Como Eduardo Cunha acumulou força política

Sugerido por Braga-BH

Da Istoé

House of Cunha

Como o deputado Eduardo Cunha acumulou força política para esfacelar a base de apoio de Dilma e impor derrotas em sequência ao Planalto no congresso

Claudio Dantas Sequeira ([email protected]) e Izabelle Torres ([email protected])

Francis J. Underwood, o protagonista da série “House of Cards” interpretado pelo ator Kevin Spacey, é um ambicioso senador que, sentindo-se traído pelo presidente dos EUA, inicia um ardiloso plano de vingança. O jogo bruto de Underwood, que se tornou o símbolo máximo de político inescrupuloso, parece ter se materializado em Brasília nas últimas semanas. Na versão nacional, o papel de vilão vem sendo desempenhado, sem o charme do ator Kevin Spacey, pelo líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ). Desde o início do ano, Cunha cumpre uma rotina parlamentar dedicada unicamente a esgarçar a aliança com o PT, engessar o governo de Dilma Rousseff e, quem sabe, inviabilizar sua reeleição. “Se ela não sabe o que é respeito, vai aprender da pior maneira”, repete Cunha a qualquer interlocutor que o aborda nos corredores do Congresso Nacional. Se a série americana virou mania entre líderes políticos, como Barack Obama e Fernando Henrique, a novela de Cunha promete manter em alta a audiência do noticiário político-eleitoral. Para suspender seu roteiro, Cunha cobra uma fatura alta: mais cargos, com mais poder e mais verbas.

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PROTAGONISTA
Eduardo Cunha: sem o charme do ator Kevin Spacey, que interpreta Francis Underwood, de House of Cards, mas com o mesmo jogo bruto, conseguiu impor uma enorme derrota à presidenta Dilma no plenário da Câmara, na terça-feira 11

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Usando uma escala de valores nada republicanos, parecida com a de Underwood, o deputado carioca vem colecionando sucessos. Na última semana, depois de não ser atendido em mais um pedido por postos na máquina pública – o que foi encarado por Dilma e seus auxiliares como crua chantagem –, Cunha articulou um levante no Congresso. Emparedou a presidenta e jogou o governo petista numa crise política sem precedentes. Além de comandar os rebeldes da bancada do PMDB na Câmara, dona de 75 assentos, conseguiu atrair insurgentes de outras legendas aliadas do PT, que também acumulam queixas contra o estilo Dilma de governar. Cunha impôs sucessivas derrotas ao Planalto. Na principal delas, por 267 votos a 28, o chamado “blocão”, que reúne as siglas rebeldes, conseguiu instalar na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara uma investigação sobre denúncias na Petrobras. Como não tem status de CPI, a apuração não irá muito longe, mas pode momentaneamente se refletir sobre o valor das ações da estatal, o que é ruim para o País.

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ÁGUA NA FERVURA
Depois de se reunir com o vice Michel Temer, Dilma Rousseff antecipou o anúncio de seis novos ministros

Outro revés forçado pela turna de Cunha tem um potencial maior para gerar dores de cabeça a Dilma. Nas comissões da Casa, os peemedebistas, com o apoio da oposição e aliados queixosos, conseguiram aprovar a convocação de quatro ministros e o convite a mais seis, a fim de prestar esclarecimentos sobre questões que, na melhor das hipóteses, podem constranger o governo. Entre eles a presidenta da Petrobras, Graça Foster, e o delegado Romeu Tuma Jr., que acusa o PT de implantar no País um estado policialesco. Foram convocados os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), Aguinaldo Ribeiro (Cidades), Jorge Hage (CGU) e Manoel Dias (Trabalho), este denunciado por ISTOÉ por suspeita de envolvimento em esquema de cobrança de propinas por cartas sindicais e desvio de verba por meio de ONGs. Na sexta-feira 14, meditando sobre as feridas institucionais, um cacique petista definiu assim o atual cenário político: “Este é o pior momento dos três mandatos do PT.”

