Crise hídrica: o alerta dos especialistas um ano atrás

Matéria atualizada do programa Brasilianas.org sobre a crise da água em São Paulo, realizado em 12.05.2014
 
https://www.youtube.com/watch?v=JqND0wiTmTQ width:700]
 
Jornal GGN – A crise hídrica, que atinge a região metropolitana do Estado de São Paulo, decorre do agravo de quatro anos em que o volume de chuvas que abastecem os reservatórios do sistema Cantareira não acompanha a crescente demanda de uso (e desperdício). A análise é de especialistas convidados para o programa de debates Brasilianas.org, realizado na TV Brasil, em 12 de maio do ano passado. A situação também é curiosa, pois o Brasil é hoje o país que mais exporta soluções na área de recursos hídricos, segundo o ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) e presidente do Fórum Mundial da Água (WWC), Benedito Braga. Em dezembro, ele aceitou o convite do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin para assumir a Secretaria de Recursos Hídricos do estado.
 
Durante a entrevista ao Brasilianas, em maio passado, Braga apontou três fatores que convergiram para o desequilíbrio do sistema Cantareira. O primeiro é a anomalia climática, intensamente ressaltada pelo governo de São Paulo. O índice pluviométrico, ou seja, de precipitação de chuvas sobre o complexo, nunca foi tão baixo desde que esse tipo de registro é feito na região, em 1931. 
 
O segundo fator é a falta de infraestrutura, não necessariamente de planejamento. Braga destacou que em 2009 o estado concluiu um plano para ampliar os reservatórios e adutoras não só na região metropolitana, mas na “macrometropole” paulista, que vai do litoral do Atlântico até Campinas. E por que não foi posto em prática? 
 
“Quem tem que responder isso é o governo”, rebateu. Apesar da evidente crítica ao poder administrativo, Braga também apontou os velhos problemas institucionais e burocráticos brasileiros como impeditivos à implantação das obras que estão atrasadas. 
 
“O Brasil tem uma legislação ambiental altamente complexa e sofisticada. Ele tem também um conjunto de instituições que não se conversam, que são ligadas a esse processo ambiental”, em outras palavras, continuou, para uma obra ser iniciada é preciso a aprovação de diversos órgãos, desde IPHAN, (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) ao Ibama, por exemplo, dificultando a execução. 
 
O último fator apontado foi a cultura de abundância do brasileiro. “O consumidor não tem aquela ideia de que a água é preciosa”. 
 
Paulo Canedo, coordenador do Laboratório de Hidrologia da Coppe/UFRJ divergiu de Benedito Braga quanto ao tópico ‘planejamento’. Para ele já existiam dados suficientes para prever o perigo de racionamento de hoje, logo o estado de São Paulo poderia ter tomado medidas simples de controle já no início do ano de 2014, atenuando o problema. 
 
“Em 2003 tivemos uma aguda crise no [sistema] Paraíba do Sul [que atende São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais]. A ANA tomou cuidado no princípio do ano de colocar seus técnicos junto com os dos três estados para acompanhar a evolução gradativa da crise que se desdobrava. Foi uma experiência inesquecível, porque todos nos reunimos a cada semana para discutir o que fazer”, relembrou. Graças ao grupo de trabalho foi possível controlar as reservas até o mês de novembro, início das chuvas. 
 
A estiagem, na verdade, está se repetindo pelo quarto ano, segundo o geólogo da empresa Servmar, Mateus Simonato. “Não foi a estiagem deste ano [2014] que provocou o colapso total, o que ela provocou de fato foi o agravamento completo do sistema que já vinha de um nível razoavelmente baixo”, apontou. Para ele, o governo deveria ter tomado medidas dentro dos dois primeiros anos de estiagem. 
 
Canedo destacou também como sério problema a burocracia. Há dez anos a Sabesp recebeu a renovação da outorga sobre o sistema PCJ (dos rios Piracicaba, Capibaribe e Judiaí, que fluem abaixo do sistema Cantareira). 
 
Porém a própria ANA estabeleceu uma série de condicionantes que não foram cumpridas na íntegra. Já no início de 2014 se sabia, portanto, que as obras não estariam prontas em tempo para São Paulo enfrentar a crise. Por isso o governo do estado deveria ter iniciado a campanha de racionamento e uso consciente de água deste janeiro. 
 
Somente quando estava com cerca de 9% de reserva no sistema Cantareira, em maio, São Paulo anunciou as obras para acessar o chamado “volume morto”, ou seja, a reserva de água do fundo do sistema Cantareira. 
 
O que é o ‘volume morto’ 
 
Benedito Braga, presidente do Fórum Mundial da Água, destacou que o termo “volume morto” é meramente técnico, usado pelos engenheiros para se referir ao volume de água que fica inativo e não “parado”. 
 
“Essa água está correndo para o rio Piracicaba desde 1974, não tem nada de morto ou de podre. Será utilizado [agora] e se a população realmente frear o uso da água teremos abastecimento até outubro e novembro [de 2014, quando começar a estação chuvosa para recuperar o sistema e amenizar a situação”, acalmou. 
 
O geólogo Mateus Simonato completou que o planejamento do estado precisará controlar o volume de água utilizado também nos próximos anos, pois as chuvas de outubro e novembro de 2014, muito provavelmente, não serão suficientes para restabelecer os níveis do reservatório de forma segura. 
 
 
*Matéria atualizada do programa Brasilianas.org sobre a crise da água em São Paulo, realizado em 12.05.2014
 
Redação

65 Comentários

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  1. Anomalia climáticali é

    Anomalia climáticali é desculpa esfarrapada, incompetência ao quadrado.  De muitos anos já se  tem o mapa climático de todas as chuvas no Basil pelos próximos 10 anos.

  2. Sei…

    Se não foi falta de planejamnto, foi planejamento mal feito. Quanto à questão burocrática, fica linda no bico dos tucanos; quando esta burocracia atrapalha o governo federal, é incompetência. Bando de hipócritas!

  3. Planejamento.

    O que fica claro nesse debate é que o governo de São Paulo sabia dos problemas da Cantareira(chuva, burocracia,meio ambiente).  Ou seja, sabiam o que deveria ser feito, mas não fizeram. Por quê? Tem haver com os lucros dos acionistas da Sabesp? Cadê os investimentos em uma solução a longo prazo?

    1. Franklin, vc tocou em outro X

      Franklin, vc tocou em outro X da questão!

      Saúde, Educação, Habitação, Transporte… e dentre vários, saneamento básico é obrigação do ESTADO!

      O que houve em SP foi a PRIVATIZAÇÃO do Saneamento Básico!

      A SABESP foi transformada numa S/A de capital aberto!

      Aí entram acionistas que qurem LUCRO$$$$$.. e mais $$$$$.

      Quando o ESTADO “antecipa” prognósticos “ruins”… os acionistas não gostam!

      Quando o ESTADO tem de fazer investimentos… os acionistas não gostam!

      Foi o que aconteceu.

      Geraldo Alckmin está ao lado dos acionistas! 

      E dane-se o povo paulista!

      Agora é Lata D´água na Cabeça!

