Cientista mineira descobre tipo de fotografia quântica

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Do Núcleo de Pesquisa de Ciências
 
Cientista mineira revoluciona física com fotografia quântica
 
 
Tudo o que enxergamos é o reflexo da luz sobre os corpos. Quando você tira uma fotografia, o que a lente da sua câmera capta é esse mesmo reflexo. Assim, pelos princípios básicos da óptica – parte da física que trata da luz e dos fenômenos da visão –, se não há luz, não há imagem. Mas a descoberta de uma pesquisadora mineira veio para virar esse conceito de cabeça para baixo.
 
Gabriela Barreto Lemos, 32, pós-doutoranda do Instituto de Óptica Quântica e Informação Quântica de Viena, na Áustria, conseguiu fazer uma foto não a partir da iluminação de um corpo, mas de um tipo de “telepatia” entre fótons – partículas minúsculas e elementares que formam a luz. Assim como a matéria é formada pelos átomos, um feixe de luz é formado por fótons.
 
Nessa técnica de fotografia quântica, a cientista e sua equipe dispararam um feixe de laser verde para um cristal, que aniquila um fóton verde do laser e, no lugar dele, cria dois fótons gêmeos, um vermelho e outro infravermelho. “É como se fosse um gêmeo gordo e um magro”, explica ela. O fóton infravermelho é enviado em uma trajetória e atravessa uma placa de silício com a imagem de um gato. Já o fóton vermelho segue um caminho diferente: é refletido em um espelho e enviado para uma câmera fotográfica.
 
Para surpresa geral – até do famoso físico Albert Einstein, se estivesse vivo –, a câmera registrou a imagem do gato. “É como se eu iluminasse um objeto em um quarto e a imagem aparecesse em uma câmera que está em outro quarto diferente”, compara Gabriel.
 
 
Resultado. As imagens do gato foram produzidas por um fóton que nunca chegou a iluminar a matriz
 
O experimento demonstrou o chamado “entrelaçamento quântico” – fenômeno pelo qual duas partículas podem estar interconectadas de forma a uma “sentir” o que acontece com a outra, mesmo que elas estejam separadas. “Se considerarmos dois irmãos gêmeos, é como se um deles tivesse uma dor de barriga e o outro sentisse a dor, mesmo sem estar passando mal”, explica a cientista.
 
Aplicação. Ainda que pareça coisa de ficção científica, o experimento de Gabriela pode ter aplicações práticas muito próximas da vida de qualquer um. “O que andamos conversando e discutindo são aplicações na área da biologia. Uma amostra sensível, por exemplo, poderia ser iluminada por um fóton de energia mais baixa e a imagem poderia ser produzida por seu gêmeo de energia mais alta”. Isso poderia abrir novos horizontes para uma série de exames, para citar um uso possível.
 
Novos passos
 
Pesquisa. Gabriela agora pretende testar seu sistema em modelos vivos. Se tudo der certo, em breve ela poderá fazer uma fotografia quântica de um gato de verdade.
 
Para estudiosa, falta dinheiro para pesquisas no Brasil
 
A pesquisadora Gabriela Barreto Lemos afirma que pretende voltar para o Brasil, mas ainda não tem certeza. “O problema no Brasil é que o dinheiro para pesquisas é muito mais difícil. Conhecimento, bons pesquisadores e professores há, mas o dinheiro disponível é muito menor”, critica.
 
Essa restrição financeira, segundo ela, compromete os resultados. “Poderíamos fazer muito mais se pudéssemos comprar equipamentos”.
 
Ela ainda defende que o país deveria investir em intercâmbios entre cientistas brasileiros e estrangeiros. “Muitas vezes, trabalhos de alta qualidade do Brasil têm menos visibilidade do que um da Áustria. Precisamos ter mais colaborações internacionais e trazer mais instituições estrangeiras para ver o que está sendo feito no Brasil”, sugere.
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

29 Comentários

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    1. Mais uma vez uma demostração de desconhecimento!

      Athos, mais uma vez uma demonstração de desconhecimento.

      Ter cientistas de ponta em outros laboratórios do mundo abre possibilidades muito maior do que pensas. Há mais ou menos cinquenta anos, quando um profissional brasileiro tentava entrar para um doutorado ou mesmo um mestrado em qualquer país tecnologicamente mais avançado ele era simplesmente obrigado até repetir parte da graduação antes de começar em qualquer programa de pós-graduação. Em resumo, se voltava duas casas como nos joguinhos infantis.

      Há trinta anos as nossas dissertações de mestgrado não eram nem aceitas como títulos de pós-graduação, fazendo com que no lugar de se retornar duas casa se retornava uma.