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O ARTICULADOR
Eduardo Cunha em ação na quarta-feira 12 na Câmara: ele liderou os insurgentes contra Dilma

A metodologia de Cunha 

Eduardo Cunha já demonstrou inúmeras vezes sua capacidade de articulação, ao apadrinhar indicações de ministros, dirigentes de estatais e funcionários do segundo ao quarto escalão. Quando é contrariado, tenta dar o troco lançando mão do que há de pior nas práticas políticas: a ameaça e a chantagem. No governo Lula, cansou de utilizar esse expediente. Mas, normalmente, era driblado por uma articulação política eficaz. Desta vez, Cunha se aproveitou da fragilidade dos operadores políticos do governo para obter sucesso em sua empreitada.

No Rio de Janeiro, Eduardo Cunha controla o PSC, partido que, durante a semana, anunciou oficialmente o desembarque do governo Dilma

O líder do PMDB não se move por instinto. Metódico, ele cultiva há anos o mesmo modo de operar. Diariamente, recebe líderes empresariais e autoridades no apartamento da SQS 311 ou no número 50 da avenida Nilo Peçanha, no Rio, onde funciona seu escritório político. Chega a gastar R$ 15 mil da conta parlamentar só em telefonia. Os pedidos que atende são ecléticos: vão desde os de empreiteiras e empresas de telefonia até os de companhias prestadoras de serviço no setor elétrico. Dependendo da negociação, e do desejo do freguês, Cunha providencia a anulação de normas, inclui nas Medidas Provisórias as emendas-submarino (como são chamados no Congresso os adendos oportunistas que nem sequer precisam tratar do mesmo assunto da MP) e agiliza a aprovação de leis. É o trabalho de uma espécie de despachante com mandato parlamentar. Em troca desses favores, Cunha obtém apoio financeiro para suas campanhas e também as de quem o apoia no Rio de Janeiro, seja do PMDB, seja de legendas aliadas. Assim, cria uma bancada própria. Na política carioca Cunha controla o PSC, partido que, durante a semana, anunciou oficialmente o desembarque da aliança governista, e outras legendas nanicas. Em Brasília, seu poder amplia-se como nunca.

 

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Efeito dominó

Quando perdeu os cargos que controlava na diretoria internacional da Petrobras e em Furnas, no primeiro ano do governo Dilma, Cunha lançou ameaças públicas que não se concretizaram. Ele mesmo avaliou que as baixas dos apadrinhados poderiam ser recompensadas mais adiante, uma vez que vários setores do PMDB perderam indicações na primeira dança das cadeiras. Mas, para sua irritação, isso acabou não acontecendo. Com o aval do ex-presidente Lula e de Rui Falcão, presidente do PT, Dilma bloqueou dinheiro de emendas e impediu a aprovação de dispositivos legislativos que atendessem aos interesses do deputado carioca. No embalo, os articuladores políticos do governo, tendo o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, à frente, também deixaram de atender a muitos pleitos de outros aliados, evitando reuniões e audiências solicitadas reiteradamente pelas legendas da base. Dessa forma, criou-se uma legião de insatisfeitos. “Por várias vezes a ministra Ideli Salvatti (de Relações Institucionais) reunia os líderes para dizer que não haveria acordo. Ora, então para que convocá-los?!”, lembra um deputado do PMDB. Depois da confusão armada na semana passada, Rui Falcão comentava com interlocutores que ia propor à presidenta a troca de toda a articulação política do governo. A ideia é buscar uma saída honrosa para Ideli, que poderá se lançar candidata a deputada federal. Também para tentar jogar água na fervura da crise, na quinta-feira 13 a presidenta Dilma antecipou o anúncio de seis ministros. Após conversar com o vice-presidente Michel Temer, indicou Vinícius Nobre Lages, ligado ao senador Renan Calheiros, para o Ministério do Turismo; Gilberto Occhi, do PP, para as Cidades; o petista Miguel Rossetto para o Desenvolvimento Agrário; Neri Geller, da cota do PMDB, para a Agricultura; Clélio Diniz (PT) para a Ciência e Tecnologia; e Eduardo Lopes, do PRB, para a Pesca.

