Charlie Hebdo e como inverter o sentido de uma charge, por Diogo Costa

 
Por Diogo Costa
 
Comentário ao post “Pai de Aylan diz que chorou ao ver charge do Charlie Hebdo
 
SEM CONTEXTO NADA FEITO – Falando com um conhecido que está lá na França pude perceber e confirmar algo de que já suspeitava. A charge do Charlie Hebdo não provocou alvoroço algum na terra de Napoleão.
 
E não provocou por uma razão bem simples e objetiva: a charge é uma crítica ao pensamento médio da direita europeia que imagina, de forma paranóica, que um menino imigrante pode vir a se tornar, no futuro próximo, um estuprador, violador, criminoso ou coisa que o valha.
 
O Charlie não disse que o menino sírio que morreu afogado viria a se tornar um violador de mulheres alemãs, mas sim expôs o pensamento conservador que defende, este sim, que os imigrantes são potenciais criminosos.
 
Foi uma crítica aos conservadores, feita na polêmica charge, que reproduziu o pensamento obtuso dos mesmos. De modo que o contexto é tudo, não é mesmo?
 
A única coisa que os franceses não entendem hoje, e não entenderam no início do ano passado, é essa onda de agressões e de virulência sem limites contra o pasquim alvo de atentados de radicais islâmicos.

Qualquer francês sabe, desde sempre, que o Charlie é uma publicação de esquerda, crítica da Frente Nacional Fascista da família Le Pen, crítica da ocupação dos territórios palestinos, crítica de todos os fundamentalismos religiosos, etc.
 
Para eles a última charge do Charlie não tem nada de esdrúxulo pois é mais uma entre as milhares de charges que criticam o pensamento preconceituoso dos conservadores.
 
O que os indigna são as críticas de pessoas ao redor do mundo, que não entendem o contexto das publicações do Charlie e que ainda acusam este libertário pasquim de cometer delitos que na verdade são o alvo preferencial das suas críticas.
 
Outra coisa que os indigna são as críticas que as pessoas fazem às atitudes do governo francês ao longo da história, transferindo essas críticas para o pasquim Charlie Hebdo, que sempre foi um ácido crítico da postura colonialista da França.
 
Enfim, sem o contexto adequado corremos todos o risco de criminalizar uma publicação que milita no campo popular e de fazer o jogo dos conservadores que a detestam desde sempre.
Redação

57 Comentários

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  1. Pena
    Diogo, que bom que teu comentário subiu.
    Assim teu post pode agregar melhor e com mais embasamento quem defende CH.
    Caso raro, nesta não estou contigo.
    Já expus minha opinião a respeito no post sobre o choro – absolutamente infantil e irracional, pois não? – do pai de Aylan.
    Bela peça de defesa.

    1. Não na França,
      O jornal tem

      Não na França,

      O jornal tem público francês.

      O que ocorre é que em outros países que possuem uma cultura de humor literal não os caçadores de bruxas vasculham o Charlie para pinçar uma charge fora de contexto do jornal e cultural do humor francês.

      E mais, mesmo essa divulgação pela acusação fa a charge funcionar como antirracista, uma ve que mostra o absurdo de pensar como na leitura literal da charge.

  2. Assim como esse importante

    Assim como esse importante comentário do Diogo (mais um an batalha contra a desinformação e caça às bruxas que a esquerda fora da França promove), seria bom que o GGN publicasse essa explicação de Rogério Godinho no facebook:

