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Lourdes Nassif
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As matérias para serem lidas e comentadas.

Lourdes Nassif

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    1. Pró Rede ou Pro Cama.
      Marina

      Pró Rede ou Pro Cama.

      Marina já era, meu chapa.

      Só você ainda não percebeu a fraude que foi ela.

  1. Et   “La Liste de Monsieur

    Et   “La Liste de Monsieur Janot”?

    Já dá pra filmar ou está faltando umas duas ou três centenas de alguêns?

    Hum milhar, né?

  2. Internet, redes sociais: revelando o nosso verdadeiro caráter.

    Publicado em 03/03/2015 no Coversa Afiada

    Nunca li matéria tão reveladora.

    Mantega
    e a boçalidade do mal

    Ao permitir que cada indivíduo se mostrasse sem máscaras, a internet arrancou da humanidade a ilusão sobre si mesma

    Compartilhe  

    http://www.conversaafiada.com.br/politica/2015/03/03/mantega-e-a-bocalidade-do-mal/

    Adolf Eichmann na lanchonete de um hospital de São Paulo

     

     

    Por sugestão de amiga navegante judia, o Conversa Afiada tem a honra de publicar corajoso artigo de Eliane Brum, em El País:

     

    A boçalidade do mal

    Guido Mantega e a autorização para deletar a diferença

    Em 19 de fevereiro, Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda dos governos de Lula e de Dilma Rousseff, estava na lanchonete do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, quando foi hostilizado por uma mulher, com o apoio de outras pessoas ao redor. Os gritos: “Vá pro SUS!”. Entre eles, “safado” e “fdp”. Mantega era acompanhado por sua esposa, Eliane Berger, psicanalista. Ela faz um longo tratamento contra o câncer no hospital, mas o casal estava ali para visitar um amigo. O episódio se tornou público na semana passada, quando um vídeo mostrando a cena foi divulgado no YouTube.

    Entre as várias questões importantes sobre o momento atual do Brasil – mas não só do Brasil – que o episódio suscita, esta me parece particularmente interessante:

    “Que passo é esse que se dá entre a discordância com relação à política econômica e a impossibilidade de sustentar o lugar do outro no espaço público?”.

    A pergunta consta de uma carta escrita pelo Movimento Psicanálise, Autismo e Saúde Pública (MPASP), que encontrou na cena vivida por Guido e Eliane ecos do período que antecedeu a Segunda Guerra, na Alemanha nazista, quando se iniciou a construção de um clima de intolerância contra judeus, assim como contra ciganos, homossexuais e pessoas com deficiências mentais e/ou físicas. O desfecho todos conhecem. Em apoio a Guido e Eliane, mas também pela valorização do Sistema Único de Saúde (SUS), que atende milhões de brasileiros, o MPASP lançou a hashtag #VamosTodosProSUS.

    Pode-se aqui fazer a ressalva de que a discordância vai muito além da política econômica e que o ex-ministro petista encarnaria na lanchonete de um dos hospitais privados mais caros do país algo bem mais complexo. Mas a pergunta olha para um ponto preciso do cotidiano atual do Brasil: em que momento a opinião ou a ação ou as escolhas do outro, da qual divergimos, se transforma numa impossibilidade de suportar que o outro exista? E, assim, é preciso eliminá-lo, seja expulsando-o do lugar, como no caso de Guido e Eliane, seja eliminando sua própria existência – simbólica, como em alguns projetos de lei que tramitam no Congresso, visando suprimir direitos fundamentais dos povos indígenas ou de outras minorias; física, como nos crimes de assassinato por homofobia ou preconceito racial.

    O que significa, afinal, esse passo a mais, o limite ultrapassado, que tem sido chamado de “espiral de ódio” ou “espiral de intolerância”, num país supostamente dividido (e o supostamente aqui não é um penduricalho)? De que matéria é feita essa fronteira rompida?

    A resposta admite muitos ângulos. Na minha hipótese, entre tantas possíveis, peço uma espécie de licença poética à filósofa Hannah Arendt, para brincar com o conceito complexo que ela tão brilhantemente criou e chamar esse passo a mais de “a boçalidade do mal”. Não banalidade, mas boçalidade mesmo. Arendt, para quem não lembra, alcançou “a banalidade do mal” ao testemunhar o julgamento do nazista Adolf Eichmann, em Jerusalém, e perceber que ele não era um monstro com um cérebro deformado, nem demonstrava um ódio pessoal e profundo pelos judeus, nem tampouco se dilacerava em questões de bem e de mal. Eichmann era um homem decepcionantemente comezinho que acreditava apenas ter seguido as regras do Estado e obedecido à lei vigente ao desempenhar seu papel no assassinato de milhões de seres humanos. Eichmann seria só mais um burocrata cumprindo ordens que não lhe ocorreu questionar. A banalidade do mal se instala na ausência do pensamento.

    A boçalidade do mal, uma das explicações possíveis para o atual momento, é um fenômeno gerado pela experiência da internet. Ou pelo menos ligado a ela. Desde que as redes sociais abriram a possibilidade de que cada um expressasse livremente, digamos, o seu “eu mais profundo”, a sua “verdade mais intrínseca”, descobrimos a extensão da cloaca humana. Quebrou-se ali um pilar fundamental da convivência, um que Nelson Rodrigues alertava em uma de suas frases mais agudas: “Se cada um soubesse o que o outro faz dentro de quatro paredes, ninguém se cumprimentava”. O que se passou foi que descobrimos não apenas o que cada um faz entre quatro paredes, mas também o que acontece entre as duas orelhas de cada um. Descobrimos o que cada um de fato pensa sem nenhuma mediação ou freio. E descobrimos que a barbárie íntima e cotidiana sempre esteve lá, aqui, para além do que poderíamos supor, em dimensões da realidade que só a ficção tinha dado conta até então.

    Descobrimos, por exemplo, que aquele vizinho simpático com quem trocávamos amenidades bem educadas no elevador defende o linchamento de homossexuais. E que mesmo os mais comedidos são capazes de exercer sua crueldade e travesti-la de liberdade de expressão. Nas postagens e comentários das redes sociais, seus autores deixam claro o orgulho do seu ódio e muitas vezes também da sua ignorância. Com frequência reivindicam uma condição de “cidadãos de bem” como justificativa para cometer todo o tipo de maldade, assim como para exercer com desenvoltura seu racismo, sua coleção de preconceitos e sua abissal intolerância com qualquer diferença.

    Foi como um encanto às avessas – ou um desencanto. A imagem devolvida por esse espelho é obscena para além da imaginação. Ao libertar o indivíduo de suas amarras sociais, o que apareceu era muito pior do que a mais pessimista investigação da alma humana. Como qualquer um que acompanha comentários em sites e postagens nas redes sociais sabe bem, é aterrador o que as pessoas são capazes de dizer para um outro, e, ao fazê-lo, é ainda mais aterrador o que dizem de si. Como o Eichmann de Hannah Arendt, nenhum desses tantos é um tipo de monstro, o que facilitaria tudo, mas apenas ordinariamente humano.

    Ainda temos muito a investigar sobre como a internet, uma das poucas coisas que de fato merecem ser chamadas de revolucionárias, transformaram a nossa vida e o nosso modo de pensar e a forma como nos enxergamos. Mas acho que é subestimado o efeito daquilo que a internet arrancou da humanidade ao permitir que cada indivíduo se mostrasse sem máscaras: a ilusão sobre si mesma. Essa ilusão era cara, e cumpria uma função – ou muitas – tanto na expressão individual quanto na coletiva. Acho que aí se escavou um buraco bem fundo, ainda por ser melhor desvendado.

    Como aprendi na experiência de escrever na internet que não custa repetir o óbvio, de forma nenhuma estou dizendo que a internet, um sonho tão estupendo que jamais fomos capazes de sonhá-lo, é algo nocivo em si. A mesma possibilidade de se mostrar, que nos revelou o ódio, gerou também experiências maravilhosas, inclusive de negação do ódio. Assim como permitiu que pessoas pudessem descobrir na rede que suas fantasias sexuais não eram perversas nem condenadas ao exílio, mas passíveis de serem compartilhadas com outros adultos que também as têm. Do mesmo modo, a internet ampliou a denúncia de atrocidades e a transformação de realidades injustas, tanto quanto tornou o embate no campo da política muito mais democrático.

    Meu objetivo aqui é chamar a atenção para um aspecto que me parece muito profundo e definidor de nossas relações atuais. A sociedade brasileira, assim como outras, mas da sua forma particular, sempre foi atravessada pela violência. Fundada na eliminação do outro, primeiro dos povos indígenas, depois dos negros escravizados, sua base foi o esvaziamento do diferente como pessoa, e seus ecos continuam fortes. A internet trouxe um novo elemento a esse contexto. Quero entender como indivíduos se apropriaram de suas possibilidades para exercer seu ódio – e como essa experiência alterou nosso cotidiano para muito além da rede.