  4. “A situação também é curiosa,

    “A situação também é curiosa, pois o Brasil é hoje o país que mais importa soluções na área de recursos hídricos, segundo o ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) e atual presidente do Fórum Mundial da Água (WWC), Benedito Braga”

     

    Exatamente o contrário do que o Benedito Braga falou. 2:25 do vídeo.

  5. A estiagem estava prevista

    A estiagem estava prevista por estudos antigos.

    Jogar a culpa em São Pedro e no povo é ridículo.

    Os estudos de 2009 alertava sobre a vulnerabilidade do sistema Cantareira com “déficits de grande magnitude”

    Em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, o promotor Rodrigo Sanches Garcia, do Grupo Especial de Defesa do Meio Ambiente, afirmou que a Sabesp já tinha conhecimento sobre a necessidade de melhorias há mais tempo.

    “Na outorga de 2004, uma das condicionantes era que a Sabesp tivesse um plano de diminuição de dependência do Cantareira. O grande problema foi a demora de planejamento”.

    1. Irresponsabilidade tucana

      Assis,

      Nesta área de estudo tudo, é previsível, como disse o mestre Paulo Canedo.

      Demora no planejamento pode convencer o leigo, mas não passa de desculpa esfarrapada.

      Em 2004 a Sabesp, ou seja, o governo estadual, teve conhecimento das exigências /condicionantes feitas pela ANA , mas preferiu não se mexer, taí o resultado – inauguração do volume morto, agora “reserva estratégica” e tratar de bater tambor prá dança da chuva até o finakl do ano, caso contrário é tragédia prá valer, prá ser notícia espalhada pelo mundo inteiro – “UMA DAS TRES MAIORES CIDADES DO MUNDO SECOU, NINGUÉM CONSEGUE BEBER UM COPO D’ÁGUA”.

      Um abraço

      1. Alfredo, e mais

        Mesmo com redução de consumo o “volume morto” secará em agosto.

        Quando o período de chuvas começar será preciso uma grande quantidade de água apenas para umidificar o solo.

        O sistema não comporta mais o consumo pelo número de habitantes e indústrias na região.

        Não tiveram coragem de afirmar que a situação é de colapso.

        1. colapso

          A questão do colapso tem implicações diversas:

          a) Por que propostas alternativas ainda que de médio prazo não estão sendo discutidas, inexistem?;

          b) O Ministério Público formou juizo próprio sobre o problema para agir em consequência?. Existe risco de colapso para o Ministério Público? Se existir a exigência do racionamento é consequência lógica e poderia ser feita à justiça. Ou o MInistério Público está tranquilo de que não haverá colapso?

          c) o problema não tem pralelo em parte alguma, considerando os quantitativos populacionais, talvez apenas na China do pós guerra… as consequências são difíceis de prever, (fiz uns cálculos do quantitativo de caminhões pipa necessários ao abastecimento e já, já publico). Qual seria o leque de problemas enfrentados por 8 milhões de pessoas sem água na torneira por vários meses? Nesta multidão tão múltipla de 8 milhões, haveria quem morresse de sede? que doenças surgirão em força? qual o impacto do problema na malha econômica, as indústrias e serviços demitirão? qual o impacto econômico? Todos terão dinheiro para comprar água de beber? Que qualidade terá esta água distribuída artesanalmente, transmitirá doenças? Sem água, as crianças poderão ir para a escola?

          Se há risco de uma catástrofe desta magnitude, é hora de planejar o enfrentamento de forma robusta.

          1. Ion, pois é

            A irresponsabilidade em se criar novas alternativas de captação agora se juntou à irresponsabilidade de não se determinar o racionamento da água.

            A situação é grave e este planejamento que você muito bem abordou parece que sequer estão sendo discutidos.

            Mais uma vez se empurra com a barriga. A indigestão vai ser terrível.

          2. Cumplicidade péssima

            Ion,

            Em minha opinião esta  completa desordem, que é o Poder Público como o MP convivendo como irmão siamês de um partido politico (que, mesmo depois de ter sido afastado afastado do poder central através do voto popular, teve habilidade política para manter um grupo de setores de Poder bem aparelhado, como é o caso do MP, TCU, PF e outros), foi o que estimulou esta letargia por parte de um governo notoriamente incompetente, mas sempre seguro de sua impunidade.

            Acontece que sempre será possível desafiar os homens e as leis, e o triste caso do  Pinheirinho está aí, prá confirmar o que eu digo, mas desafiar, querer fazer jogo de cena com a natureza é outra história, e o fato é que nem o governo tucano, nem o MP e nem ninguém daquela perversa confraria teve a humildade necessária para perceber aquela diferença e alertar para que o perigo fosse afastado, até porque é uma confraria que ficou habituada a driblar todas as dificuldades e colocá-las debaixo do tapete.

            Outra consequência deste modus operandi é o expresso impedimento ao surgimento de novas lideranças no partido, pois o grupo de comando, completamente gagá, ainda se acha acima do bem e do mal graças ao elevado padrão de soberba exercido por todos eles.

            Prá mim, este é o motivo pelo qual não foi tomada qualquer providência minimamente decente para enfrentar um possível colapso no fornecimento de água potável para mais de 12 milhões de pessoas, uma tragédia épica com consequências inimagináveis, que é o que ocorrerá na ausência de ajuda de São Pedro. 

    2. Quando os Tucanos voltarem

      Quando os Tucanos voltarem algum dia ao poder (espero que nunca mais!) a mídia vai sobreviver  como?

      O Brasil vai se tronar no melhor lugar do mundo para se viver!

      A mídia venal familiar não noticiar qualquer coisa que mostra incompetencia tucana!

      A saúde, educação, transporte… tudo será uma maravilha!!!!

    3. De 2009, não ! em 1977 ja

      De 2009, não ! em 1977 ja alertavam isso. em 2002, 3, 4 na renovação de autorga do uso de águas, estavam previstas várias obras, que nunca foram feitas. Mas….  tragedia cantada, tragédia anunciada, tragedia a acontecer, inevitavelmente, e 58% de um povo que mereceu isso, com certeza mereceu. Os outros 42% vão pagar sem merecer, infelizmente.

  6. Não vai pegar…

    Politicamente não vai pegar. Em SP os meios estão controlados. Existem bairros com problemas de abastecimento há anos…

    E será que é bom para a democracia brasileira uma dominância total do PT no Brasil? 

    1.  
      O problema é que esse

       

      O problema é que esse modelo democrático patrocinado pela iniciativa privada desvirtua o conceito da palavra democracia. O nome mais apropriado seria plutocracia em pele de cordeiro. 

      Esse mal já vivemos. Nosso sistema político já é dominado totalmente, não por ideologias mas pelo capital.

      Partidos e políticos  são meros representantes de fortes grupos econômicos. A diferença é que o PT soube explorar a força econômica dos menos favorecidos que somados elegem políticos ligados ao PT e fortalecem grupos econômicos diferentes do que o PSDB, por exemplo, está acostumado a servir.

      A diminuição da desigualdade social é um bom negócio mas não para todos (e o PSDB representa os insatisfeitos que viram seus lucros aumentarem nesse período de governo petista “só” x% ao invés de 10x% que eles imaginam se menos fosse investido em políticas sociais e de desenvolvimento do país ).

