Clipping do dia

As matérias para serem lidas e comentadas.

Luis Nassif

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  1. Uma em cada oito pessoas no mundo dorme com fome todos os dias.

    Do Brasil de Fato:
     

    Uma em cada oito pessoas no mundo dorme com fome todos os dias

    Quantas pessoas no mundo têm fome? Será que este número está a decrescer? Que consequências a fome terá para as crianças? O que podemos fazer para ajudá-las? Estas são algumas das questões a que o PMA procura responder, com uma lista que contribui para a reflexão de final de ano

    08/01/2014

    Por Ana Duarte Carmo
    Da Rádio ONU 

    O Programa Mundial de Alimentos, PMA, lançou uma lista com os 10 fatos mais importantes sobre a fome no mundo. A agência da ONU aponta para a importância desta informação ser do conhecimento de todos em 2014. Quantas pessoas no mundo têm fome? Será que este número está a decrescer? Que consequências a fome terá para as crianças? O que podemos fazer para ajudá-las? Estas são algumas das questões a que o PMA procura responder, com uma lista que contribui para a reflexão de final de ano.

    1 – Cerca de 842 milhões de pessoas no mundo não se alimentam em quantidade suficiente para serem saudáveis. Dados revelam que uma em cada oito pessoas vai dormir com fome todos os dias. 

    2 – O número de pessoas que sofrem de fome crônica diminuiu 17 por cento desde 1990-1992. Se esta tendência se mantiver, o mundo chegará perto de atingir a meta do Objetivo de Desenvolvimento do Milênio de redução da fome mundial. 

    3 – O Sul da Ásia é a região onde se concentra um maior número de pessoas subnutridas. As outras regiões mais afetadas são a África Subsaariana e a Ásia Oriental. 

    4 – Um terço de todas as mortes de crianças menores de cinco anos, nos países em desenvolvimento, está relacionado à desnutrição. 

    5 – Nos países em desenvolvimento, uma em cada quatro crianças sofre de atrofia. A alimentação inadequada prejudica os crescimentos físico e mental. 

    6 – Os primeiros 1000 dias da vida de uma criança, desde a gravidez até dois anos de idade, são cruciais. Durante este período, uma dieta adequada pode proteger as crianças de atrofia mental e física, que é resultante de situações de desnutrição. 

    7 – O número de famintos no mundo poderia ser reduzido se houvesse igualdade de recursos para as agricultoras. Se as mulheres tivessem acesso aos mesmos recursos que os homens, na agricultura, o número de famintos no mundo poderia ter uma redução de até 150 milhões. 

    8 – Fornecer todas as vitaminas e nutrientes necessários para que uma criança cresça saudável tem um custo de apenas US$ 0,25 por dia. 

    9 – Até 2050, as alterações climáticas podem conduzir até mais 24 milhões de crianças à fome. Quase metade das crianças atingidas estaria na África Subsaariana. 

    10 – É possivel eliminar a fome das nossas vidas. O Desafio “Fome Zero”, lançado pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, procura conseguir o apoio global para a concretização desse objetivo.

     

  2. O mundo encantado de Genoino

    Bela matéria do repórter Ítalo Coriolado do jornal O Povo, sobre a família e as origens de Genoino. O vídeo e as fotos também são belíssimos. 

    Do opovo.com.br

    http://www.opovo.com.br/app/opovo/dom/2014/01/11/noticiasjornaldom,3189248/o-mundo-encantado-de-genoino.shtml

    O mundo encantado de Genoino

    Ítalo Coriolano [email protected]

    Longe de ser um conto de fadas, a história do ex-deputado preso por envolvimento no mensalão tem capítulos escritos na pequena Vila de Quixeramobim. Lugar que guarda, além da memória do menino que lá iniciou os estudos e lavrou a terra, a dor da mãe, a saudade dos amigos e revolta dos críticos

    Maria Laiz Nobre Guimarães, mãe de Genoino se exalta e se emociona ao falar do filho preso

     

    Tentaram esconder dela a recente prisão do filho mais velho. Teimosa que só vendo, escavacou dali, espiou acolá, até dar de cara com a verdade. Estamos falando de Maria Laiz Nobre Guimarães, mãe de José Genoino (PT), condenado a seis anos e 11 meses de cadeia por envolvimento no mensalão. A professora aposentada, de 87 anos, faz questão de deixar clara sua dor. “Já fiz um bocado de coisa. Mas de tanto sofrer, eu não sou mais ninguém”. De bengala na mão e olhar muito vivo, dona Laiz aparece como uma das personagens principais dessa jornada pela Vila Encantado, em Quixeramobim. Foi lá que o ex-deputado nasceu, iniciou os estudos, trabalhou na lavoura até largar a enxada e ir em busca de voos mais altos. Um pedacinho do sertão que guarda muito da memória do ex-presidente nacional do PT. Lugar ainda perplexo diante dos últimos acontecimentos envolvendo um dos filhos ilustres.  [video:http://www.youtube.com/watch?v=viFiXtIpjlo align:center]  Um dos poucos que ainda não sabe do acontecido é Sebastião Genoino Guimarães, pai do ex-deputado. Aos 91 anos e bastante debilitado- há pouco se submeteu a uma delicada cirurgia -, ele é preservado de qualquer notícia que possa agravar seu quadro. Atualmente, alimenta-se via sonda, e pouco fala. Na sala ao fundo, sob uma penumbra, recebia os cuidados de uma enfermeira. E lançava olhares perdidos para além da porta.  Fotogaleria: Genoino e seu encantado em imagens: http://www.opovo.com.br/app/galeria/2014/01/11/interna_galeria_fotos,1259/genoino-e-seu-encantado-em-imagens.shtml  Na varanda, antes mesmo de ser provocada a tocar no assunto, Laiz partiu em defesa dos filhos que, para sua decepção, enveredaram pelo rumo da política. Além de Genoino, que fez carreira em São Paulo, viu José Guimarães se tornar deputado federal pelo Ceará e líder do PT na Câmara. “A gente tinha um açude muito grande, tinha 10 vacas leiteiras, um posto de gasolina, tinha uma cisterna, tudo ao redor de casa, mas os jornalistas vieram do nada e acabou-se. Mas a única coisa que eu tenho a dizer pra vocês é que são dois deputados pobres (Guimarães e Genoino). Eu tô contando que eu já passei por muita coisa difícil. De ficar sem dormir. Esse aqui (aponta para o marido) mandava eu ir dormir, naquela arrumação que fizeram com o Guimarães. E não era perseguição, não? Não dava pra eu ter nervoso, não? Mãe é mãe! Ficar noites sem dormir, sem saber como é que estão os filhos, pelo mundo de meu Deus”.   Vergonha e decepção  Não muito longe dali, no entanto, as opiniões já são divergentes. Para alguns, houve injustiça contra Genoino e a admiração permanece a mesma. Para outros, impossível esconder a vergonha e a decepção. Houve também quem preferisse o silêncio. Melhor não falar sobre assunto tão espinhoso. “Rapaz, aqui é um comentário medonho! Como é que pode, né? Sujar o lugar, um lugar tão bom como esse. A gente se admira, porque não era pra acontecer uma coisa dessa. O cara já ganha tão bem. Mas tem gente que não se contenta”, critica o agricultor Antônio Luiz Ribeiro da Silva, 66 anos, sentado à beira da CE-166. Construída, segundo moradores, graças à influência de Guimarães. Antônio relembra o momento em que Genoino apareceu na TV com o punho erguido, quando se entregava à Polícia Federal. “Eu não tinha essa coragem, não. Atitude de gente descarada. E vai morrer negando”, completa. Logo em seguida é interrompido pelo amigo Francisco Valdir Maia, agricultor de 63 anos. “Rapaz, tem gente que é ladrão de primeira. Não vê aí o (Paulo) Maluf. Mais ladrão que a peste e não tá preso. Não pode ser assim”, comenta.  VÍDEO Confira acima os depoimentos gravados no Encantado com pessoas que conviveram com Genoino e falam sobre as memórias de infância e a prisão do filho mais ilustre do lugar e um dos personagens mais importantes da história do PT.   BASTIDORES    PAI DOENTE Foi por meio da entrevista com seu Zé Amaro que ficamos sabendo que o pai de Genoino estava muito doente. Diante da fragilidade, os filhos optaram por esconder dele a prisão do primogênito. Os canais de TV agora são selecionados. A residência dos Nobre Guimarães ficava dali a poucos metros. Mas, diante da informação, resolvemos ser mais cautelosos e procurar uma das filhas que ainda mora na região: Laí Guimarães. A esperança era que ela poderia nos levar até lá, evitando causar qualquer transtorno.  O NÃO DE LAÍ Antes de deixarmos a escola, Laí veio ao encontro da reportagem com um pedido: não ir à casa dos pais nem procurar o irmão, que mora próximo deles. Devido à idade avançada e à saúde debilitada de ambos, ela ficou com receio de que eles pudessem se alterar. A solicitação foi cumprida em parte. Decidimos ir à residência de Geovani. Deixamos o carro do O POVO a alguns metros de distância e seguimos a pé até a morada cuja entrada chama atenção pela grama bem verde.  QUEDA O clima pesado na conversa com Geovani só foi dissipado depois que a repórter fotográfica Iana Soares tropeçou em um batente e caiu sentada no chão. “A menina caiu aqui, Valdete. Traga um copo d’água pra menina, Valdete”, aperreou-se, pedindo ajuda à esposa. Entre risos e ironias, o homem sisudo foi abrindo o coração.  SIM DE GEOVANI Na despedida, cientes do estado em que se encontravam Laiz e Sebastião, perguntamos se poderíamos ao menos fazer uma visita a eles. Surpreendentemente, o filho Geovani atendeu ao nosso pedido, com a condição de que não mencionássemos a prisão de Genoino. Antes, outro aviso: “Se eu me meter em boca quente vou lamber uma rapadura até achar vocês”, disse, em tom de brincadeira.  TENSÃO E RISOS Para tentar quebrar a tensão que marcou o início da visita à casa de Laiz, tentou-se até mudar de assunto. Falar da chuva, ou da seca. Não adiantou. “O que eu já passei todo mundo sabe, né? Com tanta mentira, com tanta coisa. Acho que todo mundo me admira”, diz. É então que o filho intervém na conversa e fala que a repórter Iana tinha acabado de levar uma queda. “Eu também caí um dia desses no quintal. Fui inventar de deitar uma galinha”, conta Laiz, mostrando o braço machucado. “Mas já fiz uma jura a ele (Geovani) que não pisava mais lá”. “Estão querendo mandar na senhora?”, questiona a reportagem. “Podem querer, que eu não fico parada. Passo o dia todinho andando”, brinca, arrancando gargalhadas da pequena plateia.  DESCULPAS No fim da conversa, dona Laiz chegou a pedir desculpas pelo tratamento inicial um tanto ríspido. “Vocês vão me desculpar se eu tratei vocês mal, é que eu já fico nervosa de tanta coisa. Nesse tempo que ele (marido) teve doente em Fortaleza e nós ficamos foi tempo lá, depois veio uma recomendação aqui que não deixasse mais ninguém entrar nessa casa, a não ser pessoa conhecida. É por isso que eu tenho medo, pessoas que eu não conheço eu não gosto, não. Mas vocês desculpem aí, porque mãe é bicho pra sofrer”. Na saída da residência dos Nobre Guimarães, quem aparece é Laí, que havia pedido para não irmos lá. “Mas vocês são teimosos”, brinca.  

    Parentes ressaltam passado pobre no Encantado

    Na casa de dona Aurizena Nobre e de seu esposo Zé Amaro predomina a confiança na inocência de Genoino. Ao perceber a presença do O POVO, Aureniza acelera o catar do feijão e, de imediato, sai em defesa do filho da prima. “Ele trabalha pelo povo, viu!”. Amaro entra na conversa. “Só não vi ele nascer”, conta, relembrando os tempos de trabalho na roça. “A merenda era rapadura com farinha”, interrompe a esposa, na tentativa de reforçar o passado duro do ex-deputado. Mas o dia-a-dia no sertão também reservava momentos de descontração. Quando o sol baixava, um forró feito no “bate-lata” animava o distrito. “Era bom demais”. Aurizena confirmava com sorrisos e balançares de cabeça.  Sintonia que foi quebrada quando o marido inventou de falar sobre política. “Não vá falar coisa que tu num sabe”, alertou. “Tô falando mentira?”, rebateu, narrando episódios da presença de Genoino no Araguaia. Indagado sobre a prisão do petista, fica sério. “Porque passar por uma crise dessa, né, meu filho, é muito ruim. Só resta lamentar”. (IC) Receosos, irmãos de Genoino evitam falar sobreprisão  Dos 11 filhos de Laiz e Sebastião, dois ainda moram em Encantado: Laí e Geovani Guimarães. Cheios de desconfiança, evitaram tecer comentários sobre a prisão de José Genoíno. Secretária na Escola Aloisio Barros Leal, onde ela e os irmãos estudaram, Laí era mistura de receio e timidez. O olhar sempre desvia para baixo. As respostas raramente iam além de “não sei”. Quando resolvia falar algo a mais, era como se já quisesse encerrar o diálogo que mal começara. “Na época que ele saiu daqui eu era novinha. Não sei contar nada”.  Geovani também foi duro na queda. De óculos escuros, apareceu questionando quem eram os visitantes. “O que vocês querem aqui? É entrevista?”. Avisa que vai anotar os nomes dos repórteres para depois mostrar a José Guimarães. Conta ainda que, em uma ocasião, expulsou cinco jornalistas de uma vez só da porta de sua casa. Apesar da resistência, chegou a contar de algumas passagens de sua infância ao lado do irmão mais velho. A ida para a escola “no meio da cangalha do jumento”, as leituras entre um arar e outro de terra.  “Nunca vi um homem com a cabeça boa como aquele ali, não”, recorda. Quando o rumo do papo muda para a recente prisão de Genoino, a tensão volta a tomar conta do ambiente. “Não posso falar porque não entendo, né?”. Mas, do seu jeito, após alguma insistência, falou sobre saudades. “Lembro dele todo dia. Tem que rezar e pedir a Deus de livrar ele de muita coisa. Ele ainda sai daquela ali e sai bem, se Deus quiser”.  A matriarca da família, Maria Laiz, também estranhou a presença da reportagem. Disse logo que não tinha nada a declarar. Mas não demorou muito até contar sobre o passado em Encantado. Se encheu de saudosismo ao lembrar do tempo em que o avô comandava a região. “Era a organização melhor do mundo. Mas agora vem muita gente de fora, e não tem ninguém pra administrar”. Na conversa, acaba confessando que não queria que nenhum dos filhos enveredassem pelo ramo da política. Só ela sabe as dores de cabeça que essa decisão já provocou. Diante de tantas provações, resta a Laiz se apegar à fé. Aliás, o Sol se põe em Encantando. Hora de se preparar para o terço das 18 horas. Se é devota de algum santo? Nossa Senhora das Graças e Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. “E Santa Rita, o que você diz? Já tive muito milagre de Santa Rita”. A padroeira das causas impossíveis. (IC)  Prisão de Genoino provoca debate acalorado entre marido e mulher O alpendre de uma das residências que margeiam a principal rua de Encantado vira quase todo dia arena de debates para o casal Oscar Deocídio de Mello e Eliete Nobre de Mello. Mais crítico, ele considerou a punição contra Genoino justa. “Sempre penso assim: se tá devendo é preciso pagar. Se não tivesse acontecido nada, não tava preso”. Super indignada, ela questiona a imparcialidade do julgamento. “Ninguém viu ele fazendo nada! Não tem prova alguma. Dizem que usaram dinheiro de forma errada, muito dinheiro, mas cadê as provas? Esse Joaquim Barbosa é muito… sei lá”, questiona, fazendo referência ao presidente do STF e relator do processo do mensalão.  Deocídio, por sua vez, diz que sempre teve certa desconfiança em relação ao ex-presidente do PT. “É um povo meio estranho. Quando passava aqui em frente era tudo com os vidros dos carros lacrados, não falava com ninguém”, reclama. “Tu acredita em tudo que a TV fala, hômi”, rebate Eliete – que é prima de Genoino. Em seguida, ele contra-ataca: “Estão as TVs tão tudo mentindo agora? Era só o que faltava mesmo”. Ela não deixa a poeira baixar. “Todo mundo agora se diz informado porque viu na TV. Assistir jornal é bom, eu sei, mas tem umas conversas que não são muito sinceras, não”.  Para dona Eliete, o momento agora é de solidariedade diante do sofrimento da família. “Muita gente respeitou esse momento. Mas teve outros que falavam assim: ‘Não sei por que estão tão calados agora. Quando ocorreu aqueles problemas com Cirilo (Pimenta, prefeito de Quixeramobim), não tiravam a metralhadora da língua’”. “Se acontecesse uma coisa dessa comigo não iam me respeitar”, retrucou o esposo. Pelo tardar da hora, a reportagem teve que deixa o recinto em meio ao confronto que, pelo visto, ainda duraria um bom tempo. (Ítalo Coriolano) Josélia: a professora Vinda de Milhã para Quixeramobim nos anos 50, dona Maria Josélia, hoje com 86 anos de idade, foi a responsável por ensinar as primeiras letras a José Genoino. “Ave Maria! Era um menino inteligente demais. Demais! Muito dedicado. E dizia sempre: ‘Quando eu terminar o primário, não fico aqui, não’”, relembra. Josélia, que também deu aulas para os outros filhos da amiga Maria Laiz, disse que ficou bastante abalada quando soube que Genoino havia sido preso. Questionada se em algum momento ele deu qualquer sinal de que poderia cometer os erros pelos quais foi condenado, a professora garantiu que não. “Eu nunca imaginei que ele fosse capaz disso. Nunca demonstrou nada. Mas depois de certa idade a gente muda, né?”. Logo em seguida, lança a dúvida: “Mas será que quem prendeu Genoino não tem lá algum defeito também?”.  Apesar de tudo, Josélia guarda a esperança de um dia reencontrar o ex-deputado bastante disposto a começar uma nova vida. (IC) 

  3. Produção de petróleo do Brasil triplica, até 2035

    ….O Brasil na ponta do desenvolvimento das tecnologias de águas profundas e de baixo teor de carbono(WORLD ENERGY OUTLOOK 2013—SUMÁRIO–Portuguese Translation)
    O Brasil, país destacado nesta edição anual do Outlook, torna-se um dos grandes exportadores de petróleo e um líder mundial da produção de energia. Devido principalmente a uma série de recentes descobertas offshore, a produção de petróleo do Brasil triplica, atingindo 6 mb/dia em 2035, ou seja, um terço do crescimento líquido da produção mundial de petróleo, fazendo do Brasil o sexto produtor mundial.

