BC: uma questão de tempo, por José Ricardo da Costa

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Uma questão de tempo

Por José Ricardo da Costa

Olhando para a evolução histórica das instituições no Brasil, se percebe que daqui a vinte ou trinta anos, ou antes, o Banco Central do Brasil terá autonomia operacional e, provavelmente administrativa e orçamentária, garantida em Lei.

Os bancos centrais são instituições relativamente recentes na história mundial. Apareceram e se aperfeiçoaram a partir do Século XIX, para evitar a ocorrência de sucessivas crises bancárias (emissão excessiva de moeda e colapso da convertibilidade de notas bancárias), que exerciam efeitos adversos sobre as economias. No século XIX, já havia bancos centrais em quase todos os países do mundo mais desenvolvido e, após a I Grande Guerra, a Liga das Nações sugeriu sua criação em países onde ainda não existiam, favorecendo a sua instituição na maioria dos países da América Latina, desde o início do Século XX.

Mas o Brasil, entretanto, só veio a fazê-lo efetivamente em 1964 e, mesmo assim, manteve o poder de emissão de moeda compartilhado entre o Banco Central do Brasil (BCB) e o Banco do Brasil até 1986.

A consolidação do BCB como autoridade monetária só avançou efetivamente com a extinção da Conta-movimento e de programas de fomento no balanço contábil do BCB; a criação da Conta Única do Tesouro Nacional e as imposições constitucionais de proibição ao financiamento direto ou indireto do BCB ao Tesouro Nacional e de concessão de exclusividade para a emissão de moeda ao BCB, em nome da União. Até então, a falta de separação efetiva dos orçamentos fiscais e monetários foi uma das principais causas da espiral inflacionária e da volatilidade do crescimento econômico.

Em 2000, o legislador proibiu a emissão de títulos próprios pelo BCB, por meio da Lei de Responsabilidade Fiscal, para obstruir o último canal de financiamento potencial da autoridade monetária ao Tesouro Nacional.

A autonomia formal, entretanto, para o BCB conduzir a política monetária ainda não foi concedida. Nesse sentido, convém observar o arranjo predominante no mundo atual para os bancos centrais: a especificação clara dos objetivos, a autonomia do processo decisório, a introdução de mecanismos de responsabilização e mandatos fixos para os dirigentes. Tal arcabouço é encontrado em bancos centrais de várias economias maduras e emergentes, inclusive da América Latina, tais como Chile, Peru, Colômbia e México. Será que o Brasil é tão diferente de outros países?

Ressalte-se que a autonomia não é condição necessária, nem suficiente, para alcançar a estabilidade de preços e, assim, favorecer taxas de juros mais baixas no longo prazo. A autonomia formal contribui para o fortalecimento da credibilidade dos bancos centrais ao explicitar, aos formadores de preços e outros agentes econômicos, o seu compromisso com a manutenção da inflação em patamares reduzidos, com decisões embasadas tecnicamente e foco no médio e longo prazo, e não em ganhos de curto prazo.

Nesse ambiente, a autonomia do banco central fortalece o papel do governo como promotor do desenvolvimento econômico e favorece os ganhos de bem-estar para a sociedade. Por outro lado perdem os banqueiros, que deixam de se apropriar de ganhos fáceis decorrentes da inflação elevada.

No Brasil, parte substancial dos economistas heterodoxos têm se posicionado contrários à autonomia do BCB. Não obstante, um dos mais brilhantes expoentes da heterodoxia econômica,Hyman Minsky, é um grande defensor do papel estabilizador dos bancos centrais, que devem atuar para evitar crises e reduzir seus efeitos e não se manifestou contrário ao amplo grau de autonomia detido pelo banco central dos EUA, Federal Reserve.

Nesse debate sobre a autonomia do BCB, muitos analistas repercutiram a avaliação do acadêmico Joseph Stiglitz, prêmio Nobel em Economia, de que países com bancos centrais sem autonomia, como os do Brasil, Índia e Rússia, enfrentaram com mais efetividade a crise financeira global, iniciada em 2008, que os Estados Unidos e a Europa. A verdade é que existe uma correlação espúria nessa conclusão. O Brasil, Índia e Rússia não retiraram dos seus bancos centrais o objetivo de promover a estabilidade financeira, como nas economias citadas por Stiglitz, e puderam blindar seus sistemas financeiros, e em última instância suas economias, dos efeitos adversos da instabilidade internacional. Ressalte-se, inclusive, que, após a crise financeira, questionou-se intensivamente a utilidade da desagregação de funções da autoridade monetária e da autoridade supervisora do sistema financeiro. Verificaram-se, desde então, iniciativas disseminadas de fortalecimento do papel dos bancos centrais na defesa da estabilidade financeira, como já é feito no Brasil.