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ARMISTÍCIO
No PMDB do Senado, o clima por ora é de paz com o governo, depois das novas nomeações. Resta saber até quando

As mudanças podem servir de atenuante, mas não é certo que resolverão de vez os problemas, pois eles ultrapassam as fronteiras do Congresso. Uma das raízes da querela com o PMDB é a falta de acordo para a montagem dos palanques regionais. Desde o domingo 9, a presidenta Dilma iniciou gestões para reverter essa situação. Primeiro reuniu-se com o vice, Michel Temer, a quem expressou a vontade de chegar a um acordo. Na segunda-feira 10, recebeu os demais caciques da legenda, o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e os líderes no Senado, Eduardo Braga (AM) e Eunício Oliveira (CE). Também participaram do encontro Temer e o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Mais tarde, juntaram-se ao grupo o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RR), e o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). Nas conversas, Dilma sinalizou apoio do PT a candidatos do PMDB em seis Estados: Maranhão, Pará, Sergipe, Alagoas, Tocantins e Paraíba. Avisou, porém, que o cenário no Rio de Janeiro é inegociável e que entregaria o sexto ministério à legenda, caso Eunício Oliveira desistisse de lançar-se candidato ao governo do Ceará contra os irmãos Cid e Ciro Gomes, fechados com o PT e o Palácio.

 

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O problema é que as promessas eleitorais não chegaram a entusiasmar o PMDB. Para piorar, depois da reunião com os líderes, quando tentou isolar Eduardo Cunha, a presidenta declarou, no Chile, que “o PMDB só lhe traz alegrias”. A afirmação foi tida como provocativa e ajudou Cunha a reunir insatisfeitos. “Ela verá quantas alegrias o PMDB ainda lhe trará”, disse o deputado em tom ameaçador. Não há ânimo para um rompimento total, mas o clima de tensão não tem prazo para se dissipar. Ao justificar uma ruptura com o governo, Eduardo Cunha diz que o PMDB exige respeito.

Relação desgastada

O fato é que o governo tanto resistiu a se curvar aos desejos de aliados que quando o fez já era tarde. A dificuldade de relacionamento entre Legislativo e Executivo vinha se evidenciando ao longo dos últimos meses, mas atingiu seu ponto mais crítico no início deste ano, com o anúncio de que dos mais de R$ 19 bilhões prometidos para emendas parlamentares sobrarão pouco mais de R$ 6 bilhões. Os cortes atingem a alma da política eleitoral, pois as emendas são o cartão de visita de quem tem mandato. Ao tesourar as emendas, Dilma comprou uma briga com todos os partidos. Eduardo Cunha soube enxergar esse flanco e passou a trabalhar nos bastidores para ampliar o coro dos descontentes.

Para piorar, a tentativa do governo de se aproximar do PMDB do Senado, aquele que não age sob a orientação de Eduardo Cunha, fracassou. Foram dois os principais motivos. O primeiro é que os senadores, orientados por Temer, não toparam isolar a bancada da Câmara e ignorar o descontentamento generalizado dentro do partido. Além disso, os senadores demonstram insatisfação com o governo desde outubro, quando Dilma vetou, sem se preocupar com afagos, a indicação do senador Vital do Rego (PMDB-PB) para comandar o Ministério da Integração Nacional. A pasta é desejada por senadores do Nordeste pelo forte apelo político e por concentrar obras grandiosas e eleitoreiras, como o Canal do Sertão e a distribuição de recursos para obras emergenciais.