       

      1. Vejo que SP é um estado que comporta o governo neoliberal.

        É bom para o país ter um governo neoliberal e SP é um estado que comporta uma administração assim.

        E na realidade todos os estados são mal administrados, não temos um governador que sirva de exemplo.

        1. Por Deus que não entendi o

          Por Deus que não entendi o seu raciocínio. Quer dizer que nós, paulistas, temos que nos conformar com o desempenho do psdb e não tentar coisa melhor, por que no resto do país é assim também?

        2.   Me dá UM exemplo de por quê

            Me dá UM exemplo de por quê seria bom para o país ter um governo neoliberal.

            NEM o Estado de SP aguenta, haja vista a inoperância do PSDB, por mais de UMA DÉCADA, nos conduzir ao atual COLAPSO em um setor tão “pouco” importante quanto o abastecimento de água de uma das maiores e mais ricas cidades do planeta Terra.

  7. Cantareira

    Leiam no “Estadão”, que definitivamente não é petista, um bom texto sobre o assunto (http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,agua-diminui-represa-sobe,1167674,0.htm), bom pelo texto, apavorante pela clareza com que expõe a tragédia, a incurácia e a sem-vergonhice do governo paulista. 

    Resumo rapidamente a conta que fala que estamos a -32% da reserva normal do Cantareira:

     

    Quando uma represa é projetada, é praxe não colocar o túnel que capta a água no ponto mais profundo da represa. Isso garante a existência de um volume que nunca é retirado, o que permite a recuperação do reservatório. É o “volume morto”. Além disso, os engenheiros definem um mínimo operacional, abaixo do qual é recomendável reduzir drasticamente a retirada de água de modo que o reservatório possa cumprir sua função por mais tempo.

    Quando o Sistema Cantareira foi construído, o nível mínimo operacional foi definido em 829 metros e o “volume morto” começava aos 820,8 metros. Durante a seca de 2004, o reservatório ficou abaixo de 829 metros, e os governos estadual e federal (este por solicitação, obervação minha) decidiram redefinir o nível do volume mínimo, que passou a ser igual ao início do volume morto (820,8 metros). Naquela época foi usado o mesmo truque retórico. Da noite para o dia, o volume do Sistema Cantareira “cresceu” quase 20%. O equivalente aos 8 metros entre 829 e 820,8. Foi a primeira vez que o Cantareira “subiu” de nível sem que entrasse uma gota de água. Agora chegamos nos 820 metros, e foi necessário instalar as bombas. E, com elas, o “nível” cresceu novamente. A água diminui, mas a represa sobe.

    1. atitude, altitude…

      É bom lembrar que o Teodoro se refere aos 829m de altitude (nível do mar como referência), para ninguém pensar que possa ser a profundidade da represa. Pessoalmente, eu entendo que represas para abastecimento de cidades devem ser projetadas com a previsão de cresc imento populacional para os próximos 30 anos, com revisões quinquenais. A seca mais severa dos últimos cem anos também deve ser levada em consideração. No mais, muito obrigado pelos esclarecimentos, foram extremamente úteis. E é bom lembrar que numa obra recente, coordenada pelo Prof .Dr. Umberto Cordani, do Instituto de Geociências da USP, está dito que 50% do lençol freático no município de São Paulo são compostos de vazamentos da “distribuidora”, isto é, a SABESP. Canos muito velhos com péssima manutenção provocam perdas imensas no sistema. Sem esses vazamentos, o abastecimento seria praticamente normal. Setores otimistas estimam as perdas em 30%. Eu acho que é mais de 40%.

  8. Uma das principais funções do

    Uma das principais funções do Poder Público é gerir os insumos ditos como estratégicos. E gerir inclui a prevenção, o planejamento, a projeção de cenários(da forma mais pessimista possível), no intuito de, se não evitar, pelo menos amenizar eventuais colapsos. 

    Não é porque um sistema depende de fatores naturais, como é o caso da água, talvez o mais importante, se possa descurar dessas ações. Ora, fenômenos climáticos são sempre imprevisíveis. Daí ser ainda mais obrigatória essa prevenção.

    Outra coisa: por mais que esse técnico queira suavizar o problema ao afirmar que esse volume “morto” ´é salubre, sabe-se(não precisa ser técnico) que é lá que vão se depositar pela força da gravidade todos os detritos que por ventura sejam jogados na bacia. É sempre uma água mais seja “pesada”. 

    Sem querer fazer alarde, mas a população vai beber(se beber) água com lama.

  9. Podemos utilizar o Aquífero Guarani?

    Assunto preocupante. Fica evidente a dispersão de esforços e a falta de entrosamento dos diversos organismos que se sobrepõem, se atropelam ou se atrapalham no planejamento e operacão do sistema. Faltou foco, objetividade, responsabilidade e competência do poder público. O clima tem prejudicado, é atípico, mas isso já faz uma década.

    Estranhíssimo é uma mega-empresa como a Sabesp compactuar e aceitar a dilapidação da sua materia prima e esperar por São Pedro em vez de apertar o “Seo” Geraldo. Será que o deputado pernambucano Roberto Freire, quando membro do Conselho de Administração da Sabesp, não alertou a competentíssima diretoria?

    Quando tocaram nos entraves provocados pela Funai, Ibama, etc, fiquei imaginando que esses patriotas entrarão no STF para impedir a utilização do volume morto ou inativo: isso pode erradicar as tilápias e lambarís da Cantareira.

    Gostei do vídeo. Esclarece alguma coisa. Mas, para mim, faltou algo que esperava: discussão a respeito do tal Aquífero Guarani. Há muita fantasia a respeito. O que há de concreto? É viável? Tem orgão publico cuidando do assunto? Sei que Ribeirão Preto e mais duas cidades do oeste paulista são abastecidas por esse aquífero. Sugiro pauta!

    Ou vamos ver o fechamento das fábricas de cerveja, tubaínas e outras futilidades? Terei que parar de tomar banho?

  10. Parabéns!

    Na estreia do horrível Windows 8.1 a que fui obrigado a aderir, estou admirado com o Daniel Krein. Ele está de parabéns. O que ele escreveu é realmente uma das coisas mais idiotas dos últimos cem anos. Nem a assessoria do Geraldo Alckmin se atreveria. Quelle horreur, como diria FHC no seu idioma favorito.

  11. Ô dona Lilian, não vai

    Ô dona Lilian, não vai corrigir a transcrição da afirmação do Benedito Braga no primeiro parágrafo? 

    1. Olá, Sr Sérgio, reli diversas

      Olá, Sr Sérgio, reli diversas vezes o primeiro parágrafo e não consigo identificar algum erro. Poderia nos especificar melhor o que enxergou? 

      Att, Lilian Milena

       

      1. Olá Lillian,
         
        O problema é

        Olá Lillian,

         

        O problema é nesta linha: ” A situação também é curiosa, pois o Brasil é hoje o país que mais importa soluções na área de recursos hídricos, segundo o ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) e atual presidente do Fórum Mundial da Água (WWC), Benedito Braga”

         

        Ao assistir o vídeo, o trecho onde o Benedito Braga trata desse tema começa aos 2:25 e termina em 2:50. Ele afirma que o Brasil mais exporta soluções. Depois de comentar sobre um exemplo da França, ele reafirma: “hoje, estamos mais exportando”

  12. Algumas perguntas

    Segundo a imprensa o volume necessário para o abastecimento da cidade é de 24 metros cúbicos por segundo. Isto significa 24.000 litros por segundo, ou o volume de um fluxo de água com 12 metros de largura por dois de profundidade por um metro, por segundo. Evidentemente que as bombas, ao menos as cinco ou seis que estão em funcionamento terão dificuldade de dar conta deste volume. Isto significa que aqueles 8,0% que restavam na Cantareira na semana passada é que estão sustentando o fluxo. Queria saber em quanto é que está a redução diária do volume.

