A pesquisa em petróleo e gás no Brasil

Jornal GGN – Com as descobertas de petróleo na região do pré-sal, a Petrobras e o segmento de Oil & Gas vêm ganhando importância cada vez maior no desenvolvimento do País. O surgimento da nova demanda salvou a indústria naval, que estava abandonada e hoje emprega 82 mil trabalhadores. Mas esse protagonismo também criou uma necessidade de se aprimorar a destinação de recursos para pesquisa, desenvolvimento e inovação para que o setor possa dar os saltos tecnológicos necessários para manter o crescimento.

Desde 1999, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), dispõe de um fundo setorial, o CT-Petro, para estimular a formação e qualificação de mão de obra e o desenvolvimento de pesquisas. A lei prevê que 25% dos royalties do petróleo e gás natural que excederem 5% da produção sejam destinados ao fundo. Com isso, até 2013 já haviam sido investidos R$ 8 bilhões no incremento das atividades de P&D e na expansão da infraestrutura de pesquisa do país.

Presente no 52º Fórum de Debates Brasilianas.org, Raimar Bylaardt, gerente executivo de Gestão do Conhecimento do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), disse que, apenas em 2014, a obrigação de investimentos deve chegar a R$ 1,40 bilhão. A projeção é que esse valor continue a crescer ano a ano, pelo menos até 2020, quando atingirá R$ 3,94 bilhões. “A partir de 2021 esse volume começaria a cair – o que é natural no setor de petróleo e gás, devido ao desgaste dos poços de exploração. No entanto, deve haver novas descobertas, que vão manter ainda a tendência ascendente”, explicou. Pelas previsões atuais, de 2014 a 2023, o fundo deve garantir algo em torno de R$ 30 bilhões em investimentos no setor.

A realização dos gastos do fundo protege investimentos em universidades e institutos de pesquisa acreditados pela Agência Nacional de Petróleo (ANP): no mínimo 50% dos recursos devem ir para essas instituições e no máximo 50% para instalações de empresas petrolíferas estabelecidas no Brasil.

Raimar garante que esses investimentos permitiram avanços consistentes em áreas específicas de conhecimento. “Aprimorou-se, no Brasil, a aplicação de hidrodinâmica de estruturas profundas e instalações em águas profundas, mecânica de fluidos e transferência de calor, tecnologia em dutos, entre outras”. Tudo isso é fundamental para a exploração eficiente dos poços. Além disso, ele conta que algumas tecnologias inovadoras estão surgindo no Brasil e dando resultados visíveis. É o caso da separação submarina de agua e óleo, aplicada no Campo de Marlim, na plataforma P-37, a 1000 metros de profundidade.

Mas mesmo com todos os avanços, o executivo alerta também para alguns problemas. A lei que destina os royalties do petróleo para a saúde e educação deveria mexer na destinação de recursos apenas no polígono do pré-sal, mas acabou se estendendo para os poços terrestres e no pós-sal, o que está afetando a captação do CT-PETRO. “Nós queremos abrir uma nova discussão para recompor o fundo”, explicou.

Outras áreas de pesquisa em petróleo e gás

Há uma série de áreas de conhecimento que podem trabalhar em favor da cadeia de petróleo e gás. O segmento precisa, por exemplo, de soluções químicas nas etapas de exploração, produção, refino e processamento de gases.

O Brasil, no entanto, ainda é deficitário nesse mercado. É o que afirma Nádia Armelin, gerente de P&D para Oil e Gas da Oxiteno. “Ano passado batemos recorde de importação. Este ano vamos bater outro recorde. O Custo Brasil é responsável por isso, e também a falta de investimentos em inovação”, disse.

Ela explica que o uso correto de compostos químicos melhora a eficiência e otimiza o fornecimento. Mas a indústria química ainda tem dificuldades para obter recursos e conseguir parcerias. “Temos desafios emergentes Águas Profundas, Shale Gas e Poços Maduros”, afirmou.

O setor também precisa olhar com mais atenção para as questões de Tecnologia da Informação. De acordo com Félix Gonçalves, CTO do Centro de Pesquisa EMC, é preciso integrar o TI à operação. “O segmento de petróleo e gás tem oportunidade para aplicações de Big Data, Computação em Nuvem, Mobile e Internet das Coisas”.

Ele diz que o banco mundial de dados está dobrando de tamanho a cada dois anos. “Em 2013, nós tínhamos 4,4 zettabytes. Até 2020 serão 44 zettabytes. É preciso transformar a Tecnologia da Informação em parte do negócio e não apenas uma área de suporte”.