Além disso, uma mirada mais atenta em texto do Stiglitz, de 1998, o ganhador do Nobel afirma que o Federal Reserve (considerado um dos mais independentes do mundo) possui um bom balanço de governança no seu modelo, a qual inclui a sua autonomia:

“Nós temos política monetária relativamente previsível, inflação relativamente baixa e recentemente o Fed tem sido mais tolerante com quedas nas taxas de desemprego. O sucesso do modelo de funcionamento do Fed tem permitido maiores períodos de expansão do PIB e menores de recessões.”

A legítima preocupação de que a autonomia do BCB o deixará livre do controle das instituições democraticamente eleitas não é ratificada pela experiência internacional, na qual se verifica que a maioria dos bancos centrais com autonomia operacional atua harmonicamente com os governos, os que definem as metas de política econômica; e com os parlamentos eleitos, aos quais os dirigentes de bancos centrais prestam contas regularmente e se responsabilizam pela missão que receberam. Na maior parte dos casos, inclusive, tais dirigentes podem ser demitidos por “déficit de desempenho”, caso não cumpram metas determinadas pelo governo e/ou pelo parlamento.

Quanto à preocupação de que o BCB autônomo tenderia a ser “capturado” pelos interesses de mercado, é importante que a lei de autonomia do Banco Central contenha mecanismos de governança que garantam a integridade de seus dirigentes (desincentivos aos conflitos de interesses) e definam os critérios de destituição de seus cargos no decorrer dos mandatos, com a devida ratificação pelo parlamento, onde estão os representantes da sociedade.

Nesse contexto, o amadurecimento institucional e o reconhecimento da democracia brasileira da importância do gerenciamento da moeda para o crescimento sustentável associado à baixa inflação levarão, certamente, à concessão de autonomia operacional, administrativa e orçamentária do Banco Central do Brasil. O parlamento, os próprios governantes e candidatos ao governo desejarão que a condução da política monetária seja exercida com autonomia pelo Banco Central do Brasil. O Brasil chegará lá. 

José Ricardo da Costa e Silva é PhD em economia pela Washigton University em Saint Louis e Conselheiro do Sinal-DF (nosso sindicato aqui em BSB).

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

23 Comentários

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  1. Antes disso, tem tanta coisa

    Antes disso, tem tanta coisa no Brasil que é bem mais urgente, por que não serviços publicos de qualidade? Atendimento medico que funcione? Segurança que funcione? Educação de qualidade?  mais respeito aos consumidores brasileiros maltrados diariamente por empresas de bens e serviços?  Um transporte puiblico que realmente funcione? Tem tanta coisa mais importante e urgente que esse bc indenpendente (alias de quem?).

  2. A tecnocracia e sua fé no

    A tecnocracia e sua fé no inevitável… O texto é “wishful tinking”. Quem vai controlar o BC? O Congresso Nacional? Dá vontade de rir, não tem agilidade suficiente. Só vai controlar, se controlar, ex-post. E em economia controle ex-post e nada é o mesmo!

     

  3. O BANCO CENTRAL

    A autonomia do FED levou à crise de 2008.

    Ainda, a argumentação pela condução da política financeira peca face à emissão franca de dólares e financiamento do deficit americano pelo resto do mundo.

    O BACEN é órgão do governo federal como qualquer outro e deve sim ser submetido às políticas federais.

    O professor Delfim fala em ser o BC um “instrumento útil” face sua independência e possível contraposição à gerência do governo federal mas aparentemente esqueceu que assim o “instrumento útil” controlará o “instrumentado”.

    Ao inverso, se pode dizer que o Presidente da República é “um instrumento útil” na condução da política financeira do BC.

     

    1. Nada a ver. O FED não tem por

      Nada a ver. O FED não tem por função fiscalizar bancos, conceder registro a bancos, fiscalizar mercado financeiro, o sistema é muito diferente do Brasil. Lá o registro e fiscalização de bancos é atribuição do Escritorio do Controlador da Moeda do Departamento doTtesouro, a fiscalização da emissão de papeis e titulos é da SEC – Comissão de Valores Mobiliarios, o FED é o conjunto de 12 bancos regionais emissores de papel moeda e não foi isso que causou a crise de 2008 e sim a falta de fiscalização do mercado financeiro, o que nunca foi atribuição do FED.