    Outra coisa crucial seria saber quanto do volume morto de 400 bilhões de litros é aproveitável, pois os 26% de volume divulgado pela mídia podem não corresponder a um valor aproveitável. Além disto resta saber com clareza em que proporção este volume de 400 bilhões de litros abastece Campinas e região?

    Tudo isto dito, se houver, tal como vários especialistas vêm sinalizando, falta de água, sem ter havido decreto de racionamento, terá havido crime doloso de omissão por parte do governo Geraldo Alckmin? Se eleito vier a ser e vier a decretar o racionamento no dia seguinte, deveria sofrer impeachment? Perguntas para um jurista isento com Joaquim Barbosa…

    1. Ion

      Como estou vendo seu interesse e preocupação, vou tentar explicar o que sei, que foi pesquisando informações disponíveis na internet, pois apesar de não morar em sampa, gosto muito daí e fiquei curioso com a situação. Sou engenheiro, mas não especialista, portanto, releve alguma incorreção.

      O “coração” do sistema cantareira é um conjunto de 3 represas, sendo a maior delas a do jaguari. Do jaguari a água desce por gravidade pelo túnel 7 até o reservatório cachoeira, e deste segue pelo túnel 6 para o reservatório atibainha e, em seguida, pelo túnel 5, até outra represa de pouca reservação, a paiva castro, e aí é elevada (bombeada) e vai para o tratamento e distribuição. O vol. util é aquele volume de água capaz de ser manejado por gravidade (apena controle de comportas) nessas 3 represas. O vol. útil dessas 3 represas somadas tem hoje cerca de 7,4% do volume util total de 974 milhões de m3 (hm3) de água, ou seja, está com 72 hm3. 

      O túnel 7 fica bem a montante da barragem (acho que uns 8 km em linha reta), daí a razão de existir água abaixo do nível do túnel 7. As bombas inauguradas no jaguari vão succionar a água que fica abaixo da soleira do túnel 7, para dentro desse túnel (a “boca” desse túnel fica naquela torre de concreto que aparece nas fotos da inauguração do dia 15). Posteriormente vão fazer o mesmo na represa atibainha. Essa água abaixo dos túneis, e que não conseguem “descer” para o tratamento por gravidade, é que eles estão chamando de volume morto. O total desse volume morto, apenas no jaguari, é de 240hm3. No atibainha é de 195 hm3. No reservatório cachoeira o volume morto é bem pequeno pois o túnel fica próximo à barragem. 

      Parece que com a gambiarra que fizeram no jaguari e que vão fazer(estão fazendo) no atibainha será possível succionar 106 hm3 do volume morto do primeiro e 80 hm3 do volume morto do segundo (segundo divulgado pela Sabesp).  Para tirar mais que isso do volume morto das duas represas seria necessário fazer novas obras, em outro lugar, colocar novos moteres nas bombas (com maior capacidade) e ampliar bastante (umas 20 vezes) a extensão da tubulação que colocaram nessa 1ª gambiarra, pois a água vai ficar cada vez mais longe dos túneis 7 e 5, conforme for abaixando o nível das represas. Seria uma obra bem mais custosa que essa gambiarra que foi feita (de 80 milhoes), e mais demorada também.

      Portanto hoje, considerando o volume morto utilizável, mais o volume útil, a água disponível do cantareira para o resto do ano é de 258 hm3 (72 + 106 + 80).

      Nas barragens das 3 represas são liberadas uma soma de vazões de 3,0 m3/s para os rios a jusante (Piracicaba, Cachoeira e Jaguari – PCJ). Para a Sabesp são liberados 21,4 m3/s, ou seja, um total de 24,4 m3/s. A vazão de afluência (água que chega) nas 3 represas depende das chuvas. Será bem reduzida nesse período seco, devido à pouca precipitação nos próximos meses e também o baixo nível dos reservatórios, que faz com que o solo exposto da bacia absorva e retenha em maior quantidade que o normal a água das chuvas, antes dela “chegar” no reservatório. Até hoje, a média da vazão de afluência do mês de maio é de 5,4 m3/s. o que corresponde a apenas 15% da média histórica do mês, que é de 34,2m3/s. 

      Ou seja, nessa situação de entrada e saída de água nas represas, o saldo negativo líquido diário do sistema cantareira está sendo de 19,0 m3/s. Esta vazão, em volume, dá um total de 1,65 hm3 por dia (19x60x60x24/1000000). Nessa toada, teríamos mais 156 dias de água (258/1,65), o que dá, mais ou menos, até 28/10, 2º turno da eleição. Esse é o planejamento atual da sabesp.

      Como em outubro já começaremos a ter chuvas mais fortes, provavelmente conseguiremos passar todo o resto de 2014 somente com o atual “rodízio”, mas o risco de ficarmos em pior situação do que agora, no início do período seco de 2015, é muito grande. Fiz umas simulações considerando a vazão de afluência dos próximos quatro meses na tendência atual (que é bem abaixo da média, como já é o esperado pela sabesp), e a partir de outubro/14 até abril/15 considerei as mesmas vazões de afluências que ocorreram em período semelhante de 2010/2011, 2011/2012, 2012/2013 e 2013/2014.

      Observe no gráfico que se as liberações de água continuarem na mesma vazão atual, no início de setembro o volume morto disponível no Jaguari (106 hm3) terá se esgotado, e será necessária a utilização do volume morto do atibainha, que ficará suprindo a água até o início previsto das chuvas, que é outubro. As chuvas de outubro a dezembro só serão suficientes para atender às liberações das vazões, mantendo relativamente estável o nível dos reservatórios. Só no mês de janeiro, tradicionamente o mais chuvoso do período de verão, é que teremos a “prova dos nove”.    

      Somente o volume de afluência do verão de 2010/2011 é que conseguiria recompor o sistema. Se não ocorrer uma afluência bem superior à ocorrida nos últimos três verões, especialmente em janeiro próximo, o sistema não conseguirá  nem repor o volume morto que será consumido em 2014, e entrará em colapso em 2015. 

      Como já mencionei, os dados para a simulação da figura acima não é considerando a precipitação desses anos, mas sim a vazão de afluência. Ressalta-se que na situação em que se encontra o cantareira, extremamente baixo, é uma grande incógnita saber como se comportará essa afluência em relação à precipitação, pois não se sabe quando ocorrerá a saturação do solo da bacia e outros processos de infiltração após o início do período chuvoso, é o chamado efeito “esponja”, pois só depois dessa saturação é que a afluência tenderá a se normalizar e ficar diretamente dependente da precipitação, dentro dos coeficientes históricos. 