    A produção de gás natural aumenta mais de cinco vezes, permitindo cobrir todas as necessidades domésticas do país em 2030, embora estas aumentem significativamente. O acréscimo da produção de petróleo e de gás depende fortemente dos desenvolvimentos em águas profundas, processos complexos e de capital intensivo, que exigem níveis de investimento a montante superiores aos do Médio Oriente ou da Rússia. Uma grande parte do financiamento deverá provir da Petrobras, a companhia de petróleo nacional responsável pelo desenvolvimento de campos em locais estratégicos, estando em jogo a sua capacidade de mobilizar recursos efetivamente, através de uma grande variedade de programas de investimento. Os compromissos assumidos a favor do fornecimento de bens e serviços de origem brasileira exercem uma pressão crescente numa cadeia de aprovisionamento já muito demandada.
    As fontes de energia abundantes e diversificadas do Brasil sustentam um aumento de 80% da sua utilização de energia, incluindo a conclusão do acesso universal à eletricidade. O aumento do consumo é motivado pelas necessidades de energia de uma classe média em expansão, acarretando um forte crescimento da demanda de combustíveis para o transporte e a duplicação do consumo de eletricidade. Para satisfazer esta demanda, será necessário investir substancial e atempadamente em todo o sistema de energia – 90 bilhões de dólares por ano, em média. O sistema de leilões para a nova geração e transmissão de eletricidade será vital, ao injetar capitais adicionais no sector da energia e reduzir a pressão nos preços ao consumidor final. De igual modo, o desenvolvimento de um mercado do gás bem-sucedido e atrativo para novos atores pode dinamizar os investimentos e melhorar a competitividade da indústria brasileira. Um maior enfoque político na eficiência energética aliviaria as tensões eventuais no seio de um sistema energético em rápido crescimento.
    O setor da energia do Brasil continua a ter uma das menores intensidades de carbono no mundo, apesar da maior disponibilidade e utilização de combustíveis fósseis. O Brasil, que já é um líder mundial no domínio das energias renováveis, praticamente duplicará essa produção a partir de fontes renováveis em 2035, mantendo a sua quota de 43% na matriz energética nacional. A hidroeletricidade continua a ser a espinha dorsal do sector da
    energia, embora a dependência em relação à hidroeletricidade decline, em parte devido ao afastamento e à sensibilidade ambiental de muitos recursos remanescentes, situados principalmente na Amazónia. Entre os combustíveis que aumentam a sua quota-parte na matriz energética, a energia eólica terrestre, que já demonstrou a sua competitividade, o gás natural e a eletricidade gerada pela bioenergia destacam-se à frente. No setor do
    transporte, o Brasil já é o segundo produtor mundial de biocombustíveis e a sua produção, composta principalmente por etanol a partir da cana de açúcar, aumenta mais do triplo.
    Áreas de cultivo apropriadas são mais que suficientes para absorver este acréscimo sem afetar as zonas sensíveis do ponto de vista ambiental. Em 2035, os biocombustíveis brasileiros satisfazem praticamente um terço da demanda doméstica de combustíveis para o transporte e as suas exportações líquidas representam cerca de 40% do comércio mundial de biocombustíveis.

    WORLD ENERGY OUTLOOK 2013—SUMÁRIO–Portuguese Translation
    Agência Internacional de Energia (AIE)—-November 2013-pdf -12 páginas

    Perspetivas de um mundo da energia em rápida evolução Hoje em dia, muitos dos factos dados por adquiridos de longa data no setor da energia estão a ser reescritos. Assim, os principais importadores tornam-se exportadores, enquanto países que durante muito tempo foram definidos como grandes exportadores de energia passam a ser os motores do crescimento da demanda mundial. A combinação adequada de políticas e tecnologias está a provar que a interligação entre crescimento económico, demanda de energia e emissões de CO2 relacionadas com a energia pode ser reduzida. O desenvolvimento do petróleo e do gás não convencionais, bem como das energias renováveis, altera a nossa compreensão da distribuição dos recursos energéticos do planeta. O conhecimento da dinâmica que sustenta os mercados da energia é fundamental para os decisores que tentam conciliar objetivos económicos, energéticos e ambientais. Aqueles que anteciparem as evoluções mundiais da energia poderão retirar os maiores proveitos, enquanto aqueles quem não o souberem fazer estarão em risco de tomar decisões políticas e de investimento desacertadas. A presente edição do World Energy Outlook(WEO-2013) examina as implicações de vários conjuntos de opções para as tendências da energia e do clima até 2035 e apresenta perspetivas que poderão ajudar os responsáveis políticos, a indústria e as várias partes interessadas a orientar-se num mundo da energia em rápida evolução.

    O centro de gravidade da demanda de energia está a mudar decididamente em direção àseconomias emergentes, em particular a China, a Índia e o Médio Oriente, países que incrementam a utilização mundial de energia de um terço. No Cenário Novas Políticas – cenário central do WEO-2013 – a China domina o panorama energético na Ásia, até a Índia assumir essa posição de principal motor de crescimento, a partir de 2020. Da mesma forma, a Ásia do Sudeste emerge como um centro de consumo crescente (evolução descrita em pormenor no Relatório Especial do WEO: Southeast Asia Energy Outlook, publicado em Outubro de 2013). A China tornar-se-á em breve o primeiro país importador de petróleo e a Índia passará a ser o maior importador de carvão no início da década de 2020.

    Os Estados Unidos da América encaminham-se decididamente para a satisfação de todas as suas necessidades de energia, a partir de recursos domésticos, o que deverá ocorrer por volta de 2035.

    No seu conjunto, estas mudanças constituem uma reorientação do comércio da energia, desde a bacia do Atlântico até à região Ásia-Pacífico. Os preços elevados do petróleo, as diferenças persistentes entre regiões nos preços do gás e da eletricidade, assim como o preço cada vez mais elevado das importações de energia em muitos países evidenciam mais amplamente a relação entre energia e economia. A interligação entre energia e desenvolvimento está patente em África onde, apesar da riqueza de recursos existentes, a utilização da energia por habitante ainda representa menos de um terço da média global em 2035. Hoje, a África conta com cerca de metade dos 1300 milhões de pessoas no mundo que não têm acesso à eletricidade e um quarto dos 2600 milhões de pessoas no mundo que dependem do uso tradicional da biomassa para cozinhar. Globalmente, os combustíveis fósseis continuam a satisfazer uma parte predominante da demanda de energia mundial, com repercussões nas relações entre energia, meio ambiente e mudança climática .

    Responsável por dois terços das emissões globais de gases com efeito de estufa, o setor da energia será crucial para determinar se os objetivos das alterações climáticas serão atingidos. Embora certos esquemas de redução de carbono tenham exercido alguma pressão, iniciativas como o Plano de Ação para o Clima do Presidente dos Estados Unidos, o plano da China para limitar a proporção do carvão na sua matriz energética, o debate europeu sobre os objetivos de 2030 em matéria de energia e clima, assim como as discussões no Japão sobre um novo plano para a energia, têm todas a capacidade potencial de limitar o crescimento das emissões de CO2 relacionadas com a energia. No nosso cenário central, que integra o impacto de certas medidas já anunciadas pelos governos para melhorar a eficiência energética, apoiar as energias renováveis, reduzir os subsídios aos combustíveis fósseis e, em certos casos, definir um preço do carbono, as emissões de CO2 relacionadas com a energia amentam, apesar de tudo, 20% até 2035. Nestas condições, o mundo encontra-se numa trajetória coerente com uma subida média da temperatura a longo prazo de 3,6°C, um valor muito acima da meta internacionalmente acordada dos 2°C.

    Quem tem energia para competir?
    As amplas diferenças de preços da energia entre regiões suscitaram um debate sobre o papel da energia como fator incitador ou pelo contrário, limitador do crescimento económico. O preço do petróleo bruto Brent manteve-se em média em torno de 110 dólares por barril em termos reais desde 2011, o que constitui um período de preços elevados sem precedente na história comercial do petróleo. Contudo, ao contrário dos preços do petróleo bruto, bastante uniformes no mundo inteiro, os preços de outros combustíveis variam consideravelmente de uma região para outra. Embora as diferenças de preços do gás sejam muito inferiores aos níveis extraordinários atingidos em meados de 2012, o gás natural ainda é comercializado nos Estados Unidos a um terço do preço de importação na Europa e a um quinto do preço de importação no Japão. Os preços da eletricidade também variam: em média, os consumidores industriais japoneses ou europeus pagam a sua energia mais do dobro do preço dos seus homólogos nos Estados Unidos e mesmo a indústria chinesa paga praticamente o dobro do preço dos EUA. Na maioria dos setores e dos países, a energia representa uma parte pouco significativa do cálculo da competitividade. Contudo, os custos da energia podem ser de uma importância para as indústrias de grande intensidade energética, como a química, o alumínio, o cimento, o ferro e o aço, o papel, o vidro e a refinação de petróleo, especialmente quando os bens produzidos são comercializados internacionalmente. Os setores de grande intensidade energética representam no mundo inteiro cerca de um quinto do valor agregado industrial, um quarto do emprego industrial e 70% da utilização da energia industrial.

    As variações de preços da energia afetam necessariamente a competitividade industrial, influenciando as decisões de investimento e as estratégias das empresas. Embora as diferenças de preços do gás natural se reduzam no nosso cenário central, permanecem ainda significativas até 2035 e, na maioria dos casos, as diferenças de preços da eletricidade mantêm-se. Num grande número de economias emergentes da Ásia, o forte aumento da demanda interna de bens produzidos com alta intensidade energética sustenta um acréscimo rápido da sua produção (paralelamente ao crescimento das exportações). No entanto, os custos relativos da energia têm um papel mais decisivo na configuração de futuros desenvolvimentos noutras partes do mundo, em particular nos países membros da OCDE. As taxas de crescimento das exportações de produtos com alta intensidade energética são ligeiramente superiores nos Estados Unidos, com desenvolvimentos no sector químico, o que nos dá uma clara indicação da relação existente entre os preços da energia relativamente baixos e a situação na indústria. Em contrapartida, a União Europeia e o Japão experimentam uma redução das exportações nos setores de alta intensidade energética, especialmente na indústria química – com uma redução de cerca de um terço na atual participação no mercado.—–
    —-O Médio Oriente, a única fonte de petróleo a baixo custo, permanece no centro do mapa da produção de petróleo a longo prazo. O papel dos países da OPEP, que estancam a sede de petróleo do mundo, diminui temporariamente nos próximos dez anos, devido à subida de produção dos Estados Unidos, das areias petrolíferas do Canadá, das águas profundas do Brasil e dos líquidos de gás natural no mundo inteiro. Todavia, em meados da década de 2020, a produção não-OPEP começa a baixar e os países do Médio Oriente fornecem a maior parte do incremento do abastecimento mundial. Globalmente, as companhias de petróleo nacionais, assim como os respetivos governos, controlam cerca de 80% do total das reservas de petróleo, tanto comprovadas como prováveis.

    A necessidade de compensar o declínio da produção dos campos de petróleo existentes é o que motiva principalmente os investimentos petrolíferos a montante até 2035.   análise que realizamos com base em mais de 1 600 campos confirma que, após o pico de produção de um campo médio convencional, espera-se uma queda de produção anual de aproximadamente 6% por ano. Embora este valor possa variar em função do tipo de campo de petróleo, a produção de petróleo bruto convencional a partir dos campos existentes deverá decrescer mais de 40 mb/dia em 2035. Entre as outras fontes de petróleo, a maior parte das fontes não convencionais depende muito da perfuração contínua, de modo a evitar uma queda rápida dos níveis do campo. Dos 790 bilhões de barris de produção total necessária para satisfazer o nível da demanda segundo as nossas estimativas para 2035, mais de metade serve apenas para compensar o declínio da produção…..

    ….O Brasil na ponta do desenvolvimento das tecnologias de águas profundas e de baixo teor de carbono
    O Brasil, país destacado nesta edição anual do Outlook, torna-se um dos grandes exportadores de petróleo e um líder mundial da produção de energia. Devido principalmente a uma série de recentes descobertas offshore, a produção de petróleo do Brasil triplica, atingindo 6 mb/dia em 2035, ou seja, um terço do crescimento líquido da produção mundial de petróleo, fazendo do Brasil o sexto produtor mundial. A produção de gás natural aumenta mais de cinco vezes, permitindo cobrir todas as necessidades domésticas do país em 2030, embora estas aumentem significativamente. O acréscimo da produção de petróleo e de gás depende fortemente dos desenvolvimentos em águas profundas, processos complexos e de capital intensivo, que exigem níveis de investimento a montante superiores aos do Médio Oriente ou da Rússia. Uma grande parte do financiamento deverá provir da Petrobras, a companhia de petróleo nacional responsável pelo desenvolvimento de campos em locais estratégicos, estando em jogo a sua capacidade de mobilizar recursos efetivamente, através de uma grande variedade de programas de investimento. Os compromissos assumidos a favor do fornecimento de bens e serviços de origem brasileira exercem uma pressão crescente numa cadeia de aprovisionamento já muito demandada.
    As fontes de energia abundantes e diversificadas do Brasil sustentam um aumento de 80% da sua utilização de energia, incluindo a conclusão do acesso universal à eletricidade. O aumento do consumo é motivado pelas necessidades de energia de uma classe média em expansão, acarretando um forte crescimento da demanda de combustíveis para o transporte e a duplicação do consumo de eletricidade. Para satisfazer esta demanda, será necessário investir substancial e atempadamente em todo o sistema de energia – 90 bilhões de dólares por ano, em média. O sistema de leilões para a nova geração e transmissão de eletricidade será vital, ao injetar capitais adicionais no sector da energia e reduzir a pressão nos preços ao consumidor final. De igual modo, o desenvolvimento de um mercado do gás bem-sucedido e atrativo para novos atores pode dinamizar os investimentos e melhorar a competitividade da indústria brasileira. Um maior enfoque político na eficiência energética aliviaria as tensões eventuais no seio de um sistema energético em rápido crescimento.
    O setor da energia do Brasil continua a ter uma das menores intensidades de carbono no mundo, apesar da maior disponibilidade e utilização de combustíveis fósseis. O Brasil, que já é um líder mundial no domínio das energias renováveis, praticamente duplicará essa produção a partir de fontes renováveis em 2035, mantendo a sua quota de 43% na matriz energética nacional. A hidroeletricidade continua a ser a espinha dorsal do sector da
    energia, embora a dependência em relação à hidroeletricidade decline, em parte devido ao afastamento e à sensibilidade ambiental de muitos recursos remanescentes, situados principalmente na Amazónia. Entre os combustíveis que aumentam a sua quota-parte na matriz energética, a energia eólica terrestre, que já demonstrou a sua competitividade, o gás natural e a eletricidade gerada pela bioenergia destacam-se à frente. No setor do
    transporte, o Brasil já é o segundo produtor mundial de biocombustíveis e a sua produção, composta principalmente por etanol a partir da cana de açúcar, aumenta mais do triplo.
    Áreas de cultivo apropriadas são mais que suficientes para absorver este acréscimo sem afetar as zonas sensíveis do ponto de vista ambiental. Em 2035, os biocombustíveis brasileiros satisfazem praticamente um terço da demanda doméstica de combustíveis para o transporte e as suas exportações líquidas representam cerca de 40% do comércio mundial de biocombustíveis.

    Este relatório foi inicialmente escrito em inglês.
    Embora tenham sido envidados todos os esforços para assegurar a fidelidade da tradução, poderá haver ligeiras diferenças entre esta e a versão original.

    This publication reflects the views of the IEA Secretariat but does not necessarily reflect those of individual IEA member countries. The IEA makes no representation or warranty, express or implied, in respect of the publication’s contents (including its completeness or accuracy) and shall not be responsible for any use of, or reliance on, the publication.