  4. E o PROER?

    Nada será dito sobre o programa que, não tivesse sido implementado no passado, teriam os bancos brasileiros quebrado em 2008? Até Lula fez propaganda do programa para o mundo, cacarejando ovos que não pôs…

  5. sim, sim
    Primeiro uma gde historia para todos eh a da criacao do bco central no Brasil recente. Na ditadura. Muitos foram transferidos para o bco central em brasilia. Outra que o quadro ainda tem gerencia e funcional baseado no quadro do bco do Brasil que foi deixando de ser bco para ser bco central. Criou a criatura dentro do criador.
    Segundo querer a independencia do BC eh justamente as autonomia das universidades que nao teve a contra partidas. Nao ha compromiso.
    Nao!
    O BC central nao pode atuar independente visando sua agenda economica somente. A prova foi a crise de 2008 que contrapoe. Pode nao haver concordancias mais o governo do Obama ficou vendido por atuacoes e falta de sincronismo na crise. O que o governo Obama tentava fazer em funcao do americano, criar frentes de trabalho, investimentos etc. a protecao do trabalhador, o homem americano, o BC nao, era prioridade proteger a economia e doa a quem doer.
    Frank o representante e da area economica dos democratas foi varias vezes explicar e dar sustentacao as acoes economica do governo com a lider da camera.
    Sim senhor, que governava com o conjunto economico e o BC foi melhor na crise. Olhe a europa doutor se nao concorda com america.
    Esta independencia ou autonomia tem mais do que simples teorias, inflacao, moeda,cambio, estabilidade macro/micro e juros.
    Temos tambem cidadaos que devemos olhar alem dos numeros, tabelas e graficos.
    Esta historia e seu final de texto eh deploravel.
    Seja realista ou vvivo noutro mundo.
    Como o Brasil chegara lah cara palida, se o lastro da moeda eh o dolar e que quem faz e desfaz eh o dono.
    Vivemos num mundo economico falso e sem bases concretas internacionais.
    Para com isto.
    Deixa disso.
    Ta enganando no seu jogo sem uma gde reforma no mundo senhor.
    QQuer movimento brusco do brics serah como das asas da borboletas na historia!
    BC qualquer eh um perigo para o pais, para o povo e para o mundo.
    Nao falei da cirandas internacionais.

  6. BCE

    O Banco Central Europeu é o mais independente de todos em relação à política. É o sonho dos neoliberais: um BC sem Estado. Obedece apenas às suas regras internas e toma apenas decisões “técnicas”. Pelo seu estatuto, é proibido de emprestar diretamente aos governos, apenas aos bancos. Resultado: os bancos pegam o dinheiro a 0,25% no BCE e emprestam aos governos a taxas de até 10%. Graças a isso, a economia européia vive dias de glória do neoliberalismo, com o desmprego chegando a 30% em alguns países.

  7. Enquanto isso

    E daí? Nada?

    Economia do governo desaba para 10% da meta deste ano

    Gastos públicos sobem em agosto e superam receitas em R$ 14,5 bilhões

    Superavit para abater dívida pública cai para R$ 10,2 bi até agosto; promessa era poupar R$ 99 bi até dezembro

    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/188429-economia-do-governo-desaba-para-10-da-meta-deste-ano.shtml

    Como cidadão sei que sou um zero à esquerda nestas questões , além do que não sou a favor e nem contra o BC indepemdemnte,mas perguntar não dói: com um banco central central independente , mesmo em ano de eleição presidencial, ocorreria o cenárioi acima?

  8. Vou te contar viu…

    É realmente impressinante como os “economistas” usam e abusam de premissas DUVIDOSAS. E o pior: tiram conclusões supostamente verdadeiras . Então, só podemos pensar em que? Ora, sofismas! Um atrás do outro. Senão vejamos!

    Leiam esta passagem do texto:

    (…) Tal arcabouço é encontrado em bancos centrais de várias economias maduras e emergentes, inclusive da América Latina, tais como Chile, Peru, Colômbia e México. Será que o Brasil é tão diferente de outros países?(…)

    Ora, ora, ora, o autor do texto começa desenvolvendo uma “estória” sobre os bancos centrais no mundo que , segundo ele, começa no século XIX. Depois disse que no Brasil ” só veio, efetivamente, em 1964  , e ao final, me solta essa pergunta no ar: Será que o Brasil é tão diferente de outros países?.