    https://www.facebook.com/rogergodinho/posts/10153345406128339

    por Rogério Godinho

    Tenho visto as pessoas chocadas – com razão – com a charge da Charlie Hebdo novamente retratando o menino Aylan.
    Há várias acusações. De xenofobia, de racismo, de falta de respeito com a dor da família, de usarem a imagem do menino despudoradamente. Independente da intenção do ilustrador, sou forçado a concordar com essas acusações porque acredito que o comunicador deve avaliar o impacto que tem no público.
    Entretanto, quero compartilhar com vocês algum contexto sobre o trabalho da publicação e a própria cultura francesa do humor.
    Em primeiro lugar, o alvo da Charlie é justamente a xenofobia e o racismo. Nenhum artista ali concorda com os estereótipos. O objetivo dele é a denúncia. A charge está dizendo: “é isso mesmo que você acha que é?”
    “Você acha mesmo que todos os imigrantes são daquele jeito?”
    “Consegue enxergar o absurdo disso?”
    A revista está tentando – sem muita competência nessa charge, do meu ponto de vista – criticar o pensamento xenofóbico, reacionário e racista.
    No caso desta semana, o autor da charge tem um longo histórico de crítica à xenofobia. Laurent Sourisseau, o Riss, é diretor de redação e principal proprietário da revista. Portanto, não se trata de qualquer chargista. Também era dele a charge com Aylan caído em frente a um outdoor do McDonalds.
    Particularmente, não sou fã do Riss. Sua ânsia em chocar é demais para os meus padrões brasileiros. Não porque ele tenha usado o garoto. Afinal, todo mundo usou o garoto. A imprensa, governos, até gente defendendo os imigrantes, como eu, usou. Minha crítica a ele é porque faltou empatia para entender como seu desenho causaria dor nas pessoas.
    Mas, para o leitor tradicional da revista, a intenção de criticar a xenofobia está muito clara. Mesmo o consumidor regular do humor francês entende isso. Na cultura francesa, existe a ideia do second degré (assim mesmo, a expressão usa second). É mais ou menos o que nós entendemos por ironia. Para eles, o sentido literal e óbvio está na primeira camada (ou premier degré). E o que você interpreta, vê depois, o second degré. Menos usadas, ainda há troisième degré e quatrième degré.
    Além do plano teórico, existe a intenção de chocar. Antes mesmo de Luis XVI subir no cadafalso, já havia charges dele decapitado. Suprema heresia na época, mesmo em tempos revolucionários. Se eu vivesse no tempo de D. Maria Louca, ia dizer que aqueles franceses não tinham decência, que não tinham limite.
    A elite cultural francesa rejeita a ideia de tabu. Tudo pode e deve ser revirado, contestado, terra arrasada, uma tradição que remonta a Descartes. E isso inclui qualquer conceito de pudor. Por exemplo, com relação ao sexo. Para eles, o caso Monica Lewinsky não fez o menor sentido. Presidentes franceses pulam a cerca e não faz a menor diferença.
    Ok, podemos aceitar isso. Mas não usar uma criança inocente morta, certo?
    É aqui que eu quero reforçar: eu fiquei chocado com a charge. Não só com essa, com as outras que eles fizeram na época que o Aylan morreu. E, óbvio, essa última foi pior. Os personagens com feição simiesca, a sugestão de que o menino se tornaria um estuprador, de que todo imigrante seja parte daquilo. Mesmo que a intenção seja criticar, a imagem é lamentável. E pode certamente ser usada para outros fins.
    O que eu desejo ressaltar aqui é a diferença entre a nossa cultura e a deles. O contexto da publicação. Eu não gosto. Eu não aceito. Eles não enxergam a mesma coisa. Eles enxergam imediatamente a crítica.
    Talvez o melhor exemplo seja uma capa em que a revista americana New Yorker retratou o Obama como um muçulmano. Foi uma evidente tentativa de emular a cultura francesa do escracho. Em plena disputa eleitoral, a ilustração causou alvoroço. Ambas as campanhas – Obama e McCain – protestaram contra a capa. “Vocês foram longe demais”. E ambas as campanhas tinham plena consciência de que a New Yorker não estava dizendo que o Obama É muçulmano. Óbvio que não. A New Yorker é liberal e democrata. Ela estava ironizando aqueles que diziam isso. Mas Obama e McCain não quiseram saber, seus eleitores não gostaram, pois não entenderam o “second degré”. Não deu certo.
    Aí entra um último ingrediente nessa receita. O público da Charlie Hebdo explodiu. Era uma revista famosa, mas hoje é uma marca mundialmente popular. Riss continua falando com o seu leitor regular, que é quem de fato compra a revista, mas milhões de outros estão prestando atenção. Para estes, é fácil apontar um desenho e dizer: “É da Charlie, aqueles caras do atentado. Acho que mereceram!”.
    Ou seja, um público que nunca leu a Charlie interpreta o desenho como uma ofensa. Que ele é, ao se considerar a mensagem explícita, o premier degré.
    É onde eu e você entramos. Dificilmente vamos aceitar alguns dos exageros da Charlie Hebdo. Mas talvez possamos entender o que realmente está acontecendo ali. E dizer, sem ódio: “esses franceses não têm limite mesmo”.

  3. CH é aquilo que mostra ser.

    De tanto percorrer a curva da ironia e de exercitar o jogo de idéias em oposição e metáforas, o CH acaba dando uma volta completa e produzindo um resultado obscuro que é igual àquilo que combate. E nós, o comum dos mortais, é que temos que entender nas entrelinhas das entrelinhas das entrelinhas da sofisticadíssima e esotérica crítica o que deve ser entendido pelos espertos, aqueles de espírito iluminado e que sabem tudo sobre a atualidade. Ora, desenhos e charges substituem a palavra escrita ou falada para facilitar o entendimento. É comunicação privilegiada pela beleza da arte e direta no seu objetivo. Se uma charge não diz aquilo que parece dizer ela não vale nada e se transforma num arremedo de sí mesmo. Tudo indica que, de fato, estes chargistas são sim preconceituosos e conservadores. E maus, profundamente maus e desrespeitosos dos valores humanos que não competem a eles questionar.

    1. Nao somos os destinatários da charge… Eles a entendem

      Tirar uma charge do seu contexto, e tentar interpretá-la num outro país, de outra cultura, nao pode dar certo mesmo. Mas a charge nao foi feita para nós.

