Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
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Como os fascistas chegam ao poder, por André Araújo

Renzo de Felice, professor de História da Universidade de Roma, falecido em 1997, é por unanimidade considerado o maior historiador do Fascismo italiano. Sua monumental biografia de Benito Mussolini, em 4 volumes e 6.000 páginas se alinha com mais 8 livros, do qual o mais importante é La Interpretazione del Fascismo. Para De Felice , o Fascismo é uma IDEOLOGIA REVOLUCIONÁRIA E MODERNIZADORA DA CLASSE MÉDIA COM ORIGEM NO ILUMINISMO. De Felice era comunista histórico, rompeu com o PCI e entrou para o Partido Socialista.

Minha interpretação (não é a de De Felice) é alinhavada em certos princípios.

Ao contrário do que muitos pensam, o Fascismo não chega ao poder pela força das armas. O roteiro do Fascismo:

1-Um pequeno núcleo DETERMINADO imbuído da ideia salvacionista e messiânica produz ações impactantes e surpreendentes para mostrar força perante a opinião pública.

2.Esse pequeno núcleo não descansa, opera por “ondas” contínuas, sem intervalo e sem descanso, mostrando garras moralizadoras, para não dar tempo às forças contrárias de esboçar reação. Essas ondas vão em um crescendo de ousadia e audácia, deixando os opositores e os neutros surpreendidos a cada dia.

3.A audácia e a ousadia só são possíveis pela existência de um fator central: O Fascismo opera CONTRA um regime desgastado, desorganizado, incapaz de reagir, após crises politicas sucessivas. Esse quadro de ESGOTAMENTO do regime cujo poder se assalta ocorreu na Itália com o País arruinado pela Guerra Mundial; na Áustria (com Dolfuss) com um regime desnorteado pela perda do Império; na Romênia (com o Marechal Antonescu) com um Rei repelido pelo Pais; na Hungria (com o Almirante Horthy) pela perda de referência nacional com o desmoronamento do Império Austro-Húngaro. Em um único País o Fascismo chegou pelas armas e pelo golpe militar: na Espanha de Franco.

Em Portugal o Fascismo ascendeu sem luta, pela ruína financeira do Estado que tornou possível convocar um modesto professor de economia para assumir o poder por 40 anos, criando seu próprio fascismo, a União Nacional.

Nos demais o grande elemento que favoreceu a ascensão do Fascismo foi a COVARDIA de todas as estruturas do Estado. COVARDIA do Rei, do Parlamento, da cúpula do Judiciário, dos empresários. Todos ficaram apalermados e inertes com a OUSADIA do pequeno grupo determinado, messiânico e salvacionista, que se considerava o único grupo capaz de salvar o Pais imbuídos de uma MISSÃO em que eles acreditam ou fingem acreditar.

O Fascismo não precisou de força armada para tomar o Poder nesses países. Bastou a AUDÁCIA. Mussolini liderou a Marcha sobre Roma com um punhado de arruaceiros. Meio batalhão do Exército liquidaria com o grupo em meia hora.

Mas quem daria a ordem de comando? Ninguém, pois todos se acovardaram. Os Fascistas são ousados e jogam com a sorte, como Hitler sabia que os aliados estavam acovardados de 36 a 39 e não reagiriam às suas investidas na Renânia, na Áustria, na Tchecoslováquia, só falhou na Polônia porque abusou da sorte, falhou porque não acreditava, até o último instante, que a Inglaterra reagiria e, com a invasão da Polônia, se iniciasse uma nova guerra mundial.

Na Alemanha, onde um desdobramento do Fascismo, mais agressivo e violento, chegou ao poder em eleições diretas, a audácia veio depois, com Hitler em pouco tempo rompendo a Constituição de Weimar para se tornar ditador.

O Fascismo é um movimento no início moralizador e de classe média. A corrupção inevitável vem depois. No começo veio para purificar as instituições, prender os corruptos, modernizar o País. Depois se torna ditadura e cria sua própria corrupção, afastando a corrupção do antigo regime.

De Felice é um Historiador visionário porque decifra o Fascismo em dois ângulos: como História de uma época e como Ideologia Salvacionista. Nesta segunda visão, se aplica a qualquer tempo, pois o Fascismo é uma ideologia atemporal.

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

59 Comentários

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  1. Para De Felice , o Fascismo é

    Para De Felice , o Fascismo é uma IDEOLOGIA REVOLUCIONÁRIA E MODERNIZADORA DA CLASSE MÉDIA COM ORIGEM NO ILUMINISMO.

     

    Não seria moralizadora ao invés de modernizadora ?

    1. De Felice fala em

      De Felice fala em MODERNIZADORA mas a expressão MORALIZADORA tambem cabe. A classe media cultua essas duas bandeiras.

  2. Enquanto isso, o

    Enquanto isso, o comunismo/socialismo só chegou ao poder pela via das armas…

    E caíram fora pela absoluta incapacidade de governar direito…

  3. Comparação

    O André consegue fazer uma análise comparativa interessante, sem citar um certo país que atualmente está imbuído de um moralismo hipócrita, pois não é sincero, e oportunista, porque visa apenas uma desculpa oportuna para não aceitar o processo democrático.

    1. Você simplificou demais na minha opinião

      O André é mais sutil e dissimulado do que isto, ele sugere que a alternativa para a corrupção disfarçada porcamente de democracia só têm como alternativa a ditadura fascista.

      É do fogo para a frigideira e cara alegre KKKKKKK!!!!!!

      1. Atual crise política e econômica

        O fato de existir também uma Oposição séria e honesta a este Governo, não impossibilita a existência de Grupos Fascistas se mobilizando para ascender ao Poder, visto que esta atual crise Política e Econômica é similar às crises nestes países citados pelo André.

  4. Fascismo romântico e infantil do André esconde o Dólar

    O poder está com quem emite a moeda de troca universal, que hoje é o Dólar e teve seu acordo institucional de Bretton Woods rompido unilateralmente pelos Estados Unidos. O resto é história da carochinha, embalada por papel pintado de verde, que serve de biombo para os que estão no poder.

    O povo têm com o uso da matemática e da cibernética novamente a chance de assumir parte do poder, o Blockchain trás esta possibilidade no seu uso, tanto que todos os grandes conglomerados financeiros do planeta estão desesperados para dominarem e bloquearem esta tecnologia. Bem vindos ao Sec. XXI.

  5. Parabéns, AA, nada mais simples do que olhar a História

    Para entender melhor o que se passa no presente.