    É difícil saber qual foi a primeira baixa. Mas talvez tenha sido a do pudor. Primeiro, porque cada um que passou a expressar em público ideias que até então eram confinadas dentro de casa ou mesmo dentro de si, descobriu, para seu júbilo, que havia vários outros que pensavam do mesmo jeito. Mesmo que esse pensamento fosse incitação ao crime, discriminação racial, homofobia, defesa do linchamento. Que chamar uma mulher de “vagabunda” ou um negro de “macaco”, defender o “assassinato em massa de gays”, “exterminar esse bando de índios que só atrapalham” ou “acabar com a raça desses nordestinos safados” não só era possível, como rendia público e aplausos. Pensamentos que antes rastejavam pelas sombras passaram a ganhar o palco e a amealhar seguidores. E aqueles que antes não ousavam proclamar seu ódio cara a cara, sentiram-se fortalecidos ao descobrirem-se legião. Finalmente era possível “dizer tudo”. E dizer tudo passou a ser confundido com autenticidade e com liberdade.

    Para muitos, havia e há a expectativa de que o conhecimento transmitido pela oralidade, caso de vários povos tradicionais e de várias camadas da população brasileira com riquíssima produção oral, tenha o mesmo reconhecimento na construção da memória que os documentos escritos. Na experiência da internet, aconteceu um fenômeno inverso: a escrita, que até então era uma expressão na qual se pesava mais cada palavra, por acreditar-se mais permanente, ganhou uma ligeireza que historicamente esteve ligada à palavra falada nas camadas letradas da população. As implicações são muitas, algumas bem interessantes, como a apropriação da escrita por segmentos que antes não se sentiam à vontade com ela. Outras mostram as distorções apontadas aqui, assim como a inconsciência de que cada um está construindo a sua memória: na internet, a possibilidade de apagar os posts é uma ilusão, já que quase sempre eles já foram copiados e replicados por outros, levando à impossibilidade do esquecimento.

    O fenômeno ajuda a explicar, entre tantos episódios, a resposta de Washington Quaquá, prefeito de Maricá e presidente do PT fluminense, uma figura com responsabilidade pública, além de pessoal, às agressões contra Guido Mantega. Em seu perfil no Facebook, ele sentiu-se livre para expressar sua indignação contra o que aconteceu na lanchonete do Einstein nos seguintes termos: “Contra o fascismo a porrada. Não podemos engolir esses fascistas burguesinhos de merda! (…) Vamos pagar com a mesma moeda: agrediu, devolvemos dando porrada!”.

    O ódio, e também a ignorância, ao serem compartilhados no espaço público das redes, deixaram de ser algo a ser reprimido e trabalhado, no primeiro caso, e ocultado e superado, no segundo, para ser ostentado. E quando me refiro à ignorância, me refiro também a declarações de não saber e de não querer saber e de achar que não precisa saber. Me arrisco a dizer que havia mais chances quando as pessoas tinham pudor, em vez de orgulho, de declarar que acham museus uma chatice ou que não leram o texto que acabaram de desancar, porque pelo menos poderia haver uma possibilidade de se arriscar a uma obra de arte que as tocasse ou a descobrir num texto algo que provocasse nelas um pensamento novo.

    Sempre se culpa o anonimato permitido pela rede pelas brutalidades ali cometidas. É verdade que o anonimato é uma realidade, que há os “fakes” (perfis falsos) e há toda uma manipulação para falsificar reações negativas a determinados textos e opiniões, seja por grupos organizados, seja como tarefa de equipes de gerenciamento de crise de clientes públicos e privados. Tanto quanto há campanhas de desqualificação fabricadas como “espontâneas”, nas quais mentiras ou boatos são disseminados como verdades comprovadas, causando enormes estragos em vidas e causas.

    Mas suspeito que, no que se refere ao indivíduo, a notícia – boa ou má – é que o anonimato foi em grande medida um primeiro estágio superado. Uma espécie de ensaio para ver o que acontece, antes de se arriscar com o próprio RG. Não tenho pesquisa, só observação cotidiana. Testemunho dia a dia o quanto gente com nome e sobrenome reais é capaz de difundir ódio, ofensas, boatos, preconceitos, discriminação e incitação ao crime sem nenhum pudor ou cuidado com o efeito de suas palavras na destruição da reputação e da vida de pessoas também reais. A preocupação de magoar ou entristecer alguém, então, essa nem é levada em conta. Ao contrário, o cuidado que aparece é o de garantir que a pessoa atacada leia o que se escreveu sobre ela, o cuidado que se toma é o da certeza de ferir o outro. O outro, se não for um clone, só existe como inimigo.

    O problema, quando se aponta os “bárbaros”, e aqui me incluo, é justamente que os bárbaros são sempre os outros. Neste sentido, a eleição de 2014, da qual derivou a tese, para mim bastante questionável, do “Brasil partido”, bagunçou um bocado essa crença. Não foi à toa que amizades antigas se desfizeram, parentes brigaram e até amores foram abalados, que até hoje há gente que se gostava que não voltou a se falar. As redes sociais, a internet, viraram um campo de guerra, num nível maior do que em qualquer outra eleição ou momento histórico. Só que, desta vez, os bárbaros eram até ontem os aliados na empreitada da civilização.

    Descobriu-se então que pessoas com quem se compartilhou sonhos ou pessoas que se considerava éticas – pessoas do “lado certo” – eram capazes de lançar argumentos desonestos – e que sabiam ser desonestos – e até mentiras descaradas, assim como de torturar números e manipular conceitos. Eram capazes de fazer tudo o que sempre condenaram, em nome do objetivo supostamente maior de ganhar a eleição. Os bárbaros não eram mais os outros, os de longe. Desta vez, eram os de perto, bem de perto, que queriam não apenas vencer, mas destruir o diferente ou o divergente, eu ou você. O bárbaro era um igual, o que torna tudo mais complicado.

    Não se sai imune desse confronto com a realidade do outro, a parte mais fácil. Não se sai impune desse confronto com a realidade de si, este um enfrentamento só levado adiante pelos que têm coragem. Como sabemos, enquanto for possível e talvez mesmo quando não seja mais, cada um fará de tudo para não se enxergar como bárbaro, mesmo que para isso precise mentir para si mesmo. É duro reconhecer os próprios crimes, assim como as traições, mesmo as bem pequenas, e as vilanias. Mas, no fundo, cada um sabe o que fez e os limites que ultrapassou. O que aconteceu na eleição de 2014 é que os bons e os limpinhos descobriram algumas nuances a mais de sua condição humana, e descobriram o pior: também eles (nós?) não são capazes de respeitar a opinião e a escolha diferente da sua. Também eles (nós?) não quiseram debater, mas destruir. De repente, só havia “haters” (odiadores). De novo: desse confronto não se sai impune. A boçalidade do mal ganhou dimensões imprevistas.

    Seria improvável que a experiência vivida na internet, na qual o que aconteceu nas eleições foi apenas o momento de maior desvendamento, não mudasse o comportamento quando se está cara a cara com o outro, quando se está em carne e osso e ódio diante do outro, nos espaços concretos do cotidiano. Seria no mínimo estranho que a experiência poderosa de se manifestar sem freios, de se mostrar “por inteiro”, de eliminar qualquer recalque individual ou trava social e de “dizer tudo” – e assim ser “autêntico”, “livre” e “verdadeiro” – não influenciasse a vida para além da rede. Seria impossível que, sob determinadas condições e circunstâncias, os comportamentos não se misturassem. Seria inevitável que essa “autorização” para “dizer tudo” não alterasse os que dela se apropriaram e se expandisse para outras realidades da vida. E a legitimidade ganhada lá não se transferisse para outros campos. Seria pouco lógico acreditar que a facilidade do “deletar” e do “bloquear” da internet, um dedo leve e só aparentemente indolor sobre uma tecla, não transcendesse de alguma forma. Não se trata, afinal, de dois mundos, mas do mesmo mundo – e do mesmo indivíduo.

    A mulher que se sentiu “no direito” de xingar Guido Mantega e por extensão Eliane Berger, e tornar sua presença na lanchonete do hospital insuportável, assim como as pessoas que se sentiram “no direito” de aumentar o coro de xingamentos, possivelmente acreditem que estavam apenas exercendo a liberdade de expressão como “cidadãos de bem indignados com o PT”, uma frase corriqueira nos dias de hoje, quase uma bandeira. Ao mandar Guido e Eliane para outro lugar – e não para qualquer lugar, mas “pro SUS” – devem acreditar que o Sistema Único de Saúde é a versão contemporânea do inferno, para a qual só devem ir os proscritos do mundo. Possivelmente acreditem também que o espaço do Hospital Israelita Albert Einstein deve continuar reservado para uma gente “diferenciada”. Em nenhum momento parecem ter enxergado Guido e Eliane como pessoas, nem se lembrado de que quem está num hospital, seja por si mesmo, seja por alguém que ama, está numa situação de fragilidade semelhante a deles. O direito ao ódio e à eliminação do outro mostrou-se soberano: aquele que é diferente de mim, eu mato. Ou deleto. Simbolicamente, no geral; fisicamente, com frequência assustadora.

    Mas, claro, nada disso é importante. Nem é importante a greve dos caminhoneiros ou a falta de água na casa dos mais pobres. Tampouco a destruição de estátuas milenares pelo Estado Islâmico. Essencial mesmo é o grande debate da semana que passou: descobrir se o vestido era branco e dourado – ou preto e azul. Até mesmo sobre tal irrelevância, a selvageria do bate-boca nas redes mostrou que não é possível ter opinião diferente.