  4. Diogo, vc esta absolutamente

    Diogo, vc esta absolutamente certo. Jamais Charlie faria uma charge racista para quem nem o lê. Os leitores de Charlie foram e são a esquerda francesa. Aquela pequena parcela que defende a imigração, o estado do bem-estar social, a educação publica e a miscigenação de franceses, arabes e africanos nas escolas. Quem acompanha o jornal ha décadas, entende muito bem o que querem dizer com essa charge (lembrando justamente o triste fim da Aylan e a a falta de futuro para os jovens migrantes que se encontram na Europa).

  5. alguém já disse que quando a

    alguém já disse que quando a piada precisa explicada é constrangedor tanto para quem não entendeu quanto para quem não se fez entender

  6. O Islã e o sexo

    Gostaria de ver a reação dos defensores dos mussulmanos, dos que separam os mussulmanos bonzinhos dos fundamentalistas, se tivessem esposa ou filhas na Alemanha. Lá os homens estão dando gás de pimenta para suas filhas e esposas. Abafaram um caso de escravidão sexual na Holanda, com medo da pecha de islamofobia.

    É hipocrisia cega não ver a relação entre o Islã e o sexo, mórbida, com alta dose de repressão. Seriam os mussulmanos maus que imaginam um paraíso cheio de virgens para serem defloradas pelos seus santos?

    Os cristãos também cabem dentro dessa crítica (específica, quanto à sexualidade). Por que seria que a mãe de Jesus deveria ter permanecido virgem antes, durante e depois do parto dele? Porque o parto pressupõe relações sexuais (fecundação), e isso é sujo. Por que foram as mulheres as vítimas preferidas da inquisição católica? Alguém aqui já visitou um museu da inquisição? Em Carcassone, França, salvo engano, há um desses raros museus. Os católicos devem ter destruído quase tudo que pudesse lembrar esses crimes.

    Islamofobia é um nome engraçado, pois no Islã são ‘infiéis’ quem não segue Maomé.

    O incidente em Clônia, Hamburgo e em outras cidades, o ataque de cntenas de mussulmanos contra dezenas de mulheres, mostra a covardia de jovens que fogem com medo do EI e atacam mulheres na Europa.

    Que seriaz mesma a burca? Uma cerca de proteção da propriedade sexual, das suas mulheres.

    Então, esta visão é de direita? Ou deve-se explicar a violência, também sexual, dos mussulmanos na Europa, por que foram explorados pelos europeus? Os bairros na periferia de Paris, com árabes em situação social e econômica inferior, explicam e justificam a violência deles? Eles se enfiam num quisto, mantêm-se isolados e fechados em suas culturas, são vítimas de si-mesmos.

    Levem suas esposas a passearem na Arábia Saudita sem véus.

    Um mussulmano, do mau ou bonzinho não permite que lhe toque uma mulher (a não ser esposas e filhas), porque isso é impuro.

    Enfim……aquela charge d Hebdo pode ser entendida literalmente. O menino afogado, se educado dentro da charia, espancaria sua esposa e apalparia a mulher do outro. lguém aqui já leu a charia?

     

      1. grafia de muçulmano

        Bem observado, tirei a grafia mussulmano do francês musulman, nas línguas que conheço, há um s que malucamente virou ç na sua língua materna.

        Obrigado pela correção.

      2. Criticar ortografia numa discussao de idéias…

        É prova de falta de capacidade de pensamento e crítica. Que tal criticar o comentário dele, realmente absurdo e preconceituoso, com ARGUMENTOS?

      3. Ortografia – orthos= correto ???

        Alan,

        Eu agradeci a observação. E agradeço. Afinal, aqui eu me rejo (todos!!!) pelas regras ortográficas portuguesas. Você deseja escrever em francês? Então você vai observar a ortografia deles (musulman), ou em espanhol (musulmano)…..Quer dizer, nas outras línguas há regras de bem falar e escrever. Erre uma regência em inglês, em alemão, ninguém vai entender você. Entretanto, alguns malucos, que decoraram, quando muito, frases dos livros de linguìstica, entendem (?!) que gramática é algo opressivo, é instrumento de dominação das elites.

        Burrice tem limites. Repito, noutra língua você está adstrito a regras de regência, de concordância, de orgografia. Menos na língua poruguesa. Qqe diabos é uma língua? A langue é pura regra, apenas código. Mas a parole somente é possível porque existe a langue. Leiamos Saussure, que não tem nenhuma culpa dessas asneiras modernosas. As noções de langue e parole são dele. Lá do início da década de 1920. Somente agora, aqui, em Pindorama, descobriram a linguística, decorando noções como as de conotação, denotação….e haja besteira.

        Voltando ao tema, Alan, se você mandasse uma filha para Colônia, enfiaria algumas latas de gás de pimenta, para ela defender-se dos……muçulmanos bonzinhos, do pessoal que se rege pela charia. Dol contrário, os tais islamitas bonzinhos poderiam….volcê sabe.