    Vou responder: SIM, o BRASIL é MUITO DIFERENTE de OUTROS PAÍSES. A começar pelo pelo que você mesmo disse: no brasil só veio, efetivamene, em 1964″. E tem mais. O brasil se difere de todos a começar( apenas para começar)  pelo surgimento histórico( aquela invasão nas terras dos otários) depois, pela imposição do PORTUGUÊS com a ajuda dos jesuítas( reparem bem, só aqui , neste quintal anômalo se fala português “oficialmente”, nos outros países citados NÃO. Pergunte para “Castela”. E as diferenças continuam. Lembremos de 1888…( e olha já o “bacen da monoarquia” já existia indesde 1808) O tempo passou e a sumoc sumiu…

    E a roubalheira generalizada das riquezas dessa terra, principalmente no período patrimonialista da república velha e de meia tigela, periodo que, segundo o autor,  a tal “desliga das nações” teria incentivado a suposta criação de bancos centrais. Ora, meu caro, a desliga das nações nacera MORTA com seus tratados pararelos. Pode até ter incentivado alguma coisa, mas o incentivo tem todo o jeitão de  cavalo de tróia. Keynes sabia? Os  nazi-facistas sabiam?  Porque surgiu a ONU com seu  CONSELHO permanente?  E a bomba atômica? Constava das “planilhas” do economistas? Uma bombinha ali outra acolá, enfim, essas  podem variar a “taxa de juros” e estabilizar a economia também não? E no “curto prazo heim!…

    Quanto ao Brasil… santo deus, o que me vem a cabeça agora, naquele magnífico período “industrial”,  é a queima de café…

    Por essas e por outras, o BRASIL é sim MUITO, mas MUITO diferente dos demais países. Assim, meu caro economista,  sua proposição interrogativa, supeita e aberta, será FALSA se obtiver uma resposta de que no Brasil não seria assim, tão diferente dos outros. Reforçando: o Brasil é sim, muito diferente dos “outros”. ( ou as constituições são iguais? O povo é igual ou muito diferente? O território é igual ou muito diferente?E para ficar na baboseira econômica, o PIB é igual ou muito diferente? E o PNB é igual ou diferente, sobretudo, em relação aos países “centrais”?)

    Vou para por aqui nessa  análise do primeiro trecho. Mas teria mais a dizer para  refutar a primeira BABOSEIRA de análise feita pelo autor. ( com o devido respeito à pessoa do autor. Refiro-me ao argumento utilizado)

    Prosseguindo.

    Vejam essa outra parte do texto:

    (…)”Ressalte-se que a autonomia não é condição necessária, nem suficiente, para alcançar a estabilidade de preços e, assim, favorecer taxas de juros mais baixas no longo prazo. A autonomia formal contribui para o fortalecimento da credibilidade dos bancos centrais ao explicitar, aos formadores de preços e outros agentes econômicos, o seu compromisso com a manutenção da inflação em patamares reduzidos, com decisões embasadas tecnicamente e foco no médio e longo prazo, e não em ganhos de curto prazo.(…)

    Comentando:

    Aqui o autor usa, ou melhor abusa da lógica vulgar. E ao abusar invalida o argumento. Dizer que autonomia NÃO É condição necessário , nem suficiente para alcançar a estabilidade de preços e assim, favorecer taxas de juros mais baixas no longo prazo, tem todo o jeitão de   sambarylove  embutido no “ar” de lógico.

    Noutras palavras ele não disse NADA, além do que está escrito. Brincou com a lógica. 

    Agora não vamos brincar:

    Se é brasil então necessariamente não é outro país. É outro país , logo, não é brasil. 

    Ser brasil é condição suficiente para não ser outro país. 

    Ser outro país é condição necessária para não ser brasil. 

    Ou ainda:

    Baboseiras econômicas é condição necessária e suficiente para refutar as premissas mais acima expostas.

    Mas, não para por ai. Ato contínuo, o autor procurar explicar qual seria a consequência da  tal autonomia formal assim:

    “a autonomia formal contribui para o fortalecimento da credibilidadde dos bancos centrais ao explicar, aos formadores de preços e outros agentes econômicos, o seu compromisso com a manutenção da inflação em patamares reduzidos, com decisões embasadas tecnicamente e foco no médio e longo prazo, e não em ganhos de curos prazo”.

    Comentário: Um monte de BABOSEIRAS que não nos diz NADA.

    Reparem: “outros agentes econômicos”( trata-se de um clichê que solto no ar e não diz nada. Quem são os outros agentes econômicos nesse mundo concentrador de riquezas? Dê nomes!)