    IEA PUBLICATIONS, 9 rue de la Fédération, 75739 Paris Cedex 15
    Layout and printed in France by IEA, November 2013
    Photo credits: © GraphicObsession

    Para mais informações e para descarregar gratuitamente o presente relatório, visite a página:
    http://www.worldenergyoutlook.org
    http://www.iea.org/publications/freepublications/publication/name,45455,…

    To read Executive Director Maria van der Hoeven’s remarks at the launch, please click ‌‌here‌. pdf – 12 páginas

    Light tight oil does not diminish the importance of Middle East supply, IEA says in latest World Energy Outlook
    International Energy Agency (IEA)—12 November 2013

    The World Energy Outlook is for sale at the IEA bookshop. Journalists who would like more information should contact [email protected].(708 pages, ISBN 978-92-64-20130-9, paper)

    —————-
    AGÊNCIA INTERNACIONAL DE ENERGIA
    A Agência Internacional de Energia (AIE) é um organismo autónomo, criado em Novembro de 1974, com uma missão
    dupla: promover a segurança energética entre os países membros, ao propor uma resposta colectiva às rupturas de
    abastecimento de petróleo, e aconselhar os países membros acerca de uma política energética consistente.
    A AIE desenvolve um extenso programa de cooperação energética entre 28 economias avançadas, através do qual
    cada uma se compromete a manter stocks de petróleo equivalentes a 90 dias das suas importações líquidas.
    A agência tem por objectivos:
    —Assegurar o acesso dos países membros a fontes de aprovisionamento fiáveis e amplas de todas as formas de energia, em particular, através da manutenção de uma capacidade de resposta de emergência eficiente em caso de ruptura do abastecimento de petróleo.
    —Promover políticas energéticas sustentáveis que estimulem o crescimento económico e a protecção do meio ambiente num contexto global – em particular em matéria de redução das emissões de gases com efeito de estufa, que contribuem para a alteração climática.
    —Melhorar a transparência dos mercados internacionais através da colecta e análise de dados relativos à energia.
    —Apoiar a colaboração mundial em matéria de tecnologias energéticas de modo a assegurar os abastecimentos de energia no futuro e a minorar o seu impacto ambiental, inclusive através de uma maior eficiência energética, do desenvolvimento e da disseminação de tecnologias hipocarbónicas.
    —Encontrar soluções para os desafios energéticos mediante o empenho e o diálogo com os países não-membros, a indústria, a as organizações internacionais e outras partes interessadas.

  4. O Estadão, como o escorpião, não resiste ao seu veneno elitista

    Mesmo à beira da falência, o Estadão é como estes decadentes aristocratas quebrados: não perde a pose, mesmo que lhe ronquem as tripas.

    O editorial “Mais Cubanos” é um destes primores.

    Aliás, é assim que o vetusto quatrocentão diz que deveria ser chamado o Programa Mais Médicos:

     ”(…)não resta mais nenhuma dúvida de que a anunciada intenção de atrair médicos de outras nacionalidades ou mesmo brasileiros não passou de fachada para um projeto há muito tempo acalentado pelo governo petista: importar médicos cubanos em grande escala, ajudando a financiar a ditadura cubana.”

    Segundo o jornal, nunca houve a intenção de trazer médicos brasileiros ao atendimento dos mais pobres, porque já se negociava a contratação de pessoal médico com Cuba, como se as autoridades brasileiras não tivessem ideia da escassez de profissionais e, sobretudo, da escassez de profissionais dispostos a atender no interior do país.

    “(…)esses profissionais não resolverão o problema, nem mesmo o mitigarão, se não tiverem à sua disposição equipamentos e infraestrutura ao menos razoáveis. É por esse motivo – e pelo fato de que não teriam direito a FGTS, 13.º salário e hora extra – que os médicos brasileiros não se interessaram em aderir”.

    Será?

    Para trabalhar em São Paulo, o estado mais desenvolvido do país, o governo Alckmin abriu, agora em novembro, um concurso para 249 vagas de médico na capital,  Campinas, Ribeirão Preto, Presidente Prudente, Praia Grande, São José dos Campos, São José do Rio de Preto, Bauru, Araçatuba, Sorocaba e Piracicaba.

    O salário, com todos os prêmios e bonificações, é de R$ 5.162 para 20 horas de trabalho.

    O Mais Médicos paga R$ 10 mil, mais moradia, alimentação e um valor de até três vezes este valor para ajudar a mudança para o interior.

    Não é, portanto, uma “miséria”.

    O que está exposto, sim, é a falência de um modelo de formação profissional na área de saúde onde a motivação quase que exclusiva é a transformação da profissão em um negócio.

    Óbvio que o médico, como qualquer profissional, deve aspirar uma boa remuneração, sobretudo na maturidade de sua carreira profissional, embora a juventude só ganhe em conhecer, conviver e integrar-se à grande  complexidade, carência e riqueza social deste imenso país.

    Mas a questão em que os veludos e os punhos de renda do Estadão não lhe permitem por as mão é, essencialmente, outra.

    São os pobres, esta gente desprezível, que deveria perguntar pela certidão de nascimento ou pelo Revalida de do único médico em dezenas de quilômetros capaz de atender seu filho que arde em febre.

    Que deve deixar purulentas suas feridas para não compactuar com a “ditadura castrista”.

    Um gente que só vêem como bestas de carga, assim mesmo de pelo duro e sangue ruim, que pode esperar per omnia seculo seculorum até que se lhe possa dar uma “saúde padrão Fifa”, com um tomógrafo computadorizado em Santo Antônio do Içá, no Amazonas.

    Talvez na Copa de 3014.

    http://tijolaco.com.br/blog/?p=12493

  5. Haddad ao 247: “Fiz um grande 1º ano de governo”

    O prefeito abatido pelos cortes de receitas determinados pela Justiça existe apenas nos editoriais da mídia tradicional; Fernando Haddad, ao contrário, vive uma fase de alto astral; com um ano no poder, ele contabiliza resultados como a redução em 15% da fila de 810 mil agendamentos no sistema de saúde municipal, que crescia 25% ano, e o ganho de quatro horas semanais entre os usuários dos corredores de ônibus; com tudo pronto para construir 10 CEUs, ele comemora a modernização de 2 mil sinais de trânsito e a construção de quatro piscinões contra as chuvas; agora, se prepara para inaugurar um hospital na periferia, o que não ocorria há 18 anos, e a colher os primeiros resultados do programa que dá R$ 15 por dia aos viciados em crack que queiram deixar a droga; “Mesmo com a elite sendo contra, a população vai reconhecer o nosso trabalho”, afirmou Haddad ao 247; entrevista exclusiva

    Marco Damiani e Leonardo Attuch 247 – “Faz uma conta”, sugere o prefeito da maior cidade do país, chefe de um orçamento de R$ 55 bilhões para 2014, sentado na cabeceira da longa mesa de madeira encimada por uma tela de Tomie Ohtake.

    E imediatamente o próprio Fernando Haddad passa a fazer a multiplicação em voz alta:

    – Com os corredores de ônibus, medimos que cada passageiro ganhou em média 38 minutos por dia no seu tempo de deslocamento pela cidade. São 19 minutos economizados em cada trecho médio percorrido. Isso significa que o trabalhador está ganhando quatro horas fora dos ônibus a cada semana, contabiliza, animado, o prefeito em camisa de manga curta e colarinho desabotoado.

    – Quatro horas!, exclama ele.

    Satisfeito com o resultado de sua conta, ocorre a Haddad, num estalo, uma comparação política que soou como feita pela primeira vez:

    – É impressionante essa economia de tempo. A redução da jornada de trabalho em quatro horas semanais é uma bandeira da CUT desde 1988. Completou 25 anos agora… Aqui na Prefeitura, nós ganhamos essas quatro horas para o trabalhador em seis meses de gestão, a partir da implantação dos primeiros corredores. Você acha isso pouco?

    SEM MÍDIA – Haddad lança a pergunta e prossegue na entrevista ao 247 apresentando informações e dados objetivos que, reclama ele, não têm alcançado registro na cobertura feita pela mídia tradicional e familiar sobre a Prefeitura:

    – Pela primeira vez em 20 anos, a fila da saúde em São Paulo diminuiu, afirma o prefeito. Eu dei uma entrevista coletiva sobre isso, mas nenhum jornal deu. Não entendi, confessa.

    Haddad acredita que a redução na fila da saúde é o primeiro grande resultado de sua gestão neste setor nevrálgico.

    – O número de pacientes a espera de consultas, exames ou operações no sistema municipal de Saúde, explica ele, caiu de 810 mil para 790 mil, uma redução de 15%. É preciso que o público saiba que essa fila nunca estivera abaixo dos 810 mil pacientes e crescia à razão de 25 por cento ao ano, frisa o alcaide.

    – Vinte e cinco por cento de crescimento ao ano mostra que a fila estava abandonada, acentua Haddad. Mas agora ela já está diminuindo, insiste.

    – Como se fez isso?

    – Colocamos sim algum dinheiro nisso, cerca de 60 milhões na compra de quatro laboratórios móveis, para dinamizar a realização de exames, mas a principal mudança foi mesmo na gestão, resume o entrevistado.

    – Procuramos diminuir o absenteísmo. Nossas equipes telefonam aos pacientes para lembrar as marcações que foram feitas. Muita gente nem aparecia para uma consulta e mais tarde pedia de novo. Também desmembramos a fila, passando a organizá-la por setor. O Hora Certa, que implatamos agora, vai dar mais rapidez ao sistema todo, elenca. O tamanho da fila vai cair ainda mais.

    ÁGUAS DE MARÇO – Cerca de um ano antes da entrevista realizada na manhã da quinta-feira 9, no grande salão de reuniões anexo ao gabinete do prefeito, Haddad falara ao 247 logo após sua posse. Ele adiantara que iria precisar dos primeiros seis meses de gestão para organizar a execução de seu programa de governo.

    – Não tenho feito nada até agora que eu não disse antes que iria fazer, sustenta ele. Sua primeira grande preocupação, àquela altura, era com as chuvas, que, de fato, inundaram São Paulo nos idos de março do ano passado.

    – A cidade sofreu no ano passado, mas nosso plano de emergência deu resultado no escoamento bem mais rápido das águas. Agora a cidade está bem melhor preparada para enfrentar as chuvas de verão. Elas ainda não vieram, mas já temos um monitoramento muito melhor e também melhorou a área de infraestrutura. A limpeza de galerias e bueiros antes era feita por setores diferentes, o que dava inúmeros problemas. Nós unificamos isso e ganhamos em eficiência.

    – Os sinais de trânsito não funcionaram pela cidade inteira. Isso vai se repetir?

    – Não, crava Haddad. Aquela verdadeira árvore de natal, com todos os sinais piscando ao mesmo tempo pela cidade inteira, lembra o prefeito, não vai ser vista de novo. Acontece que fazia 40 anos que os sinais não tinham manutenção nem eram modernizados. Isso é outra coisa que a população precisa saber. O setor ficou 40 anos parados. Era tudo obsoleto. Mas neste primeiro ano a Prefeitura já conseguiu reformular dois mil sinais de trânsito do total de 5,7 mil. O caos não se repetirá quando as chuvas vieram, repete.

    Haddad está seguro que tem feito o possível para evitar que São Paulo, como costuma acontecer, fique debaixo d’água em suas mais diferentes regiões.

    – Nossa defesa contra as chuvas tende a melhorar, sem dúvida. Temos, neste momento, 44 obras de microdrenagem em execução. Estamos construindo ou reformando piscinões na Ponte Baixa, no Cordeiro, em M’Boi Mirim e na Pompéia, aumentando em cinco vezes a atual capacidade de escoamento deles. Também removemos árvores que tinham atestado de doença e realizamos podas para evitar aquela série de quedas verificada no ano passado. Mas se há o desejo de que tudo saia bem, também há a limitação imposta pela força das chuvas, ressalva.

    AVALIAÇÃO SOFRÍVEL – Pouco depois de assumir, Haddad acostumou-se a dizer que São Paulo sempre foi um cemitério de políticos, em razão do alto grau de dificuldade de sua gestão. Hoje, mesmo em baixa nas pesquisas de opinião, ele parece ver uma luz no final do túnel para alcançar uma boa popularidade.

    Na mais recente pesquisa Datafolha, a gestão de Haddad apareceu com 13% de indicações ‘ótimo’ e ‘bom’, nivelando-se às administrações de Celso Pitta (1997-2001) e Gilberto Kassab (2006-2012), ambas de amargo recall, em seus respectivos primeiros anos.

    – Nenhum prefeito antes de mim escapou de ter uma baixa avaliação ao final do primeiro ano de governo, compara o atual. Em junho, prossegue, eu tinha 34 por cento de ótimo e bom, e isso sem que eu tivesse feito nada, porque nem tempo havia para ter feito. O que se seguiu depois disso, à medida em que o tempo passou, foi muita volatilidade. Mas eu não estou preocupado. Acho que o trabalho que estamos fazendo vai aparecer para a população com o tempo e os resultados. Estou governando para a maioria.

    Haddad calcula estar cumprindo uma jornada de trabalho que varia entre 12 horas a 14 horas por dia. Ele tem dedicado as manhãs para visitar obras em bairros. Na parte da tarde pilota a máquina municipal do quinto andar do edifício Matarazzo, que foi alvo de depredação externa durante as manifestações populares de junho.

    – O sr. acredita em novas marchas populares naqueles moldes?

    – Acho difícil que aquelas condições se repitam, responde o prefeito. Eu fui o primeiro a dizer que se juntaram, naquele momento, fatores que nem sempre andam juntos. Eu posso estar enganado, mas não vejo aquelas condições agora. Mas protestos, é claro, ocorrem todos os dias e continuaram a acontecer, mas dificilmente daquele mesmo tipo.

    – Com um ano no cargo, qual é agora o seu jeito de governar?

    – Eu interfiro em tudo, em todos os escalões, define-se Haddad. Eu sou o tipo que telefona para o sub do sub do sub para saber como está o andamento de uma obra. Não me dirijo apenas aos secretários. E eles já sabem disso, não têm essa cerimônia. Eu gosto de obra.

    Esta última frase leva Haddad a lembrar de seus tempos de ministro da Educação, cuja gestão, entre 2005 e 2012, o deixa visivelmente orgulhoso.

    – Eu fui um ministro da Educação que transformou as universidades e os institutos federais em verdadeiros canteiros de obras. Aqui em São Paulo o plano que vamos realizar é o da construção de 10 novos CEUs em terrenos municipais na periferia, não vamos precisar nem desapropriar nada.

    – Qual é a sua avaliação do seu período como ministro?

    – Olha, eu vejo o que se fala no noticiário dos jornais sobre Educação e acho até engraçado. O que a gente fez foi uma revolução. Se hoje existem problemas, e é claro que eles existem, antes eles eram muito maiores, calcula Haddad.

    Ele prossegue:

    – Sabe quais são as cinco siglas Top Trends do Google, o que demonstra o grau de procurada da população por elas? Essas siglas são Enem, Sisu, Pró-Uni, Fies e Pronatec. Todos esses programas educacionais foram criados na minha gestão, não existiam antes e são os responsáveis pelo acesso de milhões de jovens ao ensino universitário público e subsidiado. Viraram referência mundial, são elogiados e copiados. É incrível que, diante da dimensão dessa revolução no Brasil, a mídia se concentre somente em noticiar sobre o erro em uma prova ou o problema em um colégio. Chega a ser engraçado.

    – O então presidente Lula tanto gostou da sua gestão que o fez candidato a prefeito de São Paulo, mas hoje dizem que ele anda dizendo que o sr. não sabe ouvir…

    – Eu li sobre isso, e também só posso achar divertido. Só quem não sabe da relação que eu tenho com o presidente Lula pode acreditar que estamos separados. Nos falamos semana sim semana não. Ele tem informação e concorda com todas as grandes linhas da minha gestão. Quem apostar no nosso afastamento, vai perder.

    – Lula teria receio da extensão dos estragos que a corregedoria municipal pode criar no combate à corrupção.

    – É balela, rebate Haddad. Lula concorda, é claro, com a criação da corregedoria e do trabalho que estamos fazendo contra a corrupção na máquina municipal. Aliás, podem estar certo que há mais coisas por vir neste campo. O trabalho não vai parar apenas no que temos até agora, com esses fiscais que desviaram mais de R$ 80 milhões dos cofres públicos e estão afastados por isso. Haverá mais.

    – O sr. também foi alvejado pelos estilhaços da investigação, à medida em que perdeu seu secretário de governo, Antonio Donato, em meio ao escândalo. Donato o traiu?

    – Não, não vejo assim. Quando o corregedor mostrou que havia dois caminhos a seguir, entre abrir processos administrativos e promover exonerações, o que não levaria à prisão dos culpados, ou transmitir as nossas investigações ao Ministério Público, fazer denúncia crime e ai sim buscar a prisão dos corruptos, o Donato era o único secretário que estava comigo. Ele ouviu as alternativas e também quis que encaminhássemos o processo da maneira como foi feito, passando às mãos do Ministério Público para uma apuração rigorosa até o fim. Esse é um trabalho que está sendo feito na base do doa a quem doer.

    – Diziam que o sr. não se dava bem com a presidente Dilma nos tempos em que ela era ministra da Casa Civil. Procede?