    Já demos um passo além da banalidade. Nosso tempo é o da boçalidade.
     

     

  3. Ah, o mau-humor de Renan com Dilma é a lista da “Lava-Jato”…

    Tijolaço

     

    3 de março de 2015 | 20:27 Autor: Fernando Brito

     

     

    cunharenan

    Agora, com a notícia de que Renan Calheiros e Eduardo “Leva Eu Meu Bem” Cunha estão na temível lista do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, você entendeu porque Renan está  afrontando publicamente a Presidenta Dilma Rousseff?

    Porque a recusa em comparecer ao jantar do PMDB, ontem, e a devolução da MP do Ajuste Fiscal são afrontas que nem um presidente do Senado oposicionista faz, quanto mais um que diz ser da base aliada.

    Renan acha que estamos ainda nos tempos de Sarney e FHC, quando um presidente estalava os dedos e um processo parava?

    Dilma avisou para quem quisesse ouvir e fez muito bem: que estiver na roda, roda…

    Só na cabeça de Calheiros e daquela loura da Veja, Janot é um empregadinho do Planalto.

    Tanto quanto não pode ser da oposição, segurando cartazes levados por “coxinhas”.

    Cunha, que é muito mais esperto, já tinha recuado e mostrado prudência, tratando civilizadamente com a Presidenta e recuado na  ridícula “passagem da patroa” para os deputados.

    Os dois sabiam desde sexta-feira que teriam um pedido de abertura de inquérito.

    Aliás, a propósito, onde estão os energúmenos que disseram que a Presidenta “não entendia nada de independência do MP” quando pediu – pedido recusado – para Janot dizer se algum dos indicados a Ministro poderia vir a ter problemas na Lava-Jato?

    Qual foi o mal de Janot ter avisado alguns dias antes a Renan e Cunha, se isso não influiu na decisão tomada?

    Foi um ato civilizado para com duas pessoas que – gostemos ou não, presidem as casas de um Poder da República, o Legislativo.

    Certas figuras só conseguem pensar numa relação de patrão e empregado, assim mesmo daquelas mais mesquinhas, onde um fala e o outro obedece.

    Talvez porque estejam acostumados com isso.

    http://tijolaco.com.br/blog/?p=25108

     

  4. A boçalidade virou “normal”.Delete o diferente,como faria o Isis

    Tijolaço

     

    3 de março de 2015 | 16:28 Autor: Fernando Brito

     

    adao

    Recebo de uma amiga, via Facebook, um texto muito interessante – e preocupante -da  escritora, repórter e documentarista Eliane Brum, que muitos devem conhecer por seus livros, participação em programas de rádio e colunas na revista Época.

    É longo, bem escrito, lúcido e toca em uma das coisas que mais me aflige, hoje.

    A brutalidade que vem marcando o nosso comportamento.

    Estamos caminhando (ou sendo conduzidos) pelo caminho terrível da quebra dos sentimentos (e também das convenções, entendidas como sistema de regras de convívio) coletivos.

    Um processo que se inicia lá atrás, há 30 anos, com o secessionismo de nações, de etnias, de grupos culturais, até o que andou se chamando por aqui de “tribalismo”.

    Os partidos políticos, os sindicatos, as associações, tudo aquilo que nos unia foi sendo reduzido a “comunidades”.

    Quase seitas, nós que gostamos tanto de menosprezar os islâmicos.

    Qualquer semelhança com um filme do processo civilizatório humano passado ao contrário não é mera coincidência.

    Passamos a amar as prisões, as condenações, os “bandidos bons, os bandidos mortos”, os negrinhos amarrados no poste.

    Ah, sim, também desprezamos os nordestinos, os gays, os pretos, os pobres, os “bolsa-família” vagabundos e, ia esquecendo, o voto da população.

    E tem do lado de cá, também, porque nos apressamos a apontar como “politicamente incorreto” e em rejeitar como “coxinha” quem embarca nesta maré que não são, absolutamente, eles que constroem, mas gente muito bem articulada.

    Alguns diriam que estamos nos tornando “bárbaros”.

    Não, não, estamos nos tornando “romanos”.

    Ou absorvendo a expressão grega de que “quem não é um grego é um bárbaro”.

    Os que não são iguais a nós, automaticamente, é que são os “bárbaros”. Como diz a Eliane, “o problema, quando se aponta os “bárbaros”, e aqui me incluo, é justamente que os bárbaros são sempre os outros”.

    E os bárbaros devem ser eliminados.

    Nestes tempos virtuais, “deletados”.

    Por isso, achei tão legal o texto da gaúcha Eliane – o os gaúchos, de tantas pelejas brutas, têm uma frase que afirma que “a luta não quita a fidalguia” – e dele reproduzo um pequeno trecho, recomendando a leitura integral.

    A boçalidade do mal

    Eliane Brum

    (…)A mulher que se sentiu “no direito” de xingar Guido Mantega e por extensão Eliane Berger, e tornar sua presença na lanchonete do hospital insuportável, assim como as pessoas que se sentiram “no direito” de aumentar o coro de xingamentos, possivelmente acreditem que estavam apenas exercendo a liberdade de expressão como “cidadãos de bem indignados com o PT”, uma frase corriqueira nos dias de hoje, quase uma bandeira. Ao mandar Guido e Eliane para outro lugar – e não para qualquer lugar, mas “pro SUS” – devem acreditar que o Sistema Único de Saúde é a versão contemporânea do inferno, para a qual só devem ir os proscritos do mundo. Possivelmente acreditem também que o espaço do Hospital Israelita Albert Einstein deve continuar reservado para uma gente “diferenciada”. Em nenhum momento parecem ter enxergado Guido e Eliane como pessoas, nem se lembrado de que quem está num hospital, seja por si mesmo, seja por alguém que ama, está numa situação de fragilidade semelhante a deles. O direito ao ódio e à eliminação do outro mostrou-se soberano: aquele que é diferente de mim, eu mato. Ou deleto. Simbolicamente, no geral; fisicamente, com frequência assustadora.

    Mas, claro, nada disso é importante. Nem é importante a greve dos caminhoneiros ou a falta de água na casa dos mais pobres. Tampouco a destruição de estátuas milenares pelo Estado Islâmico. Essencial mesmo é o grande debate da semana que passou: descobrir se o vestido era branco e dourado – ou preto e azul. Até mesmo sobre tal irrelevância, a selvageria do bate-boca nas redes mostrou que não é possível ter opinião diferente.

    Já demos um passo além da banalidade. Nosso tempo é o da boçalidade.

    http://tijolaco.com.br/blog/?p=25092

     

    1. Eu tenho sentido isso…

      … a cada post que eu escrevo.

      O comportamento da maioria dos comentaristas progressistas em relação a quem é eleitor de Marina Silva ou Alckmin é muito parecido ao retratado por Eliane Brum nesse post.

      1. Amigo Gunter,
        Ninguém é

        Amigo Gunter,

        Ninguém é obrigado a pensar igual. A diversidade de pensamento enriquece e fortalece a democracia. O respeito as diferenças não só no âmbito das ideias como nas preferências políticas é primordial para uma convivência civilizada. O que não aceito é a intolerância, ignorância, agressão e falta de respeito com qualquer cidadão, independente de suas preferências políticas e ideológicas. Abs  

    2. Webster, o desrespeito virou
      Webster, o desrespeito virou sinônimo de independência e pensamento autônomo. Os “modernos” e “bem postos” na vida acreditam que podem mais porque são mais; que gritando mais alto, serão obedecidos, que xingando farão tremer e calar… Vemos isso aqui mesmo, dentre os comentaristas. O Gunter comentou este post se queixando, com razão, da ferocidade e impaciência contra eleitores de Alckmin e Marina. A bem da verdade, enxergo nisso uma justa equidade.
      Nos últimos anos, a campanha difamatória contra os eleitores do PT, os progressistas, os beneficiários do BF foi implacável, deletéria, imoral. Mas como estava restrita à grande mídia, não havia revide. Acredito que um dos motivos por que os blogs independentes (detesto o termo “sujos”) tornaram-se alvos é justamente este. Agora não é mais um monólogo. Quem diz o que quer, está sujeito a ouvir o que não quer.
      O problema é que fica uma gritaria generalizada e não se consegue, em função do ruído, ouvir e pensar sobre o que o outro está dizendo. Todos perdem por estarem armados e reativos.

      1. Concordo plenamente com seu

        Concordo plenamente com seu comentário, Anna Dutra. Como afirmei ao Gunter a diversidade de pensamento enriquece e fortalece a democracia. O respeito as diferenças não só no âmbito das ideias como nas preferências políticas é primordial para uma convivência civilizada. O que não aceito é a intolerância, ignorância, agressão e falta de respeito com qualquer cidadão, independente de suas preferências políticas e ideológicas.

        Para quem vivenciou uma ditadura conhece muito bem o significado desses valores como o direito de cada cidadão se expressar, posso até discordar no todo ou em parte, mas vou sempre defender  o direito deles se manifestarem.