      Ion, espero que minha explicação esclareça alguns pontos levantados por você, e que tenha ficado evidente a extrema gravidade do problema e que, se medidas ainda mais drásticas do que o rodízio não forem feitas de imediato, estaremos totalmente dependente das chuvas, que não tem sido benevolentes nos últimos três anos e que não deverão ser no próximo verão, haja vista o el ninõ que se aproxima que, salvo engano, reduz as chuvas na região metropolitana de são paulo. Os dados históricos que utilizei obtive dos sites da ANA e da Sabesp. 

       

      1. Obrigado

        Prezado Bill,

        Obrigado pelas explicações tão detalhadas e pelo tempo que você tomou para trazer tudo isto aqui para o forum. Uma última pergunta: se o sistema entrar em colapso, possíveis fontes d’água alternativa estariam a que distância?

         

        Um abraço

        1. Ion

          Não sei quais seriam.

          Falam na bacia do Juquiá, do Paraíba do Sul, ampliar as estações de tratamento do Braço do Rio Grande e da Guarapiranga. Mas nenhuma delas são obras de curto prazo, e também não resolveriam o problema, apenas amenizariam, afinal, é água para 9 milhões de pessoas, e tem a questão da rede de distribuição, fazer a água chegar onde é abastecido pelo cantareira. As ações devem ser múltiplas, e não são simples.

          Abç  

          1. Reiteração

            Prezado Bill

            Em vista do excelente arrazoado, fiquei com algumas dúvidas(acima expostas), que ao que pode se dessumir da tua exposição podes me esclarecer, friso que, não se trata de nenhuma contestação ao trabalho apresentado, mas, efetivamente de alguns pontos que podem ser essenciais sejam aclarados, no meu caso, para que eu tenha uma melhor compreensão do tema.

            De qualquer sorte, obrigado.

          2. Acabei de responder

            Postei lá no seu outro comentário. Acesse o site da ANA, veja as figuras que tem lá do sistema (conjunto de represas) que você entenderá melhor as considerações das minhas simulações e até as respostas que já postei em seu outro comentário. Mas qualquer coisa, pode perguntar, que tenot esclarecer.

            Abç

      2. Duvidas – parametros de cálculo

        Bill, inicialmente parabenizo pela excelente exposição.

        Restaram algumas dúvidas.

        1)gostaria de saber se, no cálculo do volume morto (bombeado), está sendo considerado o montante de volume útil, que até o momento está abastecendo o sistema cantareira, mas que em razão da pressão hídrica tem sua vazão diminuida, e que, agora, em razão da sucção das bombas para utilização do volume morto, não mais contribuiria com nenhuma parcela de recursos hídricos??;

        2) a se considerar o acima exposto, o sistema cantareira se tornará estanque, ou seja, até a recuperação do volume morto não será mais abastecido – a não ser por captação direta, e pela vazão da barrragem cachoeira (da qual não será utilizado o volume morto) 

        3) considerando a pertinencia dos dados acima (se for o caso) a conta dos dias para os quais existe água de reserva diminuem drasticamente – aproximadamente 20%.

        4) ainda, se calcularmos o tempo de abastecimento que resultará da utilização do acréscimo do volume útil ao volume morto (após o qual o complexo voltará a contribuir par o abastecimento do sistema cantareira – isso desconsiderando a questão da pressão hídrica), este dará para pouco mais de quatro meses(final de setembro)…o restante que foi considerado refere-se a captação no período, a qual, não alimenta automaticamene o sistema, ou seja, enquanto o volume morto não estiver recuperado(até o volume util-comportas)….de modo que … a se manter a situação de precipitação pluviométrica, serão necessários novos bombeamentos sucessivos…até o esgotamento…

        … 

        1. SergioMedeirosR

          Não entendi bem suas perguntas, mas vamos lá.

          1) O volume util é que está abastecendo o sistema, ainda. Teoricamente o volume útil atenderia a atual demanda até a primeira semana de julho. Só que o volume útil está distribuído pelas 3 represas. O bombeamento do volume morto começou pela represa do Jaguari no dia 15. Mas nesse dia ainda tinha 1,7% do volume util dessa represa. O acontecido dia 15 foi puro marketing. Eles devem estar testando o sistema, pois necessitar bombear o volume morto do jaguari mesmo, só no fim da semana que vem. Portanto, se a sua dúvida é em relação aos dados que utilizei, sim, considerei o volume util mais o volume morto nas minhas previsões do estado dos reservatórios. Durante o restante de maio e o mes de junho, mesmo com o bombeando o volume morto do jaguari (porque será necessário), o sistema como um todo ainda estará com volume útil POSITIVO, pois as represas cachoeira e atibainha ainda estarão niveis operacionais adequados. O bombeamento será para retirar o volume morto apenas do jaguari, que não terá mais água em níveis operacionais.

          2) Se voce observar o gráfico que postei, para todas as simulações, no início de julho a soma de volumes úteis dos três reservatórios estará, no total, zerado e o sistema, como um todo, estará tirando água do volume morto. Talvez estarão bombeando apenas o jaguari ainda, mas o volume “negativo” do jaguari ficará maior que o volume “positivo” do cachoeira e do atibainha, ou seja, o volume morto do sistema estará sendo utilizado. 

          Teremos dois momentos críticos nesse processo: observe no gráfico o período compreendido entre o mês de outubro e dezembro. Estaremos quase esgotando o volume morto do sistema (existe mais volume morto além desse que vai ser usado, mas seria preciso novas gambiarras). O outro momento crítico é o das chuvas de janeiro. Janeiro é o mês tradicionalmente mais chuvoso do verão. Ele é que fará a diferença na reposição de água do sistema, preparando-o para o período seco de 2015. Se não chover muito em janeiro, bem acima da média (janeiro de 2011, que é a curva otimista do gráfico, choveu 190% da média histórica), a situação ficará bastante grave.

          3) Não entendi bem seu raciocínio, mas estou colocando o mesmo gráfico da postagem, mas com a quantidade de água disponível no sistema, ao inves dos percentuais, talvez fique mais claro.

          4) É basicamente isso mesmo. Eles já iniciaram o bombeamento do jaguari por questões operacionais, mas o estoque do sistema ainda está positivo, ou seja “virtualmente” estão usando o volume útil. Quando a curva de armazenamento do sistema cortar a linha pontilhada azul, no início de julho, ai não será uma opção operacional fazer o bombeamento, será uma  necessidade para poder conseguir enviar a água para o tratamento. E essa necessidade se estenderá até a curva cortar novamente a linha pontilhada azul, na melhor das hipóteses, em janeiro.  Se em algum momento a curva de armazenamento cortar a linha pontilhada amarela, não teremos mais a água do volume morto que está disponibilizado com as obras já anunciadas pela sabesp.  Teriam que ser feitas novas obras para captar água em níveis mais baixos das represas. Essa outra “reserva” totaliza uns 150 hm3 (milhões de m3). O site da ANA solta os dados diários do sistema.

          http://www2.ana.gov.br/Paginas/servicos/saladesituacao/default.aspx

          Espero ter esclarecido. Em suma, se mora em sampa, se prepare para o pós-eleição sem água.