    Longo prazo( aquele que todos nós estaremos mortos?) 

    Formadores de preços ( quem são os formadores de preço?) Esta falando da “LIVRE CONCORRÊNCIA? Ou dos oligopólios, ou dos monopólios ou das transnacionais ou dos consumidores zumbis desinformados, ou do… enfim, baboseira de senteça aberta que não diz nada.  Não me venha com “generalizações” para embasar sua premissa fajuta.

    E olhem esta passagem:

    ” com decisões embasadas tecnicamente”… ah francamente…  DECISÕES são embasadas POLITICAMENTE, mormente, em matéria de administração de CONFLITOS SOCIAIS, conflitos de distribuição. Cada uma querendo pegar a sua fatia só que as “decisões” são embasadas “tecnicamente”. Ah meu, conta outra. Essa baboseira já não cola mais.

     

    Por fim, conclui de maneira espetacular:

    (…)Nesse contexto, o amadurecimento institucional e o reconhecimento da democracia brasileira da importância do gerenciamento da moeda para o crescimento sustentável associado à baixa inflação levarão, certamente, à concessão de autonomia operacional, administrativa e orçamentária do Banco Central do Brasil. O parlamento, os próprios governantes e candidatos ao governo desejarão que a condução da política monetária seja exercida com autonomia pelo Banco Central do Brasil. O Brasil chegará lá. “

    Comentando:

    E minha conclusão não poderia ser outra a não ser concluir que estamos diante de um tanto de premissas que não podem nos levar a concordar com  essa conclusão do autor. 

    Vejam essa passagem magnífica : “amadurecimento institucional e o reconhecimento da democracia brasileira da importância do gerenciamento da moeda para o crescimento sustentável… blá, blá, blá daqueles!

    Esse fecho deve ser usado em várias “teses” por ai. Sabe como? Aquelas “teses” que em nada contribuem para o DESENVOLVIMENTO das pessoas, contidas nesse território e que , sabendo ou não,  DOARAM parte de sua soberania para formar essa REPÚBLICA que tem como FUNDAMENTO, dentre outros, os valores sociais DO TRABALHO ( e não do CAPITAL) , com livre iniciativa. Além disso, buscam construir uma sociedade livre JUSTA E SOLIDÁRIA, que garanta o DESENVOLVIMENTO NACIONAL ( e não o crescimento)  dentre outras coisas.

    Mas, é claro, são teses que dão “títulos”. E ai, você pode sair falando qualquer baboseira. Tem uns que até ganham prêmio nobel com teses que “agradam”  a “comunidade, ops, a “sociedade internacional”…

     

    Mas tais teses  aqui, não passam de baboseiras.

    Saudações

     

     

     

     

    1. Comentários que são aulas, sou fã, viu?
      Só um adendo…. parece que a política de imposição do PORTUGUÊS foi Pombalina. o dito cujo chutou os jesuítas com seus dicionários e gramáticas de Tupi da jogada.

      1. Tupi guarani

        Obrigado Ingrid.

        Mas quanto ao português culto, aquela da casa grande  leia, por exemplo,  página 415 do Casa grande e senzala edição 80 anos.

        A política de imposição veio de portugal , não restam dúvidas. Mas a “sacanagem”  que até hoje carregamos no próprio idioma oficial , na minha opinião, vem mesmo desta “diferenciação de classes”. Uma coisa é o português culto, dito pelos Senhores da Casa grande. Outra  coisa é o português vulgar, dito pelo povo, o “negro”, o português falado na cozinha.

        Suponho que os gramáticos se esforçam até hoje para introjetar tal “diferenciação” nas cabecinhas dos DESAVISADOS!

        A regra na NGB é aquela que é “culta” . E essa cultura toda parece ter sido “catequizada” diretamente nos cunhatãs. Falou em catequese, já viu tudo né. Dá-lhe jesuítas. ( repare o Z e o S do catequizar e da catequese. Qual a diferença?)

        O que vale mesmo são os mais de 200 idiomas que são FALADOS brasil afora.

        Fico pensando: por que diabos tiraram o tupi guarani da jogada?…

        Saudações

  9. Questão de tempo

    era uma questão de tempo que o globalismo implantando pelo neoliberalismo de Reagan e Tatcher traria  uma nova ordem e um mundo mais justo e feliz.

  10. A coisa já estava indo, indo,

    A coisa já estava indo, indo, quando me deparei com a palavra “heterodoxo”: deu uma preguiiiça.