        Quanto ao PT posso te afirmar que nunca vi um partido ser tão perseguido  pela grande imprensa brasileira. Um desequilíbrio descomunal de forças! Fico imaginando como seria a divulgação de informações hoje se não existisse a internet e os blogs, ainda estaríamos assistindo manipulações e fraudes a cada eleição como as ocorridas  nos anos 80, com proconsult, sequestro e depoimento da ex-namorada do Lula veículado pela Globo no último guia eleitoral.        

      2. Não ignoro também uma outra

        Não ignoro também uma outra questão, bem marcante no último processo eleitoral. Personagens que não poderam mais ocultar a sua verdadeira origem, a quem de fato serviam, de que lado sempre estiveram. Máscaras cairam. Isso é desconfortável, sofrido. Perde-se a vantagem de estar bem agasalhado, de ser bem acolhido em todos os espaços. Muito choro e ranger de dentes decorrem disso.

  5. HSBC: Grécia vazou tudo

    Megacidadania

     

    março 4, 2015

     

      

    A mentira de FR do UOLO jornalista Fernando Rodrigues, empregado do Grupo UOL/Folha, talvez não tenha conhecimento.

    Vamos ajudá-lo.

    Após pesquisa o blog Megacidadania descobriu que o jornalista Kostas Vaxevanis, editor da revista grega HOT DOC, divulgou por lá a lista completa com 2.059 nomes de gregos que se utilizaram do esquema criminoso disponibilizado pelo HSBC (clique aqui).

    Clique aqui e conheça a história do jornalista Kostas Vaxevanis, editor da revista grega HOT DOC.

    A Grécia vazou tudoTambém verificamos que o jornal The Indian EXPRESS divulgou uma lista com 100 nomes (clique aqui), destaque para o magnata das telecomunicações Mukesh Ambani e uma de suas empresas, a FLAG Telecom (clique aqui), que garantiu o suprimento digital global da Copa do Mundo FIFA 2002 atravessando três continentes.

    E o jornal espanhol El Pais divulgou 60 nomes (clique aqui), destaque para Emilio Botín Sanz de Sautuola Garcia Rios, presidente do Banco Santander.

    No Brasil o jornalista Fernando Rodrigues só divulgou 11 nomes.

    Quem desejar conhecer a quantidade por país dos que mantém contas no esquema Suíçalão, é só clicar aqui.

    PARTICIPE DA CAMPANHA
    Dar acesso à lista e dados dos 8.667 clientes brasileiros do HSBC/SwissLeaks (clique aqui) http://www.megacidadania.com.br/hsbc-grecia-vazou-tudo/

  6. O massacre do estudante que morreu após beber 30 doses de vodca

    Do DCM

     

    Postado em 03 mar 2015

     

     

     

    por :                Humberto

    Humberto

     

    “Melhor morrer de vodca do que de tédio.”

    A frase acima está no Facebook do estudante Humberto Moura Fonseca, 23 anos, morto depois de beber 30 ou mais doses de vodca no último sábado. Ele participava de uma festa com bebida liberada em uma chácara em Bauru, cidade em que cursava engenharia elétrica. A festa era de estudantes de engenharia.

    Após divulgação na imprensa, a frase circula hoje pelas redes sociais acompanhada de insinuações de que o responsável pela tragédia foi o próprio rapaz.

    “Triste ver gente sem metas na vida”, escreveu a usuária Samira Queiroz no Twitter. “E o babaca morreu”, disse Pedro Sprangin na mesma rede social. “Realizou o ‘sonho’”, postou Leandro Capilluppi. “Parabéns, você atingiu seu objetivo”, disse Giovanna Pedroso. Etc, etc.

    O que pode inspirar alguém a dizer coisas assim? O desprezo pela vida de um semelhante? Ou a perplexidade diante de uma morte absurda? Prefiro ficar com a última opção.

    Overdose acidental nunca foi tratada como suicídio em qualquer lugar do mundo.

    O álcool pode levar qualquer um a se expor a situações perigosas, especialmente ao consumo do próprio álcool em doses potencialmente letais. Porque quem bebe perde temporariamente as funções do cérebro responsáveis pela inibição e capacidade de julgar o certo do errado. Isto é científico.

    Dizer que qualquer fraçnao da culpa é de Humberto, alguém de quem não se conhece o perfil psicológico, é de uma perversidade obtusa.

    Mas a Lei precisa e deve trabalhar. Dois organizadores da festa foram presos imediatamente. Eles serão acusados de homicídio com dolo eventual, aquele em que se realiza um ato tendo consciência de que a vítima poderá morrer em sua decorrência.

    A culpa é deles? Não há registro de que os organizadores tenham empurrado as 30 doses de vodca pela goela de Humberto. Nem dele nem dos outros estudantes que participaram de uma competição para descobrir quem bebia mais. Além da vítima fatal, três foram parar no hospital em coma alcóolico e sobreviveram.

    O Ministério Público Estadual se diz empenhado em encontrar os culpados. Descobriram que a festa era clandestina, realizada sem alvará, e que não havia socorro emergencial à disposição.

    Minha opinião é que a não ser que o MP tenha alcançado a sofisticação de processar e punir tradições de décadas e décadas como as orgias alcoolicas dos universitários brasileiros, vai acabar colocando na cadeia dois bodes expiatórios. No curso de engenharia, especificamente, este descontrole é endêmico.

    Digite na busca de imagens de Google as palavras “festa” e “engenharia”. Você vai encontrar cartazes e folhetos que infalivelmente celebram o exagero no consumo de bebidas alcoolicas.

    Do curso de engenharia da UFES em que estudei nos anos 2000 vem o cartaz da 42ª Calourada de Engenharia. Em letras garrafais: “A maior festa open bar do ES”, “1000 grades de Brahma liberadas”, “Vodka (sic) com energético liberados”, “Tequila liberada para as mulheres”. Enquanto estudei lá, dois estudantes morreram em festas, uma delas de engenharia. As confusões na infame festa “Abre Bodes”, que reunia os cursos de exatas, eram praxe.

    Eu morei durante um ano numa república com estudantes de engenharia. Usavam a bebida para escapar da pressão dos estudos e para vencer a timidez que parece acompanhar quem tem facilidade com números e equações.

    Viviam a rotina de estudar obsessivamente um assunto árido, reprovavam em matérias que pareciam moldadas para tirar a sanidade do estudante e mal viam seres humanos do sexo feminino no dia a dia. Na sexta-feira à noite, pareciam aqueles elefantes indianos que volta e meia comem frutas fermentadas do chão, ficam loucos com o álcool e destroem vilas inteiras com suas patas gigantes.

    A cultura do abuso do álcool nos cursos de engenharia precisa ser levada em conta na hora de encontrar os culpados pela morte de Humberto. Senão esta cultura, o descaso de quem deveria olhar melhor para estes rapazes que, como ele, passavam os primeiros anos longe de casa em meio a um dia a dia escorchante.

    “Meu filho perdeu a vida por uma brincadeira de mau gosto”, disse Josely Pinto de Moura, mãe de Humberto, à Folha de S. Paulo. “Uma festa assim instiga o rapaz a beber, ele vai sendo motivado para isso”, disse.

    Mãe sabe tudo.

    Ao ver o cadáver de Humberto, a Unesp foi a primeira a tirar o corpo fora. Disse que esse tipo de festa é proibido, que aconteceu fora dos muros da universidade e, de quebra, exibiu um trecho de uma portaria em que conseguiu ignorar o manjadíssimo plural de “campus” é “campi”.

    “É vetado o uso de bebidas alcoólicas nas dependências dos Câmpus Universitários”. Além disso, em todas as Unidades, é realizada intensa campanha alertando para os perigo do consumo excessivo de bebidas alcoólicas.

    Se fazem mesmo estas campanhas, está pouco. Façam mais. Levem psicólogos, conversem com estes rapazes. Comecem pela engenharia.

    (A frase do perfil de Humberto, aliás, é do poeta russo Vladimir Maiakóvski, não cita especificamente a vodca e pertence a um poema em que este homenageia o colega Sergei Yesenin, que se suicidou em 1925.)

    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-massacre-do-estudante-que-morreu-apos-beber-30-doses-de-vodca/

     

    1. Não assinaram. Pegou mal?

      Não assinaram. Pegou mal? Simples. Declaram apoio e mostram o compromisso com a ética, com o combate à corrupção (dos outros). A mídia abre o espaço para os arroubos de honradez. E todos sabem que uma CPI sem holofotes não vinga. 

      CONTRATEMPO RESOLVIDO.

  7. Mello Franco: Renan vira

    Mello Franco: Renan vira herói da oposição

    Segundo o colunista, para os tucanos, não interessa se o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), será condenado por envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras, e sim inflar a sua ira para aumentar o desgaste do Planalto; Aécio Neves não tardou a tecer elogios ao ex-adversário; para o peemedebista, diz que “foi uma saída engenhosa. Se o alagoano tivesse mantido a espinha curvada ao governo, os oposicionistas começariam uma campanha diária para derrubá-lo”

    o barrar a medida provisória da presidente Dilma Rousseff que anulava a desoneração nas folhas de pagamento, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB) virou herói da oposição.