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DENÚNCIA
Entre os convocados para prestar explicações na Câmara está o ministro do Trabalho, Manoel Dias, acusado de favorecer uma indústria de sindicatos no órgão

Como não conseguiu isolar o PMDB da Câmara, cujo porta-voz do descontentamento é Eduardo Cunha, o governo se enfraqueceu ainda mais. Com o aval dos colegas para seguir empatando a vida do governo no Congresso, Cunha se aproximou de integrantes de outros partidos dispostos a mandar recados de insatisfação ao Planalto. O blocão multipartidário que ele criou para reunir e ampliar o coro dos descontentes mostrou sua força ao longo da semana e, quem diria, transformou a oposição ao governo em coadjuvante nos ataques à atuação dos ministros. “Se os próprios aliados estão querendo convocar todo mundo do governo, nos poupa trabalho. Estamos assistindo a uma implosão e ao movimento de independência dos parlamentares. Até aliados dizem que há corrupção em ministérios”, disse o líder do DEM, Mendonça Filho (PE), ao perceber que todos os requerimentos da oposição recebiam apoio de partidos da base.

Cientes da existência de um artefato com potencial para explodir às vésperas das eleições, os oposicionistas comemoraram a convocação de quatro ministros e o envio de convites a outros seis, que terão de enfrentar a fúria dos insatisfeitos com o governo em sessões especiais de diferentes comissões da Casa. Na avaliação de parlamentares do próprio PT, é hora de promover uma mudança de cultura. “Acho que precisamos rever os erros e procurar saídas”, teoriza o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), desgastado com o Planalto e prestes a jogar a toalha da liderança do governo Dilma na Câmara. Não se sabe ao certo como e quando a crise política terá um desfecho. No ano eleitoral, ainda há cartas a serem baixadas em tempos de House of Cunha. 

Redação

22 Comentários

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  1. Coisa ruim

    Cunha deve estar mirando a presidência da Câmara, terceiro cargo na linha sucessória do Planalto, dentre outras coisas. E o faz com o que tem de melhor, que é o seu pior.

    Segundo o arguto Jorge Moreno, “Desde a chamada “República Velha”, a política nunca produziu alguém capaz de desafiar o Executivo. Cunha é o primeiro a fazê-lo. E deve saber o limite da sua ousadia”.

  2. Esses cargos de diretoria de

    Esses cargos de diretoria de Agências e outros órgãos públicos não deveriam ser objeto de disputas políticas e troca de favores.  Deveria até existir uma lei proibindo esta prática.  Dentro dos órgãos e ministérios, existem técnicos que trabalharam a vida inteira naquela área e sabem tudo sobre o assunto, e mesmo assim, para os cargos de direção só são nomeados políticos e apadrinhados.  Pra Ministro da Pesca, por exemplo, só são nomeados políticos que provavelmente nem sabem qual é a diferença entre uma sardinha e um tubarão.

  3. Não há como simpatizar com

    Não há como simpatizar com Cunha e sua maneira de fazer política, porém, tampouco pode-se ignorar a incompetência, inabilidade e arrogância de Dilma em sua atuação. Com seu estilo autoritário e gerancial, a presidenta conseguiu se indispor não apenas com o fisiologismo do PMDB, mas com movimentos sociais(vide MST, que declarou não votar em Dilma nas próximas eleições), com partidos aliados, e com a máquina administrativa(o episódio do diplomata com o senador boliviano é ilustrativo do descontentamento dos membros do MRE com o governo Dilma).

    Parece que a presidenta procura se aproveitar da campanha de descrédito contra os políticos promovido pela mídia corporativa para impôr seu estilo gerencial e hierarquizado de fazer política, algo que não parece ser positivo em relação aos fortalecimento dos valores demcoráticos, ainda mais quando esses valores estão sendo diariamente agredidos pela conduta anti-democrática e anti-republicana do Judiciário, no que o ministro Barbosa é o exemplo mais explícito e vergonhoso.