    – Essa é uma história antiga. Muitas vezes o presidente Lula me chamava para despachar no Palácio do Planalto sem a presença de ninguém da área econômica e da Casa Civil, conta Haddad. Éramos nós dois e mais um técnico do ministério. As decisões eram tomadas ali e depois comunicadas aos outros setores do governo. Mas não era eu que queria fazer assim, era o presidente. Ele me chamava e eu ia. Quando Dilma se tornou presidente, ela mandou me chamar no terceiro dia de governo. Quando eu cheguei, conversei sozinho com ela, também com um técnico do ministério, e ninguém de outra área. Na saída, eu lembrei à presidente que ela não havia chamado ninguém da Casa Civil nem a área econômica. Ficou claro ali mesmo que os despachos diretos acontecem em nome da agilidade, e não por outro motivo. Dilma até riu. Nosso relacionamento é ótimo.

    Haddad não parece preocupado com as avaliações de muitos petistas de carteirinha – e cadeira na direção da legenda -, segundo as quais ele pode não ser um bom cabo eleitoral para o candidato do partido ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha. Com uma imagem negativa de seu próprio governo junto à população, projetam esses petistas, Haddad mais atrapalharia que ajudaria.

    – Primeiro que em uma eleição estadual o peso do prefeito de São Paulo como apoiador é bastante relativo, diz. Mas eu estou aí para fazer o que o partido me pedir para fazer pelo Padilha. Ele será um excelente candidato, está sendo um grande ministro. O Mais Médicos que ele implantou com impressionante velocidade é uma obra que marca uma biografia.

    – O Mais Médicos é importante para São Paulo?

    – Muito importante, reconhece Haddad. Já temos na cidade cem médicos que estão atuando aqui pelo Mais Médicos. Agora, abrimos 1,7 mil vagas para médicos, e já sabemos que não teremos tantas inscrições quanto o necessário. Por isso, vamos precisar ainda mais do Mais Médicos. Padilha mudou o atendimento de saúde em todo o Brasil. Vou fazer o que estiver ao meu alcance pela candidatura dele.

    Em uma hora aproximada de conversa, Haddad não mostrou nem de longe a face de um prefeito abatido pelas dificuldades financeiras que cercam sua gestão. Ele estava, isso sim, em alto astral. Mas na mesma quinta 9 em que o prefeito recebeu 247, o jornal O Estado de S. Paulo carregava o título As Lamúrias de Haddad em seu principal editorial. E no dia seguinte seria a vez da Folha de S. Paulo, atrás do velho concorrente, igualmente dedicar seu principal editorial a dizer que Haddad, apesar dos seguidos golpes judiciais nas receitas municipais, não tinha porque reclamar. Na linha do ‘ele sabia que seria difícil, ninguém mandou se eleger’.

    – O sr. se vê cercado e acuado?

    – Não, não mesmo. Encaro com naturalidade, uma questão de conflito geracional. Minha visão sobre esse cerco, que efetivamente estão tentado fazer contra a Prefeitura de São Paulo, mas sem sucesso, é a seguinte: a elite está jogando contra o projeto que foi vitorioso nas eleições de 2012. Eu fui eleito porque a cidade quer mudar, mas essa mesma cidade está com seus graus de liberdade sendo contidos, definiu.

    Por ‘graus de liberdade sendo contidos’ Haddad se refere à recente decisão do presidente do STF, Joaquim Barbosa, de atender reclamação da Fiesp contra o reajuste progresivo do IPTU paulistano. Também foi uma menção à proibição, pelo mesmo STF, no meio do ano passado, do parcelamento das dívidas com precatórios. Apenas neste quesito, São Paulo tem nada menos que R$ 18 bilhões a pagar.

    O prefeito não demonstra abatimento:

    – Está existindo sim uma judicialização da política e, mais ainda, uma politização da Justiça. Sem contar com o oportunismo presente em entidades poderosas do conservadorismo.

    – Quais?

    – Para citar um exemplo, a Fiesp. Essa entidade tem jurisdição estadual, mas não fez nada contra os aumentos ocorridos no IPTU de cidades litorâneas, que chegaram a 670 por cento. Por que a Fiesp agiu apenas olhando a capital, onde haveria insenção para a maior parte dos munícipes?, questionou Haddad sobre a ação que derrubou em R$ 800 milhões as receitas municipais de 2014.

    – Por puro oportunismo, só por isso, responde o próprio prefeito, sem citar o nome do presidente da entidade, Paulo Skaf, pré-candidato do PMDB a governador de São Paulo.

    Agora, Haddad tem de dar mais explicações ao Tribunal de Contas do Municípios se quiser prosseguir – e quer – com um dos carros chefes de sua gestão: a implantação de corredores de ônibus nas vias públicas da cidade.

    – Esse não é um problema, se fosse eu diria. É normal o Tribunal pedir informações adicionais.

    – O sr. não teme virar apenas um síndico da cidade diante de tantos limites impostos pela Justiça? O Ministério Público já determinou até mesmo que os táxis saiam dos corredores de ônibus…

    – Não há hipótese de eu virar um síndico. Fui eleito para implantar um programa de governo que é de mudança, e estou fazendo isso. A cidade faz suas escolhas, define o rumo para o qual quer ir. Do meu cargo, eu tenho feito tudo para respeitar o resultado das urnas que me elegeram. A elite chega a nos criar contradições materiais, retira recursos dos cofres municipais, procura atrapalhar a gestão o quanto pode, mas isso era esperado. Sobre essa questão dos táxis, vamos discutir o assunto em audiência para ver definir a posição a tomar.

    – O sr. é contra ou a favor que táxis rodem nos faixas de coletivos?

    – Não tenho posição ainda, quero ouvir prós e contras no processo da audiência pública, ressalva o prefeito.

    No entanto, ele mesmo dá uma pista sobre para qual lado se inclina neste momento.

    – Em Paris, a presença dos táxis nos corredores de ônibus levou a uma redução média de 25% no tempo das viagens. Em Nova York, sem os táxis os corredores de ônibus fizeram as viagens de ônibus ficaram 40% mais rápidas. Quer dizer, efetivamente o táxi tira tempo do ônibus quando anda no corredor, mas tem de estudar mais.

    GRANDE PRIMEIRO ANO – O prefeito, antes de encerrar a entrevista para atender a agenda que marcava o ex-governador e urbanista Jaime Lerner como seu próximo interlocutor, é questionado sobre o mais novo programa social da Prefeitura: a atenção aos viciados em crack.

    – Ninguém sabia o que fazer com eles. Estudamos esse assunto seis meses, e agora estamos colocando em prática um plano que pode mudar a vida deles e a face da cidade, conta Haddad. Ele se refere às oportunidades de trabalho, remuneradas a R$ 15 por dia, que a Prefeitura passou a oferecer desde o final do ano passado aos viciados dispostos a deixar “a pedra”.

    – Fiz uma reunião com moradores da cracolândia que têm alguma capacidade de liderança sobre os demais aqui nesta sala. Procuramos mostrar a eles que eles também são cidadãos com direito a ter acesso ao gabinete do prefeito. Eu mesmo passei muito tempo entre eles, conversando, tentando entender. Dessas conversas, observações e olhando outros modelos concluímos que a solução é mesmo dar trabalho a eles, à base de duas horas por dia, no que eles puderem fazer, e em mais duas horas cobrar deles presença em aulas de ressocialização. Já temos mais de 200 aceitações para este programa. Vamos ver quais serão os primeiros resultados. Ninguém sabia bem o que fazer para enfrentar a cracolândia, e essa é a nossa aposta. Acho que podemos vencer.

    Nas despedidas, Haddad, sob os fios de cabelos brancos que não tinha um ano atrás, reflete sobre as informações apresentadas na entrevista sobre seu primeiro ano de gestão – e abre um sorriso:

    – Querem saber? Fiz um grande primeiro ano de governo por aqui, diverte-se.

  6. A Oposição quando se vê no espelho só enxerga o abismo

    O discurso político da oposição hoje é torcer pelo fracasso do Brasil. Torcer pela volta dos ciclos inflacionários, torcer contra a copa, torcer contra…

    À falta de propostas, ideias para novas políticas públicas inclusivas, personalidades carismáticas ou ao menos rejuvenescidas, encontram-se há muito flertando com tudo o que tem de pior para conquistar corações e mentes: torcer pelo fracasso do Brasil, torcer pela volta triunfal dos ciclos inflacionários, torcer por um retumbante fracasso da Copa 2014, torcer para que os médicos cubanos sejam um tremendo fiasco inassimilável por nossas populações vulneráveis, torcer para que a Petrobras e o Banco do Brasil tenham o mesmo sinistro destino de Eike Batista.

    Preencher um discurso político na base da terra arrasada, associada ao grasnar de corvos agourentos não é tarefa fácil e, ao seu revés, não poderia ser também mais inglória. São em tempos assim que reputações calejadas pelo tempo soçobram, vão a pique e saem da História do tamanho de escafandristas de aquário doméstico.

    As lideranças por não se renovarem tornam-se rapidamente obsoletas, ao invés de agregar, funcionam como desagregadores contumazes e, nesses casos, não existe pacto midiático que lhes possa robustecer – saem da realidade objetiva para se fincarem como simulacros de um tempo que passou.

    É o caso do provecto do Fernando Henrique Cardoso, ler seus artigos é exercício enfadonho já que não surge uma só ideia nova – até os termos rescendem a catacumbas, à terra arrasada, a imagens de densas nuvens, pesados horizontes, incerto futuro, calamidades imprevistas sempre espreitando esse desavisadíssimo e incauto povo brasileiro.

    É também o caso do senador Aécio Neves, aquele que foi atropelado por um trem que nem chegou a sair de minas, antes, partiu de São Paulo e, por essas ironias da vida, se chocou com helicóptero e sua carga letal. O mineiro tem um discurso monocórdio, cansativo, como se precisasse cuspir as palavras uma e outra vez, acenando sempre para um interlocução apática, insossa. E sem rosto. Ninguém consegue descobrir a quem se dirige seu palavreado vazio – aos associados da FIESP? Aos colegas de infortúnio que militam nas engrenagens da grande imprensa?  Aos ricaços abastados da capital paulista em sua luta contra o aumento do IPTU? Ou será que são ditas ao público interno do próprio PSDB, aqueles 30% de filiados que ainda crêem na reencarnação de José Serra para presidente?

    O governador Eduardo Campos teria tudo para ser uma real terceira opção eleitoral aos que cansaram do embate PT-PSDB. Mas traz consigo graves pecados de origem: qualquer que seja suas realizações políticas em Pernambuco, e por extensão alguns estados governados atualmente pelo PSB do neto de Miguel Arraes têm o DNA de Lula e/ou Dilma. Se errar na dose de acidez ou destempero para com o PT e seus líderes carismáticos facilmente receberá na testa o carimbo de ingrato – e se existe uma coisa que nordestino de raíz nunca foi de perdoar é exatamente… a ingratidão. Ademais, tem um cavalo de Tróia, melhor dizendo das Florestas, para domar e se os mais variados prognósticos estiverem certos, Campos arranjou para si mais problemas que soluções. É que um partido como o PSB não precisava servir de barriga de aluguel da Rede. Quando a criança (a Rede) conseguir seu registro no TSE, somente Marina Silva terá a ganhar. Além de passar todo o período eleitoral vendo pesquisas mostrando que a provável vice é muito melhor de voto que o cabeça de chapa. E, convenhamos, não tem vaidade que aguente.

    Temos ainda na oposição parlamentares de uma possível “segunda divisão”, uma espécie de  minilíderes mais afeitos a liderar não mais que seus berços políticos:

    Jarbas Vasconcelos, do PMDB, de braços com o também pernambucano Eduardo Campos, um primor de infidelidade partidária.

    Pedro Simon (PMDB-RS), sempre se remoendo contra o destino que desde os anos 1980 lhe tem sido além de ingrato, perverso, e ao revés foi generoso com José Sarney (PMDB-AP), sempre flertando entre o teatral e o grandiloquente.

    José Agripino Maia (DEM-RN), assistindo a uma interminável missa de corpo presente de seu partido, com a única governadora – de seu RN – em vias de ser cassada pela Justiça Eleitoral e sangrado escandalosamente para dar sobrevida ao PSD de Kassab e ao Solidariedade de Paulinho da Força Sindical.

    Roberto Freire (PPS-SP), uma espécie de linha auxiliar do PSDB, mas tendo não mais que alguns segundos de tevê a oferecer a quem se proponha ajudar. Nesse caso, até uma frase para destacar sua fragilidade eleitoral parece ser puro desperdício de análise política.

    Ser ou não ser oposição ao PT?  Eis o dilema em toda a sua inteireza, comprimento, largura e altura. 

    Estamos diante de um ciclo que morreu por inanição de ideias, pensamentos vigorosos, sinceridade no falar e falta de coerência na diuturna cobrança de posturas éticas. O Brasil mudou, mas certos tipos continuam ainda encantados com aquela estratégia do cara-de-pau: “Malfeitos devem ser investigados desde que do outro lado. Tá bem assim?”

    http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/A-Oposicao-quando-se-ve-no-espelho-so-enxerga-o-abismo/4/29982

  7. Repasses de Dilma a Eduardo

    Repasses de Dilma a Eduardo Campos devem somar R$33 bilhões até final de 2014, segundo secretaria pernambucana
     

    Instigada por Terra Magazine, a Secretaria de Planejamento de Pernambuco (Seplan) informou que os repasses totais do governo Dilma para Eduardo Campos devem somar R$33,2 bilhões ao final de 2014, caso o governo estadual consiga executar todos os planos que constam na Lei de Orçamentária Anual (LOA) deste ano.  O valor é quase R$ 6 bilhões a mais que a soma dos R$27,3 bilhões em repasses dos últimos quatro anos do governo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. A LOA foi elaborada pela própria Secretaria de Planejamento de Campos, e aprovada pela Assembleia Legislativa de Pernambuco no último mês de dezembro.  Segundo a Seplan, entre 2011 e 2013 o governo de Dilma Rousseff repassou a Pernambuco cerca de R$24,3 bilhões em valores fechados.  Para 2014 a previsão é que outros R$8,9 bilhões saiam dos cofres da União em direção à Pernambuco, somando R$33,2 bilhões ao final do último dia deste primeiro mandato de Dilma.  Somados os quatro anos do segundo governo Lula com os quatro anos que Dilma completará em 2014, os repasses do governos do PT para Eduardo Campos totalizarão R$60,5 bilhão em oito anos.  Histórico A informação foi fornecida pela Seplan em virtude de uma reportagem publicada pelo próprio Terra Magazine no dia 24 de dezembro, que informava que no último ano de governo Dilma os repasses para Eduardo Campos seriam 44% maiores que a comparação com o último ano do governo do ex-presidente Lula.  Os números usados pela reportagem saíram da própria LOA, que numa tabela das páginas 33 e 34, informava que em 2010 os repasses de Lula a Campos somaram R$5,91 bilhões, enquanto que a previsão orçamentária considerava R$8,9 bilhões para 2014.  Os novos dados da Secretaria de Planejamento de Pernambuco mostram, porém, que no último ano do governo de Lula os repasses da União para os pernambucanos totalizaram R$7,18 bilhões.  Neste caso, os repasses entre 2010 e 2014 devem crescer R$1,08 bilhão, que significa alta de 19,2%. Mesmo com a diferença, os números mostram que, ano a ano, os repasses entre Dilma e Campos, prováveis adversários nas eleições presidências de outubro, só cresceram na comparação com o governo de Lula. JustificativaNa tentativa de minimizar o crescimento dos números, a Seplan informou por meio da nota que esses mesmos dados são referentes a “transferências obrigatórias da União, em especial aquelas de partilha da arrecadação federal, como o FDE (Fundo de Participação dos Estados” e, portanto, não são favorecimento entre governantes, já que Dilma, Lula e Campos eram parte da mesma base de apoio mútua.  A Seplan destaca também que, apesar da previsão de repasses de R$8,9 bilhões em 2014, a União enviou ao Estado apenas R$7,97 bilhões em 2013, valor R$ 50 milhões menor que em 2012.  “A LOA 2014 estima um crescimento de 10%, de aproximadamente 8 bilhões em 2013 para 8,8 bilhões neste ano”, informa a nota, que compara 2013 com 2014 para obter o crescimento. O cálculo é diferente do da reportagem, que usa os finais de cada mandato presidencial para obter as respostas.   Em 24 de dezembro Terra Magazine procurou a secretaria de Planejamento antes de publicar a reportagem, mas não obteve resposta por conta dos feriados de final de ano. Passado o recesso público, a Seplan prontamente nos forneceu os dados.  

    Reprodução da tabela de números enviadas pela Seplan de Pernambuco

    http://terramagazine.terra.com.br/blogterramagazine/blog/2014/01/10/repasses-de-dilma-a-eduardo-campos-devem-somar-r33-bilhoes-ate-final-de-2014-segundo-secretaria-pernambucana/

  8. Globo é contra novos aumentos no mínimo

    Editorial do jornal de João Roberto Marinho pede trava nos reajustes do piso da economia nos próximos anos; segundo o jornal, já se fez o que era possível na recuperação do poder de compra do salário mínimo; ao contrário desta tese, ganhos reais do mínimo foram um dos principais fatores de inclusão social nos últimos anos

    Em editorial publicado neste domingo, o jornal O Globo, liderado por João Roberto Marinho, reafirma sua vocação para sempre se posicionar contra políticas de combate à desigualdade. O foco, desta vez, é o salário mínimo e o jornal pede o fim dos reajustes.