    É o que afirma o colunista Bernardo Mello Franco. Para ele, foi uma saída engenhosa de Renan: “Se o alagoano tivesse mantido a espinha curvada ao governo, os oposicionistas começariam uma campanha diária para derrubá-lo”.

    Já para os tucanos, diz que “não interessa se Renan será condenado por envolvimento no petrolão, e sim inflar a sua ira para aumentar o desgaste do Planalto” (leia aqui).

    http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/171956/Mello-Franco-Renan-vira-her%C3%B3i-da-oposi%C3%A7%C3%A3o.htm

  8. Renan Calheiros cede a pressões da Globo

    Publicado em 03/03/2015: http://www.conversaafiada.com.br/politica/2015/03/03/renan-joga-para-a-globo/

    Renan joga para a Globo

    Espetáculo sobre desoneração alivia a folha dos filhos do Roberto Marinho

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    O presidente do Senado, Renan Calheiros muniu-se de inusitada bravura e devolveu à Presidenta Dilma um ingrediente importante do ajuste: o fim da desoneração da folha de pagamentos.

    Os jenios PiGais logo interpretaram como uma sublevação do PMDB, inconformado com possivel inclusão de alguns de seus gordos parlamentares na lista do Janot.

    O PMDB vai à forra !

    O PMDB vai derrubar a Dilma !

    Nada disso, amigo navegante.

    Nada mais velho do que o PMDB atender à Globo.

    O Eduardo Cunha, como se sabe, foi eleito com e para a Globo.

    Os colonistas da Globo reinstalaram a virgindade em Cunha.

    Agora, a bravata do Renan nada mais é do que uma forma de atender à Abert.

    A Abert, como se sabe, é a casinha que fica nos fundos do escritório dos filhos do Roberto Marinho – eles não têm nome próprio, só na lista da Forbes.

    (Em tempo: outro que resolveu prestar serviço à Globo, foi o traíra Cristovam Buarque: http://convergecom.com.br/telaviva/paytv/03/03/2015/presidente-da-cct-do-senado-ve-perigo-na-regulacao-da-midia/#.VPZL9cYy1tJ)

    Leia a nota da Abert:

    NOTA CONJUNTA À IMPRENSA

    A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), a Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) consideram um retrocesso a edição da Medida Provisória 669/15, que passará a vigorar em junho de 2015 e aumenta as alíquotas de contribuição previdenciária sobre a receita bruta das empresas.

    A própria presidente Dilma Rousseff reconheceu publicamente que a desoneração da folha de pagamento foi e continua sendo “importantíssima” para o país.

    Para as entidades representativas do setor de comunicação brasileiro, a desoneração da folha de pagamento é uma importante medida para a simplificação tributária e o fortalecimento do mercado de trabalho.

    É inconcebível a mudança feita pelo mesmo governo que, em novembro de 2014, sancionou lei desonerando permanentemente a folha de pagamento de 56 setores da economia.

    A mudança de rumo do governo com a MP 669 representa aumento da carga tributária e afeta o planejamento econômico das empresas.

    ABERT, ANER e ANJ esperam que, durante a tramitação da medida provisória no Congresso Nacional, seja recuperada a segurança jurídica necessária para que investimentos e empregos fiquem preservados.

    Daniel Slaviero – presidente da ABERT
    Frederic Kachar – presidente da ANER
    Carlos Fernando Lindenberg Neto – presidente da ANJ
     

     

  9. O Papa que diz o que a

    O Papa que diz o que a esquerda já não lembra de dizer
     

    Tudo o que está no post anterior está aqui neste, e muito mais.

    É a cabeça privilegiada de Mauro Santayanna descrevendo a razão profunda das reações à fala do Papa Francisco sobre o dinheiro ser “o estrume do diabo”.

    Diante de uma esquerda amorfa e imobilizada por uma covardia imensa em dizer o que pensa, com todas as letras, para que, “republicana” , nutra a esperança de que os salões não lhes torça o nariz, foi preciso que um Papa, um homem de tradição simples e discreta, tomasse o chicote contra os fariseus.

    Santayanna descreve com talento a batalha ideológica que a nossa esquerda – impregnada pelo neoliberalismo até a medula e tolamente dócil à ideia do “fim da história” e da supremacia do “mercado” sobre o homem abandonou.

    Não somos uma “geléia geral”, todos iguais.

    E se devemos saber conviver e cooperar, jamais devemos deixar de mostrar o que somos, o que sentimos e porque dedicamos nossas vidas á política.

     

    O Papa e o estrume do Diabo

    Mauro Santayanna

    O Papa Francisco está sendo amplamente atacado na internet, por ter dito, em cerimônia, em Roma, que “o dinheiro é o estrume do diabo” e que quando se torna um ídolo “ele comanda as escolhas do homem”.

    Acima e abaixo da cintura, houve de tudo.

    De adjetivos como comunista, “argentino hipócrita”, demagogo e outros aqui impublicáveis, a sugestões de que ele se mude para uma favela, e – a campeã de todas – que distribua para os pobres o dinheiro do Vaticano.

    É cedo, historicamente, para que se conheça bem este novo papa, mas, pelo que se tem visto até agora, não se pode duvidar de que daria o dinheiro do Vaticano aos pobres, tivesse poder para isso, não fosse a Igreja que herdou dominada por nababos conservadores colocados lá pelos dois pontífices anteriores, e ele estivesse certo de que essa decisão fosse resolver, definitivamente, a questão da desigualdade e da pobreza em nosso mundo. Inteligente, o Papa sabe que a raiz da miséria e da injustiça não está na falta de dinheiro mas na falta de vergonha, de certa minoria que possui muito, muitíssimo, em um planeta em que centenas de milhões de pessoas ainda vivem com menos de dois dólares por dia.

    E que essa situação se deve, em grande parte, justamente à idolatria cada vez maior pelo dinheiro, o estrume do Bezerro de Ouro que estende a sombra de seus cornos sobre a planície nua, os precipícios e falésias do destino humano.

    Em nossa época, deixamos de honrar pai e mãe, de praticar a solidariedade com os mais pobres, com os doentes, com os discriminados e os excluídos, para nos entregar ao hedonismo.

    Os pais transmitem aos filhos, como primeira lição e maior objetivo na existência, a necessidade não de sentir, ou de compreender o mundo e a trajetória mágica da vida – presente maior que recebemos de Deus quando nascemos – mas, sim, a de ganhar e acumular dinheiro a qualquer preço.

    Escolhe-se a escola do filho, não pela abordagem filosófica, humanística, às vezes nem mesmo técnica ou científica, do tipo de ensino, mas pelo objetivo de entrar em uma universidade para fazer um curso que dê grana, com o objetivo de fazer um concurso que dê grana, estabelecendo, no processo, uma “rede” de amigos que têm, ou provavelmente terão grana.

    Favorecendo, realimentando, uma cultura voltada para o aprendizado e o compartilhamento de símbolos de status fugazes e vazios, que vão do último tipo de smartphone ao nome do modelo do carro do papai e da roupa e do tênis que se está usando.

    O que determina a profissão, o que se quer fazer na vida, é o dinheiro.

    Escolhe-se a carreira pública, ou a política, majoritariamente, pelo poder e pelas benesses, mas, principalmente, pelo dinheiro.

    Montam-se igrejas e seitas, também pelo poder, mas, sobretudo, pelo dinheiro.

    Até mesmo na periferia, assalta-se, mata-se, se morre ou se vive – como rezam as letras dos funks de batalha ou de ostentação – pelo dinheiro.

    Para os mais radicais, não basta colocar-se ao lado do capital, apenas como um praticante obtuso e entusiástico dessa insensata e permanente “vida loca”.

    É necessário reverenciar aberta e sarcasticamente o egoísmo, antes da solidariedade, a cobiça, antes da construção do espírito, o prazer, antes da sabedoria.

    É preciso defender o dindin – surgido para facilitar a simples troca de mercadorias – como símbolo e bandeira de uma ideologia clara, que se baseia na apologia da competição individual desenfreada e grosseira, e de um “vale tudo” desprovido pudor e de caráter, como forma de se alcançar riqueza e glória, disfarçado de eufemismos que possam ir além do capitalismo, como é o caso, do que está mais na moda agora, o da “meritocracia”.

    Segundo a crença nascida da deturpação do termo, que atrai, como um imã, cada vez mais brasileiros, alguns merecem, por sua “competência”, viver, se divertir, ganhar dinheiro. Enquanto outros não deveriam sequer ter nascido – já que estão aqui apenas para atrapalhar o andamento da vida e do trânsito. Melhor, claro, se não existissem – ou que o fizessem apenas enquanto ainda se precise – ao custo odioso de quase 30 dólares por dia – de uma faxineira ou de um ajudante de pedreiro.

    O capitalismo está se transformando em ideologia. Só falta que alguém coloque o cifrão no lugar da suástica e comece a usá-lo em estandartes, colarinhos e braçadeiras, e que em nome dele se exterminem os mais pobres, ou ao menos os mais desnecessários e incômodos, queimando-os, como polutos cordeiros, em fornos de novos campos de extermínio.