    Fica também difícil de detectar quais os ganhos oriundos da “presidência gerancial” de Dilma. Seus auxiliares mais próximos são extremamente incompetentes e negativos(Cardozo, Bernardo, Ideli, Gleise, Aloízio “Grupo Abril sem licitação” Mercadante, só pra ficar nas figuras mais horrendas. Talvez uma maior intervenção do ex-presidente Lula(quem sabe até seu retorno)não seriam a melhor alternativa para o país.

  4. A melhor e mais democrática

    A melhor e mais democrática maneira de obstaculizar o Cunha é tirar-lhe o poder . Destituí-lo , no voto. O Governo sabe como fazer e tem poder para isso … Arthur Virgílio que o diga …

  5. Ele é o que é…

    Sendo daqui do Rio, observo com uma certa curiosidade algumas reações à “descoberta” do Eduardo Cunha. O Eduardo Cunha não tornou-se Eduardo Cunha nas últimas semanas ou meses, ele SEMPRE foi esse Eduardo Cunha. Não sei, sinceramente, por meio de quais mecanismos um deputado torna-se líder da bancada de um partido político na Câmara. O que é de se perguntar é: sabendo quem ele é, como é que foi escolhido pelo partido para essa posição de liderança? Qual a influência da cúpula de seu partido nessa escolha? Qual a indepedência da bancada para essa escolha? Não caiu do céu, foi posto lá com uma finalidade. Aporrinhar o governo é que não é, isso qualquer um poderia fazer em seu lugar…

     

    Não é de hoje que o PMDB é um das razões pelas quais o país não avança como poderia (houve grandes avanços desde 2002, é verdade, mas também não vivemos no paraíso, a crise de 2008 ainda está aí). E, afinal: que diabos o Sr. Senador Requião, sujeito sério, faz ao lado dessa rapaziada?

    1. “sabendo quem ele é, como é

      “sabendo quem ele é, como é que foi escolhido pelo partido para essa posição de liderança?”:

      Foi o unico que deu 9.1 no trairimetro tucano.

    2. O Senador Requião não abre

      O Senador Requião não abre mão de se candidatar a Presidência da Républica pelo PMDB, afirmando que a Presidente Dilma é muito ” fraquinha”

      Bom, explicado o que ele faz no PMDB rss

    3. O PMDB é muito parecido com o

      O PMDB é muito parecido com o partido Democrata e Republicano.

      Por causa do bipartidarismo forçado da ditadura comporta várias tendências, nos EUA o sistema eleitoral distrital favorece as maiorias (muitos preferem filiar aos grandes partidos do que se criar novos).

      Haja contrastes: o mesmo PMDB que legisla em causa própria é o que tem o melhor candidato a presidência (Requião).

      Em 2018 o PMDB pode vir com candidato a presidente quando for provado que a busca por cargos e fisiologismo irá enfraquecer muito o partido na eleição desse ano.

      1. Historicamente foi isso

        A criação de Arena e MDB (oposição consentida) seria para forçar uma emulação do sistema norte-americano.

        Mas o MDB iria acolher toda a metade da centro-direita para lá, a Arena sendo a direita conservadora. Até por isso entre a anistia e o retorno ao multipartidarismo houve filiados de esquerda no MDB.

        Aonde aconteceu esse processo do PMDB atual acolher discursos direitosos como os de Eduardo Cunha, aí não sei.

        Agora, dada a variedade de partidos do Brasil, não é um equívoco do tão elogiado Requião permanecer no PMDB?

  6. Eduardo Cunha: o bucha do sistema.

    Primeiro o óbvio: O que estão criando em torno de Eduardo Cunha é algo como fazem com os “inimigos públicos nº 1”, seja nas favelas, sejam outros personagens mais favorecidos, mas que entorpecem os sentidos através dos melodramas policiais.