      Atualmente as melhores universidades do mundo já aceitam para boas equipes alunos com uma boa formação no Brasil, o importante é se lutar por bons laboratórios aqui no Brasil, para que poussamos acompanhar a evolução da ciência, pois na parte de formação de pessoal já estamos num bom nível.

      Não esqueça que Lula, que segundo seus opositores é um semi-analfabeto, chamou a atenção que as nossas universidades estão atrasadas em termos início cronológico de 3 a 4 séculos em relação a outros países da América, e isto demora muito pempo para se recuperar.

      1. Eu concordo com vc mas há
        Eu concordo com vc mas há imprecisões.

        O Brasil sempre produziu gente de ponta e as portas sempre estiveram abertas. Aparentemente vc viu alguma mudança.

        Depois diz vc que ter gente de ponta abre possibilidades.
        De fato abrem e este é sempre meu ponto. Abrem para aqueles com foco.

        Qual o nome do melhor centro de pesquisa quântica no Brasil?
        Vamos aproveitar como?

        Ciência não se faz com “os melhores”. Ciência se faz com dinheiro e foco! Foco!
        Eu não estou preocupado com onde ela trabalha. Estou pensando onde ela poderia trabalhar.
        As perspectivas profissionais para ela não são boas.

        1. Athos

          sua preocupação com a pespectiva profssional dela é real, mas isso tem solução..basta Dilma fazer com ela o que Lula fez com Nicolellis e seu grupo: traz pra cá e monta um Centro de ponta pra ela e sua equipe..

          1. Quando isso acontecer baterei
            Quando isso acontecer baterei palmas.

            Mas não para pesquisas estrangeiras…
            Acho que vc concorda que uma boa notícia para ciência brasileira é bem diferente desta aqui.

      1. Falando e Áustria né,
        Falando e Áustria né, kkkkkk.

        Tudo a ver.
        A brasileira está trabalhando pra herdeiros de Hitler.
        Quem trabalha para nazistas é o que?

        Kkkkk

        1. e sob aplausos do Athos

          “A brasileira está trabalhando pra herdeiros de Hitler.”

          se você diz…. e quem aplaude “herdeiros” é o quê ?

          A mensagem vale pro ronaaaldo com suas abobrinhas sobre a alemanha e outros viralatas

          “Quem trabalha para nazistas é o que?”

          pergunta ali na ucrânia, eu que não tenho nada a ver com eles, o Brasil de Dilma  está com Russia e outros Brics

            o fato é que o Brasil está repatriando gente como Miguel Nicollelis e o dinheiro lá “em cima” tá acabando.

          sorry periferia!

          Parabéns pra mineira, mostra pra os viralatas que agente é tão capaz quanto qualquer um

  1. A ameaça

    É a ciencia desvendando os mistérios da fé e a farsa dos milagres; Não é a toa que a religião teme tanto a ciencia, pois essa, a ciencia, ameaça seu ganha-pão.

  2. Bem interessante este post.E

    Bem interessante este post.E tbm muito lido.

      Posto que todos nós entendemos muito de quântica.

          Pior que isso só o dia que descobrirem como dízima periódica pode ser exata.

             

  3. O gato de Schrödinger

    Isso, fundamentalmente, era discussão entre Einstein e Bohr, sobre o spin e o anti-spin. Bohr mostrava, e Einstein não concordava, mas depois se convenceu, que não importa a distância que um spin esteja do seu antispin, se um mudar de rotação o outro muda também. Creio que o que a pesquisa mostrou foi isso com o efeito ótico fotográfico de duas antipartículas. Curioso, embora nem tanto,  é a pesquisadora ter escolhido um gato para a demonstração disso, já que Schrödinger, para rebater Bohr, criou o famosa armadilha do gato de Schrödinger. A luz é caprichosa em nível quântico. Einstein nunca conseguiu domá-la.

  4. O gato de Schrödinger

    Isso, fundamentalmente, era discussão entre Einstein e Bohr, sobre o spin e o anti-spin. Bohr mostrava, e Einstein não concordava, mas depois se convenceu, que não importa a distância que um spin esteja do seu antispin, se um mudar de rotação o outro muda também. Creio que o que a pesquisa mostrou foi isso com o efeito ótico fotográfico de duas antipartículas. Curioso, embora nem tanto,  é a pesquisadora ter escolhido um gato para a demonstração disso, já que Schrödinger, para rebater Bohr, criou o famosa armadilha do gato de Schrödinger. A luz é caprichosa em nível quântico. Einstein nunca conseguiu domá-la.

  5. Há umaq diferença entre

    Há umaq diferença entre faltar dinheiro e custar caro.