Martin Tygel, vice-diretor do Centro de Estudos de Petróleo (CEPETRO) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), lembra que o segmento de petróleo e gás tem a multidisciplinaridade como característica fundamental. “Geologia, geofísica, física, matemática, computação, química e engenharias são algumas das áreas indispensáveis para o setor”.

Um dos principais desafios é ter o pessoal capacitado para desenvolver projetos nessas áreas. “Os centros de pesquisa de petróleo sofrem com a falta de pessoal qualificado permanente. A Petrobras, por meio de recursos do fundo participativo, investiu maciçamente em infraestrutura – prédios, laboratórios e recursos computacionais –, mas nós vivemos um gargalo monumental de pesquisadores. Eu tenho muito mais projetos do que posso fazer”, alertou.

Ele acredita na parceria com a iniciativa privada, que estaria menos travada pela burocracia e teria uma captação de recursos mais rápida e eficiente, métodos de acompanhamento dos projetos mais ágeis e maior facilidade para contratar mão de obra qualificada.

Redação

6 Comentários

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  1. Realmente a Petrobras está

    Realmente a Petrobras está aos cacos! Imagina esse fracasso nos bolsos abutres de Wall Street. A esperança dele é o Aécio. Com a ajudinha do PIG.

  2. Pré-sal de tucano é outro

    Nassif,

    Todo este forte viés de conhecimento teve início no governo de FHC, período em que a insdústria aprendeu a como afundar plataformas de petróleo.

    FHC agora é o pai de tudo, pai da estátua do Cristo Redentor e também do filhote mineirim, a quem ensina a arte de mentir com um sorrso cínico pendurado no rosto.

    O mineirim aviador agora diz que, quem sabe, tenha faltado uma parceria maior com o governo federal, na safadeza hídrica de SP, será que o candidato estava em Plutão ?

    Quanto à pesquisa em petróleo e gás, o mineirim já tem a receita na ponta da língua – doar o pré-sal logo de uma vez e danem-se os estaleiros e tudo o mais. 

  3. “O segmento precisa, por

    “O segmento precisa, por exemplo, de soluções químicas nas etapas de exploração, produção, refino e processamento de gases”:

    Luz circularmente polarizada, especificamente luz de laser.  Se ha dois gases, uma em uma frequencia empurra um tipo de gas pra um lado e outra empurra o gas pro outro desde que esteja em frequencia diferente.

    Ver “tractor beam” de Star Trek, que “foi inventado” (coff coff) e esta discutido nesse item do Phys.Org:

    Researchers build reversible tractor beam that moves objects 100 times farther than other efforts

    A presenca de oxigenio no processo nao eh exatamente recomendada…  Mas o ponto eh que o gas tem que atravessar o tunel em movimento espiral tambem, e nao estar so gaseando no ar.  O beam de fora separa um tipo de molecula e o de dentro separa outra.

    Bom, estamos falando de tuneis 0.2 milimetros.  Facinho facinho!

    Uh…

    1. “O beam de fora separa um

      “O beam de fora separa um tipo de molecula e o de dentro separa outra.”:

      Opa!  Fui fazer gozacao e cafundi ozassunto!  Laser beam de um lado em uma polaridade, laser beam de outro lado em outra polaridade e frequencia.  (O nigucim dos 0.2 milimetros eh o que era gozacao embora seja factual na reportagem.  Eu tava pensando em outra tecnica de lasers separados e nao concentricos.

      Por sinal, alguem ja descobriu como embedar o terceiro beam no duplo?

      Ta vendo como a tecnica que eu tinha em mente eh um pouco diferente agora?

  4. Pesquisa Pré Sal

    Nassif

    Quanto à pesquisa não tivemos nenhuma oportunidade de conhecermos qual a proposta do candidado Aécio para o setor. Como este candidato se refere e se espelha em FHC creio que teremos poucos recursos e engavetamento de vários projetos.

    Fiz doutorado na década de noventa na UFRGS. Lembro muito bem qua a Universidade estava em processo de sucateamento , os recursos eram escassos e os valores das bolsas de estudos  uma porchete.

    Caso este candidato ganhe a eleição acredito que retornaremos a infeliz década de novento. Voto para que isto não aconteça.

  5. ESTAMOS PREPARADOS PARA UM ACIDENTE?

    Espero que tenham a responsabilidade de poder conter qualquer tipo de vazamento, para que o pré sal não seja uma aventura…

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