    Eduardo Cunha é uma cortina de fumaça, criada no âmbito das “corretagens” das privatizações na era FHC, onde EC circulou com desenvoltura entre os carteis da telefonia que se formavam.

    EC ficou encarregado de embrulhar e entregar a TELERJ de presente para os adquirentes do consórcio OI-Telemar (alguém lembra quem são os donos?).

    Por aí sua relação com bancos de investimentos e outras OPORTTUNYDADES cresceu, e com talento nato, EC começou a articular duas coisas que são inseparáveis: dinheiro (muito dinheiro) e campanhas eleitorais.

    Durante certo tempo, EC ganhou musculatura junto ao governo do Estado do RJ, com Garotinho. Romperam, ao menos aparentemente.

    Por isto, EC não é EC quando ele “fala grosso” com a presidenta ou levanta seus pares. EC é a cabeça de um sistema intrincado, que movimenta lobbies para qualquer coisa que pague bem: desde a compra de peças de aviões para a FAB até a definição das normas da internet.

    EC é a representação acabada do assédio do capital sobre a Democracia.

    *************************************************************************

    O seriado com Kevin Spacey não é boa referência para o que ocorre hoje.

    Melhor seria citar o filme CASINO JACK (O $uper Lobista), com o mesmo Spacey, de GeorgeHickenlooper, com roteiro de Normam Snider.

    A história é mais ou menos assim: Um lobbista muito bem relacionado, com acesso ao círculo presidencial, capaz de influenciar boa parcela do Congresso dos EEUU (a parte republicana), e que depois de experimentar o ápice de seu poder, começa a misturar seus interesses particulares com os dos seus clientes, começa a constranger os parlamentares que tinha como aliados, e…bingo: acaba na cadeia!

    É esta a história de EC.

    Nenhum presidente, nenhuma presidenta, por mais estadista que seja, e por mais capaz que seja de entender o papel que EC cumpre (e Dilma sabe), permitirão tamanha afronta a simbologia e liturgia do cargo que ocupam.

    Escrevam o que eu disse: EC está com seus dias contados, e eu penso que ele, sabedor desta condição precária, já começou a juntar papeis e dinheiro para enfrentar as turbulências que virão.

    Se ele não sabe disto, pior para ele.

    Mas atenção, o fim de EC não é o fim do que ele representa.

    Ele é só um bucha.

    1. Bem didatico

      Obrigada pela narrativa. Como sempre o senhor banqueiro na area. Alias, lendo o livro em sua homenagem, é espantoso como esse homem paira sobre a Republica. Entendo muito melhor toda a revolta do delegado Protogenes e, imagino, a enorme decepção com o fim que deram ao trabalho de sua equipe, incluindo o delegado Paulo Lacerda. Como acreditar nas instituições, depois dessa ? 

       Enfim, espero mesmo que a presidente Dilma responda à altura ao deputado e que o EC responda por muitos de seus “negocios” la no RJ, como a questão dos transportes, na qual, ele tem ligação. Outra, se sair de cena, pena que não seja também o fim desse ciclo de chantagem e lobbies pesados para cargos, emendas, campannhas…

       

       

  7. Exigir que Dilma tenha jogo

    Exigir que Dilma tenha jogo de cintura é até crueldade. Ela nunca, em nenhum momento de sua vida pública, demonstrou ter esse perfil de ouvir – e, mais importante, passar a sensação de que está prestando atenção àquilo que ouve ( mesmo que não esteja). Não foi à toa que Lula fez com que Pallocci estivesse junto de Dilma, justamente para fazer esse contato entre ela e os políticos. Porém, entre o interesse do povo e o interesse pessoal, Palloci ficou com o último quando do estouro de mais um escândalo (não nos esqueçamos do caseiro ). 

    Enfim, acho que os petistas estão sofrendo com a seguinte perspectiva = Dilma ganha a eleição esse ano e o PT perde a presidência em 2018, caso a presidente continue nessa toada. 