    Disputa-se e proclama-se o direito de ter mais, muito mais que o outro, de receber de herança mais que o outro, de legar mais que o outro, de viver mais que o outro, de gastar mais que o outro, e, sobretudo, de ostentar, descaradamente, mais que o outro. Mesmo que, para isso, se tenha de aprender dos pais e ensinar aos filhos, a se acostumar a pisar no outro, da forma mais impiedosa e covarde. Principalmente, quando o outro for mais “fraco”, “diverso” ou pensar de forma diferente de uma matilha malévola e ignara, ressentida antes e depois do sucesso e da fortuna, que se dedica à prática de uma espécie de bullying que durará a vida inteira, até que a sombra do fim se aproxime, para a definitiva pesagem do coração de cada um, como nos lembram os antigos papiros, à sombra de Maat e de Osíris.

    A reação conservadora à ascensão de Francisco, depois do aparelhamento, durante os dois papados anteriores, da Igreja Apostólica e Romana por clérigos fascistas, e da renúncia de um papa envolvido indiretamente com vários escândalos, que comandou com crueldade e mão de ferro a “caça às bruxas” ocorrida dentro da Igreja nesse período, se dá também nos púlpitos brasileiros.

    Não podendo atacar frontalmente um pontífice que diz que o mundo não é feito, exclusivamente, para os ricos, religiosos que progrediram na carreira nos últimos 20 anos, e que se esqueceram de Jesus no Templo e do Cristo dos mendigos, dos leprosos, dos aleijados, dos injustiçados, proferem seu ódio fazendo política nas missas – o que sempre condenaram nos padres adeptos da Teologia da Libertação – ressuscitando o velho e baboso discurso de triste memória, que ajudou a sustentar o golpismo em 1964.

    O ideal dos novos sacerdotes e fiéis do Bezerro de Ouro é o de um futuro sem pobres, não para que diminua a desigualdade e aumente a dignidade humana, mas, sim, a contestação aos seus privilégios.

    Em 1996, em um livro profético – “L´Horreur Economique”, “O Horror Econômico” – a jornalista, escritora e ensaísta francesa, Viviane Forrester, morta em 2013, já alertava, na apresentação da obra, para o surgimento desse mundo, dizendo que estamos no limiar de uma nova forma de civilização, na qual apenas uma pequena parte da população terrestre encontrará função e emprego.

    “A extinção do trabalho parece um simples eclipse – afirmou então Forrester – quando, na verdade, pela primeira vez na História, o conjunto formado por todos os seres humanos é cada vez menos necessário para o pequeno número de pessoas que manipula a economia e detêm o poder político…

    dando a entender que diante do fato de não ser mais “explorável”, a “massa” e quem a compõe só pode temer, e perguntando-se se depois da exploração, virá a exclusão, e, se, depois da exclusão, só restará a eliminação dos mais pobres, no futuro.

    O culto ao Bezerro de Ouro, ao dinheiro e ao hedonismo está nos conduzindo para um mundo em que a tecnologia tornará o mais fraco teoricamente desnecessário.

    A defesa dessa tese, assim como de outras que são importantes para a implementação paulatina desse processo, será alcançada por meio da implantação de uma espécie de pensamento único, estabelecido pelo consumo de um mesmo conteúdo, produzido e distribuído, majoritariamente, pela mesma matriz capitalista e ocidental, como já ocorre hoje com os filmes, séries e programas e os mesmos canais norte-americanos de tv a cabo, em que apenas o idioma varia, que podem ser vistos com um simples apertar de botão do controle remoto, nos mesmos quartos de hotel – independente do país em que se estiver – em qualquer cidade do mundo.

    As notícias virão também das mesmas matrizes, em canais como a CNN, a Fox e a Bloomberg, e das mesmas agências de notícias, e serão distribuídas pelos mesmos grandes grupos de mídia, controlados por um reduzido grupo de famílias, em todo o mundo, forjando o tipo de unanimidade estúpida que já está se tornando endêmica em países nos quais – a exemplo do nosso – impera o analfabetismo político.

    E o controle da origem da informação, da sua transmissão, e, sobretudo dos cidadãos, continuará a ser feito, cada vez mais, pelo mesmo MINIVER, o Ministério da Verdade, de que nos falou George Orwell, em seu livro “1984”, estabelecido primariamente pelos Estados Unidos, por meio da internet, a gigantesca rede que já alcança quase a metade das residências do planeta, e de seus mecanismos de monitoração permanente, como a NSA e outras agências de espionagem, seus backbones, satélites, e as grandes empresas norte-americanas da área, e a computação em nuvem, identificando rapidamente qualquer um que possa ameaçar a sobrevivência do Sistema.

    O mundo do Bezerro de Ouro será, então – como sonham ardentemente alguns – um mundo perfeito, onde os pobres, os contestadores, os utópicos – sempre que surgirem – serão caçados a pauladas e tratados a chicotadas, e, finalmente, perecerão, contemplando o céu, nos lugares mais altos, para que todos vejam, e sirva de exemplo, como aconteceu com um certo nazareno chamado Jesus Cristo, há 2.000 anos.

    http://tijolaco.com.br/blog/?p=25102

  10. Cid: Câmara tem uns 400

    Cid: Câmara tem uns 400 deputados achacadores

    Segundo o ministro da Educação, Cid Gomes, a Câmara dos Deputados, sob o comando do deputado Eduardo Cunha, “será um problema grave para o Brasil”: “Tem lá uns 400 deputados, 300 deputados que quanto pior melhor para eles. Eles querem é que o governo esteja frágil porque é a forma de eles achacarem mais, tomarem mais, tirarem mais dele, aprovarem as emendas impositivas”, disse o ministro, em visita à Universidade Federal do Pará

     O ministro da Educação, Cid Gomes, disse que a Câmara dos Deputados, sob o comando do deputado Eduardo Cunha, “será um problema grave para o Brasil.”

    “Tem lá uns 400 deputados, 300 deputados que quanto pior melhor para eles. Eles querem é que o governo esteja frágil porque é a forma de eles achacarem mais, tomarem mais, tirarem mais dele, aprovarem as emendas impositivas”, disse o ministro, em visita à Universidade Federal do Pará.

    Indagado se Eduardo Cunha elegera-se com o aval do governo, ele respondeu: “Não foi não, querido, não foi não. Tudo o que a força política mais realmente comprometida, mais identificada com esse esforço que ampliou a oferta de ensino superior no Brasil e que tem compromissos sociais, que reduziu a miséria ou extinguiu a miséria, todas essas pessoas estiveram contra a eleição de quem foi eleito lá.”

    Leia aqui no blog de Josias de Souza.

    http://www.brasil247.com/pt/247/ceara247/171970/Cid-C%C3%A2mara-tem-uns-400-deputados-achacadores.htm

  11. Planalto decide privatizar R$ 40 bilhões em ativos da Petrobrás

    Planalto decide privatizar R$ 40 bilhões em ativos da Petrobrás

    A nova diretoria da Petrobrás anunciou, em comunicado, na segunda-feira, que o comando da empresa aprovou a revisão do seu plano, chamado de “desinvestimento”, prevendo a entrega ao setor privado de ativos no valor de R$ 40 bilhões em dois anos. De acordo com o comunicado, as alienações de ativos estão divididas entre as áreas de exploração e produção no Brasil e no exterior (30%), abastecimento (30%) e gás e energia (40%). O reflexo dessa política nefasta do governo na estatal na área de exploração e produção de óleo e gás será a redução da reserva de petróleo da empresa. Já o corte de 30% na área de abastecimento, que inclui refinarias e infraestrutura de transporte, implicará na redução da capacidade de produzir combustíveis, o que vai levar inevitavelmente a uma dependência maior da gasolina e óleo diesel importados para complementar as necessidades de abastecimento.

     

    http://horadopovo.com.br/2015/03Mar/3324-04-03-2015/P3/pag3b.htm

  12. O sistema financeiro trava a economia do país

    Carta Maior

    01/03/2015

    Não é mais possível não vermos o papel dos atravessadores que travam a economia. Não há PIB que possa avançar com tantos recursos desviados.

     

     

    Ladislau Dowbor

      

     

    Arquivo

     

    A conta é simples.

    O crédito no país representa cerca de 60% do PIB. Sobre este estoque incidem juros, apropriados por intermediários financeiros. Analisar esta massa de recursos, na sua origem e destino, é por tanto fundamental.

    É bom lembrar que o banco é uma atividade “meio”, a sua produtividade depende de quanto repassa para o ciclo econômico real, não de quanto dele retira sob forma de lucro e aplicações financeiras. Aqui simplesmente foram juntadas as peças, conhecidas, pare evidenciar a engrenagem, pois em geral não se cruza o crediário comercial com as atividades bancárias formais e os ganhos sobre a dívida pública, e muito menos ainda com os fluxos de evasão para fora do país.

    O principal entrave ao desenvolvimento do país aparece com força.

    O reajuste financeiro é vital, não o reajuste fiscal proposto, compreensível este último mais por razões de equilíbrios políticos do que por razões econômicas.
     
    (Aqui vai o esqueleto do artigo de 14 páginas sobre o sistema, veja o artigo completo aqui.