    O Brasil está (e sempres esteve) dominado por um poder (que é diferente da autoridade de uma presidência eleita) que sempre foi oligarca, plutocrata e por qualquer contrariedade, fascista, oportuna e cinicamente disfarçado de “democrata”.

    Só faço um reparo no seu comentário, que pode levar alguns a supor que Hitler foi eleito pelo povo alemão. Jamais foi. Nem os nazistas conseguiram maioria no parlamento alemão, embora com o apoio da violência das SA (poscrita e reaceita por “negociação”),chegaram a ser o maior (mas nunca a maioria, conseguida com coalizões).

    Hitler acabou chegando ao cargo (de chanceler, nomeado por um já doente presidente Hindenburg (este sim eleito diretamente) e por uma série de manobras paralegais que culminaram com a usurpação do poder de presidente com a morte de Hindenburg. Aí acabou com os demais partidos (“fechando” o  Reichstag para os nazistas) e autodeclarou-se Führer, o “lider”, cuja jura de fidelidade pelos alemães era superior à própria Alemanha.

    Mas sua mensagem é oportuna. Negociar com fascistas é INÚTIL, pois eles não sabem o que é nem querem isso. Só entendem de ganhar na imposição de poder, no roubo, no grito ou na porrada.

    Inútil fazer omeletes com Marias Bragas.

  6. Sim. O fascismo também foi de

    Sim. O fascismo também foi de esquerda.

    á escrevi uma série específica sobre o nazismo, mostrando que, ao contrário do que nossos professores influenciados pelo Marxismo Cultural nos ensinaram, tal ideologia não só nunca foi de “extrema direita” como sempre esteve à esquerda do espectro ideológico (ver aqui).

    Eis o motivo pelo qual os esquerdistas preferem rotular seus adversários de “fascistas”, afinal os traços esquerdistas do fascismo parecem menos evidentes quando comparados ao nazismo. Mesmo assim, como veremos as seguir, não só suas características são mais que suficientes para enquadrá-lo também no campo da esquerda, embora alguns historiadores prefiram classificá-lo como uma terceira via, com características de ambos os lados.

    Na pior das hipóteses, nem o fascismo nem o nazismo nunca deveriam ser classificados como de “extrema-direita”, afinal se ambos têm características de esquerda e de direita, no máximo deveriam ficar no centro do espectro ideológico ou pendendo mais para um dos lados. Mas NUNCA no extremo de um dos lados como comumente se apregoa.

    Então de onde vem esta confusão?

    Para responder esta pergunta, vamos ter que retornar ao pós Revolução Francesa de onde emergiu três grandes grupos principais:socialistas, liberais e conservadores.

    Os socialistas são filhos do iluminismo francês, mais identificados com a visão romântica de Rosseau que falava de um homem originalmente bom, porém corrompido pela sociedade. É o grupo que surge com a missão de moldar a sociedade, de mudar radicalmente o que existe, de construir o “novo homem”.

    Por outro lado, liberais e conservadores estão mais identificados com o iluminismo inglês, mais prudente e realista. Partindo da visão pessimista de Thomas Hobbes, os conservadores vêem na civilização, nas leis e nas instituições (por mais falhas que elas sejam) um freio aos instintos originalmente maus dos homens. Uma construção milenar que jamais deveria ser trocada de uma hora para outra por alguma utopia redentora fruto de algumas mentes “iluminadas” que se acham com a missão messiânica de moldar o mundo.

    Os liberais, que no início tiveram um papel importantíssimo ao impulsionar o constitucionalismo que hoje serve de base às modernas repúblicas, aos poucos definharam politicamente, concentrando mais atenção à questões econômicas do que políticas, deixando o território livre para os socialistas massificassem seu discurso de fácil apelo emocional.

    Os conservadores, por sua vez, surgem como um contraponto ao radicalismo político dos esquerdistas jacobinos que implantaram um regime de terror já em sua primeira revolução. Contrariando a posição comum de socialistas e liberais da época que demonizavam as monarquias, os conservadores procuram chamar a atenção para a importância dos costumes, tradições (inclusive a religião cristã) como fatores de equilíbrio que apontam para uma evolução gradativa da civilização. Em outras palavras, os conservadores surgem como a voz da prudência em um ambiente politico que clamava por mudanças radicais e profundas.

    Novos rumos

    Ao longo dos últimos séculos, conservadores e liberais aproximaram-se em algumas ideias antes divergentes, ao ponto de em alguns países ambos os grupos se complementarem, com os conservadores focando mais no debate político e os liberais no debate econômico. Apesar da aproximação, nem todas as arestas foram aparadas, de modo que em alguns assuntos, principalmente no campo comportamental, liberais parecem estar mais próximos dos esquerdistas do que dos conservadores.

    As maiores transformações aconteceram mesmo do lado socialista. Desde que Marx surgiu com seu socialismo “científico”, pregando a utopia comunista onde as classes e a propriedade privada seriam extintas, parte dos socialistas (que já existiam há algumas décadas, vale salientar) não concordou com a nova utopia, considerando Marx um traidor do movimento.

    Com o tempo, o socialismo-marxista tornou-se dominante, mas os agora rotulados pelos próprios marxistas de “socialistas conservadores” continuaram lutando contra o liberalismo e o conservadorismo inglês ao seu modo. É desta vertente socialista que vai surgir o nazismo, como ficou bem demostrado na série sobre o nazismo indicada no início deste artigo.

    No caso do fascismo, as origens são mistas. Mussolini foi filho de um socialista conservador nacionalista que o ensinou a admirar figuras como Giuseppe Garibaldi, um dos responsáveis pela unificação italiana. Mais tarde, conheceu Wladimir Lenin e passou a militar mais ativamente no socialismo marxista. Sua ruptura com os socialistas ocorreu por divergências quanto à participação da Itália em um conflito na Líbia, mas não na concepção do Estado intervencionista.

    No poder

    Embora o fascismo tenha influenciado o nazismo (afinal, chegou ao poder oito anos antes de Hitler), o fato é que a gestação do nazismo é anterior ao fascismo e, portanto, é muito provável que este tenha influenciado também o fascismo. Não custa lembrar que quase simultaneamente a chegada de Mussolini ao poder, Hitler tentava um golpe de Estado. Desde então Hitler participou de todas as eleições democráticas na Alemanha, sempre disputando com os comunistas a simpatia do proletariado contra os “porcos capitalistas”.  Por outro lado, Hitler se apresentava como a mão forte contra o a ameaça comunista que pairava sobre a Europa, inaugurando uma terceira via que rejeitava o liberalismo anglo-saxão, mas também rejeitava o outro extremo comunista.