  8. House of Cards so é interessante enquanto ficção

    Quando é que nomes sérios da politica nacional vão empreender a bandeira de uma ampla Reforma Politica ? Gente que ainda atua, como se estivesse na Republica Velha, chantageia descaradamente em troca de seus pot-de-vin. Deputados que agem como se lobistas fossem, sem nenhum interesse pelo Pais, a não ser em ganhar dividendos e arregimentar suas campanhas politicas.

    Eduardo Cunha parace um machão, daqueles que não suportam ouvir não. Principalmente quando vem de uma mulher.  

     

    E o PT ainda pagando a conta por tentar mudar o jeito do toma-la-da-ca da politica nacional. A série continua ? Ou Dilma da um baile no PMDB e chama Ciro Gomes para seu vice ??

     

    1. Mê engana que eu gosto

      Um cara muito mais esperto do que eu dizia sempre: “A gente acredita no que têm de acreditar, quando precisa acreditar”.

      Tai o governo Dilma com Juros pornográficos, a população endividada até os olhos e a produção industrial e comercial ladeira abaixo e os PTistas com o discurso de que são os salvadores da pátria.

      Besteira pouca é bobagem mesmo.

  9. Esse PMDB nefasto  só

    Esse PMDB nefasto  só sobrevive às custas do fisiologismo. É tão arcaico e anacrônico que chamado a se apresentar sempre repete “ser o partido da redemocratrização e que lutou contra a ditadura”. Mentira! O velho MDB, que nem partido era, e sim, uma frente de oposição,  acolhendo desde a extrema-esquerda até à Direita, foi que fez a oposição consentida ao regime militar.

    Depois da reabertura polítca, incluindo a criação de partidos,ficou só a nata do “coronelismo”(no nordeste) e do patrimonismo, afora raras exceções. Mesmos estas, a exemplo de Jarbas Vasconcelos e Pedro SImon, simplesmente se anularam politicamente em função de querelas regionais. 

    Uma reforma política já. Basta de tanta indecência. Confesso que não tenho mais ânimo e argumentos para justificar um governo que se deixa chantagear pelo que não passa de meliantes com a fachada de parlamentar.

  10. Museu de grandes novidades…

    Eu não aprecio as posturas de Eduardo Cunha há muito tempo.

    No caso por ele ser um dos maiores estimuladores de PLs antissecularistas.

    Só que a isso os “conscientes e politizados” comentaristas de blogs sempre fecham os olhos.

    Porque interessa, né?

    Dizem que eu não entendo as “razões” da governabilidade…

    Faz dois meses o mesmo deputado fez um ataque pelo twitter à comunidade LGBT. Mas nem um pio se leu na Blogo.

    Agora, quando a “água sobe” e atrapalha a um projeto de poder, fica o mimimi…

    Depois hipócritas são os outros…

    Tá certo!

  11. Matéria da Mídia contra a oposição séria no Brasil

    Mídia vendida que produz uma matéria para esculhambar com a oposição séria, ou não tomaram conhecimento da candidatura do Requião à legenda para a presidência.

    É o desespero total de uma derrota inevitável contra uma candidatura que defenda o povo e a nação.

    Não vão aceitar o embate e farão tudo para enfiar seus candidatos goela abaixo da população novamente, manietaram o processo democrático, onde o povo escolhe e não os donos do poder que elegem seus candidatos e os colocam lá, como a Dilma para garantir seus juros pornográficos e as mazelas sociais e nacionais que deles derivam.

    Vai mal a política brasileira.

  12. Ele esta certo.O PMDB ou se

    Ele esta certo.

    O PMDB ou se livra do PT ou vai ver a sua bancada diminuir muito nas próximas elições, pq o PT vai colocar o PMDB para escanteio na primeira oportunidade que tenha.

    Ele esta fazendo um jogo politico pragmático.

     

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