    Os malefícios da indexação do salário mínimo – EDITORIAL O GLOBO

    O tema é inadequado a ano eleitoral, mas o presidente de 2015 terá de propor desarmar o mecanismo, para impedir que a inflação corroa os ganhos obtidos

    Assim que os desarranjos na política fiscal do governo Dilma ficaram mais evidentes, as agências internacionais de avaliação de riscos ajustaram os radares para um acompanhamento mais atento das contas do país. Agora, algumas nuances do perfil fiscal brasileiro frequentam relatórios dessas agências. Há pouco, a Moody’s, cuja nota de perspectiva para a solvência do Brasil caiu de “positiva” para “estável”, em setembro, alerta que a economia brasileira tem uma “flexibilidade limitada” para conter gastos.

    É fato. À medida que despesas de difícil corte começaram a ser expandidas, o Orçamento entrou numa espécie de fôrma de gesso. As dificuldades para reduções de despesas por medida administrativa se devem a razões políticas — nos gastos ditos sociais — ou a obstáculo legal. Neste caso, está a folha do funcionalismo, protegida pela norma da estabilidade de emprego. A alternativa do administrador costuma ser, quando politicamente possível, deixar a inflação corroer o valor efetivo dos salários e/ou não repor vagas abertas por aposentadorias e mortes.

    A Moody’s chama a atenção para a grave peculiaridade de que 80% do Orçamento estão comprometidos com salários, aposentadorias e benefícios sociais. Há estimativas menos dramáticas, mas não muito. Esta parcela nunca é superior a 70%.

    A margem de ação de qualquer governo é estreita. E como, depois de 2005, estes gastos cresceram bastante, a margem de manobra de Dilma em 2014 é mesmo apertada. Para piorar a situação, há a regra de indexação do salário mínimo criada em 2011 — um retrocesso, porque o país precisa de menos mecanismos que projetem para frente a inflação do passado, e não mais.

    Baseada na soma do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) com a variação do PIB de dois anos atrás, a fórmula estabeleceu um reajuste de 6,78% para o mínimo deste ano, de R$ 724 — um aumento de 6,78%, contra uma inflação de 5,9%. Além de os aumentos do salário-base não guardarem qualquer relação com os ganhos (ou perdas) de produtividade na economia, eles indexam uma miríade de benefícios previdenciários/sociais. A ponto de, hoje, cada R$ 1 a mais no SM injetar quase R$ 340 milhões adicionais na conta da despesa pública. Em termos líquidos — considerando o crescimento da arrecadação devido à subida do salário —, estima-se que o novo mínimo já estabeleceu um gasto em 2014 de R$ 14,2 bilhões, cerca de meio Bolsa Família.

    Com a economia em expansão a taxas razoáveis, é até possível alguma compensação pelo lado da arrecadação tributária e previdenciária. Mas não nos últimos dois anos. Nem neste e no próximo. O tema é espinhoso em ano eleitoral. Mas a revisão desta indexação terá de ser feita pelo próximo presidente, até porque a regra vencerá em 2015 e já fez o possível na recuperação do poder de compra do SM. A questão também é impedir que a inflação corroa os ganhos obtidos. Até por isso, é importante desmontar a fórmula. http://www.brasil247.com/pt/247/economia/126633/Globo-%C3%A9-contra-novos-aumentos-no-m%C3%ADnimo.htm

  9. Com quantos oportunistas se faz um Opportunity?

    Carta Maior                                                                                                                                                                                                        12/01/2014 

    Com quantos oportunistas se faz um Opportunity?

    Daniel Dantas não foi um acidente de percurso dos anos 90. As elites do país compraram a ideia de que o futuro tinha um preço: eliminar a presença do Estado.

    por: Saul Leblon
     

     

    Arquivo

     

    A trajetória do banqueiro Daniel Dantas, esquadrejada em minucioso trabalho jornalístico pelo repórter Rubens Valente (leia a resenha do seu livro ‘Operação Banqueiro’;  nesta pág)  reúne um repertório tão abrangente de personagens, crimes econômicos, ademais de manobras político-partidárias, policiais e jurídicas que involuntariamente pode anestesiar a percepção do leitor para um aspecto não negligenciado na narrativa.

    Daniel Dantas não foi um acidente de percurso no Brasil dos anos 90.

    A sociedade despedia-se então de um ciclo esgotado do seu desenvolvimento.

    Tateava outro, embalada  na firme adesão de suas elites à ideia de que o atalho para o futuro tinha um preço: eliminar  qualquer coordenação democrática do Estado sobre a economia e o crescimento.

    O PSDB do sociólogo e presidente Fernando Henrique Cardoso considerou que o custo era justo.

    Isso não é o necrológio de uma época.

    Tucanos e variações da mesma espécie, eventualmente com sotaque pernambucano, assim como progressistas arrependidos continuam  a crer  que a contrapartida  é uma bagatela.

    A galinha morta, congelada durante cinco anos pela crise dos seus fundamentos, volta assim ao balcão das ofertas eleitorais como frango fresco.

    Quiçá orgânico, graças às contribuições  de Marina Silva.

    Não se pode subestimar a lição política extraída do relato minucioso de Valente.
    Uma reforma política que dificulte ao máximo a captura das campanhas eleitorais pelos agentes do dinheiro grosso é um imperativo do regime democrático.

    Mas ela não basta.

    É preciso que os interesses graúdos sejam igualmente regulados pelas urnas na exata medida do que a sociedade requer das instituições e recursos por eles  dominados. 

    Quem o fará?

    Esse capítulo não consta, nem poderia constar do livro.

    Antes que seja coligido por um autor, a disputa política terá que dizer o que o país pretende dos bancos e do sistema financeiro em geral.

    Banqueiros, ao contrário do feérico Daniel Dantas, em geral são discretos.

    O  papel que desempenham na engrenagem sistêmica recomenda uma rotina à  salvo dos refletores políticos e judiciais.

    É  questão de segurança e de história.

    O dinheiro grosso passa por eles  –às vezes literalmente, a caminho de paraísos fiscais como o das ilhas Cayman –mostra o livro;  ou embarcados em esféricas contabilidades que preservam a identidade, o patrimônio e a sonegação  de seus anônimos detentores.

    Bancos e banqueiros formam uma espécie de estuário dos sucessos e  pecados expressos na forma mais desejada, arisca e versátil da riqueza — a forma dinheiro, na qual todas as outras estão representadas. 

    Não se confunda o sistema financeiro com mera tinturaria ou levedura dos endinheirados.

    Ainda que seja isso também,  sua estrita regulação é crucial para que se aplique no que lhe cabe como provedor do crédito, sem o qual não há crescimento no capitalismo.

    O multiplicador que permite ao banco emprestar várias vezes aquilo que de fato possui em depósitos, fia-se na certeza de que nem todos os correntistas e investidores vão sacar o seu pecúlio ao mesmo tempo.

    É esse lastro de vento que permite ao crédito ser uma antecipação do futuro.

    Ao irrigar a produção e o consumo permite à economia erguer-se pelos próprios cabelos, encorpando a musculatura da mais-valia na acumulação subjacente.

    Boa parte da engrenagem se apoia numa cabeça de alfinete chamada confiança nos bancos.

    O oposto é a corrida aos saques – capaz  de destruir um banco em questão de horas,  por conta justamente do descasamento intrínseco ao seu alicerce entre ativos e passivos, prazos e expectativas díspares.

    Quando todas as variáveis  convergem para um mesmo ponto –a esquina do pânico –  o sistema financeiro quebra.

    Influenciar sem se expor, sem gerar ruídos  é, portanto, o segredo desse negócio.
    Daniel Dantas destoa no quesito recato.

    Mas se encaixa no ditado, segundo o qual, não se deve cometer o equívoco de jogar o bebê com a água suja do banho.

    A dimensão político- judicial da atabalhoada ascensão financeira não o torna um personagem menos elucidativo  da agenda cuja presença ainda pulsa tão forte na política brasileira quanto os interesses que ele expressou e muitos ainda expressam.

    Esqueça a imagem do bandoleiro adestrado na rapinagem tosca.

    Fundado em 1994/95, não por acaso, seu banco levava o nome de Opportunity, conforme observa   Rubens Valente com sagacidade.

    Não era um banco convencional voltado ao financiamento da produção e do consumo.

    Era uma ferramenta  dos novos tempos.

    Esses que persistem insepultos apesar da crise brutal em que mergulharam o planeta desde 2007/2008.

    A ‘oportunidade’ dos novos ares saltara aos olhos de Dantas, e outros, com a vitória do PSDB  nas eleições de 1994.

    Fernando Henrique Cardoso assumiu com a mesma disposição de Collor.

    Defenestrado no meio do caminho, o ‘caçador de marajás’ construído pela Globo e assemelhados, prometera privatizar 68 estatais.

    Caiu quando tinha liquidado 18.

    Dantas participou da formulação desse programa de governo.

    Protegido de Mario Henrique Simonsen, de que fora aluno brilhante, chegou a ser cogitado como ministro da Fazenda de Collor –do mesmo modo, e pelas mesmas mãos, participaria do plano de FHC, como conselheiro econômico do aliado PFL (depois Demos).

    ‘O liberalismo econômico é a única solução para sairmos do impasse (…) é a saída mais rápida e eficaz, especialmente porque não exige coordenação. O governo deveria se engajar num amplo programa de privatizações . Deveríamos começar pela privatização do próprio  setor privado: fim das cotas, monopólios, subsídios.’

    O trecho é de um artigo de 1988 (na Folha) do futuro banqueiro que estudou no MIT, era tido como garoto prodígio e começou no mercado administrando fortunas de endinheirados, como a do ex-presidente do Bradesco, Carlinhos Braga.

    Compare-se com o que diz hoje a cavalaria dos colunistas que diariamente acusa o necrológio do modelo ‘intervencionista’ do PT e o anacronismo da ação desenvolvimentista do BNDES, que adicionou R$ 190 bi ao investimento da economia em 2013.

    O texto de 1988 poderia ser assinado hoje  por um formulador do  tucano como Edmar Bacha. Ou um guru das microreformas, como Marcos Lisboa, que há dias despejava megatons contra o que classifica de ‘o velho desenvolvimentismo do governo’, no não menos comparável jornal Valor Econômico.

    O que dizem todos os assessores de Campos se não a mesma coisa que,, no fundo, é o que já dizia  FHC em entrevista de 1996 quando via a humanidade a caminho de um novo Renascimento –nos braços da globalização.

    É forçoso reconhecer: o  sociólogo intuía a ameaça subjacente ao pacto mefistofélico feito com os ditos ‘livres mercados’.

    Na ausência de contrapesos institucionais, o que aconteceria em caso de colapso financeiro global, perguntava-se?

    O tucano conservador,  porém, preferiu não dar corda às especulações do sociólogo optando por  terceirizar a governança  à hegemonia dos mercados financeiros desregulados: ‘ninguém foi capaz, nem eu sou, de dizer como se resolve essa questão das “regras de governança” em nível mundial. Não tem problema se não houver tropeço grande do sistema financeiro. Aí está: você tem um conflito aqui, outro ali, mas não dá uma crise maior’.

    ‘Mas, e se der?’, perguntava a si mesmo.

    Estamos falando, portanto,  de um metabolismo coletivo do qual Dantas foi a artéria exposta de uma época que ainda não acabou.

    Seu instinto e intelecto souberam transformar o  vento de popa da desregulação ensaiada por Collor, e consumada pelo PSDB, no combustível da engrenagem faminta que o levou onde chegou. 

    Longe.

    De gerente de fortunas alheias, com um caixa de US$ 50 milhões, nos anos 80, no Icatu, banco pessoal da família Braga, em 1997 ele já movimentava investimentos da ordem de US$ 3,7 bilhões a bordo do Opportunity.

    O ponto de mutação envolve o mergulho de cabeça  em um enredo meticulosamente decifrado no livro.

    Ele reúne a determinação do governo do PSDB de privatizar portos, jazidas, telefônicas, elétricas,  petroquímicas, siderúrgicas, ferrovias – e mesmo a Petrobrás, recomendada por  Dantas, diga-se, mas salva no escândalo da Petrobrax.

    À determinação tucana aliou-se a do banqueiro de não perder a exuberante oportunidade.

    Para isso juntou interesses aflorados com a grande lambança rumo a um modelo de desenvolvimento menos ‘burocratizado’, dizia-se,  literalmente franqueado aos instintos capazes de explorar todas as possibilidades do cardápio.

     O City Bank foi um dos que aderiram ao menu oferecido pelo Opportunity , que se especializou em compor pools de capitais para avançar sobre as estatais de faca na boca.

    No caso do City havia  um adicional de apetite: interessava ao banco desfazer-se de papéis da moratória brasileira dos anos 80.

    Em vez de direitos de saque teóricos sobre uma riqueza futura, o saque em espécie do patrimônio tangível.

    As regras da privatização tucana facultavam a modalidade de gula.

    O banco norte-americano colocaria  cerca de US$ 1 bi nas mãos de Dantas, com quem iria se indispor no imbróglio das teles anos depois, em conflito que se repetiria entre o banqueiro e os fundos de pensão, já aqui sob a gestão do PT, em disputa de poder pelo comando das privatizadas.

    A resenha de Renato Pompeu nesta página é um precioso guia para o leitor de Rubens Valente não perder o fio da meada.

    São rounds e rounds de um duelo de perder o fôlego, do qual participariam direta e indiretamente não apenas o PSDB, mas também integrantes de um pedaço do PT, da PF e do judiciário.

    A endogamia entre Daniel Dantas e Gilmar Mendes é um caso à parte.

    Debulhada em triangulações que envolvem escritórios de advocacia interligados por pontes de interesse familiar  e favores pessoais, reúnem material suficiente para convocar a palavra escárnio.

    Ela precifica os rompantes do magistrado que evocava o risco republicano de um Estado capturado pelo PT, no julgamento da AP 470.

    O livro de Rubens Valente não esgota o assunto.

    Não por falha do autor.

    Trata-se,  como se disse acima, de uma história inconclusa.

    Interesses, visões de mundos, forças políticas e personagens centrais iluminados por ele continuam a exercer e a enxergar no Brasil uma enorme oportunidade.

    Tome-se o caso pedagógico do economista  Pérsio Arida, por exemplo.

    Arida participou ativamente, ao lado de André Lara Rezende e outros, da formulação do Plano Real; presidiu o BNDES  –agente financeiro das privatizações—até  a posse de FHC, em janeiro de 1995, quando assumiu a presidência do Banco do Brasil.

    A esposa, Elena Landau, exerceu o cargo mais específico impossível de coordenadora do programa de desestatização do BNDES.

    Arida e Landau saíram do governo FHC antes de soar a campainha convocando os mercados para o rebabofe das estatais que eles ajudaram a deixar ao ponto.

    Foram direto de mala e cuia trabalhar para o Opportunity  de Daniel Dantas (Landau fez um aquecimento prévio na gerencia de investimento do banco Bearn Sterns)

    Arida passou a ser apresentado aos clientes como parceiro sênior do banco, atuando diretamente na frente de investimentos, leia-se, arremate de estatais.

    Que nome dar a isso?

    Arida, Bacha, Landau, Lisboa, Mendonças, Lara Rezende (hoje um guru do econeoliberalismo de Marina) continuam a pontificar e a pautar a agenda econômica do país, na assessoria de forças conservadoras e como referência do colunismo embarcado.

    Aquilo que especulava FHC na entrevista citada de 1996  deixou de ser especulação –‘Não tem problema se não houver tropeço grande do sistema financeiro; você tem um conflito aqui, outro ali, mas não dá uma crise maior. Mas, e se der?’

    Deu.

    A inexistência de alternativa à altura, porém, encoraja a mesma  turma a apostar em uma nova chance em 2014.

    Uma nova oportunidade – diria aquele que de todos talvez tenha sido o mais transparente em seus propósitos.

     

    http://www.cartamaior.com.br/?/Editorial/Com-quantos-oportunistas-se-faz-um-Opportunity-/29991

     

     

     

     

  10. Joaquim Barbosa visto por Miguel do Rosário

    http://www.ocafezinho.com/2013/12/10/o-silencio-criminoso-de-joaquim-barbosa/

    Aqui entre nós, o silêncio de Joaquim Barbosa sobre o uso de seu nome em pesquisas de intenção de voto demonstra bem a sua falta de compromisso com a democracia. Ele deveria vir a público e dizer que não aceita ser incluído nas pesquisas porque não tem, em absoluto, desejo de participar das eleições. A Constituição proíbe, terminantemente, juízes de participarem de atividades político-partidárias. A regra vale muito mais para um presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). É uma anomalia odiosa. Evidente que nenhum político pode enfrentar verbalmente a autoridade maior do judiciário, portanto Barbosa goza de uma vantagem indevida numa competição política,  uma vantagem contrária ao princípio sagrado da separação entre os poderes, um princípio consagrado na teoria democrática clássica de Montesquieu.

    Abaixo, a notícia publicada hoje no Gazeta do Povo, jornal do Paraná, sobre pesquisa do instituto Paraná Pesquisa para as eleições presidenciais do ano que vem.