    A estratégia de Mussolini foi praticamente a mesma: acenar para os dois lados, tendo conseguindo, antes de Hitler, conciliar interesses de socialistas e conservadores, mas não dos liberais, que fique bem claro. O ponto de união entre direita e esquerda no apoio ao Mussolini era justamente o desejo mútuo de um Estado forte. Mussolini encontrou, portanto, a fórmula perfeita para agradar trabalhadores e empresários: cartelizar ambos.

    Ao promover a criação de sindicatos e instituir direitos trabalhistas, Mussolini deu força política aos trabalhadores, equilibrando a balança na disputa com os grandes empresários agraciados com a criação de carteis e políticas protecionistas. Segundo Mussolini, as disputas entre trabalhadores e empresários era algo destrutivo que deveria ser evitado, de modo que membros escolhidos pelos trabalhadores e empresários deveriam atuar juntos sob o comando do poder político.

    Seguindo a mesma linha adotada pelo Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NAZI) que pregava que “o interesse comum antes do interesse próprio”, o partido Fascista pregava o absolutismo do Estado e a relatividade dos indivíduos. “Tudo no Estado, nada contra o Estado, e nada fora do Estado”, tornaria-se célebre a afirmação de Mussolini.

    Para criar o Estado provedor paternalista tão adorado pelos esquerdistas, o indivíduo deveria ser tributado o quanto fosse preciso, sua privacidade poderia ser invadida e seu bem-estar até diminuído pelo “bem comum”. Aliás, esta é uma das diferenças fundamentais entre esquerdistas e direitistas: a diluição do indivíduo na coletividade. O esquerdismo quer promover uma “reengenharia social”, quer mudar a sociedade através da ação de seus líderes, mesmo que isso signifique passar por cima de direitos individuais, valores caríssimos aos liberais. E foi exatamente isso que Hitler e Mussolini fizeram.

    Além de soluções menos traumáticas que o socialismo, tanto o fascismo quanto o nazismo mostraram-se também mais tolerantes em relação a temas caros aos conservadores como, por exemplo, a não abolição da família, da propriedade privada ou da proibição da religião, como pregavam os marxistas. E foi justamente nestes pontos que o Marxismo Cultural encontrou seus principais “argumentos” para classificar o nazi-fascismo na “extrema direita”, como veremos adiante.

    Os eixos da discórdia

    Hoje são muito comuns contestações, de ambos os lados, sobre a validade ou não da clássica divisão entre esquerda e direita. De fato, muita coisa mudou desde meados do século XX, novas bandeiras foram incorporadas ao esquerdismo e uma nova vertente de direita surgiu para colocar mais lenha na disputa ideológica: os libertários.

    O novo panorama levou a uma nova configuração da classificação do espectro ideológico, agora orientado por dois eixos: um econômico (horizontal) e outro político (vertical).

    diagrama

    O eixo econômico é muito claro. Na extrema esquerda temos os sistemas onde a o Estado tem a máxima intervenção na economia (comunismo), enquanto que, na extrema direita, temos a mínima intervenção (liberalismo). direita-esquerda

    No eixo vertical (político), teríamos o máximo autoritarismo, também representado pelo comunismo, até o outro extremo, o  libertarianismo, representado tanto pela vertente anarquista clássica de esquerda e a mais recente vertente anarquista de direita, também conhecida por anarcocapitalista.

    Claro que, na prática, as coisas não são tão bem delimitadas como no gráfico acima. Embora a maioria das ditaduras seja indiscutivelmente de esquerda, é fato que a ditadura de Pinochet, no Chile, adotou o liberalismo como modelo econômico.  Mas, por enquanto, o que importa é o segundo quadro que representa o nazi-fascismo, incontestavelmente do lado esquerdo do espectro ideológico.

    Agora vamos dar uma olhada no eixo político:

    eixo-politico

    Aqui há muita margem para a discórdia, mas não é preciso muito esforço para perceber que tanto o fascismo quanto o nazismo estão do lado esquerdo do gráfico. Desconsiderando a Anarquia como alternativa factível, é fato que a maioria dos países que lidera o ranking de liberdade econômica combina democracia e república, não por acaso modelos que predominam do lado direito do espectro. Aliás, modelos que resultaram justamente dos liberais e não dos socialistas, que fique bem claro. Também não por acaso, modelos muito atacados por esquerdistas mais radicais que associam tais modelos a “valores burgueses”.

    Mas a coisa não acaba por aqui. Embora os eixos econômicos e políticos sejam os mais importantes, na verdade existe também um eixo de valores que torna o debate ainda mais polêmico e… mutável. Temas como aborto, ambientalismo, feminismo, descriminalização das drogas, homeschooling, entre tantos outros, foram gradativamente incorporados a guerra ideológica entre esquerda e direita.

    Apesar da enorme variedade de temas, a maior parte deles pode ser resumida em três eixos principais que já existiam na época do nazi-fascismo. Trata-se da conhecida tríade conservadora “Deus-Pátria-Família”, na verdade uma reação às ideias marxistas que pregavam o ateísmo, a internacionalização do movimento comunista e a destruição dos valores burgueses que se apresentavam como obstáculos às tentativas de revoluções nos países ocidentais.

    Confira no esquema abaixo as dicotomias entre os dois polos ideológicos:

    eixo-comportamental

    Então vamos agora analisar as posições do fascismo e do nazismo em relação a tais temas.

    Sobre a dicotomia Ateísmo x Deus (na prática, cristianismo), os nazistas não poderiam ser classificados como defensores do cristianismo. No máximo, portadores de um misticismo restrito à cúpula do partido. Ainda assim, tal misticismo estava mais ligado a Himmler do que ao próprio Hitler.

    No caso do fascismo, a coisa é um pouco mais complicada. Mussolini assinou um acordo com o para Pio XI, pondo fim a chamada Questão Romana, que levou a criação do minúsculo estado do Vaticano, repassando para a Itália boa parte dos territórios até então em poder da Igreja Católica. Como parte do acordo, Mussolini se comprometeu com o ensino religioso nas escolas e a decretar o catolicismo como religião oficial da Itália. Portanto, a relação do fascismo com o cristianismo esteve mais próxima de interesses políticos do que valores de fato.

    No caso da dicotomia entre valores da família x destruição de valores burgueses, o fascismo não procurou interferir neste assunto, afinal este sempre esteve mais próximo da religião do que do Estado. No caso do nazismo, Hitler até chegou a promover nas escolas o ensino de modos, principalmente para as garotas, mas tais iniciativas tinham mais a ver com sua estratégia de doutrinação política do que realmente com os valores conservadores tradicionais. E isto fica muito claro quando Hitler seleciona as moças mais bonitas e os rapazes mais fortes e de traços arianos para se reproduzirem em massa, praticamente socializando a prole.