         

        1. VC é linguista, Fabian? Se é, teve péssima formaçao…

          Para começar, está misturando língua com escrita. A escrita é outro sistema semiológico, usado para representar a linguagem oral mas que nao se confunde com ela. Ortografia é questao de convençoes escritas, nao de língua.

          Gramática todas as línguas têm. Mas gramática é algo inerente às línguas, que TODOS OS FALANTES NATIVOS SABEM (inconscientemente), ou nao conseguiriam falar. Nao confunda a real gramática das línguas com as regras prescritivas e proscritivas que os gramáticos normativos inventam (e que nao correspondem à linguagem de NINGUÉM, hoje em dia nem mesmo à linguagem escrita, seja literária ou de uso corrente; se duvida, convido vc a procurar os artigos da professora Maria Eugênia Duarte, da UFRJ, que descreve a língua escrita CULTA atual — mas língua culta REAL, nao inventada: a que é realmente usada por jornalistas, cronistas, acadêmicos, etc).

          O ponto que coloquei tem a ver com, numa discussao de idéias, em vez de discutir o que a outra pessoa disse, apelar para críticas à ortografia dela, e isso quase sempre com a intençao de menosprezá-la. O que, além de demonstraçao de pouca capacidade de crítica e reflexao, é extremamente antidemocrático, nem todos os que comentam aqui têm obrigaçao de ser muito escolarizados. E nem contra autores comentários preconceituosos se deve usar de métodos questionáveis.

          Até acho que o seu comentário original merece desprezo, mas nao por causa da ortografia…

          1. desprezo

            Você não leu Saussure. Se leu, decorou e não compreendeu, como o jumento do Henfil, o Orelana. Distinguir langue e écrite???

            Ou louca, ou burra demais, você é.

            Como distinguir a langue  de um outro código, os grafemas? Não sou linguista, talvez, semiólogo. Não sou decoreba, como você, papagaio, que repete os sons sem entender os significantes.

            Você é uma idiota total, formada por essa academia decadente. Não tem condições de enfrentar uma discussão com base em Saussure, quanto mais, quanto mais. Escreve monossílabos aqui, para se furtar de argumentar, campo onde você não existe.

            Fique no seu sarcófago. Você fede, quando põe a cabeça fora dele. Seus miasmas fazem mal. Sente, leia, tente suprir sua ignorância. Quando tiver lido Saussure, Russel…….Witgenstein…., apareça.

             

          2. Presunçao e água benta sao de graça mesmo, né?

            Saussure é um autor do início do século XX. É tudo o de que vc ouviu falar em Linguística? Já o li sim. Nao só isso, como tenho artigo escrito sobre ele. E já deu tb curso de pós sobre ele. Já vc, além de preconceituoso, só está dizendo besteiras sobre assunto de que NAO ENTENDE. E pretendendo ensinar sobre ele. Só rindo.

          3. desprezo

            Você não leu Saussure. Se leu, decorou e não compreendeu, como o jumento do Henfil, o Orelana. Distinguir langue e écrite???

            Ou louca, ou burra demais, você é.

            Como distinguir a langue  de um outro código, os grafemas? Não sou linguista, talvez, semiólogo. Não sou decoreba, como você, papagaio, que repete os sons sem entender os significantes.

            Você é uma idiota total, formada por essa academia decadente. Não tem condições de enfrentar uma discussão com base em Saussure, quanto mais, quanto mais. Escreve monossílabos aqui, para se furtar de argumentar, campo onde você não existe.

            Fique no seu sarcófago. Você fede, quando põe a cabeça fora dele. Seus miasmas fazem mal. Sente-se, leia, tente suprir sua ignorância. Quando tiver lido Saussure, Russel…….Witgenstein…., apareça.

             

    1. E só pra completar

      Você está generalizando. Temos amigos muçulmanos aqui em Brasília e nenhum deles nem ao menos se parece com o que você descreve. Um dos melhores amigos da minha filha mais velha é muçulmano e é um rapaz ótimo, que se relaciona com toda as suas amigas e colegas mulheres da mesma forma que qualquer cristão – na verdade, acho que até melhor, pois conheço vários cristãos com comportamento deplorável para com mulheres (Bolsonaro fazendo escola…), e esse nosso amigo muçulmano é referido por todas as amigas e colegas sempre como muito gentil, educado e respeitoso.

      Agora, eu tenho medo mesmo é que uma minha filha minha vá estudar nos EUA. Elas terão 20% de chances de ser agredidas sexualmente numa universidade americana:

      http://www.washingtonpost.com/sf/local/2015/06/12/1-in-5-women-say-they-were-violated/

      http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/05/140506_estupros_universidades_eua_pai

    2. Apenas uma dúvida…

      .. sobre estes tais ataques que estão ocorrendo às mulheres na Alemanha.

