Amorim diz à CNV que Forças Armadas não negam violações de direitos humanos

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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O ministro da Defesa, Celso Amorim, durante coletiva sobre o esquema e estrutura de segurança para a Copa do Mundo (José Cruz/Agência Brasil)

O  ministro  da  Defesa  buscou  respostas das  Forças Armadas  a  questionamentos  feitos  pela  Comissão Nacional  da  Verdade          José  Cruz/Agência  Brasil

O ministro da Defesa, Celso Amorim, recolheu manifestações dos comandos militares sobre os resultados das sindicâncias feitas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) e afirmou que, como parte integrante do Estado brasileiro, o ministério reconhece as violações de direitos humanos ocorridas de 1946 a 1988. No entanto, na transcrição das respostas, os comandos das Forças Armadas evitam admitir as responsabilidades de cada uma delas nessas violações.

Provocado por Amorim a se manifestar, considerando que o Estado brasileiro, em seu ordenamento jurídico, já admitiu sua responsabilidade na morte e desaparecimento de pessoas durante o período da ditadura, o Exército respondeu:  “este comando entende que não lhe é pertinente manifestar-se a respeito dos atos formais e de outras decisões tomadas pelo Estado brasileiro ou, ainda, opinar sobre situações já definidas pelo ordenamento jurídico vigente.”
A Força Aérea disse que, ao pesquisar em documentos históricos, não encontrou informações que corroborem as conclusões apresentadas pela CNV e acrescentou: “o Comando da Aeronáutica também não dispõe de elementos que sirvam de fundamento para contestar os atos formais de reconhecimento da responsabilidade do Estado brasileiro.”

Já a Marinha informou que “não foram encontrados indícios, nem provas documentais ou materiais que permitam confirmar ou negar as informações apresentadas pela Comissão Nacional da Verdade” sobre as violações de direitos humanos.

Apesar do posicionamento evasivo das Forças Armadas, Amorim conclui sua resposta à CNV dizendo que “compartilha do reconhecimento da responsabilidade estatal pela ocorrência de graves violações de direitos humanos praticadas no período de 18 de setembro de 1946 a 5 de outubro de 1988” e que as respostas dos comandos militares também não “se contrapõem” a esse reconhecimento.

Os integrantes da Comissão Nacional da Verdade vêm reclamando das falta de colaboração por parte dos membros das Forças Armadas – dos comandos e dos militares inativos que participaram dos atos da ditadura – com as apurações.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

9 Comentários

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  1. embora nenhuma punição ao

    embora nenhuma punição ao torturdores

    tenha se concretizono caso do brasil,

    em comparação com a argentina,

    por exemplo, onde vários

    líders militares foram presos,

    a admissão pelo estado brasileiro de que tenha havido torura, já significa pelo menos um pequeno avanço em direção à verdade buscada.

  2.  
    Notável como os militares

     

    Notável como os militares da ativa teimam em proteger tentando esconder os crimes praticados pelos velhinhos de 64, ora aposentados. Qual será o mistério? Mesmo ao custo de sujar o nome das Forças Armadas em prol de preservar o nome de traidores indisciplinados. Que temem os atuais estrelados?

    Orlando

  3. Quero ver fazer os três

    Quero ver fazer os três comandantes das armas (não o nanico) virem a público e dizer:

    – Sim houve torturas nos quartéis…

    Apostas?!?!

  4. Hipótese perturbadora: e se

    Hipótese perturbadora: e se as Forças Armadas — onde já quase não há envolvidos com a ditadura — tiverem assumido o regime de exceção como parte de seu papel institucional?

    http://outraspalavras.net/blog/2014/09/20/comissao-da-verdade-por-que-calam-os-militares/

     

    Já é hora de não mais se tratar essas atitudes das forças armadas como hipóteses e tentar jogar a poeira para debaixo do tapete. Para mim, é fato que eles assumiram enquanto instituição o papel de defensores da ditadura. A pergunta agora é: que fazer com forças armadas assim ? A PM é possível até pensar em torná-la civil na esperança de que se toprne decente mas o mesmo não pode-se pensar como solução para as forças armadas.

  5. Já chega…………………

    Que se cometeu crimes contra a vida à época da ditadura, não resta a menor dúvida.

    O Estado brasileiro já assumiu inclusive várias indenizações por conta dos excessos praticados por oficiais desta forças e de  civis ligados a elas. Pouco se fala das empresas que cooperaram neste processo, inclusive enriquecendo com ele.

    Mas até quando iremos ficar neste confronto? Até quando o País ficará a mercê desta revanche ?

    Temos que ver, que estas atitudes de confronto com as Forças Armadas, estas exigências exageradas aos atuais oficiais para que peçam desculpas, se humilhem, se ajoelhem, quando nem mesmo exerciam sequer algum comando àquela época, não procede.

    Devemos sim, dar um basta a esta triste etapa vivida, e ir em frente, pois minha limpressão é de que querem nos jogar uns contra os outros, nos dividir para continuarem a nos saquear pois conforme diz o ditado – “Dividir para governar”!

    Os aliados aos interesses externos, sempre estarão atentos para voltarem a manipular os incautos e por isso, devemos estar sempre atentos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 

    O Brasil, tem e pode continuar fazendo a diferença entre as nações, e nós como brasileiros, devemos contribuir para que isto aconteça!!!

     

  6. Essa postura de São Jorge em

    Essa postura de São Jorge em lobby de bordel é risível e revoltante, só compromete a credibilidade das instituições atuais.

  7. São Jorge em bordel.

    Essa postura de São Jorge em lobby de bordel é risível e revoltante, só compromete a credibilidade das instituições militares atuais. Em Santos, a Marinha manteve um(?) navio prisão chamado Raul Soares aonde conhecidos de meu pai e minha mãe foram presos e torturados só por serem sindicalizados, tinham suas marmitas escarradas e estavam confinados em cubículos a 50°C; isso em 64, portanto antes de qualquer guerrilha. A postura das instituições militares e judiciais de não fazerem auto crítica só demonstra um viés de subcultura antirrepublicana.

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