    Por fim, chegamos à dicotomia internacionalismo x pátria, mais precisamente, o tema que trata do nacionalismo, o principal argumento dos esquerdistas para enquadrar o nazi-fascismo na “extrema-direita”.

    Segundo a narrativa dos historiadores esquerdistas, o nacionalismo seria uma característica intrínseca ao conservadorismo. Mas será que esta característica é de fato específica dos conservadores?

    Não mesmo. Apesar do marxismo pregar “a união dos trabalhadores do mundo”, independentemente das fronteiras nacionais, tal ideia (como tantas outras, vale salientar) ficou apenas na teoria. Na prática, em todos os países aonde os esquerdistas chegaram ao poder, o nacionalismo foi também exaltado, inclusive por Stalin.

    Mas neste ponto não podemos recriminar o monstro comunista, afinal a identificação maior com seus semelhantes é um traço comum do ser humano. Existe uma sequência de círculos de afinidades em relação aos grupos com os quais nos relacionamos que começa na família, passa por nossa cidade, estado, país, continente até o planeta Terra.

    Ironicamente, os liberais não estão nem aí para o nacionalismo, aliás, muito mais que os esquerdistas que pregam uma coisa e fazem outra. Por focarem mais na economia (afinal, se a economia vai mal tudo vai mal), os liberais neste ponto estariam mais próximos dos esquerdistas que dos conservadores. Aliás, não apenas neste ponto, como também na questão da liberação das drogas, laicismo do Estado, gaysismo, entre outros.

    E foi justamente nestes pontos comuns que os esquerdistas norte-americanos confundiram ainda mais a guerra ideológica. Para quem não sabe, nos EUA, os esquerdistas são chamados de “liberais”.  Mas isto não foi por acaso. Segundo David Horowitz, um dos pais da chamada Nova Esquerda mundial e que hoje é um dos grandes nomes do conservadorismo, tal confusão foi premeditada. “O povo americano nunca vai adotar conscientemente socialismo. Mas, sob o nome de “liberalismo”, eles vão adotar cada fragmento do programa socialista”, revelou  Horovitz. (ver aqui).

    Conclusão

    Enfim, a tentativa de jogar o nazi-fascismo para o campo da direita não só não se sustenta no eixo econômico e político, como também no eixo de valores. Mais que isso, neste último eixo os historiadores marxistas tomaram as exceções regras. Por exemplo, quando os nazi-fascistas são classificados como de direita por não pregarem o ateísmo, os marxistas estão desconsiderando que a religiosidade é um fenômeno comum às diversas civilizações, desde os primórdios da humanidade. O mesmo acontece com a família, com o nacionalismo e todas os demais desdobramentos de temas ligados ao eixo de comportamentos que desde a segunda metade do século XX passou a concentrar os esforços da esquerda, uma vez que nos eixos político e econômico levaram uma surra da realidade.

    E na construção desta narrativa fantasiosa de que o nazi-fascismo foi de direita, um historiador especial teve um papel fundamental: Eric Hobsbawm, considerado por muitos “o maior historiador de todos os tempos”. Para dar uma ideia do grau de comprometimento desde cidadão com o marxismo, ele chegou a dizer que “o assassinato de milhões orquestrado por Stalin na União Soviética teria valido a pena se dele tivesse resultado uma genuína sociedade comunista” (ver aqui).

    É por causa de pessoas como o Sr. Hobsbawm que ainda hoje tantas pessoas vejam o comunismo (que matou cinco vezes mais que o nazismo) como uma louvável tentativa de reforma da humanidade, enquanto que o nazismo é jogado para o campo da direita para servir de contraponto às atrocidades comunistas.

    Como todos podem ver, nazismo e fascismo estão mais próximos de governos de esquerda populistas em moda na América Latina do que com as democracias mais próximas do liberalismo clássico. Eis os verdadeiros fascistas.

    http://visaopanoramica.net/2015/04/21/sim-o-fascismo-tambem-foi-de-esquerda/

    1. Eu não entendo como o nazismo

      Eu não entendo como o nazismo é de esquerda e os primeiros prisioneiros dos campos de concentração de Hitler foram exatamente os comunistas. 

      1. Comunista = socialismo

        Comunista = socialismo marxista.

        Nazismo = socialismo não marxista.

        Socialismo não é sinonimo de marxismo.

        Ambos regimes coletivistas e totalitários.

        1. Azul= verde sem amarelo; Bobagem = afirmação s/inteligência…

          Meu(inha) caro(a) Óneide (em sua nova roupagem de “sábo da ingonôránssa”):

          Da mistureba que V.Sa “definiu”, preste atenção apenas à sua frase 3, que seus colegas não conseguem diferenciar.

          E que vc imediatamente estraga na 4a.frase, quando diz que socialismo é um “regime” (sic) totalitário (!!!)

          Assim como se pode ter ditaduras comunistas e capitalistas, Ou mesmo comunismo capitalista (ex: China) como deveria perceber, tais palavras tem vários níveis e combinações. Por ex: socialismo democrático, socialismo cristão, socialismo capitalista, monarquia socialista, etc. etc.

          Sem destacar os países escandinavos (Suécia, Noruega, Dinamarca, Finlândia, etc.), há mais socialismo no Canadá, França, Inglaterra (Europa ocidental pós-guerra e pré-Tatcher) e mesmo nos EUA do que neste Brasil, que vc não consegue pensar que já não está na guerra fria ou na luta entre o comunismo que come crianças e a ditadura militar ou os democratas neoliberais (como os “social-democratas” do PSDB).

          Seus comentários são benvindos, pois úteis, servem de exemplo de como pensamentos podem ser tacanhos (como Hitler ou FHC) e ao mesmo tempo nefastos quando se tronam poder. Nos ensina a repensar a luta por um mundo melhor.

          Não apenas para alguns privilegiados, mas

          Para a SOCIEdade.

      2. O acronimo NAZI, vem de

        O acronimo NAZI, vem de NACIONAL SOCIALISTA, a ideologia era competamente estatizante e totalitaria, prendeu comunistas como adversarios na luta pelo poder e não por ideologia, tanto que em 23 de agosto de 1939 fez um Pacto com a União Sovietica.

          1. Nazismo e comunismo eram

            Nazismo e comunismo eram regimes totalitarios concorrentes. Seu inimigo comum eram as Democracias

            burguesas. O objetivo da invasão da Russia era conquistar Lebensraum, espaço vital para a Alemanha.