      Numa era em que tudo é filmado, por que as notícias sobre os tais ataques só têm texto e nunca apresentam um vídeo?

      Já vaculhei até os sites DW e BBC e não achei nenhum vídeo.

      Especialmente no caso do reveillon, realmente é estranho que a imprensa não queira ilustrar suas reportagens com vídeos já que normalmente este tipo de formato (texto+vídeo) de reportagens têm sido muito comum.

      Você poderia indicar algum vídeo?

       

       

      1. Não adianta, ele não discute ideias e argumentos

        Esse sujeito está mais preocupado em pavonear os dotes de poliglota e exibir um afetado conhecimento de autores franceses do que discutir ideias, fatos e argumentos. Não perca mais tempo com ele, ele não acrescenta nada (a não ser preconceito e argumentos decorados de facebook), não agrega valor ao camarote…

    3. Que é isso, rapaz? O debate

      Que é isso, rapaz? O debate aqui não é esse. Sorrateiramente te aproveitaste do mesmo para inserir tua cunha recheada de intolerância. 

      O chargista seria um burro se fizesse uma charge como tu supões. 

  7. Tudo bem, mas fica uma dúvida…

    Tudo bem, posso compreender essa idéia de colocar uma charge racista para mostrar o pensamento racista e com isso criticá-lo.

    Posso também compreender que esse é a forma de atuação do jornal.

    MAS

    O que eu não posso entender é por que então quando 12 pessoas foram mortas no atentado à redação do jornal, eles não fizeram uma charge com o mesmo espírito, tirando sarro dos mortos para mostrar e denunciar o pensamento repressor dos terroristas que promoveram o atentado.

    Sei lá, poderiam mostrar os mortos como fantasmas amordaçados com Maomé dando risada e os terroristas comemorando a vitória.

    Poderiam explicar isso às famílias das pessoas assassinadas até com mais facilidade do que teriam para explicar esta última charge para a família do Aylan.

    Mas não, estranhamente naquele episódio eles não mostraram a mesma forma de criticar o pensamento conservador que demonstram no caso da morte do menino sírio. Ao contrário, colocaram o Maomé chorando com a plaquinha com “Je suis Charlie” sem o mesmo humor cáustico e irônico do qual o texto fala e sem mostrar os muçulmanos radicais comemorando o massacre para denunciar o pensamento dos terroristas.

    Por que será que tiveram pelos seus próprios mortos um comportamento oposto ao que demonstram em relação aos mortos dos outros?

    Será que os franceses não ficariam indignados com uma cherge desse tipo naquele momento? Iriam entender da mesma forma que acham que as pessoas devem entender a charge do menino afogado? Ou no dos outros é refresco mesmo.

    1. Cara, escreveu tudo que eu penso!

      Se estão agora precisando explicar a charge e suas intenções, qualquer efeito “reflexivo” que a charge teria já se perdeu.

      1. Eles não estão explicando a

        Eles não estão explicando a charge, pois seu público entende.

        A charge não precisa ser explciada ao público do Charlie, apenas aos caçadores de bruxas, cuja esquerda mundial está infestada.

    2. Ruy

      Ironia reversa? Sarcasmo simétrico? Oh Ruy, você está exigindo muito do Charlie… Esse humor cáustico tão descolado e “avant-garde” só é bom mesmo “no dos outros”. Alguma dúvida?

  8. Dessa vez, não concordamos,

    Dessa vez, não concordamos, Diogo. Uma charge que exige tanta explicação, perdeu a função. O mundo viu a imagem do menino morto e sabe em que condições ele morreu. O contexto francês não se sobrepõe ao contexto planetário. O mundo vive uma islamofobia galopante, patrocinada pela mídia. Ou seja, o contexto não é adequado pra charges desse tipo. 

    1. A charge é feita para o planeta?

      Ora, ora… Pensei que fosse para o público francês, mesmo se eventualmente é tb vendida fora da França. E a charge é uma CRÍTICA à islamofobia galopante.

      1. Parece que para ser entendida

        Parece que para ser entendida dessa forma, tá exigindo muita explicação. Com relação ao público alvo, Tenho a impressão que a desgraça dos sírios diz respeito ao mundo.  Além disso, não sei mais se ainda existe público restrito para alguma coisa.

        1. Sem dúvida a situaçao dos sírios diz respeito ao mundo; MAS

          isso nao quer dizer que uma charge feita na França, por uma revista que tem um histórico, um estilo dado, e um público fiel que a conhece bem, se destina a ser entendida pelo mundo inteiro.

           

  9. Diogo,
    O comentário do Jorge Rebolla para você no post original foi retirado.
    Seria interessante contextualizar.
    Afinal, ele estava apenas se expressando, assim com CH.

    1. Anna,

      O meu comentário, que era uma resposta ao comentário do J. R., também foi retirado. A tua assertiva deveria ser dirigida ao pessoal da editoria do blog, não a mim. Abraço. 