    A coisa é simples: é o Soberano, o Soberano que define o mandato do BC; o pessoal “domercado” não foi eleito nem foi aprovado para pensar o país: só sabem comprar barato e vender caro, só isso.

  11. marx

    numa passagem em seu livro “a guerra civil na frança”, marx senticiou que a comuna perdeu a guerra quando deteve-se diante do “banco de frança”, temendo tomá-lo. vacilaram!

    os plutocratas internacionais querem positivar a tomada do tesouro nacional brasileiro na mão grande de meia dúzia de patifes da ‘oposição’ de direita (que viajam em ‘aviões sem dono’; vivem em ‘apartamentos emprestados’; constroem aeroportos com dinheiro público em terras de tios e primos etc) com esse invólucro: “a autonomia do banco central”.

    só que eu, enquanto cidadão, não elejo apenas o presidente da república: elejo também, através dele, o presidente e a diretoria do bacen.

  12. a fiinceirização da

    a fiinceirização da economia

    domina o mercado europeu.

     

    sou leigo, logo serei ingenuo.

    a ideia de que há harmonia entre a

    independencia entre o bc independente

    e os governos é verdadeira.

    só que na europa pelo que si esses governos

    já são dominados pelos interesses financeiros.

    isto é, omercado já assumiu esses governos

    ilegitimamente, porque defende seus interesses, claro,

    não os do povo.  

    por isso é  óbivo que há harmonização

    do mercado com esses governos

    já assumidos pelo próprio mercado.

    é o que quremos?

    eu não quero isso.

    a  política ainda é a saída

     

  13.   Ah, que bonito! O “fim da

      Ah, que bonito! O “fim da história”, agora traduzido para o economês!! É “uma questão de tempo”!!! Então parem de subornar candidatos a presidente para que deem independência ao BC.

      Quem é o pateta mal-intencionado autor do texto?

      Detalhe: engraçado que em muitos países se fale em autonomia, como por exemplo a Catalunha ou partes da Ucrânia. O que querem é fazer do BC um Estado à parte, algo tentado recentemente pela Escócia. Agora… como o BC define nossa política de juros, entre outras medidas, o Brasil se tornará COLÔNIA do BC!!!! Só rindo.

  14. Quanto menos independente mais independente ou o contrário

     

    Luis Nassif,

    No fundo a questão do Banco Central Independente ou autônomo não tem a importância que se quer dar.

    Aqui e ali ajuntam-se argumentos que podem do mesmo jeito demonstrar a correção da proposta como refutar a necessidade dela.

    Em relação ao post “BC: uma questão de tempo, por José Ricardo da Costa” de quarta-feira, 01/10/2014 às 09:02, não se pode deixar de mencionar que o autor, além da ótima formação com PhD em economia pela Washigton University em Saint Louis, é conselheiro do SINAL-DF, o sindicato dos funcionários do Banco Central. Então, embora eu nem mesmo seja economista, eu poderia dizer que o texto de José Ricardo da Costa mais parece ter o objetivo de atender uma demanda da corporação. O que não invalida. Com um viés muito parecido, principalmente no sentido de que visa atender o interesse de determinada classe, ontem houve o post “Marxianos, keynesianos ou marcianos?, por Delfim Netto” de terça-feira, 30/09/2014 às 09:07, contendo a transcrição do artigo “Marxianos, keynesianos ou marcianos?” de autoria do ex-ministro Antonio Delfim Netto e publicado no Valor Econômico. Embora houvesse muita crítica a Antonio Delfim Netto e o Droubi em comentário enviado terça-feira, 30/09/2014 às 10:50, para junto do comentário de Alexandre Weber – Santos – SP enviado terça-feira, 30/09/2014 às 10:14, tenha salientado o viés dos textos do ex-ministro Antonio Delfim Netto dependendo do público a que o texto dele alcança, eu particularmente não vi muito a discordar com o que diz o ex-ministro. Ou seja, é um texto que tem um viés à medida que visa atender o interesse de determinada classe, mas este viés não o invalida. O endereço do post “Marxianos, keynesianos ou marcianos?, por Delfim Netto” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/marxianos-keynesianos-ou-marcianos-por-delfim-netto