          2. Lebensraum era o que as potências europeias já tinham.

            Na África e na Ásia.

            Colonialismo capitalista puro.

            Mas a Alemanha chegou atrasada na brincadeira.  

        1. ..

          O acrônimo  ARENA vem de Aliança Renovadora Nacional, mas o que foi renovado com ela?

           O acrônimo  PSDB é o quê mesmo? Social-democrata?

          1. O regime nazista era

            O regime nazista era totalitario e estatizante, não tinha qualquer simpatia pelo empresariado. O Comissario do Plano Qadrienal, Marechal Goering, mandava absolutamente em toda a industria, o empresario privado era simplemente

            um executor de ordens, toda a economia desde 1938 estava ligada ao esforço de guerra, portanto era um tipo de

            capitalismo de Estado que pouca diferença tinha com o socialismo. Hitler tambem privilegiou o operariado, com beneficios sociais como cruzeiros de férias, construiu navios especiais para isso (o “”Wilhelm Gushoff” afundado no Baltico com 9,500 mortes, era um deles), criou o Carro do Povo (Volkswagen) e não reduziu a produção de bens de consumo mesmo durante a guerra.

             

          2. Os nazistas tinham um

            Os nazistas tinham um interventor em cada fábrica.

            O governo determinava o que produzir, a que preço vender, e para quem vender.

          3. Eles esquecem do NEP da URSS

            Eles esquecem do NEP da URSS de Lenin que restaurou o “capitalismo” depois do comunismo de guerral.

            Quando se tenta mudar arquétipos progressista a reação é pouco civilizada.

          4. NEP

            Nada a ver,,,.

            NEP foi uma tática. Um passo atrás para 10  à  frente…nada de modelo econômico ou retrocesso do modelo que prosseguiu até 1989,

          5. Nazismo estatizante é mito.

            A palavra privatização foi cunhada exatamente para descrever as trnasformações da economia sob o nazismo.

            “On Twitter, Justin Paulson brought this fascinating article from theJournal of Economic Perspectives to my attention. It’s called “The Coining of ‘Privatization’ and Germany’s National Socialist Party.” Apparently, the first use of the word “privatization” (or “reprivatization”) in English occurred in the 1930s, in the context of explaining economic policy in the Third Reich. Indeed, the English word was formulated as a translation of the German word “Reprivatisierung,” which had itself been newly minted under the Third Reich.”

            https://www.jacobinmag.com/2014/04/capitalism-and-nazism/

            The Economist magazine introduced the term in the 1930s in covering Nazi German economic policy.[5][6]

            https://en.wikipedia.org/wiki/Privatization

             

        2. O “Nacional Socialista” foi

          O “Nacional Socialista” foi um jeito de atrair as massas operárias, picaretagem pura que não enganou nem o correspondente do NY Times, que descreveu na época que o partido do Sr. Hitler era tipicamente um partido criado para proteger as elites contra a ascensão (ç?) dos comunistas (como sempre-e até hoje- os trouxas caem nessa). Vem cá, André Araújo: empresta uns livros de história pra esse oneide: que ignorante!

    2. Quando se é financiado pelo capital?

      Uma loucura…Só isso.

      Você esqueceu do cenário que antecedeu ao fascismo.

      Esqueceu os motivos e objetivos que levaram ao movimento de anexação nazista, na europa e áfrica.

      Você esqueceu quem realmente foi beneficiado com avanço imperialista alemão.

      E tem outra coisa importante, a quem serviu a segunda guerra mundial?

      Fascismo foi sim um contra golpe ao movimento comunista iniciado na RUSSIA. BELEZA!!!

      Por sua atenção, obrigado.

      1. A historia da humanidade é a

        A historia da humanidade é a narratiba de um CAOS. Não há essa armação esquematica das cartilhas marxistas.

        A quem beneficiou o imperialismo alemão? Como se Hitler fosse um simples agente de forças ben articuladas..

        Hitler foi antes da tomada do poder financiado pelo industrial Fritz Thyssen, o rei do aço alemão, mas depois quando quis influir no Governo Hitler o colocou na cadeia. Em 1944 ninguem mandava em Hitler e nem no imperialismo alemão, excele ele mesmo, Hitler. Nem o Exercito, que pensava que poderia controla-lo chegou muito longe. Ninguem controlava Hitler a não sua genialidade misturada com loucura, portanto teses simplorias, “”fulano serve ao imperilaismo alemão”” como se a Historia fosse apenas um enredo de cinema não tem logica cientifica, a Historia é sempre confusa e imprevisivel e pode ir para qualquer lado.

    3. mostra a cara, oneide

      Participo do blog do Nassif desde sua criação, sempre mostrando a face e com meu nome de batismo. Nunca sofri qualquer atentado, retaliação ou discriminação por isto(olha que sou bem polêmico). Tipos como oneide, aliança liberal ou free walker me aparentam terem profunda vergonha de suas opiniões , trariam muito mais respeito e credibilidade com uma identidade reconhecivel, hoje são confundidos com trolls querendo tumultuar o ambiente.

    4. Fascismo e nazismo sãoestruturas da burguesia para a guerra.

      A burguesia oscila entre dois polos, a depender da conjuntura. Em momentos em que não há crise, é mais econômico construir uma democracia burguesa. Mantendo a hegemonia cultural, incutem sua ideologia na classe trabalhadora e têm, neles, valorosos defensores de seus interesses. Nas crises, esses mecanismos passam a falhar e a burguesia inicia seu namoro com o fascismo, que pode chegar até ao matrimônio.

      O erro fulcral do texto é associar liberalismo ao capitalismo como se fossem manifestações de uma mesma coisa, ou os lados da mesma moeda. Daí conclui que se é autoritário, não e capitalismo. 

       Hitler tomou o nome “socialismo” porque liderava um minúsculo partido nacionalista de direita da Bavária e percebeu que, para atrair os pobres, precisava de mel em seus ouvidos – e esse mel foi a palavra “socialista”. Nunca quis os trabalhadores – mas a massa lumpeinizada produzida pela crise do capitalismo.