      1. Diogo,
        Sim, eu vi que foi retirado.
        Meu comentário acima não foi uma assertiva.
        Não preciso perguntar o que aconteceu.
        Você nem precisava ter respondido.
        Mesmo assim, agradeço.

  10. Muito simples: não se faz

    Muito simples: não se faz brincadeiras sobre crianças mortas. Ou pelo menos não se deveria fazer. A ideia é repugnante (como a charge foi). O resto é sofisma…

      1. De mau gosto e repulsiva,

        De mau gosto e repulsiva, sabe por que? Porque 1) o Aylan REALMENTE morreu afogado; 2) alguns refugiados sírios REALMENTE molestaram mulheres na Alemanha. Me desculpe,mas 99% das pessoas acham que o CH quis dizer que o Aylan já foi tarde e não irá crescer e abusar de mulheres europeias. Esta charge é digna de pessoas preconceituosas e para pessoas tão preconceituosas quanto elas…

  11. Não há que se explicar capa a

    Não há que se explicar capa a ninguém. Na França todos reconhecem o humor ácido de extrema-esquerda das capas do Charlie.

    A Charlie é uma revista pequena, regional, 100% voltada para seu publico francês.

    Com a notoriedade que alcançaram com a tragédia do ataque terrorista , criou-se essa maluquice agora de que a revista deveria “explicar” suas charges  à leitores que não são os seus e que conhecem nada ou muito pouco do idioma, da cultura e das particularidades da vida politica francesa. Não é função da revista fazer isso.

     

     

    .

    1. Tudo em excesso faz mal. Já

      Tudo em excesso faz mal. Já dizia minha avó. O excesso do politicamente correto também. E ele se torna excesso quando se pede que se explique uma charge. Se for para explicar não precisava desenhar. 

      Por que o HB, pelo seu histórico, iria agora fazer uma charge se valendo de uma tragédia dos nossos tempos? 

  12. Os colonizadores europeus,

    Os colonizadores europeus, esses que invadiram e exploraram a África e o oriente durante séculos, juntando etnias historicamente incompatíveis em um mesmo “país” e separando grande etnias em duas, em três, agregando-as com outras inimigas numa mesma “nação”, dividindo para melhor governar, digo explorar, que desenharam o mapa e as fronteiras dessas regiões a seu bel prazer, esses colonizadores europeus que roubaram descaradamente essas regiões, promovendo inclusive diversos massacres, tem mesmo uma cara de pau inacreditável.

    Ainda ontem e hoje, agora também sob as ordens da geopolítica norteamericana, bombardeiam e desestabilizam governos de seguidos países, inventando primaveras onde sempre foi outono, tendo como resultado invernos rigorosíssimos, guerras civis, mais miséria ainda (do que as que eles deixaram no passado), desgraças, genocídios e fome.

    Logicamente que sob forte aplauso do cartel de imprensa que domina esta republiqueta sulamericana onde habita a   burguesia mais estúpida do planeta.

    Depois os europeus fingem não saber o porquê das legiões de imigrantes que chegam no seu continente, não assumem qualquer responsabilidade por seus atos criminosos, do passado e do presente, dando pretexto para que pessoas insanas promovam atos de barbárie injustificáveis como os que ocorreram em Paris.

    Mas mesmo na barbárie, repito injustificável, os europeus são seletivos, milhares de mortos por boçais extremistas muçulmanos na Nigéria, ou mais de 200 russos, inclusive crianças, mortos na bomba terrorista que explodiu e derrubou uma aeronave civil cheia de turistas, nada disso chega perto da comoção pelos mortos, em menor número, de Paris ou do C.H.

    Alguém lembra da charge do C.H. quando da queda da aeronave russa? 

    Era dentro do “contexto” também?

    Que tal uma charge da sede do C.H. metralhada com corpos caidos pelo chão e a pergunta se mais tarde não iriam apoiar um bombardeio em cidades de países pobres?

    Seria de bom tom?

    Contextualizada?

    C.H. aller à merde!

  13. Estranhamente, em 2006, o

    Estranhamente, em 2006, o Charlie Hebdo reproduziu uma serie de 12 caricaturas anti-islã publicadas originalmente no jornal dinamarques de extrema direita Jyllands-Posten. Dificil explicar isso, ne?

    As charges do CH são tão dúbias que chegaram a ser usadas em manifestações por integrantes do PEGIDA (Europeus Patriotas contra a Islamização do Ocidente)!

    Mas uma coisa o pessoal do CH sabe bem, polêmica vende. Quando reproduziram as charges do jornal de direita bateram recordes de vendas. O proprio Charb admitiu que quando ironizava os muçulmanos as vendas aumentavam muito, fato que não ocorria com outras religiões.

    A liberdade de expressão.