    Leia mais, no link

  11. E a corrente contra as arbitrariedades do Ministro aumenta mais
     

     

    “De acordo com a comissão montada pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho, o ministro Joaquim Barbosa feriu a Constituição Federal ao negar o pedido feito pela advogada Deborah Prates”

     

     

    11/01/2014 23:55:09

    Ministro Joaquim Barbosa nega petição em papel de advogada cega

    Informatização no sistema judiciário precisa de adequações para deficientes visuais

    Herculano Barreto Filho

    Rio – A cegueira privou a advogada Deborah Prates de trabalhar em duas ocasiões. A primeira vez ocorreu há sete anos, quando ela perdeu a visão ao sofrer ruptura do nervo óptico por causa do medicamento usado para tratar uma pneumonia. Na segunda, a cegueira foi da Justiça. Adaptada à nova condição, ela deixou de exercer a profissão com autonomia há seis meses, quando foi impedida de protocolar petições em papel por causa da implantação do Processo Judicial Eletrônico (PJE).

    No mês passado, um pedido feito pela advogada foi negado pelo ministro Joaquim Barbosa, presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A decisão do ministro afetou pelo menos 1.145 advogados cegos registrados no país desde 2002 pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) — 27 deles atuam no Rio. E virou bandeira para essas pessoas.

    Na quinta-feira, uma comissão de acessibilidade formada pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho irá se reunir em Brasília para discutir o assunto. A ideia é condicionar a informatização obrigatória das petições à instalação de um sistema de navegação para cegos, com leitura em tela.

    Advogada Deborah Prates foi a Nova York em busca de um cão-guia. Após 30 dias de treinamento intensivo numa fundação especializada, voltou ao Brasil com o labrador JimmyFoto:  Márcio Mercante / Agência O Dia

    “O processo eletrônico é inevitável. Só que aconteceu sem estudo prévio e sem tempo de adequação. Não se pode privar o advogado de ter o processo em papel. Os deficientes visuais não estão conseguindo trabalhar. Eu chamo isso de apartheid digital”, critica o procurador federal aposentado Emerson Odilon Sandrim, que integra a comissão.

    Hoje, o uso de um sistema com leitor de tela para deficientes visuais é incompatível com o programa implantado pelo CNJ. “Será preciso criar um novo programa. Eu vejo com tristeza essa situação, porque a acessibilidade no país ainda não está sendo respeitada. Você pode ter certeza que ela (Deborah Prates) não está sozinha. É uma luta pela dignidade”, argumenta Luiz Claudio Allemand, presidente da Comissão de Tecnologia da Informação da OAB.

    Falta de visão

    Quando perdeu a visão, há sete anos, a advogada Deborah Prates se viu obrigada a fechar um escritório com cerca de dez funcionários na Avenida Rio Branco, no Centro, próximo ao Fórum. Na época, era responsável por cerca de mil processos cíveis e empresariais.

    “Ninguém quer um advogado cego. As pessoas acham que a deficiência sensorial equivale à deficiência intelectual”, relembra. Em apenas duas semanas, vivenciou o que chama de ‘apagar das luzes.’

    Com a cegueira, a advogada foi a Nova York, nos Estados Unidos, em busca de um cão-guia, um auxílio que se tornou fundamental para a sua autonomia. Após 30 dias de treinamento intensivo em uma fundação especializada, voltou ao Brasil com o labrador Jimmy. Hoje, dá palestras e integra comissões ligadas aos Direitos Humanos da OAB.

    ‘O ministro rasgou a Constituição’ – Deborah Prates, advogada cega

    Desde que ficou cega, há sete anos, a advogada Deborah Prates luta por autonomia. Nos últimos seis meses, precisou de ajuda para dar entrada em petições pelo Processo Judicial Eletrônico, inacessível a programas usados por deficientes visuais.

    1. Como a senhora deu entrada às petições?
    — Continuo tendo de pedir a terceiros para enviar petições. Às vezes, peço a um amigo, que me faz a gentileza de me ajudar em casa. Em outras, preciso sair de casa para enviar através de um setor da OAB. Fui banida da profissão. Não posso advogar, porque não tenho acessibilidade. Perdi a minha independência.

    2. Como a senhora avalia a atitude do ministro Joaquim Barbosa?
    — Ele negou a acessibilidade, que é prevista na Constituição (leia mais abaixo). Tirou a minha dignidade. É uma violação dos direitos humanos.

    3. Há outros advogados cegos no Rio que aderiram à causa?
    — Ninguém quer se envolver, porque é o ministro Joaquim Barbosa. Estão na aba, para ver o que vai acontecer. Para indeferimentos de liminar, não cabe recurso. Estou pleiteando uma audiência com o ministro, para que ele reveja a decisão. Ele é tão arbitrário que está de férias. Mas tem a maior boa vontade para prender os envolvidos no Mensalão. O problema não é só para os cegos. Há municípios que não têm banda larga.

    4. Como a senhora administrou o trabalho com a cegueira?
    — Fiquei cega por causa do tratamento de uma pneumonia, que causou o rompimento do nervo óptico. Quando os clientes souberam, foram pagando o que deviam, encerrando o experiente. Fechei o meu escritório para causas cíveis e empresariais. Em 30 dias, perdi tudo. Consegui aposentadoria por invalidez. Aí, entrei em parafuso. Hoje, integro a OAB Mulher e a Comissão de Direitos Humanos da OAB. Luto pelos interesses coletivos.

    5. Como foi lidar com a cegueira e o preconceito?
    — Ninguém quer um advogado cego. As pessoas acham que a deficiência sensorial equivale à deficiência intelectual. As pessoas saem fora mesmo, porque veem a deficiência como uma doença contagiosa. É o olhar assistencialista que está hoje no Poder Judiciário, no CNJ.

    6. Como assim?
    — O ministro Joaquim Barbosa nutre um olhar assistencialista. Acha que nós, cegos, precisamos ser ajudados. Não há uma visão de cidadania, como determina a convenção da ONU sobre os direitos da pessoa com deficiência. O ministro rasgou a Constituição.

    O primeiro juiz gego do Brasil

    Em 2009, ele se tornou o primeiro juiz cego do Brasil ao ser nomeado desembargador do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), numa cerimônia de posse que contou com a participação do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Curitiba, capital paranaense.

    O então presidente Lula abraça Tadeu, em Curitiba, em 2009Foto:  Estadão Conteúdo

    Presidente da comissão de acessibilidade do TRT, Ricardo Tadeu Marques da Fonseca será o responsável pela discussão levada a Brasília da informatização dos processos. “Não vou aceitar medidas paliativas. Não queremos nada menos do que acessibilidade total. As medidas para que isso seja possível não são onerosas. É só uma questão de diálogo”, argumenta.

    O advogado Leondeniz Candido de Freitas, assessor do desembargador e apontado como especialista em informática, afirmou que a discussão será ampliada. “Vamos verificar o que pode ser feito para que o processo judicial eletrônico se torne acessível para pessoas com deficiência visual, auditiva e física. Não podemos ficar numa situação de dependência, onde a autonomia é prejudicada”, explica.

    Assim como a advogada Deborah Prates, o desembargador Ricardo Tadeu já enfrentou preconceito no Judiciário em 1990, quando foi impedido de concluir um concurso para juiz, em São Paulo, por ser cego. “Na época, se entendia que cego não poderia ser juiz e fui afastado”, lembra. No ano seguinte, passou em concurso para o Ministério Público em Campinas, São Paulo.

    A justificativa

    O ministro Joaquim Barbosa, que preside o CNJ, disse não haver razões para conceder liminar, sugerindo auxílio de outras pessoas para que a advogada enviasse petições. “O motivo explanado pela reclamante, no sentido de necessitar de ajuda de terceiros para o envio de uma petição eletrônica ante a inacessibilidade do sistema para deficientes visuais, não configura o perigo de dano irreparável ou de difícil reparação”, justificou.

    Sem agenda

    Em nota, o CNJ explicou que foi determinada a suspensão da reclamação até o julgamento de outro procedimento, feito pela OAB, para ‘evitar decisões conflitantes’. Sobre o pedido de audiência feito por Deborah Prates, o CNJ alegou não ter a agenda do ministro Joaquim Barbosa em 2014.

    Ministro Joaquim Barbosa, que preside o CNJ, disse não haver razões para conceder liminar, sugerindo auxílio de outras pessoas para que a advogada enviasse petiçõesFoto:  Divulgação

    Convenção da ONU

    Em 25 de agosto de 2009, o então presidente Lula assinou o decreto 6.949, aderindo à Convenção Internacional de Proteção aos Direitos dos Deficientes da Organização das Nações Unidas (ONU), de 30 de março de 2007. Foi o primeiro tratado internacional incorporado ao Brasil. A convenção, redigida com o auxílio do desembargador Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, foi recomendada pelo próprio CNJ, recomendando acessibilidade aos deficientes.

    Constituição

    De acordo com a comissão montada pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho, o ministro Joaquim Barbosa feriu a Constituição Federal ao negar o pedido feito pela advogada Deborah Prates.

     

  12. Absurdo ? Isso pode ?

    Será que o “jornalista” Roberto Marinho foi o porta voz das três forças na cerimônia de condecoração ao ditador Castelo Branco pela Ordem Grã-Cruz e o Diploma das Ordens do Mérito Naval, Militar, Aeronáutico e Rio Branco  ?

    Roberto Marinho : ” O chefe do governo merece as mais elevadas insígnias, como um pleito de reconhecimento do Brasil ao soldado que representa a liberdade democrática”

    Vejam a partir dos tres minutos deste vídeo de 1964 :

    [video:http://youtu.be/HY1XevAt8FU%5D

  13. Fonte: http://www.sul21.com.b

    Fonte: http://www.sul21.com.br/jornal/luta-por-direitos-mudou-vida-de-irmas-anas/

    Data:13/jan/2014, 8p6min

    Luta por direitos mudou vida de irmãs anãs

         Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

    Marlene e Lelei foram incentivadas pelos pais a ser independentes | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

    Flavia Boni Licht e Nubia Silveira*

    Olinda Marlei Lopes Teixeira desde criança é conhecida como Lelei. Ela e a irmã Terezinha Marlene Lopes Teixeira, a Marlene, nasceram em Jaquirana (RS) e passaram a infância e boa parte da adolescência em São Francisco de Paula (RS). Lelei, jornalista formada pela Unisinos, e Marlene, professora com doutorado em Linguística pela PUCRS, têm ainda em comum o fato de serem anãs. E com a mesma altura, 1m11cm e peso, 31quilos. Essa condição levou-as a buscar soluções, desde as coisas mais simples do dia a dia, como subir num ônibus ou sacar dinheiro no caixa eletrônico, até a decisão de morar sozinhas, com as devidas adaptações feitas em casa. As irmãs sofreram preconceito, enfrentaram o espanto de algumas pessoas, mas o fato de não se intimidarem diante das dificuldades mudou a forma como são tratadas pela sociedade. Falta muito, porém, para que a diferença seja tratada com a atenção que merece, como Lelei e Marlene contam nesta entrevista aoSul21.

    Sul21 – Os pais de vocês eram anões? Houve outros casos na família?
    Marlene – Os outros casos nós ficamos conhecendo depois. Nossos pais não eram anões e no início não se deram conta do nosso nanismo. Tínhamos quatro ou cinco anos, quando fomos levadas a Taquara, onde um médico nos encaminhou a um colega, Dr. Décio Martins Costa, em Porto Alegre, pessoa fundamental nas nossas vidas. Ele fez todos os exames possíveis. Disse que havia tipos de nanismo que podiam ter solução, mas o nosso não, pois era uma questão genética. Tranquilizou a família, disse que éramos inteligentes e incentivou que o pai nos colocasse para estudar.

    Lelei – Nosso pai, Nestor da Silva Teixeira, e nossa mãe, Coralia Lopes Teixeira, eram pessoas simples, mas de uma sabedoria impressionante. Ela era dona de casa, ele pequeno fazendeiro. Temiam que a gente não desse conta da vida, que não pudéssemos trabalhar, e fizeram um grande esforço para que estudássemos.

    Marlene – Sempre fomos muito estimuladas a ser independentes, contrariando a tendência de proteger um filho com problemas. Fui para a escola. Como as crianças de sete anos são, normalmente, muito espontâneas, riam de mim. Eu ia chorando, queria ficar em casa, mas o pai não deixava. Ele me levava pela mão e me largava na porta da escola.

    Lelei – Marlene e eu não fomos criadas juntas. Eu fui criada com os avós maternos – Dorvalina Rodrigues Lopes, a Vó Sinhá, e Juvenal de Oliveira Lopes – porque a Marlene ficou doente e precisava de muitos cuidados da nossa mãe. Quando foram me buscar, meu avô estava tão apegado a mim e pediu que eu continuasse lá, na vila de Jaquirana, onde ele tinha uma venda e era escrivão.

    No primeiro dia de escola, entrei na fila e alguém gritou: anã! Eu saí da fila chorando e fui para casa. Disse que não queria ir mais. Uma tia, Dalva Lopes Silva, me levou até o diretor da escola, Aldo Lopes. Ele me pegou pela mão, me apresentou em todas as turmas, dizendo que eu era a nova colega, que todos precisavam me respeitar. Quando fui para São Francisco de Paula estudar já não estranhei tanto.

    Sul21- Quando vocês se deram conta de que eram diferentes?
    Marlene – Eu fiquei com o registro das consultas com o Dr. Décio, de ele ter dito que talvez pudesse ter uma medicação. Um dia, com uns sete anos, perguntei para a mãe sobre o remédio e ela disse: “minha filha, o remédio não vem, não tem remédio”.

    Marlene, professora universitária: "Até o confronto com outras crianças, na escola, nas ruas, não tínhamos muita noção do problema. A gente era uma espécie de coisa querida da família"| Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

    Marlene, professora universitária: “Até o confronto com outras crianças, na escola, nas ruas, não tínhamos muita noção do problema. A gente era uma espécie de coisa querida da família”| Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

    Sul21- Porque na família nunca aconteceu nada de restrições…
    Marlene – Até o confronto com outras crianças, na escola, nas ruas, não tínhamos muita noção do problema. A gente era uma espécie de coisa querida da família. Todos nos ajudavam, eram superparceiros, os primos gostavam de brincar com a gente. Os irmãos, Mariza, a mais velha, e Rui, o mais novo, foram sempre acolhedores.

    Lelei – Comecei a sentir diferença quando saí de casa, de São Francisco, para estudar em Novo Hamburgo. O grande baque foi na adolescência, quando naturalmente tu te sentes deslocado.

    Marlene – Fui estudar em Novo Hamburgo no Colégio Estadual 25 de Julho, na época muito prestigiado e que exigia exame de seleção. Fui acolhida pelo tio Plínio Rodrigues Lopes e pela família dele. Com 16 anos, me dei conta de que não conseguia me vestir sozinha e que precisava aprender.

    Lelei – Tomar conta da vida era mais complicado. Eu, por ser criada com a avó junto com vários netos, era mais independente: levantava cedo, fazia fogo no fogão de lenha. Como a Marlene saiu de casa primeiro, foi na frente, quando cheguei a Novo Hamburgo tudo foi mais fácil. Fui para a mesma escola. O impacto já tinha acontecido.

    Marlene – Aí tem uma coisa muito impressionante: quando estamos juntas, as pessoas ficam mais atentas. Acho que de duas provocamos um encantamento nos outros. Ficam na nossa volta, perguntam se somos gêmeas.

    Sul21– Foste para Novo Hamburgo com 16 anos, como a Marlene?
    Lelei – Mais tarde, com 17. Fiz o curso Clássico.

    Marlene – Eu fiz o curso Científico. Queria uma profissão que me deixasse quieta, porque achava que não daria para trabalhar com público. Queria ser bioquímica. Foi bem difícil esse período. O que me salvou é que escrevia bem. A professora de português identificou em mim um talento para as letras, mas eu não queria ser professora. Ela me disse que eu poderia ser tradutora e me animou para a carreira.

    Lelei, jornalista: no dia em que se formou no Clássico levou o título de mehor aluna | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

    Lelei, jornalista: no dia em que se formou no Clássico levou o título de mehor aluna | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

    Sul21– E para ti, Lelei?
    Lelei – Em Novo Hamburgo, no Clássico, eu tinha colegas interessantes, mas na época era muito tímida. As pessoas me olhavam muito e eu me sentia estranha, mas chegava na aula e adorava. Ia super bem. No dia da formatura, levei o prêmio de melhor aluna. Foi um período difícil, mas muito interessante por outro lado. A Marlene já estava em Caxias, tinha uma turma muito legal e qualquer coisa boa ela trocava comigo. Eu sentia que tínhamos possibilidades na vida. Fiz vestibular na UFRGS e não passei. Cheguei a pensar que não poderia estudar por questões financeiras. Aí apareceu a Unisinos, passei na seleção. E a família veio morar em Porto Alegre.

    Marlene – Comecei o curso de Letras em Caxias num período muito estimulante, com professores ótimos. Consegui me destacar. Em Literatura, principalmente. Fui morar com amigas em uma casa que a gente chamava de “Beco”. Lá aprendi que eu podia lavar a roupa, colocando um banquinho junto ao tanque. Descobri que podia ter uma calça jeans, roupas mais produzidas, tamanquinhos, frequentar bares, boates, enfim fui me inserindo mais, com o estímulo das amigas. Como o pai resolveu reunir os filhos em Porto Alegre, terminei o curso de Letras na PUC.

    Sul21– E qual foi a primeira vez que se deram conta das dificuldades no cotidiano?
    Marlene – Antes eu achava que o problema era meu, que eu tinha que me virar. Recentemente é que me dei conta de que a responsabilidade não é minha.

