A nova tecnologia do míssil brasileiro A-Darter

Enviado por Alfeu

Tecnologia de sensor cria sistema inovador para guiar míssil

Por Rui Sintra

Da Assessoria de Comunicação do IFSC

A empresa Opto Eletrônica , uma spin-offdo Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, participou do desenvolvimento do novo míssil A-Darter, que foi testado acoplado ao avião de caça Gripen, da Força Aérea da África do Sul, no início deste ano. A fabricação do sistema — ou seeker — de quinta geração, é um projeto binacional entre o Brasil e a África do Sul que, além da Opto Eletrônica, envolve a Força Aérea Brasileira (FAB), as empresas nacionais Mectron, Avibras, e a estatal sul-africana Denel Dynamics.

A maior parte dos mísseis detecta a aeronave — ou alvo — através do calor da turbina, contudo, existem diversas táticas capazes de despistar esses mísseis, como, por exemplo, a liberação de bolas de fogo, chamadas de contramedidas. A fim de impedir esse tipo de situação, a Opto Eletrônica desenvolveu um inovador sistema de guiagem que, ao contrário dos demais modelos fabricados, detecta duas faixas de calor, captando a emissão de gazes da turbina do alvo, o que possibilita, por exemplo, que o míssil não caia nas armadilhas das citadas bolas de fogo, uma vez que essa estratégia não emite os mesmos gazes que saem da turbina do avião.

O professor Jarbas Caiado Neto, professor do IFSC e um dos fundadores da Opto Eletrônica, explica que a tecnologia do sensor também permite que o seeker reconheça uma aeronave por meio de imagem, independente do ângulo em que esse alvo esteja. Além disso, outra vantagem do sensor é a sua capacidade de guiar o míssil em ângulo de até 90 graus — as curvas realizadas pelos mísseis comumente utilizados se limitam a 20 ou 30 graus. O desenvolvimento do A-Darter, segundo o professor, está quase finalizado. Com isso, em breve, o míssil deverá ser produzido e fornecido pelas empresas Mectron e Avibras.

A parceria

Essa foi a primeira parceria entre a Opto Eletrônica e a Denel Dynamics que, na opinião de Jarbas, foi uma colaboração bastante intensa. “Tinha um grupo de pesquisadores da Opto trabalhando na Denel Dynamics, enquanto outra equipe da nossa empresa realizava o mesmo processo aqui no Brasil”, explica o professor, acrescentando que essa parceria surgiu devido ao fato de a África do Sul estar em crise, o que impossibilitou o país de fabricar um míssil 100% nacional.

Mesmo assim, Jarbas diz que é preciso reconhecer que a África do Sul ainda possui maior experiência do que o Brasil no setor de defesa, já que, ainda na época do Apartheid, quando o país foi proibido de importar armamentos, teve que construir uma forte indústria nessa área.

África do Sul

O pesquisador Rafael Ribeiro, ex-aluno do Instituto de Física de São Carlos e pesquisador da Opto Eletrônica, foi um dos especialistas brasileiros que participou do desenvolvimento do seeker na África do Sul, entre 2011 e 2013. Sua função foi atuar na realização de dois subsistemas do sensor de guiagem, sendo eles o InfraRed Sensor Assembly (IRSA) e o Dome Assy.

“A execução de ambos exigiu a demanda, dentre outras, de especialistas em desenho óptico e em testes eletro-ópticos. Como eu havia adquirido experiência durante o período de mestrado nessa área, fui alocado para auxiliar a equipe brasileira de desenvolvedores na África do Sul”, explica o pesquisador, que obteve o bacharelado em física, com ênfase em óptica e fotônica, e mestrado em ciências pelo IFSC.

Ele explica que o ambiente de trabalho, naquele país, consistia em interações com os representantes das outras empresas brasileiras e do corpo técnico da Denel Dynamics. “Em especial, a equipe da Opto participou do desenvolvimento do sistema de refrigeração do sensor termal, simulações não-sequenciais do sistema óptico do IRSA e de vários softwares de testes eletro-ópticos e rotinas em geral”, diz Rafael Ribeiro.

Para ele, ter trabalhado em um projeto de tamanha importância para o Brasil, foi uma experiência bastante prazerosa e gratificante a nível pessoal e profissional, porém, exigiu muita disciplina e dedicação, tendo em vista que, além dos desafios tecnológicos envolvendo o projeto, Rafael teve que se adaptar à cultura e aos costumes locais da África do Sul.

“O apoio constante do corpo técnico brasileiro e sul-africano foi essencial para que aquele período de adaptação fosse o menos complicado e curto possível, gerando um ambiente favorável”, conclui ele, afirmando que o próximo passo profissional será iniciar o doutorado na área de instrumentação óptica ou design óptico voltado à área aeroespacial.

Foto: Divulgação / IFSC

Redação

11 Comentários

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  1. Bola dentro do PT
    Avibras e Mectron são hoje Odebrecht.
    Idéia do PT.

    E devo dizer grande idéia. Agora temos um grupo econômico de peso por trás da tecnologia. Capital por trás sempre ajuda.