          Abç

           

           

           

          1. Obrigado pela atenção

            Ok obrigado…

            esta meio confuso mesmo… realmente, o ponto fundamental da minha pergunta é que consideras a vazão de 5,4 m3/s diários, o que resulta num total liquido diário de 19 m3/s… Entretanto, se com o bombeamento a situação dos reservatórios se torna estanque – ou seja até chegarem novamente ao nível de captação, após todo o preenchimento do volume morto, neste espaço de tempo não haveria vazão nenhuma…seria o caso de desconsiderar este acréscimo diário de 5,4 m3/s ou o montante exato …anoto que neste ponto, já me corrigiste, ao apontar que restará além do Cachoeira o Atibainha… grato

          2. Acho que é isso

            Os 5,4m3/s é a vazão natural que chega nos reservatórios (é a “torneira” que enche o “balde”), vem das cabeceiras dos rios que foram represados (Jaguari, Jacareí, Cachoeira e Atibainha – chega um pouco disso em cada represa, a soma dá 5,4m3/s). É chamado de vazão de afluência. Vai continuar a ter, independente do que está sendo retirado, seja do volume util ou morto. Essa vazão é que “alimenta” o sistema. Não tendo chuva, essa vazão diminui, e diminui o volume de água armazenado nas represas, pois essa água armazenada está sendo retirada para consumo. As vazões que saem das represas para consumo, somam 24,4 m3/s. Como tem chegado 5,4m3/s de vazão natural para alimentar os reservatórios, o déficit (diminuição líquida dos reservatórios) é de 19,0m3/s. Essa vazão corresponde a uma diminuição diária do volume de água disponível dos reservatórios (seja considerando o vol morto ou o vol util) de 1,65 milhões de m3. Hoje, com o volume morto, temos disponíveis 255 milhões de m3. Fazendo a conta de dividir dá os 158 dias de consumo, perto das eleções do 2 turno. Depois disso a esperança é a chuva.

            Abç

              

      3. Outra simulação

        Achei muito interessante seu comentário, e bem completo. Considerando os dados de hoje da ANA http://arquivos.ana.gov.br/saladesituacao/BoletinsDiarios/DivulgacaoSiteSabesp_23-5-2014.pdf note que a vazão média subiu de 5,4 para 6,2 m3/s em função das chuvas e talvez chegue a 7. Deve chover um pouco mais até o fim do mês.

        Porém, gostaria de pedir-lhe, caso se anime e já que deve ter a planilha pronta, que fizesse outra simulação considerando novos dados. A vazão diária chegou a menos de 1 m3/s em Maio por falta de chuvas: http://migre.me/jjtXA. Os dados da ANA e Sabesp (que os retirou do ar) mostram vazão nas mínimas históricas desde 2012 avançando por 2014: http://migre.me/jjtOC. Caso se olhe a média de chuvas sobre o Cantareira, o sistema “tem vivido” de chuvas acima da média no verão. Nos últimos anos, a maioria dos meses tem chovido abaixo da média e tudo indica que 2014 será semelhante: http://migre.me/jju1X. Uma água que “não conta” no esvaziamento do sistema é a vazão em Paiva Castro, disponível nos boletins diários da ANA: hoje está em cerca de 3 m3/s, mas na seca em janeiro e fevereiro baixou a quase zero. Assim, a cidade de SP perderá mais um pouquinho de água em breve. A menos que se pretenda negar água para a região do PCJ (Campinas) a vazão à jusante terá que mais que dobrar, de 3 para 8 m3/s no auge da seca: http://migre.me/jjugJ.

        Temo, como muitos, que o tal volume morto não seja suficiente até o final do ano: http://migre.me/jjulm.

        Mesmo supondo que o PCJ continue recebendo a mesma quantidade de água, sem aumento, 3 m3/s, e saia o mesmo do sistema que sai hoje, caso se anime, sugeriria uma simulação gráfica com vazão média entrando de 4 m3/s em Junho e Julho e apenas 2 em Agosto e Setembro. Sei o resultado: o volume morto acabaria.

        Mas seu gráfico mostrou de uma forma mais fácil do leigo ver: a situação é crítica.

        De qualquer forma, grato pelo post.

  13. Em uma outra encarnação

    vi o meu povo pré-colombiano da mesomérica ser dizimado e os que sobraram fugiram para outras regiões pela escassez de água causada pelo aumento da nossa população e falta de previdência para ampliar a captação de águas.

    A nossa triste lição não serviu para que os dirigentes “modernos” se preocupassem com a gestão em benefício do seu povo.

    Não serviram também novas tecnologias de previsão de chuvas, cálculos modernos para saber a relação captação / armazenagem / consumo / colapso.

    Outras tecnologias ajudarão. Poderão migrar para regiões onde seus adversários construíram milhares de cisternas e fizeram a captação de águas de fontes distantes percorrendo mais de 700 km de dutos e canais.

  14. Próximo capítulo : A

    Próximo capítulo : A Privatização D’Água.

    O discurso a seguir é que, se a administração e distribuição dos recursos hídricos estivessem na mao da competente iniciativa privada, nada disso estaria acontecendo. Acompanhado, é lógico, do imortal argumento de que o governo não tem dinheiro para investir no que precisa ser feito e que os parcos recursos que tem precisam ser direcionados para outras finalidades.

    Pior é que os projetos de iniciativa público-privadas, aqueles que o Haddad tornou lei, cabem como uma luva para a captação, tratamento e distribuição da água.  

    1. Privatização da água

      Até aqui eu acreditava em falta de planejamento por parte do governo, mas se houve alguma estratégia proposital de desinvestir para privatizar então teria sido gravíssimo. A estratégia tem precedentes porque muitas empresas públicas deixaram de investir no passado para facilitar a privatização. Vamos acompanhar os próximos passos do governo Alckmin para ver se coincidem com esta sua suspeita, espero que não haja tamanho maquiavelismo.

      1. “estratégia tem precedentes

        “estratégia tem precedentes porque muitas empresas públicas deixaram de investir no passado para facilitar a privatização”:

        A estrategia tem tambem provas muito concretas:  4 anos de propagandas da Sabesp no Brasil inteirinho.

  15. Ex-presidente do Comitê PCJ opina

    Cláudio Di Mauro que foi presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica Piracicaba, Capivari e Jundiaí e que em 2004 discutiu a outorga do Sistema Cantareira, emitiu sua opinião na sua página no Facebook:

    “O “volume morto” dos reservatórios no Sistema Cantareira
    E eles querem dizer que a água é de boa qualidade. O “volume morto”, como eles chamam é aquele que ficou no fundo (talvegue) fluvial e da represa. Lá se acumularam todos os tipos de impurezas. Eles dizem que os exames laboratoriais das águas demonstram que ela poderá ser potável. 
    Claro, até o esgoto poderá ser transformado em água potável. 
    Quem quer ? Talvez tenham que em pouco tempo reaproveitar os esgotos da água que poluíram na Região Metropolitana de São Paulo.
    Outro ponto é a coleta e elaboração de exames laboratoriais do material sedimentar e especialmente “orgânico” que está depositado no fundo das represas. Afinal, as represas são os níveis de base. Tudo o que é sujo foi levado para lá. Estão engabelando a população com discursos fáceis. Como se tivesse aumentado de 8% para 26% o volume das disponibilidades hídricas. Não informam que essa água nunca foi considera por causa de sua baixa qualidade. São uns embusteiros”

  16. Errata

    Nassif,

    Houve inversão de uma palavra na sua transcrição. O correto seria dizer que “o Brasil exporta soluções na área de recursos hídricos” (ver aos 2min 25s), e não como transcrito “… o Brasil é hoje o país que mais importa (sic) soluções…”.