    É um bem precioso mas tem limites, e a verdade é que a esmagadora maioria deles são impostos por aqueles que defendem a liberdade sem limites sempre que é a “sua” liberdade a sofrê-los. Exemplos de limites são imensos: se em Inglaterra um manifestante disser que David Cameron tem sangue nas mãos, pode ser preso; em Franças, as mulheres islâmicas não podem usar o hijab; em 2008 o cartoonista Maurice Siné foi despedido do Charlie Hebdo por ter escrito uma crónica alegadamente antissemita. Isto significa que os limites existem, mas são diferentes para diferentes grupos de interesse.

    Boaventura Sousa Santos

    https://www.publico.pt/mundo/noticia/charlie-hebdo-uma-reflexao-dificil-1681949

  14. A  charge brinca com as

    A  charge brinca com as idéias que toda criaça é inocente e todo imigrante é criminoso. A imagem de Aylan já foi super-explorada pela mídia que ao invés de de tomar o tema profundamente tenta criar sensacionalismos de opnião.

  15. Discussão meio besta, inócua

    Os próprios caras que defendem o pasquim frânces dizem que eles não conseguem fazer uma charge universal, que estão restritos ao seu público de velhos que ainda se imaginam em 1968.

    Do outro lado gente achando que o pasquim não deve publicar coisas que os ofendam.

    Que se exploda esse jornaleco. Ele não tem a importância que estão querendo lhe dar. 

    É um jornaleco sem a menor qualidade, Por isso que mataram meia dúzia dos debochadores e a qualidade do pasquim continua a mesma. A mesma merda.

    Importante mesmo na França hoje foi o discurso do socialista Hollande, que disse com todas as letras que o país tem que acompanhar o que fez a Alemanha em 2003 ou a economia não aguenta.

    Trocando em miúdos, os franceses vão ter que aprender a trabalhor por menos dinheiro.

     

  16. Em 1977 o grande Sobral

    Em 1977 o grande Sobral Pinto, conservador até a última medula, deu uma das melhores entrevistas já feita pelo glorioso Pasquim. Os mais antigos se lembram.

    À época o país enfrentava(acho que pela primera vez) a temida Gripe Suína. E a solução foi a matança generalizada de porcos Brasil afora para eliminar os focos. Aí o Pasquim na edição seguinte(ou numa das seguintes, não lembro) tasca uma charge(não achei nos arquivos) na qual reproduzia a famosa representação de Maria José e o menino Jesus(montado num jumento) fugindo pelo deserto  para o Egito dada a perseguição de Herodes. Só que o charguista inseriu  uns porcos na comitiva.

    Deu uma baita de uma discussão. Sobral Pinto verberou pela imprensa seu arrepedimento por ter dado uma entrevista a uma publicação que despeitava a Sagrada Família.

    Claro que o exemplo só se encaixa nessa discussão no que tange ao caráter absolutamente anárquico da charge e sua narrativa na maioria das vezes não ser retilínea.  

     

  17. os franceses gostam disso… 

    os franceses gostam disso…  jogam a verdade  nua e crua nas nossas caras… é um choque lidar com eles…

  18. Algumas considerações sobre Charlie Hebdo

    CH foi uma revista claramente libertária até sua refundação, no começo da década de 90, por uma figura de quem vale a pena falar um pouco: Philippe Val é cronista, músico e jornalista, militante da esquerda e esteve à frente da publicação entre 1992 e 2009. Durante esses anos, Val afastou vários colaboradores do semanário, sob pretextos diversos. Uma de suas principais críticas é o de uma certa proximidade obtusa entre movimentos extremistas islâmicos e a extrema esquerda. De fato, a maioria dos que foram demitidos ou pediram demissão era de colaboradores mais ligados à esquerda radical, mas nunca se soube que fossem próximos do islamismo djihadista.

    O jornalista assumiu uma postura progressivamente mais próxima do centro, posicionando-se quase sempre de modo automático a favor dos EUA e de Israel, chegando a dizer que Edward Snowden era um “traidor da democracia”. Tornou-se sionista militante e chegou a demitir do Charlie Hebdo o cartunista Siné, de medo que uma de suas crônicas sobre o casamento de Jean Sarkozy (filho do ex-presidente Nicolas Sarkozy) com a herdeira (judia) do grupo Darty rendesse ao jornal um processo por antisemitismo.

    O semanário “libertário” foi criticado por não ter dado a devida atenção ao caso que ficou conhecido como Affaire Clearstream, sobre um escândalo de evasões fiscais envolvendo uma empresa de post-trade. Philippe Val se posicionava contra matérias que mencionassem o caso porque o advogado da companhia em questão era o mesmo do Charlie Hebdo. Pessoas que trabalham com Val o acusam de ser autoritário e de promover auto-censura no CH.

    Dito isso, volto à charge que gera tanta polêmica e ao texto do Diogo Costa.