      Grandes barões burgueses passaram a financiar a ascensão de Hitler, pois sabiam que poderiam confiar nele.

      http://www.theguardian.com/world/2004/sep/25/usa.secondworldwar

       Wall Street assanhou-se com Hitler e o financiou (o livro pode ser adquirido na Amazon, mas está de graça aqui).

      http://reformed-theology.org/html/books/wall_street/

      O baronato alemão financiou largamente Hitler.

      http://www.amazon.com/Who-Financed-Hitler-Funding-1919-1933/dp/0671760831/ref=sr_1_1?s=books&ie=UTF8&qid=1438565530&sr=1-1&keywords=financing+hitler

      Hitler agradeceu, PRIVATIZANDO em quase todos os setores da economia. Aliás, a palavra “privatização” foi cunhada pela revista The Economist, como “reprivatization”, para descrever as mudanças que ocorriam na Alemanha nazista.

      http://www.ub.edu/graap/nazi.pdf

      Não é à toa que o fascismo foi apoiado por Mises. Ele SABIA o que era.

      “It cannot be denied that Fascism and similar movements aiming at the establishment of dictatorships are full of the best intentions and that their intervention has, for the moment, saved European civilization. The merit that Fascism has thereby won for itself will live on eternally in history. But though its policy has brought salvation for the moment, it is not of the kind which could promise continued success. Fascism was an emergency makeshift. To view it as something more would be a fatal error.”

      1. “O nacional socialismo é

        “O nacional socialismo é aquilo que o marxismo poderia ter sido se ele fosse libertado dos entraves estúpidos e artificiais de uma pretensa ordem democrática (…) Não é a Alemanha que será bolchevisada, é o bolchevismo que se tornará uma espécie de nacional socialismo.” Hitller.

         

  7. Comentário.

    Sem polemizar em torno da obra de De Felice – que não li e, acredito, o André também não leu -, é, por certo, que a crítica à modernidade e à Ilustração trouxe, como resultado, respostas revolucionárias, conservadoras e reacionárias. Mesmo alguém do porte de Lukács via isto na obra de Carlyle. E mesmo na literatura, onde a modernidade palmou com o reacionarismo e o antissemitismo, como Cèline, Drieu de la Rochelle, Pound, Marinetti…

    Infelizmente, o texto somente pode ser lido a título de opinião, uma vez que existem lacunas grosseiras, como a da ausência de comentários sobre as “batalhas urbanas” entre os nacional-socialistas e os comunistas/ socialistas – dando a entender que o campo do político se deu “por cima”.

    Também não custa dizer que tipos da estatura de Churchill (no caso deste, em discuro ao Parlamento britânico), preferiam os nacional-socialistas aos “bolcheviques”.

    Por fim, dizer que “o fascismo é atemporal” significa retirar do campo histórico a análise de condições para o seu surgimento. Disto decorre falhas gravíssimas de interpretação, como a de colocar no mesmo patamar o fascismo de Franco (que teve apoio dos setores agrários e religiosos mais conservadores), Mussolini e Hitler (que teve apoio de fortes setores econômicos, como a indústria pesada e os bancos).

    É o mesmo equívoco daqueles que falam de “esquerda”, no sentido geral, não havendo diferenças entre Marx, Lassalle, Gramsci, Mandel, Korsch…

    1. Meu caro, aqui é um espaço de

      Meu caro, aqui é um espaço de opinião em linguagem blogueira, não escrevo aqui ensaios historicos. Ao contrario do que vc diz, li De Felice e tenho dele dois livros comprados na Italia “Il Fascismo-Le interpretazione dei Contemporani  i dei Storici” e “Il Fascismo e l Óriente”.  O fascismo de Franco foi instalado por Forças Armadas regulars, o nazismo foi por arruaceiros, é o que eu disse e vc confirma, onde a divergecia? È claro que houve apoio externo ao Fascismo italiano, os ingleses o apoiaram até a crise da Abissinia de 1935, visto como movimento anti-comunista, não disse o contrario, mas esse apoio não foi essencial para a instalação de Mussolini no poder em 1923.

      É claro que o texto só pode ser lido a titulo de opinião, é para isso que existe blog, aqui não é uma Academia de Historia.

      1. Opinião

        Mas se não tivessem denunciado a farsa da historia que não se repetiu, tinha ficado com ares de verdade, não é André?

        Para que tentar confundir os comentaristas mais do que já estão, neste balaio de gato que está a política brasileira já hoje? Aqui no blog não passa, mas teve os desavisados aplaudindo. Podes explicar?

  8. No caso brasileiro sui

    No caso brasileiro sui generis de fascismo vale ressalvar.

    1. A corrupção está na essência deste fascismo, e é um dos motivos de auto-defesa do grupo.

    2. Nacionalismo aqui só pelo uso da camisa verde-amarela, geralmente da CBF, e só. Temos um caso interessante de fascismo colonialista.

    3. Fascismo brasileiro do tipo Miami roots.

  9. facismo

    pedindo vênia aos cultos blogueiros, gostaria só de dizer, que um dos traços marcantes do facismo é o AUTORITARISMO, sem o qual a ideologia utópicofacista jamais atingiria seus objetivos.

    O André traz um tema atual, valeu pela iniciativa. O debate começa por aí.

  10. Pontos de vista

    Pelos comentários percebo o quanto a política partidária consegue dar voltas para encobrir determinadas realidades.Cita-se a exaustão a classe média e quase nenhuma citação ao poder acima desta camada da sociedade.A classe média é hipócrita,conservadora, fascista. E os 1% da população controladora do poder econômico, o que serão?

     

    Riqueza de 1% deve ultrapassar a dos outros 99% até 2016, alerta ONG

    http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/01/150119_riquezas_mundo_lk

  11. *

    O Brasil tem a idícula mania de querer copiar tudo, com século de atraso.

    Qualquer porcaria que desrespeite a Constituiição (que se respeitada, tudo poderia resolver), é golpismo corrupto puro.

    E esses golpistas a muito tempo deveriam estar sendo responzabilisados e punidos, por todo o terrorismo que têm difundido.

  12. Grande AA, show de bola. mais

    Grande AA, show de bola. mais uma aula e de suma importância para entender muita coisa. Falou sobre o Brasil atual sem precisar citar literalmente. Para bom entendedor. modéstia a parte, bastou, captei, AA

  13. Fascismo e nazismo são estruturas da burguesia para a guerra.

    A burguesia oscila entre dois polos, a depender da conjuntura. Em momentos em que não há crise, é mais econômico construir uma democracia burguesa. Mantendo a hegemonia cultural, incutem sua ideologia na classe trabalhadora e têm, neles, valorosos defensores de seus interesses. Nas crises, esses mecanismos passam a falhar e a burguesia inicia seu namoro com o fascismo, que pode chegar até ao matrimônio.

    O erro fulcral dos defensores do capitalismo é associar liberalismo ao capitalismo como se fossem manifestações de uma mesma coisa, ou os lados da mesma moeda. Daí conclui que se é autoritário, não e capitalismo. 