    Os equipamentos na Áustria devem ser mais barato que no Brasil, já que a tecnologia deve ser importada.

    Com a compra dos Gripens, espero que se faça luz nas cabeças dos pesquisadores.

    Fiquei impressionado com a descoberta, que sem dúvida traça um paralelo que antes ficava só na teoria.

     

  6. Eu tava pra dizer o mesmo,

    Eu tava pra dizer o mesmo, Athos.  O item eh de algumas semanas atraz, mas na reportagem original do phys.org nao lembro mais se mencionava alguem do Brasil!

  7. caramba, que interessante…

    mas direi apenas o que está ao meu alcance:

    se A = B e B = C, então A = D, já que o invisível, o não tocado por um dos fótons, passou a existir………………………..rs

  8. Há alguma coisa na observação

    Há alguma coisa na observação da cientista sobre a apoio a pesquisa pelo Brasil que parece estranho. Seu curriculo LATTES tem referencias a um investimento do erário brasileiro em sua educação, mas não fica claro nenhum vinculo empregatício com instituição pública que garanta ao nosso país o retorno do investimento concedido na educação e preparação intelectual da pesquisadora. Vejam:possui graduação em Curso de Física Bacharelado – DEPARTAMENTO DE FISICA – INSTITUTO DE CIENCIAS EXATAS – UFMG(2000-2004), mestrado em Fisica – DEPARTAMENTO DE FISICA – INSTITUTO DE CIENCIAS EXATAS – UFMG (2004-2006), doutorado em Fisica – INSTITUTO DE FÍSICA – UFRJ (2006-2010) e um estágio doutoral (doutorado sanduiche) no Center for Nonlinear and Complex Systems – UNIVERSITÀ DEGLI STUDI D’INSUBRIA – ITÁLIA (2009-2010). Foi bolsista de pós doutorado no Laboratório de Ótica Quântica do INSTITUTO DE FÍSICA – UFRJ (2010-2012) e atualmente realiza um estágio pós-doutoral no Instuto Pora Ótica Quântica e Informação Quântica – Viena – Áustria com bolsa da Academia Austríaca de Ciências (2012-1015). Trabalho em Física, com ênfase em ótica quântica, emaranhamento, informação quântica, imagens quânticas, sistemas quânticos abertos, caos quântico e ótica clássica na aproximação paraxial. (Texto informado pelo autor).

    Portanto temos a situação sui generis de que nossos impostos foram usados para que outro país e a pesquisadora usufruissem dos resultados. Muito estranho…

    1. Não confunda notações.

      As coisas não são tão simples assim, só olhando o que está escrito, dá para se ver que ela ficou dois anos como bolsista de pós-doc na UFRJ e neste período provavelmente não abriu concurso para a instituição (este é um problema sério, uma instituição pública não pode abrir concurso quando quer e a onde precisa!).

      Como terminou o pós-doc e ESTE MUITAS VEZES NÃO PODE SER RENOVADO POR IMPOSIÇÕES LEGAIS, ela procurou um pós-doc (que não é emprego) onde encontrou.

      O problema é que a legislação vale para a contratação de um ZÉ RUELA ou para um pesquisador de alto nível, se por algum artifício a UFRJ fizesse algo para mantê-la os TCU cairia em cima e o Reitor teria um processo nas suas costas.

      NUNCA EXISTIU, NÃO EXISTE NENHUMA POLÍTICA PÚBLICA PARA A MANUTENÇÃO DE PESSOAS DE EXCELÊNCIA.

  9. no “gato preto” de edgar

    no “gato preto” de edgar allan poe o

    criminoso enterra o gato numa parede

    e no final o investigador resolve o crime porque

    o gato começou a miar quando

    o policial descia uma escada.

    o gato estaria siultaneamente ja morto e vivo?

    preciso rever e reler esse conto.

    essa descoberta da cientista parece algo a ver com telepatia?
     não precisaríamos  mais pensar e digitar nossos comentários?

    bastaria pensar e  já estaria postado?

    é isso?

    eu sabia que essa josta de tecnologia avançada já nasceu velha!!!!

     

    1. E a alternância de poder ?

      que meritocracia que nada, tem que ter altencia tem que sair o governo de sucesso(Dilma) pra entrar um mediocre(tem muitos pra escolher) só pra dizer que temos alternancia

         É linda a meritocracia como você vê pelos seus defensores, um deles os setúbals da vida, que receberam a fortuna por terem o mérito de ter um pai rico e influente, e os Neves dos aeroportos particulares que já receberam dos tios e avós pistas de pouso feitinhas com o dinheiro público em suas terras, com esses méritos escritos na certidão de nascimento realmente eles devem ser premiados com mais poder sore o dinheiro público.

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