    Pense que o crediário cobra por exemplo 104% para “artigos do lar” comprados a prazo. Acrescente os 238% do rotativo no cartão, os mais de 160% no cheque especial, e você tem neste caso mais da metade da capacidade de compra dos novos consumidores drenada para intermediários financeiros, esterilizando grande parte da dinamização da economia pelo lado da demanda. O juro bancário para pessoa física, em que pese o crédito consignado, que na faixa de 25 a 30% ainda é escorchante, mas utilizado em menos de um terço dos créditos, é da ordem de 103% segundo a Anefac.

    A população se endivida muito para comprar pouco no volume final. A prestação que cabe no bolso pesa no bolso durante muito tempo. O efeito demanda é travado.

    Os bancos e outros intermediários financeiros demoraram pouco para aprender a drenar o aumento da capacidade de compra do andar de baixo da economia, esterilizando em grande parte o processo redistributivo e a dinâmica de crescimento.

    Efeito semelhante é encontrado no lado do investimento, da expansão da máquina produtiva, pois se no ciclo de reprodução o grosso do lucro vai para intermediários financeiros, a capacidade do produtor expandir a produção é pequena, acumulando-se os efeitos do travamentos da demanda e da fragilização da capacidade de reinvestimento.  

    Quanto ao financiamento bancário, os juros para pessoa jurídica são proibitivos, da ordem de 40 a 50%, e criar uma empresa nestas condições não é viável. Existem linhas de crédito oficiais, mas compensam em parte apenas a apropriação dos resultados pelos intermediários financeiros.
     
    Terceiro item da engrenagem, a taxa Selic. Com um PIB de 5 trilhões, um por cento do PIB representa 50 bi. Se o superávit primário está fixado em 4% do PIB, por exemplo, são cerca 200 bi dos nossos impostos transferidos essencialmente para os grupos financeiros, a cada ano. Com isso se esteriliza parte muito significativa da capacidade do governo de financiar mais infraestruturas e políticas sociais. Além disso, a Selic elevada desestimula o investimento produtivo nas empresas pois é mais fácil – risco zero, liquidez total – ganhar com títulos da dívida pública.

    E para os bancos e outros intermediários, é mais simples ganhar com a dívida do que fomentar a economia buscando bons projetos produtivos, o que exige identificar clientes, analisar e seguir as linhas de crédito, ou seja, fazer a lição de casa. Os fortes lucros gerados na intermediação financeira terminam contaminando o conjunto dos agentes econômicos.
     
    Assim entende-se que os lucros dos intermediários financeiros avancem de 10% quando o PIB permanece em torno de 1%, e o desemprego seja tão pequeno: o país trabalha, mas os resultados são drenados pelos crediários, pelos juros bancários para pessoa física, pelos juros para pessoa jurídica e pela alta taxa Selic. É a dimensão brasileira da financeirização mundial.

    Fechando a ciranda, temos a evasão fiscal. Com a crise mundial surgem os dados dos paraísos fiscais, na faixa de 20 trilhões de dólares segundo o Economist, para um PIB mundial de 70 trilhões. O Brasil participa com um estoque da ordem de 520 bilhões de dólares, cerca de 25% do nosso PIB. Ou seja, estes recursos que deveriam ser reinvestidos no fomento da economia, não só são desviados para a especulação financeira, como sequer pagam os impostos no nível devido. 

    Já saíram, por exemplo, os dados do Itaú e do Bradesco no Luxemburgo, bem como do mispricing (fraude nas notas fiscais) que nos custa 100 bi/ano, enviados ilegalmente para o exterior, segundo pesquisa do Global Financial Integrity, além dos fluxos canalizados pelos HSBC e outros bancos. 
     
    Junte-se a isto o fato dos nossos impostos serem centrados nos tributos indiretos, com os pobres pagando proporcionalmente mais tributos do que os ricos, e temos o tamanho do desajuste. De certa forma, temos aqui o espelho do que o Piketty analisa para os países desenvolvidos. O artigo completo abaixo constitui uma sistematização do mecanismo, apresentado de uma forma que qualquer não economista possa entender. E se trata do bolso de todos nós. As contas batem. Os dados são conhecidos, aqui se mostra como se articulam.
     
    O texto anexo não é um “artigo” de opinião acadêmica, e sim um relatório sobre como a engrenagem foi montada. Uma ferramenta que espero seja útil para nos direcionarmos, pois precisamos de muito mais gente que se dê conta de como funciona o nosso principal entrave.

    Não há PIB que possa avançar com tantos recursos desviados.  

    O problema não é só de um “ajuste fiscal”, e sim de um ajuste fiscal-financeiro mais amplo.

    Tanto o consumidor, como o empresário-produtor e o Estado na sua qualidade de provedor de infraestruturas e de políticas sociais têm tudo a ganhar com isto. Um empresário com quem discuti este texto me disse que estava gastando mais com juros do que com a folha de pagamento. Aqui temos até interesses comuns entre empresários efetivamente produtivos, situados na economia real, e os trabalhadores que querem se tornar mais produtivos e ganhar melhor.

    Não é mais possível não vermos o papel dos atravessadores que travam a economia.  

    http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/O-sistema-financeiro-trava-a-economia-do-pais/7/32970

     

  13. De pernas para o ar, Brasília assusta o Brasil
    De pernas para o ar, Brasília assusta o Brasil

    Ricardo Kotsho

     

    ok2 De pernas para o ar, Brasília assusta o Brasil

    Em qualquer situação, ao fazer nossas escolhas, começamos sempre com 50% de chances de acertar e 50% de errar. É da natureza humana. Depende das opções que adotamos. Foge a esta regra o que acontece com o governo Dilma-2: desde a sua posse para o segundo mandato, isolada e autossuficiente, a presidente tem conseguido errar 100%.

    Na montagem do ministério, no lançamento do pacote fiscal, na sua relação com os partidos da base aliada e com o Congresso Nacional, Dilma não acerta uma, não dá uma bola dentro. Conseguiu, em apenas dois meses, montar uma sólida unanimidade _ contra ela e seu governo.

    O tsunami político-jurídico que virou a capital do País de pernas para o ar nesta terça-feira, com a entrega da aguardada lista do Janot ao STF, deixou escancaradas as fragilidades das nossas instituições, a ausência de lideranças confiáveis e as relações cada vez mais esgarçadas entre os três poderes. A cada dia mais, Brasília assusta o Brasil. Ninguém confia em mais ninguém e não há chances de melhorar.

    Estamos todos navegando em mar revolto numa noite escura, sem termos a menor ideia de para onde estão nos levando. Quem disser que sabe o que vai acontecer nas próximas 48 horas ou no mês que vem está chutando, mentindo ou apenas torcendo.

    Na verdade, ninguém tem condições de saber, nem a presidente Dilma, nem o taxista que me trouxe para casa já tarde da noite e que, depois de ouvir o noticiário no rádio, me perguntou: E agora, doutor, o que vai acontecer? “Sabe o que eu acho? No fim, não vai acontecer nada, eles sempre acabam se entendendo…”, respondeu ele para si mesmo, entregue ao desencanto após uma longa jornada ao volante.

    Eu só sei que, aconteça o que acontecer, mesmo que por absurdo seja nada, não seremos mais os mesmos, não dá mais para ir empurrando com a barriga, fazer de conta que política é assim mesmo, não tem mais jeito.

    Tem, sim. É só dar logo nomes aos bois, acabar com os vazamentos seletivos, apontar e provar a culpa de cada um, esquecer a eterna farsa da conciliação pelo alto, desmontar o picadeiro da demagogia e lancetar este tumor que nos corrói o corpo e a alma.

    De quê, afinal, Renan Calheiros e Eduardo Cunha são acusados? E baseados em que eles logo culparam a presidente Dilma por seus nomes terem aparecido na lista, mesmo que o Ministério Público e o Supremo Tribunal Federal, até este momento, nove da manhã de quarta-feira, ainda não tenham confirmado nada oficialmente?

    Ninguém aguenta mais tanta hipocrisia e falta de caráter, em nome da governabilidade que não temos, da estabilidade econômica que derrete e da falsa cordialidade transformada em crescente intolerância.

    Vamos encarar a realidade: 30 anos após a redemocratização do País, o nosso sistema político-partidário-eleitoral está falido. Assim não há democracia que sobreviva com um mínimo de dignidade.

    Só para dar um exemplo: até hoje não temos o Orçamento da União para 2015, que deveria ter sido aprovado até o dia 22 de dezembro do ano passado. E o que faz o governo que, teoricamente, tem maioria nas duas Casas do Congresso? Ao mesmo tempo em que anuncia um rigoroso ajuste fiscal para equilibrar as contas, estuda a liberação de uma cota individual de R$ 10 milhões para as emendas parlamentares dos deputados novatos, que representam 45% da Câmara.

    Sabem quanto vai nos custar isso? Mais algo em torno de  R$2,5 bilhões. Perdemos completamente a noção de valores _ tanto financeiros como éticos. Após um ano de investigações da operação Lava-Jato, que resultaram na bomba atômica da lista do Janot, apurou-se que o esquema envolvendo políticos, doleiros, empreiteiras e funcionários da Petrobras desviou no total ao menos R$ 2,1 bilhões da estatal. Ou seja, menos do que o governo federal pretende dar aos deputados novatos, sem falar que os reeleitos já tinham garantido uma verba de R$ 16 milhões para cada um.