     Hitler tomou o nome “socialismo” porque liderava um minúsculo partido nacionalista de direita da Bavária e percebeu que, para atrair os pobres, precisava de mel em seus ouvidos – e esse mel foi a palavra “socialista”. Nunca quis os trabalhadores – mas a massa lumpeinizada produzida pela crise do capitalismo.

    Grandes barões burgueses passaram a financiar a ascensão de Hitler, pois sabiam que poderiam confiar nele.

    http://www.theguardian.com/world/2004/sep/25/usa.secondworldwar

     Wall Street assanhou-se com Hitler e o financiou (o livro pode ser adquirido na Amazon, mas está de graça aqui).

    http://reformed-theology.org/html/books/wall_street/

    O baronato alemão financiou largamente Hitler.

    http://www.amazon.com/Who-Financed-Hitler-Funding-1919-1933/dp/0671760831/ref=sr_1_1?s=books&ie=UTF8&qid=1438565530&sr=1-1&keywords=financing+hitler

    Hitler agradeceu, PRIVATIZANDO em quase todos os setores da economia. Aliás, a palavra “privatização” foi cunhada pela revista The Economist, como “reprivatization”, para descrever as mudanças que ocorriam na Alemanha nazista.

    http://www.ub.edu/graap/nazi.pdf

    Não é à toa que o fascismo foi apoiado por Mises. Ele SABIA o que era.

    “It cannot be denied that Fascism and similar movements aiming at the establishment of dictatorships are full of the best intentions and that their intervention has, for the moment, saved European civilization. The merit that Fascism has thereby won for itself will live on eternally in history. But though its policy has brought salvation for the moment, it is not of the kind which could promise continued success. Fascism was an emergency makeshift. To view it as something more would be a fatal error.”

     

  14. ALGUMAS INCONSISTÊNCIAS ESSÊNCIAIS

    O artigo peca por não reconhecer o fato elementar de que o fascismo é um instrumento da luta de classes, utilizado pelo capitalismo em momentos de crise, com o objetivo de manter a dominação social. O artigo incorre também no erro primário de não considerar o fato de que o fascismo possui como mecanismos básicos o uso da força bruta e da farsa sistemática. Quem não lembra das violências praticadas contra os opositores em todos os processos historicamente observados de ascensão do fascismo? E quem não lembra dos exemplos clássicos de farsas como o incêndio do Reichstag? Além disso, o artigo parece pretender negar o principal aspecto do fascismo que é a associação escusa entre o poder econômico e grupos políticos criminosos, com a finalidade de dominar a sociedade por meios ilegais, camuflados por estratégias de propaganda falaciosa.

  15. A base filosófica do Nacional

    A base filosófica do Nacional Socialismo

    Muita gente que caracteriza o nazismo como de direita, defende a tese de que, apesar das indiscutíveis raízes socialistas, o nazismo foi “endireitado” por Hitler, o qual teria sido um capacho dos capitalistas alemães. Sobre este assunto vamos falar mais adiante. Por enquanto, vamos provar que o Nazismo não foi fruto apenas do delírio de Hitler. Muito antes dele, muitas publicações de socialistas alemães forneceram os subsídios teóricos que ajudaram a criar o monstro nazista.

    Fichte, Rodbertus, Lassalle, Werner Sombart, Johann Plenge , H. G. Wells, Friedrich Naumann e Paul Lensch são alguns dos ilustres da época que hoje são quase desconhecidos da elite intelectual de esquerda que dominam as universidades desde o início do século XX. Mas seus livros estão aí para comprovar a análise de Hayek.

    Claro que entre o ideal socialista original e o nazismo propriamente dito tem um longo caminho, o qual não foi percorrido em apenas uma década, como nos foi ensinado. As contribuições teóricas desses autores foram se somando e formando a personalidade de Hitler.

    De Fichte, um socialista utópico precursor de Marx, Hitler herdou as ideias anti-semitas. Segundo ele,“permitir que os judeus se tornassem cidadãos alemães livres feriria a nação alemã”. Fichte é também considerado o pai do nacionalismo alemão, uma das bases do regime nazista e de todos os seus derivados.

    Marx foi além e afirmou, categoricamente, sobre os poloneses, as primeiras vítimas de Hitler: “as classes e as raças fracas demais para conduzir as novas condições da vida devem deixar de existir. Elas devem perecer no holocausto revolucionário”. Ou seja, a ideia do holocausto não só não foi de Hitler, como também foi implementada antes pelos comunistas na União Soviética como veremos adiante. Também, não por acaso, os poloneses foram um dos primeiros alvos de Hitler. Sigamos por enquanto com os filósofos do nazismo.

    Friedrich Engels, o outro expoente máximo do comunismo, não deixou por menos e usou várias vezes o termo “lixo racial” (Völkerabfälle) em relação a várias pequenas nações européias.

    Rodbertus, um dos contemporâneos de Marx, foi um dos teóricos do valor-trabalho. Ele é autor de bobagens do tipo “quanto maior a produtividade, maior a exploração”. Apesar do discurso típico socialista, surpreendentemente não pedia a abolição da propriedade privada. Ou seja, é um dos pais do “socialismo conservador” ou “socialismo de Estado” que combina forte dirigismo estatal com elementos do capitalismo, a vertente socialista abraçada pelo nazismo.

    Lassalle, outro contemporâneo de Marx, vai na mesma linha ao rejeitar a utopia marxista sem classes, mas defendendo o socialismo de estado, exatamente como praticado pelos nazistas décadas depois.

    Apesar das divergências, o que une todos estes teóricos é o combate ao liberalismo e ao individualismo inglês, o representante máximo do capitalismo que avançava por todo mundo, principalmente na América. O combate ao individualismo levava ao coletivismo socialista e a necessidade de um planejamento central. Para Werner  Sombart, “as reivindicações individuais são sempre decorrentes do espírito mercantil (..) Há uma vida superior a vida individual – a vida do povo e do estado – e a finalidade do indivíduo é sacrificar-se por esta vida superior. Nada mais nazista (e socialista eu diria – ou seria o contrário?).

    Johann Plenge e H. G. Wells dão um passo adiante na ramificação do socialismo alemão ao valorizar excessivamente o papel da Alemanha na construção desse novo mundo socialista que emergiria no novo século XX. Sombart argumentava que os verdadeiros ideais alemães de uma vida heroica estavam, antes da I Guerra Mundial, ameaçados de desaparecer por causa do avanço contínuo do liberalismo inglês. Ele sabia que outros povos desprezavam os alemães por seu espírito guerreiro, mas regozijava-se com isso. A guerra inevitável entre alemães e ingleses representaria a “perspectiva heroica da vida”, a luta contra o ideal oposto, o individualismo e o mercantilismo inglês.