    Lelei – A gente tinha aquela coisa de se virar, de dar um jeito, ser criativo. Tem a ver com essa coisa familiar do nosso pai, que dizia: vocês vão para o mundo, ser independentes.

    Marlene – Não me ocorria que um interruptor de luz pode ser mais baixo, em casa, por exemplo.

    Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

    A adaptação dos móveis torna a vida mais fácil e confortável | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

    Lelei – Nem a mim. Foi quando conhecemos o Custódio (arquiteto Luiz Antônio Bolcato Custódio), em 1978, que a gente descobriu que podia tornar as coisas mais acessíveis. Ele foi importantíssimo para nós. Chegou lá em casa, viu que o pé direito do apartamento era alto. Criou um mezanino muito charmoso, dividindo a peça em quarto e escritório, que era um sucesso. Depois, a arquiteta Ceres Storchi também nos ensinou a facilitar a vida. Maçaneta de bola, por exemplo, que a gente não consegue girar, na nossa casa tem que ser de alavanca. Mas acessibilidade para valer, como se conhece hoje, a consciência dos direitos que temos, foi depois de conhecermos a Flavia (arquiteta Flavia Boni Licht). Foi uma descoberta.

    Marlene – Depois da instituição do caixa eletrônico, a gente ia ao banco e subia numa cadeira, que geralmente tem rodinha. Um dia, um guarda sugeriu que eu pedisse ao gerente uma escadinha. E a gente conquistou essa escada na agência do Banrisul onde temos conta. Na Unisinos, tenho estrado na sala em que trabalho. E assim, começamos a reivindicar.

    Sul21– Vocês têm ideia de quantos anões existem no Brasil?
    Lelei – Tenho uma informação de 18 milhões, mas é uma informação antiga. Falha nossa. Precisamos nos atualizar sobre isso.

    Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

    Um banquinho ajuda a atingir os armários, por exemplo, que estão mais altos | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

    Sul21 – Como conseguiram falar no assunto nanismo?
    Lelei – Marlene e eu, irmãs, amigas, vivendo juntas, com o mesmo problema, não conversávamos sobre isso. E eu não dizia essa palavra; ‘anão’ era, para mim, palavra proibida. Convivia com muita gente, mas esse assunto nunca era tocado.

    Marlene – Quando via um anão, eu atravessava a rua. Não gostava de ver. A aceitação veio depois da análise: poder se olhar no espelho, descobrir a própria beleza… Hoje, tenho vários espelhos em casa, sem problemas. Ainda faço análise. Minha grande descoberta é que de perto ninguém é normal, como canta Caetano Veloso.

    Lelei – A gente começa a se olhar sem nenhuma máscara. A se relativizar, a não se achar vítima, o que é fundamental. Hoje, não me sinto nem um pouquinho vítima, não merecedora das boas coisas da vida. E encaro o nanismo com muita naturalidade.

    Sull21 – Vocês brigam muito?
    Marlene – Eventualmente. Já briguei no supermercado Zaffari da Rua Bordini, que frequentamos há muitos anos porque subiram o totem de passar o cartão e não sabiam lidar com a nossa dificuldade. Pedi uma escada, mas não providenciaram. Agora, para não brigar, pois ficou chato, peço um engradado e subo.

    Sul21– No dia a dia, qual a maior dificuldade para vocês? Desde o momento de acordar, fazendo um roteiro do dia?
    Lelei – Em casa, problema nenhum. O que não é adaptado, a gente facilita, com banquinho e outros equipamentos. É uma casa confortável para nós. Na rua, calçada não é problema; ônibus, transporte público de um modo geral, é mais complicado porque temos dificuldade para nos segurar; balcões muito altos. Atravessar a rua, por exemplo, não é seguro, pois os motoristas podem não ver a gente. No trabalho é tranquilo.

    Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

    A falta de acessibilidade torna o cotidiano mais difícil | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

    Sul21 – Uma coisa que conta muito para o idoso é o pouco tempo que a sinaleira fica aberta aos pedestres. E para vocês?
    Marlene – Pela necessidade de adaptação, a gente é muito ágil.

    Lelei – Ônibus não é um transporte muito inseguro. Eles não esperam a pessoa entrar, sentar, já vão arrancando, e a gente fica muito vulnerável.

    Marlene – Bufê é complicado. Normalmente, a gente não alcança e tem que pedir para alguém servir.

    Lelei – As pessoas têm boa vontade, normalmente estamos com amigos, mas, às vezes, há necessidade de pedir ajuda a um garçom.

    Marlene – No Trensurb, por exemplo, não consigo botar nem pegar o bilhete do outro lado. Não tem funcionário para ajudar e todo mundo passa no pique, nem olha. É difícil achar uma pessoa atenta no cotidiano agitado da cidade. Há um grande trabalho a ser feito no Brasil neste sentido.

    "“Em casa, é possível adaptar alguns equipamentos. Na rua, isso é quase impraticável" |  Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

    ““Em casa, é possível adaptar alguns equipamentos. Na rua, isso é quase impraticável” | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

    Sul21- Sobre a questão do lugar … Ninguém espera um anão dando aula.
    Lelei – Aí enfrentamos uma espécie de hipervalorização. Embora profissionalmente igual a todo mundo, se é vista como genial. Parece difícil acreditar que uma pessoa na nossa condição tenha uma boa conversa, trabalhe, reflita sobre a vida, viaje, faça terapia.

    Marlene – Muito facilmente a gente é transformada em heroína. Dei entrevista a um menino do Jornalismo da Unisinos. Pedi: não me faça uma heroína, sou uma pessoa muito comum. Até que ele perguntou: “como a senhora chegou até aqui?” Foi uma consequência natural, eu disse, tive sorte, tive pais amorosos, enfim. Quando vi a matéria, a “heroína” estava ali.

    Sul21- Vocês não gostam do termo superação. Todo mundo não se supera a toda hora?
    Lelei – Convivemos com pessoas de estatura normal que têm muito mais dificuldades do que a gente, é uma coisa da vida delas. Eu ter feito Jornalismo e trabalhar pode parecer sobrenatural para muitas pessoas. Mas, ao contrário, foi natural, não fiz plano nenhum. Trabalhei em vários veículos escrevendo, fazendo produção e não enfrentei preconceito. Pelo contrário, alguns colegas nem se davam conta das minhas dificuldades.

    Marlene – Eu também não me lembro de ter sofrido preconceito no trabalho. Acho que é mais um estranhamento, por ser diferente e viver em espaços formatados para pessoas bem mais altas do que eu.

    "Corremos riscos ao sair na rua a cada dia. Anões são vistos como figuras misteriosas, míticas, duendes. Às vezes, também pelo lado do sinistro" |Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

    “Corremos riscos ao sair na rua a cada dia. Anões são vistos como figuras misteriosas, míticas, duendes. Às vezes, também pelo lado do sinistro” |Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

    Sul21– E como é o contato com as crianças? Qual a reação delas?
    Lelei – Criança é muito franca. Algumas dizem, sem problemas: “tu é feia, tua mão é muito gorda, teu braço é torto”. Isso na adolescência é difícil de ouvir. Mas normalmente, as crianças se encantam com a gente, querem brincar. Há uma sintonia grande que passa pelo tamanho. O que mais me assusta é a criança que manifesta medo, mas são raras.

    Marlene – Às vezes as crianças não se dão conta e as mães chamam a atenção delas para a gente.

    Lelei – Irrita um pouco quando os pais ficam mostrando, apontando, quando a criança nem notou nada.

    Marlene – De certo modo, corremos riscos ao sair na rua a cada dia. Anões são vistos como figuras misteriosas, míticas, duendes. Às vezes, também pelo lado do sinistro. Há alguns anos, tivemos uma experiência ruim em Natal. Saímos sozinhas e, ao entrar em uma ruazinha, as crianças vieram todas para a nossa volta, se mediam com a gente, puxavam no braço e algumas começaram a atirar pedras. E as pessoas na janela, olhando, paradas. Não sabíamos se íamos para frente ou se voltávamos. Lembro de dizer para a Marlene: vamos ter calma. Atravessamos a rua toda com as crianças atrás, ninguém fez nada.

    Lelei – Quando fomos para Machu Picchu tivemos uma experiência semelhante, na cidadezinha de Aguas Calientes. Veio todo mundo, nos pegando, parecia que era para brincar, mas fiquei assustada.

    Marlene – Bem antes de Porto Seguro ser famosa, estivemos lá e toda a cidade andava em procissão atrás de nós. Uma mulher dizia: cruz credo, cruz credo. Em Morro de São Paulo também, mas as crianças eram muito carinhosas. Na rodoviária de Mossoró, RN, nós no meio e as pessoas todas na volta, olhando. Enfim, são muitas as situações, mas aprendemos a lidar.

    Lelei – Já ouvimos muitas vezes a pergunta: de que circo vocês são? Antes eu me ofendia; hoje acho maravilhoso.

    Sul21- E no exterior?
    Lelei – Na Europa, nossa experiência foi tranquila. As pessoas ajudam a carregar a mala, dão lugar no metrô, as estações de trem, em geral, oferecem atendimento para pessoas com deficiência. Viajamos sozinhas e não temos grandes dificuldades.

    Marlene: "Tem pessoas que se encantam pela gente. Como tem o momento de espanto e rejeição, tem o de admiração" | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

    Marlene: “Tem pessoas que se encantam pela gente. Como tem o momento de espanto e rejeição, tem o de admiração” | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

    Sul21– Mas, voltando ao cotidiano, como é a situação quando há necessidade de exames médicos?

    Lelei – Exame de esteira, por exemplo, não dá para fazer.

    Marlene – O despreparo é grande, não só em relação à acessibilidade. Há pouca informação sobre nanismo do ponto de vista médico. Qual o peso ideal, que dosagem de remédio é adequada…

    Lelei – Uma vez fui parar no pronto socorro por dose excessiva de remédio. Não se deram conta do peso e da altura ao prescrever.

    Marlene – Já tomei anestesia em dentista e cheguei em casa delirando.

    Lelei – Ouvi de um médico: “eu nunca operei as costas de uma pessoa do teu tamanho, não sei o que vou encontrar, só depois de abrir”. Quando fui fazer dieta, a nutricionista disse: “eu não sei quanto tu tens que pesar. Não pode ter peso de criança nem de adulto. Vamos experimentando.”

    Sul21– Quais as coisas que mais incomodam?
    Lelei – Do ponto de vista da acessibilidade, balcões altos, elevador inacessível, insegurança no transporte coletivo, filas, banheiro público (não conseguimos alcançar a pia para lavar as mãos), eventos em que as pessoas ficam de pé.

    Marlene – Incomoda também a dificuldade de encontrar roupa pronta. Sapato não se acha. Temos que mandar fazer. E custa caro.

    Sul21 – Há alguns anos, houve uma grande mudança na legislação, nas próprias conversas entre as pessoas. Vocês sentem alguma melhora de um tempo para cá?
    Lelei – A prática é uma coisa que ainda está muito distante da legislação. Mais a gente mudou do que as coisas mudaram ao nosso redor. Mas a consciência do direito ao acesso que temos hoje nos ajuda bastante.

    Marlene – Não melhorou tanto. Eu viajo muito, convidada para dar palestras. Chego ao hotel e não alcanço em nada. Apesar do discurso pela diferença, poucos hotéis se preocupam com acessibilidade.

    Lelei: "Mais a gente mudou do que as coisas mudaram ao nosso redor. Mas a consciência do direito ao acesso que temos hoje nos ajuda bastante" | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

    Lelei: “Mais a gente mudou do que as coisas mudaram ao nosso redor. Mas a consciência do direito ao acesso que temos hoje nos ajuda bastante” | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

    Sul21 – E no lazer, na cultura, quais as dificuldades?
    Marlene – No cinema, o problema é o tipo de cadeira. Algumas têm o encosto muito alto. E se alguém senta na frente, a gente não vê. Sempre procuramos lugares estratégicos.

    Lelei – Tem lugares que não dá para ir, como mezaninos e galerias de teatro, por exemplo. Livrarias também não é fácil, as prateleiras são altas, temos que pedir ajuda.

    Sul21- O que tem de bom na situação?
    Marlene – O ganho secundário. As pessoas parecem querer compensar de algum modo a nossa dificuldade. Tem pessoas que se encantam pela gente. Como tem o momento de espanto e rejeição, tem o de admiração.

    A gente sempre teve muita curiosidade pela vida. Não me considero uma pessoa que não tenha tido boas experiências. O saldo é maravilhoso. Ter uma boa família, amigos, trabalho. O respeito profissional que conquistamos. Aprender, estar aberta para novas experiências e dar conta da própria vida é muito legal. O contato com a arte foi muito importante para nós. Desde sempre, gostamos de literatura, teatro, música, cinema. A arte te mostra tanta coisa, te ajuda a perceber o mundo. Não ficamos presas no lado obscuro da vida. Encaramos o que se apresentou para a gente sem vitimização. Sabemos a dor e a delícia de ser o que somos, voltando a Caetano Veloso. Há muito ainda para melhorar e estamos atentas.

    Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

    “Um anão não alcança nos botões dos elevadores dos prédios” | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

    Lelei – Para finalizar, gostaria de lembrar um texto que escrevemos com a Flavia, arquiteta, sobre acessibilidade, e que resume bem esta questão:

    “Em casa, é possível adaptar alguns equipamentos a suas dificuldades. Na rua, isso é quase impraticável. Num mundo feito por e para pessoas grandes – “normais” – que responde a um padrão histórico-cultural já traçado, as limitações são muitas para essa “gente pequena”. E essa gente vai acumulando dificuldades e frustrações. Aqui computamos apenas algumas, as físicas, visíveis a olho nu.
    – um anão não alcança nas prateleiras dos supermercados,
    – um anão tem de ajoelhar-se para subir no ônibus,
    – um anão não alcança nos botões dos elevadores dos prédios,
    – um anão não pode telefonar nos orelhões,
    – um anão não alcança nos balcões de bancos,
    – um anão não alcança nos balcões de lancherias e bares,
    – um anão não alcança nos interruptores de luz,
    – um anão não alcança em bilheterias de maneira geral,
    – um anão não alcança o espelho de banheiros públicos para ver o próprio rosto e nem nas pias para lavar as mãos,
    – um anão não pode sentar-se em qualquer lugar no cinema ou no teatro,
    – um anão não encontra sapatos,
    – um anão não encontra roupas,
    – um anão não pode ficar no meio da multidão ou em lugares muito cheios,
    – um anão encara cotidianamente muitos “nãos”.

    Nessas situações, eles dependem muito da boa vontade, da solidariedade e do bom humor dos outros e dos mecanismos que cria para a sua sobrevivência, defesa, bem-estar. Caso contrário, têm a “faca e o queijo na mão” para transformarem-se em grandes vítimas do mundo, ingrediente que recheia os muitos discursos sobre a exclusão.
    É só encarando a diferença, falando sobre ela, abrindo espaços e buscando formas de viver bem com as suas peculiaridades que anões e todos aqueles que sofrem por algum estigma podem impor o seu jeito, subvertendo a vitimização e o preconceito.
    O discurso social hoje aponta para a diferença no sentido de repensá-la e não mais ignorá-la ou mascará-la. A sociedade parece começar a entender que a grande riqueza humana está na diversidade dos seres e das ideias, no encontro das diferenças, com suas múltiplas possibilidades e capacidades”.

    *Colaborou Lorena Paim

  14. A “EXTRAORDINÁRIA” COMPETENCIA DA GLOBO… EM MANIPULAR

    A “EXTRAORDINÁRIA” COMPETENCIA DA GLOBO… EM MANIPULAR

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    “Nota de correção sáb, 11/01/14 por Tomatino | categoria Aviso editorial

    Na sexta-feira (10), expliquei no Conta Corrente o fechamento de 2013 do índice de inflação IPCA que ficou em 5,91%, segundo o IBGE. Ao comparar com os índices dos anos anteriores, houve um erro no gráfico de barra do indicador, apesar de os números estarem corretos. No próximo programa, na segunda-feira (13), explicarei no Conta Corrente o gráfico correto. Peço sinceras desculpas.

    Tomatino”

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    A inflação para a Globo

    Tento ser imparcial, mas os fatos me jogam na lona. Tento me convencer que o termo PIG é uma bobagem de quem não tem cérebro, mas os fatos me sacodem.

    Recebo de um amigo este gráfico publicado no Conta Corrente (GloboNews). Veja como se constrói o jornalismo militante no Brasil. No gráfico (que ele fotografou direto da tela) uma inflação de 5,9% é maior que 6,5%. Algo mágico.

    Por Ruda Ricci, sábado, 11 de janeiro de 2014,
    em http://rudaricci.blogspot.com.br/

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    Gráfico da Globo inflaciona a inflação

    Luiz Carlos Azenha, 11 de janeiro de 2014 às 16:23,
    em http://www.viomundo.com.br/humor/grafico-da-globo-inflaciona-a-inflacao.html

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    Um incrível gráfico que diz muita coisa

    Olha que o Conta Corrente é um programa especializado em economia, exibido num canal fechado, tendo como público alvo, em tese, pessoas bem informadas. Se a Globo é “descuidada” assim num programa como esse, imagine as barbaridades que não faz numa concessão pública.

    Por essas e outras é que o governo federal, agora que já identificou uma guerra psicológica de setores da mídia ligados à oposição, à economia brasileira, deveria parar de injetar dinheiro nela.