    Não é preciso ser um gênio da semiótica para interpretar a charge. Ela mostra o desenho de Aylan Kurdi morto na praia e coloca a questão: “o que teria se tornado o pequeno Aylan se ele tivesse crescido?”. Em seguida, o desenho de um suposto Aylan adulto, com nariz de porco e cara de tarado a correr atrás de uma mulher e a resposta: “apalpador de bundas na Alemanha”. Isso é tudo o que a imagem diz.

    Bem, “apalpador de bundas” é algo consensualmente visto como mau. Se o pequeno Aylan tivesse crescido e inevitavelmente virado um apalpador de bundas, só se pode felicitar o fato dele ter morrido. Sua morte evitou que mais mulheres viessem a ser violentadas. Isso é tudo o que a imagem quer dizer.

    Agora o tal “contexto”. Morei sete anos na França e sou casado com uma francesa. Convivi com gente de diversos estratos sociais e de orientações políticas diversas. Embora seja possível identificar alguns traços comuns a formar uma ideia vaga do que se poderia chamar de “humor francês”, a tal charge está longe de ser um consenso. Minha mulher achou abominável; um conhecido achou engraçada. De toda forma, ela não é representativa do “humor francês”, mas do estilo próprio ao CH. Na França, como no resto do mundo, existem várias formas de ser iconoclasta, provocativo, sarcástico, etc. e a publicação, principalmente após os anos Philippe Val, é conhecida por levar essas posições ao extremo, frequentemente de forma ambígua. Daí a necessidade constante de explicar e justificar suas sátiras.

    Afirmar, como faz Diogo Costa, que “a charge é uma crítica ao pensamento médio da direita européia” é apenas uma forma de justificá-la a posteriori, porque em si ela não faz referência alguma à direita européia. Por mais sutil e indireta que seja uma sátira ou uma ironia, seu objeto é sempre clara e imediatamente identificável, e é isso que faz sua força. Uma boa sátira, mesmo para os franceses, não dá margem para ambiguidades: todos sabem quem se está a fustigar, ainda isso não seja dito explicitamente.

    Diogo diz que “O Charlie não disse que o menino sírio que morreu afogado viria a se tornar um violador de mulheres [nota: DISSE, SIM], mas sim expôs o pensamento conservador que defende, este sim, que os imigrantes são potenciais criminosos”. Ora, onde está, na charge, a figura desse pensamento conservador? O que o representa no desenho? O que o sugere? Essa figura só existe na cabeça de quem quer justificá-lo, porque do desenho em si ela está totalmente ausente: não existe nem direta e explicitamente, nem de forma indireta e sugerida. É pura interpretação ad hoc.

    Se é verdade que a publicação não “provocou alvoroço algum na terra de Napoleão”, não é porque a charge “critica o pensamento médio da direita europeia”, mas porque os franceses não esperavam outra coisa do Charlie Hebdo. Senão, onde está essa direita que se incomodaria com a tal charge? Quem, de fato, se sentiu agredido com o desenho? Marine Le Pen? Os militantes do Front Nacional? Ora, para estes, a charge só disse verdades. De forma alguma ela os ataca ou incomoda. Se a intenção era denunciar a direita xenófoba, a charge não apenas falhou miseravelmente como deu um tiro no pé: quem ficaria surpreso de vê-la pregada na parede do quarto de um adolescente neo-nazi, ao lado de uma cruz gamada? 

    O silêncio dos franceses sobre a charge se deve antes ao fato de estarem acostumados a ver o semanário esticar todos os limites do bom senso, do respeito, da decência, e se compara ao relativo silêncio dos brasileiros ante as asneiras de um Danilo Gentilli ou um Rafinha Bastos. A diferença é que esses humoristas brasileiros não são ambíguos e, portanto, não precisam se valer do renome de um passado de esquerda (que não têm) para justificar suas posições. 

    Os franceses entendem, sim, a “onda de agressões e de virulência” das quais CH é vítima, não só de extremistas islâmicos, mas também de laicos liberais, de esquerda e de direita. Apesar de concordarem com a liberdade de imprensa e opinião como um valor absoluto, sabem muito bem que o jornal abusa dessas liberdades. Nem todos concordam com CH e nem todo francês o defende incondicionalmente. Nenhum francês vai defender que se cometam atentados contra a redação, nenhum francês vai dizer que os mortos de janeiros fizeram por merecer, nenhum francês vai justificar as mortes ou a censura. Mas nenhum francês se surpreende com os ataques que CH sofreu. Dizer que os franceses não entendem as críticas que se faz ao Charlie Hebdo é chamá-los de idiotas, e isso eles não são.

    Porque em qualquer contexto, mesmo no da sociedade francesa, usar a imagem de uma criança morta tragicamente em circunstâncias atrozes para associá-la a atos repreensíveis de alguns malucos, identificando-os a todo um grupo de pessoas majoritariamente inocentes, é de uma baixeza tão vil que, embora não justifique nenhuma violência, não causa nenhum espanto quando alguém resolve chegar aos finalmentes.

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