    Plenge, uma grande autoridade em marxismo, autor de “Marx und Hegel”, escreveu um outro livro que se tornou best-seller na Alemanha do início do século XX: “1789 e 1914: os anos simbólicos na história do espírito político”. A tese central da obra era o confronto entre os ideais da Revolução Francesa, notadamente o princípio da liberdade, e o ideal de 1914 que, segundo ele, seria o ideal da “organização”.

    Segundo Plenge, “a organização é a essência do socialismo”. Para se diferenciar do marxismo histórico, ele afirmou que Marx traíra essa ideia básica do socialismo ao “aderir à fanática e utópica ideia de liberdade abstrata” (seria uma “liberdade burguesa”?). A economia de guerra alemã de 1914 seria, segundo Plenge, “o primeiro passo na construção de uma sociedade socialista (..) Um novo e grande ideal de vida avança rumo à vitória, enquanto que, ao mesmo tempo, um dos princípios históricos (o liberalismo inglês) entra em colapso final”. Neste novo mundo, que surgiria da I Guerra Mundial, segundo Plenge, a Alemanha surgiria como a locomotiva socialista. Este seria seu destino histórico. Ou seja, tanto as vertentes alemã e russa que chegaram ao poder na primeira metade dos século XX, apesar das divergências, tinham como objetivo expandir seus domínios a outras nações.

    Portanto, a ideologia nazista já estava completamente criada já no século XIX. Faltava apenas a chegada do “messias” Hitler.  Mas este já é o assunto para o próximo post. Até lá!

    Posts relacionados:

    O Nazismo foi mesmo de direita? (parte 2)O Nazismo foi mesmo de direita? (parte 3)O Nazismo foi mesmo de direita? (parte 4)http://visaopanoramica.net/2013/08/31/o-nazismo-era-mesmo-de-direita/

  16. O átomo é indivisível.

    A palavra átomo provém do grego antigo: a = não + tomo = divisão.

    E se a palavra átomo significa indivisível, nunca foi dividido em prótons, nêutrons, elétrons e quarks.

    Aprendi isso aqui nesta profícua discussão, onde conceitos são analisados por sua origem etmológica.

    Por isso também os nazistas eram socialistas, devido apenas ao fato de terem o termo “socialista” no nome de seu partido.

    E vamos rumo ao nominalismo medieval, onde a rosa era seu próprio nome.

    1. O nazismo é socialista não

      O nazismo é socialista não pelo nome mas pela sua filosofia socialista, Hitller não inventou nada só colocou doses de populismo, a ideologia já estava pronta desde o século 19..

      Você tem que entender que não existe apenas uma vertente socialista e que são mais antigas que o marxismo.

       

       

      1. Vai estudar um pouco de história

        Quanta besteira.

        Só faço uma pergunta, se o Nazismo é de esquerda, porque o Henry Ford morria de amores por Hitler?

  17. [    Ao contrário do que

    [    Ao contrário do que muitos pensam, o Fascismo não chega ao poder pela força das armas. O roteiro do Fascismo:   [    em toda mída brasileira a regra é clara: se pagar o que a direita exige, publicar. Se não… não. No caso é ajumentice de que eleições livre podem eleger coisa imprestável, como deve ser aqui com o petismo, na Venezula, Cuba… . falso do que foi dito: O fascismo tinha em cada bairro o seu comitê  e todo sabia que no final da apuração dos votos , foram os que eram membros ativos do comitê, a quantidade de votos contrários indicava quantas caras irriam quebrar pelas rua

  18. tentando contribuir – André Singer, na Caros Amigos:

    Li depois de ter por aqui proposto “(…)De modo que eu acho que é o momento de tentativa de reformulação e o queeu vejo demais interessante é uma proposta de frente progressista, democrática, que seja uma frente capaz de sustentar o governo no sentidode legitimidade, para que cumpra seu mandato, mas se coloque frontalmente contra esta política econômica, pressione o governo para mudar essa política,, porque não vai mudar sem pressão (…)” (Caros Amigos, nº 222, pp. 31-32.

    Rarissimas vezes leio essa revista mensal.

    1. Frente Democrática não se opõe a Frente de Esquerda,

      mas a contém. Isto é (repito),se as esquerdas se unirem(falo generalizadamente,pois o q temos desde o movimento estudantil até hoje são querelas,disputas por vaidades ou por sede de ocupar espaços,ou por encaminhamentos e decisões em arcaicos longos documentos pre-congressos,dos mesmos pros seus mesmos,uma robotização pra quem,supostamente, luta pela humanização e por um mundo melhor.Vícios q não se aprendem:plenárias,mobilizaçaões,debates,eleição de representantes em várias intâncias em democracia interna,em assembléia .Pra bom entendedor,não preciso mais por aspas.

      1. críticas pela direita

        Há (vejo de vez em quando) inteligentes participantes comentarem q são críticas pela direita (amostra foi qdo disse q respeitava Marina,mesmo com ressalva de q não votava nela.Noutras vezes,só com deboche pra tais cabeças inteligentes e tão ativas.Mas não é questão de inteligência,parece q há vários tipos de inteligência,e de q às vezes encobrem mais emoção,sentimento,do q racionalidade(não q eu acredite em pureza seja lá do q for).Às vezes,uso termo q pode não ser bem compreendido,nem divertidamente tendo um quê de procedência qdo falo em grupo fechado,como em conventos, seminários,fraternidades…e seus espaços pro-forma ao contraditório.

        1. Feliz o país que tem uma Marina Silva

          tê-la como adversária no cenário político é uma honra. O mundo dá voltas, não tenho paciência em lembrar (ou pros mais jovens e conscientes e politizados de pouco tempo pra cá (ou “conscientes”) quando o nosso principal partido não se misturava, satanizava partidos de centro, partidos-ônibus, personalidades como Ciro Gomes, ou os expedientes até recentes praticados (nas várias instâncias seguidas pelas militâncias e simpatizantes). (Não é de se chorar leite derramado, como alguém de boa vontade já disse por aqui). Nossa sociedade tem um autoritarismo alastrado, nos mais bem intencionados ativistas, não passamos diretamente por 2 guerras mundiais, nosso sentido de coisa pública, de solidariedade, é deficiente.

  19. Fascistas só chegam ao poder

    Fascistas só chegam ao poder com mentiras, descumprimento de leis e autoritarismo.

    A manipulação fascista do descontentamento popular acontece no enfraquecimento e na falta de ação de movimentos de esquerda.

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