    No seu post de hoje “O samba de uma nota só do Banco Central” de quarta-feira, 01/10/2014 às 06:00, você faz uma resenha da discussão que se travou no Brasilianas.org de segunda-feira, 29/09/2014 com o tema sobre a independência do Banco Central. Da discussão participaram Roberto Troster – ex-economista chefe da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) –, José Ricardo da Costa e Silva – conselheiro do Sindicato dos Funcionários do Banco Central – e André Biancarelli – do Instituto de Economia da Unicamp. O José Ricardo da Costa e Silva é o mesmo José Ricardo da Costa que produziu o texto para o Sinal “Uma questão de tempo” e que redundou neste post “BC: uma questão de tempo, por José Ricardo da Costa”. Destaco seu post “O samba de uma nota só do Banco Central” porque na sua resenha do programa do Brasilianas.org você deixou de lado o tema da discussão que seria sobre a independência do Banco Central e passou a centrar crítica no apego do Banco Central ao sistema de metas inflacionárias.

    Na verdade você dá um parágrafo para falar sobre o debate na Brasilianas.org com o tema a independência do Banco Central. Diz você lá no mencionado parágrafo:

    “No debate, admitiu-se que a correlação entre BC independente e baixa inflação só vale para países desenvolvidos, com moedas conversíveis e que há tempos convivem com baixa inflação. O que obviamente não é o caso do Brasil”.

    É conclusão óbvia, mas sem dúvida importante e necessária e que mostra que o Brasil está ainda alguns anos atrás de outros países mais desenvolvidos, ou menores no seu espaço geográfico e em razão disso com menos problemas ou dadas as características geográficas, com problemas mais fáceis de serem resolvidos. Aliás, aqui neste post “BC: uma questão de tempo, por José Ricardo da Costa” há um comentário de Mogisenio enviado quarta-feira, 01/10/2014 às 11:03 que diz muito sobre as nossas diferenças. Eu, não gosto de destacar muito as diferenças porque vendo do alto, o mundo parece muito parecido. E há muita semelhança nas diferentes culturas, nos diferentes níveis educacionais, nos diferentes níveis de produtividade, nos diferentes níveis sócio-econômicos de um país para outro. Enfim, penso que o José Ricardo da Costa e Silva está certo quando prognostica um Banco Central Independente para o futuro do Brasil. Ainda assim, acho que a discussão peca em dois pontos. Primeiro não se demonstra tecnicamente que uma inflação de 3% é melhor do que uma inflação de 10%, em especial em países em desenvolvimento como o Brasil.

    E o segundo ponto é que por mais independente que venha a ser um Banco Central mais bem fará o Banco Central para o pais se houver uma atuação harmônica entre ele e o Ministério da Fazenda. Sobre isso eu deixo a indicação para o post “Os sofismas sobre a independência do Banco Central” de sexta-feira, 26/09/2014 às 06:00, aqui no seu blog e de sua autoria e que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/noticia/os-sofismas-sobre-a-independencia-do-banco-central

    Junto ao post “Os sofismas sobre a independência do Banco Central” eu enviei sábado, 27/09/2014 às 23:04, um comentário para você deixando a indicação de posts onde se mostra o quanto é relevante a questão do trabalho coordenado do Banco Central com o Ministério da Fazenda (Ou do Tesouro como eles são chamados nos países de língua inglesa).

    E mais, há mais tempo eu li alguma coisa sobre uma briga entre Ronald Reagan e Paul Volcker que teria sido informada por um dos repórteres envolvidos com a descoberta de Watergate. Entrei no Google com Woodward Paul Vocker e Reagan e encontrei o seguinte endereço:

    http://books.google.com.br/books?id=t0y96IB9jsQC&pg=PT96&lpg=PT96&dq=woodward+Paul+Volcker+Reagan&source=bl&ots=woCUvjVOZE&sig=62DuJAeqXtGyVeQqV5iT16-aqlc&hl=en&sa=X&ei=bx8sVJ6kLc6-ggTVjIDYCQ&ved=0CBQQ6AEwAA#v=onepage&q=woodward%20Paul%20Volcker%20Reagan&f=false

    No endereço pesquisado há trechos do livro “Paul Volcker: The Making of a Financial Legend” de Joseph B. Treaster. Em uma passagem que se abriu quando da consulta, Joseph B. Treaster, fazendo menção a trecho do livro “Maestro – Greenspan’s Fed and the American Boom” de autoria de Bob Woodward, aborda a desavença que surgiu entre Paul Volcker e Ronald Reagan quando Paul Volcker, depois de perder a maioria no FOMC (Federal Open Market Committee), pressentiu que haveria pressão para a redução dos juros e considerou que deveria informar antes o Banco Central Alemão e o Banco Central Japonês. No final do mandato, Paul Volcker preferiu deixar a poeira assentar e depois pede demissão.