    Nem comentei por aqui, porque ainda estou em estado de choque, a notícia de que o ministro da Educação, Aloisio Mercadante, acaba de presentear o grupo Abril com um contrato de R$ 2,5 milhões, sem licitação, para fornecimento da revista Nova Escola. Não sei o que é pior: se é o ministro dar dinheiro para a Abril, se é fazê-lo sem licitação, ou se é dar o lixo da Abril para nossas crianças. Bem, acho que o pior, com certeza, é a última opção

    Por Miguel do Rosário on 13/01/2014 – 7:32 am
    em http://www.ocafezinho.com/2014/01/13/um-incrivel-grafico-que-diz-muita-coisa/

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    Gráfico da inflação da GloboNews é o que se pode chamar de vandalismo jornalístico

    Todos os inícios de ano a Globo lidera o terrorismo inflacionário. A inflação do ano que virá pode colocar o país em risco e blablablá.

    Nos almoços de família, os parentes mais sensíveis às bobagens midiáticas repetem o mantra de que a situação está ruim e que o país está caminhando ladeira abaixo.

    Que no final, todo o esforço feito pelo príncipe em 1994 ao debelar o dragão, vai ser jogado fora pelos aloprados do PT. Como se o Brasil de 2014 tivesse algo a ver com aquele que vivia de calças abaixadas para o FMI e que tirava os sapatos como sinal de respeito ao deus USA.

    Todo começo de ano é assim, a inflação é a bola da vez.

    Mas dessa vez a Globo levou o índice de ridículo ao limite ao fazer o gráfico acima. Não há proporção alguma nele. E isso é o mínimo para fazer um gráfico minimamente sério com dados informativos.

    Nem na época de jornalzinho de Centro Acadêmico meus colegas mais radicais proporiam algo tão absurdo.

    Prestem atenção na distância desproporcional do 5,81% do centro da meta de 4,5%. Os 4,5% são três vezes menor do que os 1,31%. Isso não é o mais grave. O 5,91% de 2013 é maior do que 6,50% e 5,82%, índices de 2010 e 2011.

    O fato é que a inflação não superou o teto da meta que é de 6,5% em nenhum ano. No limite ficou no teto em 2010. E ficar em 5, 91% no ano passado não é nada grave. É parte do jogo.

    Com este tipo de abordagem a Globo ultrapassa até a linha do que se pode chamar de desinformação. Isso é vandalismo jornalístico.

    Duvido que a assessoria de imprensa de uma grande empresa deixasse uma sacanagem dessas sem resposta. Ia ter carta esculachando o veículo e pedindo correção. Se negasse, o veículo seria cortado da programação de publicidades da empresa.

    Mas como o governo federal é ao contrário. Da mesma forma que o generoso ministro Mercadante decidiu enfiar 2,5 milhões na Abril, comprando Nova Escola, a Globo ainda vai lucrar por ter feito mais essa sacanagem.

    E assim caminha a umanidade. Eu não errei não. Coloquei sem h de propósito. Porque essa humanidade não merece a palavra completa.

    Renato Rovai, 11/01/2014
    em http://revistaforum.com.br/blogdorovai/

    ______________________________________________________________________________

  15. Grupo de extermínio em Campinas

    Nassif, Campinas começa “bem” o ano de 2014, com a atuação de supostos grupos de extermínio justamente nas áreas de periferia que mais receberam investimentos nas gestões do ex-prefeito Dr. Hélio (ex-PDT).

    O atual prefeito faz uma administração pífia e suas únicas prioridades são aumentar os lucros do empresariado, fazer de Campinas a “Suíça brasileira” graças à Copa do Mundo e maquiar/envernizar obras e investimentos.

    Sua primeira medida como prefeito foi triplicar de 50 milhões para 150 milhões as verbas de Gabinete no orçamento. Isso passou pela Câmara sem que se mudasse uma vírgula sequer. A segunda medida foi criar um “poupatempo empresarial”, para ajudar quem já lucra bastante a lucrar ainda mais. O programa Farmácia Popular foi abandonado, há 58 postos fechados “à espera de concurso público para preenchimento de vagas”. Os hospitais Mário Gatti e Ouro Verde estão à míngua e os postos de saúde enfrentam filas para agendamento de consultas, retornos, realização de exames e retirada de medicamentos (estoques zerados há meses).

    A operação Tapa-Buraco está sendo feita em época de chuvas. O asfalto usado é de quinta categoria e os remendos esfarelam e abrem de novo em questão de dias. Regiões do Ouro Verde e Campo Grande não recebem sinalização de trânsito, limpeza de calçadas e canteiros, pintura de asfalto e renovação de placas desde que ele foi empossado. Dezenas de lâmpadas em postes estão queimadas precisando ser trocadas; há outras que ficam acesas durante o dia, precisando de manutenção.

    A gestão do lixo é do século XIX: o prefeito quer incinerar o lixo, devido ao esgotamento da capacidade dos aterros, em franco desrespeito à legislação de Gestão de Resíduos que deve ser implantada este ano. 

    Há centenas de crianças sem vaga em creche ou escola e ele resolveu esse déficit implantando um “bolsa-creche” de 215 reais. Não há previsão de construção de mais creches ou escolas para diminuir a deficiência de vagas.

    E agora, para completar, repete-se em Campinas o fenômeno de extermínio de moradores da periferia (pobres, jovens, negros) tão comum em São Paulo:

    http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/01/1396903-ao-menos-13-pessoas-sao-mortas-durante-a-madruga-em-campinas.shtml

    O prefeito também mantém um gabinete em Brasília. Diz ele que é para “facilitar a captação de recursos junto ao Governo Federal”. 

    Esse é o cabo eleitoral de Eduardo Campos em Campinas. Diz-se que vai abandonar a prefeitura para ser candidato a vice na chapa de Alckmin.

  16. Direita raivosa descontrolada!

    Não é de hoje que o Bob Sharp vem atacando os governos democraticamente eleitos que não sejam administrados pelo PSDB, mas dessa vez ele foi longe de mais.

    MISSÃO POSSÍVEL: SALVAR SÃO PAULO

    Postado por Bob Sharp Governador Geraldo Alckmin (foto colunistas.ig.br) 

     

    Peço desculpas aos leitores que não moram na região metropolitana de São Paulo por tratar de um assunto local, mas a coisa aqui está mesmo complicada e piorando a cada dia. De qualquer maneira, isto poderá se alastrar para os seus respectivos municípios, tendo, assim, um quê de utilidade para todos.
    BS

    Carta aberta ao Exmo. Sr. Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin

     

      Meu caro Governador (“meu” porque ajudei-o a se eleger), Do alto do seu importante cargo, V. Excia. tem uma missão importante, possível: intervir no Município de São Paulo e livrar a cidade desse cara aí embaixo:

     

     

     

     

    Foto: o pensadordaaldeia.blogspot.com

     

     

     

    Desde que esse sujeito tomou posse a cidade vem passando por verdadeiro inferno astral. Começou mexendo no assunto das inspeções veiculares ambientais, criando caso com a Controlar que, irregularidades no contrato ou não, vinha realizando um trabalho impecável. Se havia exageros, com ser obrigatória a inspeção em carros relativamente novos, de até três anos, tratava-se de pequena correção de rumo apenas e não de cancelamento do contrato, como foi feito. Agora ninguém sabe como será. Fala-se em “oficinas credenciadas” – justamente as mais interessadas em vender peças e serviços para os carros “passarem” na inspeção. A Controlar não faz manutenção, só inspeciona, como deve ser.

     

     

    Depois, em junho, ocasião do aumento das passagens de ônibus, apareceu na mídia dizendo sem dó nem piedade, arrogante, que era isso mesmo, em flagrante desrespeito ao clamor da população indignada e formada por grande parte dos que o haviam eleito. Depois, dentro do melhor estilo de seu partido, partiu para cima da “zelite” que tem automóvel, como se automóvel fosse exclusivo dessa suposta classe social, aplicando sem nenhum planejamento faixas exclusivas de ônibus que literalmente travaram a cidade. Esse cara chegou ao desplante de dizer que as pessoas “pensariam duas vezes antes de tirar o carro da garagem” — mas certamente não tira o olho grande da metade do IPVA que lhe cabe e que começará a receber em alguns dias. A Companhia de Engenharia de Tráfego, órgão executivo do Departamento de Serviços Viários da Secretaria Municipal de Transportes, não faz outra coisa senão comprar radares/detectores de velocidade, como os 800 anunciados esta semana, em vez de cuidar realmente do que é preciso, a sucateada rede de semáforos sem o indispensável controle eletrônico para promover fluidez do trânsito.

    Esse cara deve achar que a população paulistana é toda “zelite”, já que propôs aumento impensável e escorchante do IPTU, como se dinheiro caísse do céu nas mãos do munícipes. Chegou à insanidade de dizer que “uma cidade é como um condomínio”, em que condôminos precisam pagar o necessário para que o condomínio funcione — só “esqueceu” de dizer que condomínios não têm nenhum tipo de arrecadação fiscal.. E ainda debochou do paulistano dizendo que paga o IPTU com o maior prazer! E agora o rodízio de veículos na capital, que esse cara quer que seja ampliado, quando o correto seria acabar com essa mancha, essa vergonha de São Paulo criada pelo espertalhão Celso Pitta em 1997 e inexplicavelmente mantido até hoje pelas sucessivas administrações municipais, inclusive pelo José Serra e seu efetivado “suplente” Gilberto Kassab. Todos esses alcaides devem achar que quem usa automóvel é para passear, num total divórcio da realidade do paulistano que trabalha e/ou estuda. Pior, essa redução da circulação de veículos é ilegal, uma vez que o Código de Trânsito Brasileiro só o admite quando for para reduzir a emissão global de poluentes, conforme Art. 24, Inciso XVI, enquanto o rodízio é chamado oficialmente de Operação Horário de Pico, “para reduzir congestionamentos”, sem nada a ver, portanto, com aspectos ambientais, que cabem exclusivamente à Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente monitorar e opinar. Ainda questão de trânsito, continua esse sujeito a diminuir a velocidade nas ruas e avenidas da capital iniciada na gestão Kassab, como se as velocidades fossem elevadas — pelo contrário — levando a nós no trânsito da capital totalmente artificiais e, assim, evitáveis.

    Por isso, governador Geraldo Alckmin, está nas suas mãos devolver à capital do estado dirigido por V. Excia. a tranqülidade e o respeito aos seus munícipes, promovendo intervenção já, sob base de improbidade administrativa combinada com falta de decoro desse sujeito que pensa ser dono da cidade.

    Conto com sua imediata ação.

    Atenciosamente,

    Bob Sharp
    Editor-chefe
    AUTOentusiastas

    fonte: http://autoentusiastas.blogspot.com.br/2014/01/missao-possivel-salvar-sao-paulo.html

  17. IBGE fornecerá informações inéditas sobre mercado de trabalho

    Um link com apresentações do IBGE sobre a reformulação de suas pesquisas domiciliares. Hoje o IBGE fez um seminário com a imprensa no RJ sobre a Metodologia da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua).

    Aqui o link para as apresentações do Seminário:

    http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&busca=1&idnoticia=2566

    E aqui o link para o Forum do SIPD (Sistema Integrado de Pesquisas Domiciliares), que vem desde 2006 discutindo a reformulação das pesquisas domiciliares amostrais do IBGE:

    http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/sipd/default.shtm

     

     

  18. O candidato do PSOL em SP

    Vladimir Safatle e um tempo de definições

    2 respostas

    A presença de Vladimir Safatle na plenária de 1º de Maio com Luciana Genro, Plínio e Giannazi é muito eloquente e de grande transcendência. Como poucos hoje na academia, Safatle decidiu portar-se como intelectual público, colocando o pensamento crítico a serviço dos debates que mobilizam a sociedade e posicionando-se sempre ao lado dos movimentos sociais e das bandeiras de justiça, liberdade e ampliação dos direitos democráticos.
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    As posições de Safatle têm-se demonstrado de grande afinidade com o que propõe o PSOL. Ontem, em sua intervenção, ele debateu o que considera o fim de um ciclo, após 10 anos de governos do PT, cuja principal característica é a necessidade da ampliação dos direitos. A defesa de sistemas de educação e saúde públicos, gratuitos, universais e de qualidade, no entanto, como afirma, não está na pauta de nenhum dos grandes partidos que ocupam governos e a maior parte das bancadas parlamentares do país.

    Como nunca antes havia ouvido, Safatle afirmou claramente a necessidade de voltar a dar nome às coisas, de afirmar o socialismo como um horizonte de transformações no sentido das aspirações de milhões de brasileiros, impossíveis de realizar-se sob este regime. Tratando com desenvoltura da mudança profunda da situação internacional, ocupando as tribunas que lhe permitem amplificar sua voz em defesa das bandeiras anticapitalistas e democráticas, Vladimir Safatle e seu refinamento intelectual são parte de um novo tempo. O tempo das praças, do ressurgimento do rugir das ruas, da desnaturalização dos preconceitos e do desejo de democratizar radicalmente a sociedade e as vidas, da necessidade de mudanças urgentes. Tempos interessantes, afinal. Que como pano de fundo de ideias tão ricas como contestadoras e provocantes tenha estado a bandeira do PSOL é motivo de orgulho. Mas também de esperança pelo fortalecimento de nossa alternativa.

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    1. Mas, Alexandre, se você

      Mas, Alexandre, se você tivesse lido o programa de governo de Haddad não estaria surpreso com a explicitação do ideário humanístico de Safatle. Versa exatamente sobre tudo isso que lhe encanta _ devolver a cidade ao povo _ ativar a vida cultural, uma retomada das ruas e espaços públicos: esse já era seu projeto desde bem antes das rebeliões, está tudo escrito lá, resultou de seminários com os movimentos sociais. E Haddad também é um intelectual de alto nível, e de perspectiva filosófica humanística notória. O que atrai mais no que ele considera superado, ou seja, nos governos petistas, é a REALIZAÇÃO. Se o PSOL tivesse aproveitado a oportunidade do pleito pelo Passe Livre para implantar essa medida, pioneiramente, em suas duas prefeituras teria ganho muitos pontos. Por quais motivos não o fizeram ainda ? Aparentemente, é bem mais fácil em prefeituras pequenas como as que governam do que em São Paulo. Parece não terem entendido que, do que eles consideram velho vieram os gérmes de algo novo, ou seja, que agora passou a ser necessário realizações concretas para conquista do eleitorado. De sonhos, utopias, intenções, as pessoas já estão cansadas, não são suficientes porque não sabemos se poderão ser realizados. É isso que está faltando ao PSOL, mostrar que pode realizar. Afinal, o PT já fez suas pequenas inserções, pois já não implantou o bilhete único, os corredores de ônibus, os Céus, e tentou implantar uma grande conquista que era o imposto progressivo, infelizmente, barrado pelo Judiciário.  E Haddad implantou uma Corregedoria local para apurar corrupção, é o que esperamos que se faça no governo do Estado. Se nem o PT está conseguindo eliminar a corrupção sistêmica, historica e cultural, como vai o PSOL poder fazê-lo ? É isso que tem que demonstrar agora: como vai governar, com quais partidos poderá contar, queremos saber isso, como serão suas alianças partidárias. Ou seja, votamos no PT, porque temos garantias de que não vão se aliar aos tucanos e cia., muito embora não estejam conseguindo combatê-los eficazmente.

  19. Odebrecht no Galeão, segundo a Folha de SP

    http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2013/12/1379038-manobra-ajudou-odebrecht-no-galeao.shtml

     

    Um mês antes do leilão dos aeroportos do Galeão (RJ) e de Confins (MG), o governo liberou o FI-FGTS, fundo criado com recursos do trabalhador, para investir em aeroportos. A decisão abriu caminho para a Odebrecht TransPort, que tem o fundo como sócio, vencer a disputa pelo Galeão.

    A liberação para o fundo atuar nesse setor ocorreu por uma manobra legislativa.

    Leia no link

  20. recorde na emissão de passaportes em 2013

     

    http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2014-01-13/policia-federal-bate-recorde-na-emissao-de-passaportes-em-2013

    Polícia Federal bate recorde na emissão de passaportes em 2013

    13/01/2014 – 12p3

    Da Agência Brasil

    Brasília – A Polícia Federal (PF) chegou à marca histórica de 2,131 milhões de passaportes expedidos em 2013. Houve crescimento de 9,5% em relação a 2012 e de 34,2% em relação a 2010, ano em que foi lançado o novo passaporte brasileiro com chip. A PF lembra que a quantidade de documentos de viagem emitidos é superior a toda a população de Manaus.

    O aumento da renda dos brasileiros tem estimulado viagens ao exterior. De acordo com os últimos dados divulgados pelo Banco Central, de janeiro a novembro de 2013, os gastos de brasileiros em viagens ao exteriorchegaram ao recorde de US$ 23,125 bilhões, contra US$ 20,244 bilhões nos 11 meses de 2012.

    A taxa para confecção do novo passaporte é R$ 156. Para solicitar o documento, é preciso entrar noendereço da PF na internet e preencher o formulário específico. Em seguida, o programa gera uma guia para pagamento da taxa. O interessado então deve se dirigir a uma unidade da Polícia Federal para as coletas de fotografia, impressão digital e assinatura do documento.

    Edição: Denise Griesinger
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