ante o carrasco
      Vídeo da audiência pública sobre o PL 5.921/2001 (publicidade infantil) na CCJC da Câmara Federal, “semi-transmitido” ao vivo em 21/05/2015 Publicidade infantil: Direitos da criança ante o carrasco Na sessão/vídeo da audiência pública, o quadro lá no fundo da sala é bem simbólico para essa “situação” da luta pelos direitos da criança contra os abusos do “mercado” e a “autorregulação”, em especial ali na Câmara Federal: Tiradentes ante o carrasco, 1941 – Rafael Falco (Oran, 1885- São Paulo 1967) óleo sobre tela, 70 x 55 cm. Morreu o Joaquim José da Silva Xavier. Os podres poderes de todos os tempos só fazem isso: matar. Então, nessa linha de podridão, é fácil acabar com os direitos da criança, liberar geral a publicidade infantil, reduzir a maioridade penal cada vez mais, mercantilizar a educação etc. Além da transmissão ao vivo (on line) constantemente interrompida, e depois transmitida sem áudio, nem no título do vídeo a Câmara Federal “facilita” para a localização do tema em questão. “Ou (re)inventamos, ou estamos perdidos”… Comissão de “Constituição”, “Justiça e “Cidadania” arrastando desde 2001 um Projeto de Lei que defende os direitos da criança? Até que ponto os nobres deputados não representam mais a vontade do povo e, sim, as determinações do “mercado”? Não é dever da Câmara Federal observar, proteger e defender a Constituição Federal? “Art. 227 É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.” Os “donos do mercado” invocam a “liberdade de expressão” para fazer publicidade mercadológica dirigida às crianças, de forma abusiva, como bem entendem. E defendem uma autorregulação entre as empresas e agências de publicidade, enquanto muitos casos abusivos são cometidos. De conformidade com o artigo 227 da Constituição Federal, o “Estado” na pessoa da Câmara dos Deputados está descumprindo o seu dever. Então, cabe a outras instâncias desse “Estado” (como a Resolução 163 do CONANDA/2014) à “Família” e à “Sociedade” lutar pelos direitos desrespeitados na abusividade da propaganda mercadológica dirigida às crianças. Essa sessão/vídeo entra para a história, e eu sugiro um título isso: Publicidade infantil: Direitos da criança ante o carrasco. Video da semi-audiência pública:https://www.youtube.com/watch?v=S5MWmhjBobs

     

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