    1. Mectron e Avibrás

         A Mectron é controlada pela Odebrecht Defesa & Tecnologia, é certo, MAS nesta area na qual associações, parcerias, projetos conjuntos, são o cerne do negócio ( só falta agora um Procurador começar a falar de cartel ), pois a OD& T é sóacia da DCNS francesa na Itaguai Construções Navais, a EPE que se encarrega da construção dos submarinos Scorpene para a MB.

          Já a Mectron ( OD&T ), junto com a Avibrás, esta em parceria com a MBDA ( Européia ), realizam a modernização dos misseis Exocet da MB – tanto os de navios como os de helicopteros ( em colaboração técnica com a Airbus Helicopters ) e futuramente, junto a DCNS, para a integração dos Exocet SM-39 que serão lançados dos submarinos Scorpene.

          A Avibrás possui outras “parcerias por negócios” alem da OD& T e EMBRAER/Harpia ( joint venture entre a EMBRAER/ATECH/ELBIT/AVIBRÁS, para produção de VANTS, tipo o Falcão – que foi vendido na LAAD 2015, como componente do Sistema ASTROS 2020 da Avibrás ), as outras parcerias importantes da AVIBRÁS atualmente são: 

           1. Com a Renault Trucks ( francesa): Veiculo 4×4 Tupi, em licitação do MinDefesa.

           2. Com a NEXTER ( ex- GIAT – francesa): Obuseiro autopropulsado CAESAR, para a futura licitação do MinDefesa, referente a modernização do parque de artilharia do Exército e CFN.

           3. Com a BAe Dinamycs ( inglesa ): Já que a MB selecionou previamente o missil CAMM ( Sea Ceptor ), para as futuras Corvetas da Classe Tamandaré, a Avibrás + BAe, visando a necessidade de respeitar o adendo contratual de “transferencia de tecnologia”, ofereceram ano passado e agora na LAAD 2015, o desenvolvimento conjunto da versão “land” do CAMM.

  2. Acho que as FAs brasileiras

    Acho que as FAs brasileiras tem segredos tecnológicos que não podem ser divulgados por questões de segurança nacional.

    Um gal. fez um questionamento em tom desafiador ” Por que as grandes potência não invadem a Amazonia ? ” dando a entender que existe algo mais que vai além do nosso entendimento, mas que os exercitos desses paises devem saber.

     

  3. Uma boa notícia nem tão nova,

    Uma boa notícia nem tão nova, mas acredito que a Denel Dynamics foi quem projetou e desenvolveu inicialmente o míssil, com as empresas brasileiras se associando posteriormente, participando das últimas etapas.

    E será produzido também (e principalmente) na Àfrica do Sul, o que em nada desmerece a participação do Brasil, numa bela cooperação sul-sul.

     

  4. O problema de sistemas ópticos,

    É que dependem de lentes.

    “Bolas de fogo” talvez não tirem os seekers ópticos do rumo, mas “bolas de vapor de óleo queimado” (como as da “esquadrilha da fumaça”), sim.

  5. LOAL 120 graus + HMD Elbit

      Acho que não é confidencial ou restrito, mas :

      Os ” 90/180 graus ” ( em relação ao lançador ) foram alcançados em disparos no modo LOBL ( lock do alvo antes do lançamento ), o mais comum nestes tipos de misseis ar- ar , e realmente, a telemetria provou, abates em diferentes amplitudes, incluindo alvo frente a frente com derivação de até 45 graus com lançamento de flares, portanto o seeker do missil, que alem de IR tambem comporta o espectro de UV, assim formando uma “imagem” do alvo, obteve sucesso, as tubeiras vetoriais funcionaram acima de 25 Gs. Basta dizer que nos dados de telemetria, resistência a Gs + e -, resistência estrutural, milisegundos de reação do empuxo vetorial, o A- Darter, suplantou ou igualou os parametros conhecidos dos AIM9X, ASRAAM 132, R-73 – 3, Iris -T e deixou o Python 5 ( de 1a versão ) para trás.

        Agora a discussão técnica, objetiva o teste LOAL ( lock do alvo após o lançamento ), em parametros de 120/180 graus, e com maior distancia do alvo, a idéia possivel é combinar a integração do A- Darter, com a HMD da Elbit ( mira montada no capacete ), tipo para disparo há 20 mn do alvo – Seria, mais ou menos assim, em termos mais gerais:

        1. Piloto visualiza o alvo através dos sistemas da aeronave ( radar ativo, radar em modo passivo, ou IRST ), qeu acoplados sistemicamente ao HMD, mesmo a distancia proporcionam o disparo do missil, o computador autoriza.

        2. Disparado, o A- Darter estará “escravizado” aos olhos do piloto, voando em modo inercial ( o inercial do A- Darter é fornecido pela BAE, o mesmo do ASRAAM 132 ), ainda sem o lock do alvo, mas direcionado a região do céu do alvo em progressão, ou fuga.

        3. Durante este engajamento, pode ser possivel – será testado – que o sistema de datalink da aeronave lançadora, acoplada ao HMD, se comunique com o missil em voo ( milisegundos ), ou até que mesmo outra aeronave – não lançadora ( tipo um E-99 ou outro caça ), ligados “em rede ” com o lançador, coordenem o abate do hostil, ou até em condições “blue x blue”, comande a auto destruição do A-Darter. 

         Caso tudo de certo, em proxima fase, será testado o disparo LOAL para trás do lançador ( disparo defensivo ), tipo 180/180.

        

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