    Não tenho a parte do livro de Bob Woodward que faz referência a crise entre a Administração de Ronald Reagan e o então presidente do Fed Paul Volcker, mas encontrei o primeiro capítulo do livro “Maestro – Greenspan’s Fed and the American Boom” e que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://www.nytimes.com/books/first/w/woodward-maestro.html

    Pois bem, todo o trecho é para tratar de uma divergência que ocorreu entre Alan Greenspan e o segundo presidente do Fed, Alan Blinder, que tinha sido indicado por Bill Clinton, cerca de 7 anos depois da divergência entre Ronald Reagan e Paul Volcker.

    Das duas divergências há duas informações úteis. Uma é que a independência do Banco Central americano ficou de escanteio com as indicações que no primeiro mandato Ronald Reagan conseguiu fazer. E a outra é que há necessidade da coordenação e que muitas vezes ela vai além dos interesses internos do país.

    Enfim, quando se olha para países ainda em via de desenvolvimento é fácil constatar que há a tendência em aumentar a independência, mas uma vez alcançado o desenvolvimento é preciso cada vez mais que se fique o mais dependente possível, ou a bem da verdade, que se atue da forma mais coordenada e harmoniosa possível.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 01/10/2014

    1. Bom apanhado da perlenga Clever, é assunto de natureza nebulosa

      Concordo com sua defesa do Delfim, como advogado estou acustumado a tomar partido, afinal argumentar faz parte da liberdade de expressão garantida na constituição federal. Expressar idéias e opiniões é direito de todos os cidadãos brasileiros, Delfim incluso.

      Interesses corporativos são legítimos e essenciais se queremos uma sociedade plural onde todos os lados defendam seus interesses.

      A distorção hoje no planeta, entretanto, é a apontada pelo Citi em seus relatórios, uma elite plutocrata que instituiu a plutonomia. Estes, nos ambiêntes onde o DINHERO fala mais alto, são seres humanos diferenciados e tem seus interesses defendidos não por associassões de classe de milhares de funcionáiros, mesmo com alguns com pós doutorado em universidades da YVY league, como soi pode acontecer. Algumas vezes, entretanto, temos notícias de seus prepostos, que abandonam cargos de confiança no governo e montam corretoras ou bancos de investimentos que do dia para a noite angariam carteiras de Bilhões, ou em outros casos, são nomeados para os Boards de instituições transnacionais.

      Veja bem, dos muitos milhares de funcionários públicos, nenhum cai nesta categoria.

      A indepedência do Banco Central é importante para esta categoria rareifeita, a tal da plutonômica, que se beneficia do controle da senhoriagem de moedas e regulamentação de sistemas financeiros mundo afora. Gerindo um processo de arbitragem que lhe é SEMPRE favorável, ou seja ganham na alta e ganham na baixa, estando sempre nas equações de soma zero, as que quando um ganha o outro perde, do lado ganhador.

      Para acabar com esta farra, só um país muito mais organizado, onde o poder de fato caia nas mãos do povo, que organizado irá defende-lo. A China tái para não me deixar mentir sozinho nesta.

       

  15. O tempo não é importante

    O tempo nãoé importante… A vida é importante

     

    É também uma questão de tempo até os neoliberais acabarem com o planeta se deixarem eles fazerem o que querem…  O povo europeu que o diga.

    Ou uma questão de tempo até os europeus se rebelarem e derrubarem o BC independente europeu. Já fizerem isto antes. A revolução francesa que o diga.

    Se a “inevitabilidade” do neoliberalismo não vier por causa o meu voto tudo bem, esta eu não vou carregar na consciencia.

  16. Sendo simplista

    O que percebo é apenas uma tentativa do mercado dominar a política pelos bancos centrais se vendo livre da vontade do povo, ou seja, da democracia. Os caminhos da dominação mudam de métodos e nomes mas continuam. O poder divino dos imperadores e reis, a pseudo democracia restringindo o voto aos mais poderosos, as pseudo democracias com campanhas financiadas quase que exclusivamente financiadas por bancos… agora o método é o domínio dos países pelos bancos centrais tornando-os totalmente independentes, um outro poder, quase que divino aos escolhidos,  os “senhores de bem” ou bens ou a última forma “OS BONS”. Ao melhor estilo do me engana que eu gosto.

    Só tem uma resposta: A LUTA CONTINUA COMPANHEIRO.

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