  17. Especialista da Ana tirando o

    Especialista da Ana tirando o dele da reta, assim como a Denise Abreu que quando presidiu a “ANARC”,  nos episódios de triste memória da crise área, dizia que aculpa era do caso Varig e VarigLog. Essas agências reguladoras não agem em nome do interesse público mas em defesa de interesses privados das grandes empresas. Esses especialistas são piada. Será que são tucanos?

  18. Por que São Pedro sozinho não

    Por que São Pedro sozinho não vai tirar São Paulo da seca
    Com o passar dos dias e a intensificação da estiagem histórica na Cantareira, fica cada vez mais cristalino que tem algo fora do eixo na gestão da água do Estado de São Paulo
    Vanessa Barbosa
    EXAME.com – 10/04/2014
    Bert Kaufmann/Creative Commons

    É fato que São Pedro não tem sido lá muito amigo dos paulistas nestes primeiros meses de 2014. Desde dezembro, o Estado de São Paulo vive sua pior estiagem em mais de 80 anos. Agora, acender vela para que o apóstolo abra as portas do céu e faça a água cair sobre as represas sedentas não é a solução mais racional. 

    Aqui em terra, a preservação e proteção desse recurso é responsabilidade de todos, mas sua correta gestão recai, principalmente, sobre o poder público. 

    Caprichos da natureza não são suficientes para justificar que o Estado com o maior PIB do país e lar de 10% da população brasileira esteja à beira de um colapso d´água. 

    Com o passar das semanas e o aprofundamento do drama da Cantareira, que atingiu seu pior nível ontem, de 12,5%, fica cada vez mais cristalino que tem alguma coisa errada na gestão da água paulista. 

    A suspeita é reforçada pela recente admissão pela Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) de que existe, sim, risco de ocorrer rodízio de água, caso os níveis dos reservatórios da companhia no Estado de São Paulo não sejam reestabelecidos. 

    Essa informação não consta em algum relatório recente feito na esteira da crise paulista, mas no relatório de sustentabilidade de 2013 da empresa divulgado esta semana. 

    Até aí tudo bem, não fosse pelo fato da afirmação ir de encontro à negativa repetida a exaustão ao longo das últimas semanas pelo governo de Geraldo Alckmin de que “São Paulo não terá racionamento de água”. 

    AFINAL, QUEM TEM RAZÃO? 
    Faz pelo menos quatro anos que o Estado de São Paulo está a par dos riscos de desabastecimento de água na Região Metropolitana. 

    Em dezembro de 2009, o relatório final do Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, feito pela Fundação de Apoio à USP, não só alertou para a vulnerabilidade do sistema Cantareira como sugeriu medidas cabíveis a serem tomadas pela Sabesp a fim de garantir uma melhor gestão da água. 

    O estudo afirmava que o sistema da Cantareira tinha “déficits de grande magnitude”. Entre as recomendações feitas pelo relatório estavam a instauração de processos de monitoramento de chuvas e vazões do reservatório e implementação de postos pluviométricos. 

    Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o promotor Rodrigo Sanches Garcia, do Grupo Especial de Defesa do Meio Ambiente, afirmou que a Sabesp já tinha conhecimento sobre a necessidade de melhorias há mais tempo. 

    “Na outorga de 2004, uma das condicionantes era que a Sabesp tivesse um plano de diminuição de dependência do Cantareira. O grande problema foi a demora de planejamento”, contou. 

    INVESTIGAÇÃO 
    O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) vai instaurar, ainda nesta semana, um inquérito civil para esclarecer a crise no Sistema Cantareira. 

    Além de considerar a falta de chuvas sobre as bacias hidrográficas que alimentam a Cantareira nos primeiros meses do ano, o inquérito vai apurar informações sobre a possibilidade de erros de gestão da Sabesp. 

    À frente do inquérito está o 1º Promotor de Justiça do Meio Ambiente da capital, José Eduardo Ismael Lutti. 

    Referência em matéria de direito ambiental, o promotor já fez críticas públicas à possíveis falhas dos órgãos competentes pelo abastecimento de água e ao próprio governo Alckmin. 

    “Temos o pior sistema de gestão de recursos hídricos que se pode imaginar”, afirmou durante evento em São Paulo, em março, numa crítica direta a possíveis intervenções políticas. 

    “Político não serve para ser gestor onde o conhecimento técnico tem que imperar. Nosso sistema de abastecimento está no limite há no mínimo quatro anos, e o que foi feito para evitar o colapso?”, questionou. 

    Segundo Lutti, a recusa por parte do governo em falar em racionamento tem conotações políticas claras, já que estamos em pleno ano eleitoral. 

    AÇÕES DE EMERGÊNCIA 
    Com a crise instalada, entraram em cena algumas medidas de emergência na tentativa de amenizar o problema. 

    De saída, a Sabesp ofereceu desconto de até 30% na conta para quem economizasse água. Com a adesão popular e controle dos desperdícios, a medida já economizou volume suficiente para abastecer uma cidade do tamanho de Curitiba. 

    Outra medida, essa menos popular por várias razões, foi a tentativa de provocar chuva artificial, um processo chamado de semeadura de nuvens, ao custo de R$ 4,5 milhões. 

    Especialistas em meteorologia olham com reservas a técnica, que é alvo de controvérsias, por sua eficácia e possíveis efeitos indesejados no meio ambiente. 

    Já que não chove nas represas, a investida mais radical será recorrer a obras para retirada do chamado volume morto, um reservatório que está abaixo do nível alcançado hoje pelo sistema de captação. 

    Mas mesmo essa água extra tem limite, dá para garantir líquido extra na torneira por cerca de quatro meses. 

    Outra alternativa, que depende menos do estado e mais da disposição dos vizinhos, é a proposta de construir um canal para retirar água da bacia do Rio Paraíba do Sul, que abastece o Rio de Janeiro. 

    É polêmica. Para especialistas da área, retirar água do Paraíba do Sul pode antecipar um colapso de abastecimento para o povo fluminense. 

    Agora que a crise já está instalada, começam a sair do papel projetos antigos que podem proteger a cidade de futuros colapsos. 

    É o caso da construção de um novo reservatório de água, em Ibiúna, fruto de parceria público-privada, prevista para ser concluída em 2018. 

    A NATUREZA FALA, MAS QUEM ESCUTA? 
    Todas essas ações tomadas quando a crise já está instalada mostram que a solução vai muito além da boa vontade de São Pedro. 

    A natureza fala e os sinais são claros. Mas estamos dando a devida atenção? O colapso do sistema da Cantareira é uma tragédia anunciada há tempos. 

    Verões mais intensos e com padrões de chuvas alterados são sinais de mudanças no padrão climático. 

    O verão de 2014 foi o mais quente de São Paulo em 71 anos. 

    Além dos termômetros em alta recorde, o verão também trouxe tempo seco sem precedente e a falta de chuva, que levaram as principais represas à situação de estresse hídrico. 