    Criou-se um abismo entre o país real e o país oficial, entre governantes e governados. As antigas lideranças já não têm mais nada de novo a dizer e não surgiram no lugar delas novas referências em nenhum setor da vida nacional.

    Os partidos políticos, todos eles, que não param de se multiplicar, nada mais representam; o movimento social se amancebou com o poder, o poder já nada pode. A política se judicializou e o Judiciário se partidarizou. E a imprensa do pensamento único, que já foi o quarto poder, só pensa em assumir o papel de primeiro e único, e ocupar o espaço dos outros três.

    Enquanto o Brasil oficial discutia o destino e as vinganças de Renan Calheiros e Eduardo Cunha contra o governo Dilma, e tentava descobrir quem são os outros 52 da lista do Janot, o Brasil real chorava a morte de José Rico, o cantor José Alves dos Santos, da célebre dupla sertaneja Milionário e Zé Rico.

    Como dizem os versos da bela canção Estrada Vida imortalizada pela dupla, que ouvi milhares de garimpeiros cantando numa festa de sábado em Serra Pelada, no sul do Pará, no começo dos anos 1980, e nunca mais esqueci:

     

    Nesta longa estrada da vida

    Vou correndo e não posso parar

    Na esperança de ser campeão

    Alcançando o primeiro lugar

     

    Pois é, apesar de tudo, não podemos parar.

    Vida que segue, agora sem nosso ídolo Zé Rico.

     

  14. Qual a ética de quem combate

    Qual a ética de quem combate a globo e osjornalões trabalha para um chefão que patrocina este  tipo de coisa?

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    Wyllys quer providências sobre vídeo de “exército” da Igreja Universal

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    Em passagem pelo Rio Grande do Sul, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) pediu providências do Ministério Público após a divulgação de um vídeo na internet pela Igreja Universal do Reino de Deus do Ceará; Jovens que fazem parte do projeto “Gladiadores do Altar” aparecem marchando, batem continência e gritam que estão prontos para a batalha durante um culto realizado em Fortaleza, uma conduta semelhante à dos militares; “O Ministério Público e as autoridades já deveriam ter se manifestado”, disse; “Os soldados estão sendo treinados e formados para servir ao altar, e o propósito não está claro”

    4 de Março de 2015 às 15:31

     

     

    Rio Grande do Sul 247 – Em passagem pelo Rio Grande do Sul, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) pediu providências do Ministério Público após a divulgação de um vídeo na internet pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) do Ceará. Jovens que fazem parte do projeto “Gladiadores do Altar” aparecem marchando, batem continência e gritam que estão prontos para a batalha durante um culto realizado em Fortaleza, uma conduta semelhante à dos militares.

    Wyllys ressaltou o perigo da união de fanatismo religioso e organização militar. De acordo com o parlamentar, a Igreja Universal está montando uma espécie de “exército”, o que deve ser combatido com urgência. “O Ministério Público e as autoridades já deveriam ter se manifestado”, disse à Rádio Gaúcha.

    O parlamentar comparou o ato da IURD com a Ação Integralista Brasileira (AIB), fundada por Plínio Salgado, e ao fundamentalismo islâmico, lembrando o histórico da igreja, principalmente em contrariedade às minorias sexuais.

    “Os soldados estão sendo treinados e formados para servir ao altar, e o propósito não está claro”, afirmou. Em referência ao ato, Wyllys disse, ainda, que “essas coisas não são tomadas como sérias, sempre fechamos os olhos para o fundamentalismo religioso, que já virou uma força política”.

    Veja o vídeo: 

    A Igreja Universal afirma em seu site que o projeto é de “orientação e formação de jovens vocacionados para a propagação da Fé Cristã, que funciona desde janeiro de 2015″; Segundo a entidade, a”disciplina que o projeto Gladiadores oferece aos seus membros é apenas aquela espiritual”.

    “Seus membros são voluntários da Força Jovem Universal, programa social que conta com milhões de jovens em todo o Brasil e em outros países e que desenvolve atividades culturais, sociais e esportivas para auxiliar no resgate e amparo de populações de rua, viciados, jovens carentes e em conflito com lei”, informou o texto.

    Na resposta, a IURD disse, ainda, que “a Força Jovem também promove campanhas de doação de sangue, de alimentos, roupas e livros para comunidades carentes e para clínicas de recuperação, realiza ações de conscientização e cidadania – como o incentivo ao jovem que obtenha o título de eleitor”; “Oferece cursos profissionalizantes gratuitos a pessoas carentes e as encaminha ao mercado de trabalho e apoia socorristas em situações de emergência e tragédias, com a entrega de água, alimentos e outros materiais necessários”.

    Ainda conforme o texto, “buscar uma motivação violenta ou condenável em jovens uniformizados que marcham e cantam unidos em igrejas é tão absurdo quanto enxergar orientação fascista em instituições como o “Exército da Salvação” e o Movimento Escoteiro, ambas organizações mundiais com base cristã e que, como a Universal, também se utilizam a analogia militar de forma positiva e pacífica”.

     

      

     

  15. “Tolicionário Midiático”

    No site abaixo será apresentado o verbete 3317 sobre “Tolicionário Midiático”. Quem quiser participar pode enviar perguntas enquanto assite on-line. Há também link do verbete em pdf que se pode ler para orientar as perguntar. A apresentação do verbete dura próximo dos 120 min.  No final do dia ou no dia seguinte, toda a apresnetação, como de praxe, é disponibilizado no youtube, para assistir ou baixar. Há a opção também em áutio. Ou seja, esse pessoal já disponibizou mais de 2 mil vídeos que estão disponíves no You Tube.

    http://www.tertuliaconscienciologia.org/index.php?option=com_frontpage&Itemid=1

  16. Quarta-feira, 4 de março de

    Quarta-feira, 4 de março de 2015 às 10:03

    Brasil bate novo recorde na produção de gás natural, diz ANP

    Com informações da ANP

    A produção de gás natural de janeiro foi de 96,6 milhões de metros cúbicos. A marca é a maior já registrada, superando o recorde anterior, de dezembro de 2014, quando foram produzidos 95,1 milhões, informou nessa terça-feira (3) a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

    Produção total de petróleo e gás natural somou cerca de 3,077 milhões de barris de óleo por dia, sendo 2,469 milhões de petróleo e 96,6 milhões de metros cúbicos de gás.  Foto: Divulgação/Agência Petrobras

    Produção total de petróleo e gás natural somou cerca de 3,077 milhões de barris de óleo por dia, sendo 2,469 milhões de petróleo e 96,6 milhões de metros cúbicos de gás. Foto: Divulgação/Agência Petrobras

    A produção total de petróleo e gás natural no Brasil no mês alcançou aproximadamente 3,077 milhões de barris de óleo equivalente (BOE) por dia, sendo que 2,469 milhões foram de barris diários de petróleo.

    Houve aumento de 20,3% na produção de petróleo se comparada com janeiro de 2014 e redução de 1,1% na comparação com o mês anterior. A produção de gás natural aumentou 20,2% frente ao mesmo mês em 2014 e 1,5% se comparada ao mês anterior.

    O aproveitamento do gás natural no mês foi de 95,8%. A queima de gás natural em janeiro foi de 4 milhões de metros cúbicos por dia, uma redução de aproximadamente 16,6% em relação ao mês anterior e de 15,6% em relação a janeiro de 2014.

    A produção do pré-sal, oriunda de 43 poços, foi de 670,1 mil barris por dia (bbl/d) de petróleo e 24,5 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d) de gás natural, totalizando 824,2 mil barris de óleo equivalente por dia, um aumento de 1% em relação ao mês anterior.

    Operação dos campos
    Cerca de 92,2% da produção de petróleo e gás natural foi proveniente de campos operados pelaPetrobras. Aproximadamente 93,4% da produção de petróleo e 75,6% da produção de gás natural do Brasil foram extraídos de campos marítimos.

    O campo de Roncador, na bacia de Campos, foi o de maior produção de petróleo, com uma média de 346,6 mil barris por dia, e o campo de Lula, na bacia de Santos, foi o maior produtor de gás natural, com uma produção média de 12,1 milhões de metros cúbicos por dia.

    A plataforma P-52, localizada no campo de Roncador, produziu, através de 17 poços a ela interligados, cerca de 171,1 mil barris de óleo equivalente por dia e foi a plataforma com maior produção. Os campos cujos contratos são de acumulações marginais produziram um total de 74 barris diários de petróleo e 15,4 mil metros cúbicos de gás natural. Dentre esses campos, Morro do Barro, operado pela Panergy, foi o maior produtor de petróleo e gás natural, com 88,5 barris de óleo equivalente por dia.

    Poços produtores
    A produção de petróleo e gás natural no Brasil foi oriunda de 9.121 poços, sendo 835 marítimos e 8.286 terrestres. O campo com o maior número de poços produtores foi Canto do Amaro, na bacia Potiguar, com 1.107 poços. Marlim, na bacia de Campos, foi o campo marítimo com maior número de poços produtores, 61 no total.

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