    Não há estudo que mostre a relação direta entre o aquecimento do planeta e as altas temperaturas registradas por aqui. 

    No entanto, com a tendência de aquecimento dos últimos anos, verificados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPPC), os extremos climáticos tornam-se mais comuns. 

    ESCOLHAS 
    Em agosto de 2014, a outorga do Sistema Cantareira deverá ser renovada. Na ocasião, o governo paulista vai alterar dispositivos, ao menos é isso que se espera. Vai decidir quanto de água o sistema poderá prover por dia, que regiões serão abastecidas, e com que prioridade. 

    “Se a decisão for baseada em critérios técnicos, a vazão total deveria ser reduzida”, escreveu o biólogo Fernando Reinach, em coluna no jornal Estado de S. Paulo. 

    “No futuro, teremos mais anos com pouca chuva e mais anos com um grande excesso de chuvas. Para garantir o suprimento de água nos anos secos, os reservatórios deveriam ser administrados com uma folga maior. Menos água pode ser retirada, e os níveis médios devem ser mantidos mais altos”, diz. 

    Em carta, publicada no site da Agência Nacional de Águas, a Sabesp pede a renovação da outorga do sistema Cantareira. 

    O documento de 43 páginas não menciona a redução da captação de água, apenas reitera que um estudo para diminuir a dependência do sistema Cantareira será apresentado, dentro de 30 dias após contrato firmado. 

    Caberá ao governo decidir quanto de água poderá sair. 

    Se seguir o pensamento técnico e determinar a redução da captação diária, não sobrará outra alternativa à Sabesp ou outras empresas candidatas que não implementar de imediato novas soluções. 

    Se tudo permanecer do jeito que está, só vai restar acender vela para São Pedro, mesmo.

    http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/sao-pedro-sozinho-nao-vai-tirar-sao-paulo-seca-779403.shtml?func=2

    1. obrigado

      puxa, muito obrigado pelo histórico. Deu para ter uma nocão mais ambrangente do problema. Pensei que o problema fosse climatico mas tem muita coisa correndo a muitos anos.  Valeu mesmo!

  19. Despenca as ações da Sabesp, mas o PIG fica bem caladinho

    Blog do Zé Dirceu: Ações da Sabesp despencam, mídia fica quietinha

    publicado em 26 de janeiro de 2015 às 19:52

    sabesp - foto

    Ações da SABESP despencam. E a nossa mídia fica quietinha…

    por 

    Impressionam, como sempre – apesar de nada mudar nesse campo!!! – os dois pesos e duas medidas da nossa velha mídia. Quando se trata de queda das ações da Petrobras, manchetes, o foguetório e a torcida contra a estatal que já conhecemos… Mas, quando é a vez da SABESP, uma discrição total e absoluta. Nesse último caso o silêncio é ensurdecedor!

    Hoje, porém, no Valor, o assunto teve de vir à tona. Na 6ª feira passada, a desvalorização das ações na estatal paulista chegou a 12%, representando a maior queda em um único dia, desde outubro de 2008. Foi também a maior baixa do Ibovespa naquele dia.Manchete de 1ª página de todos os jornalões, como fazem com a queda das ações da Petrobras? Nenhuma.

    Para vocês terem uma ideia de a quantas andam as ações da SABESP, em um ano elas caíram 42% e apenas nos primeiros 23 dias deste janeiro desvalorizaram 21%. A situação, definitivamente, não está para peixe na empresa mista de abastecimento de água do Estado, que os governos tucanos privatizaram parcialmente disponibilizando suas ações em bolsa.

    Outra empresa que está sofrendo desvalorização é a COPASA de Minas que registrou perda de 15%, após o alerta mais do que necessário do governo Fernando Pimentel sobre a necessidade do racionamento a partir de abril. Postura transparente, clara para com a população mineira, , aliás, completamente oposta ao que vemos em São Paulo.

    Como anunciaram os dirigentes da estatal mineira de água, na última semana (leiam mais), o Reservatório Serra Azul está operando com cerca de 5% já no volume morto. Obra e mérito de 12 anos de tucanato no poder em Minas, ao longo dos governos Aécio Neves (2002-2010) e Antônio Anastasia (2011-2014).

    Mas, parece não ser muito importante para a nossa mídia aquilo que os governos tucanos deixaram de fazer em Minas ou em São Paulo, tampouco a queda das ações que são fruto direto da inoperância e má gestão deles. O que importa para a nossa mídia são as ações da Petrobras e, se possível, alastrar o pânico geral para que elas caiam um pouco mais.

  20. Mano, na boa… Eu ia chamar

    Mano, na boa… Eu ia chamar o rodízio da Sabesp de roleta russa, mas então lembrei que na Rússia tem água. Ha, ha, ha…

  21. Quanto inverte não vira notícia.

    ARGENTINA IMPORTA ENERGIA DO BRASIL. IMPRENSA IGNORA

    Assim como fez o Brasil na semana passada, que importou 165 MW médios de energia elétrica do país vizinho, a Argentina importou ontem do sistema brasileiro 200 MW médios, de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS); o fato, no entanto, não foi noticiado por nenhum veículo da imprensa; é comum que sistemas interligados de países vizinhos importem e exportem energia de acordo com demandas temporárias de cada um, mas apenas por aqui, e só quando o Brasil importa, o fato vira manchete, como na última quarta-feira 21, após o blecaute que atingiu 11 estados e o Distrito Federal.

  22. Planejar é precipuamente

    Planejar é precipuamente antecipar cenários; mais essencialmente ainda, vislumbrar não o impossível, mas o ponderável de cunho negativo e até catastrófico. 

    Engenheiros, técnicos, especialistas, PhDs podem arranjarem mil e uma explicações para o que ocorre em São Paulo atinente a água. Entretanto, estarão apenas avaliando ou lamentando fatores ou variáveis que deveriam estar contemplados em qualquer plano de governo.

    Sim, desde 1931 a região não passara por índices pluviométricos tão desfavoráveis. E daí? Era impossível tal situação eclodir? Tanto era que eclodiu. 

    Não há insumo mais importante, porque vital, para a sociedade que a água. Isso é elementar. Por que agora a supresa? 

    Mas não é apenas só aos últimos governos(no caso de São Paulo) que deve ser apresentada a fatura pela desídia. Estes foram, sem dúvidas, os maiores vilões. Mas também podem ser arrolados o governo federal, a sociedade civil organizada e em especial a imprensa. 

  23. Um novo paradigma para o abastecimento de água.

    O caso de São Paulo talvez crie um novo paradigma para o sistema de abbastecimento de água para megametrópolis, e talvez os nossos especialistas em planejamento de recursos hídricos (existem especialistas exatamente no assunto) deveriam trocar o seu paradigma de dimensionamento de sistemas de abastecimento de água, vamos lá explicar o proquê.

    Quando se dimensiona um vertedor (vertedor é uma estrutura que permite passar o excesso de água em um barramento quando a sua vazão excede a vazão de utilização e o reservatório está cheio) de uma barragem se utiliza um critério dimensionamento da forma que nunca este vertedor fique subdimensionado, ou seja, por processos estatísticos determina-se a vazão máxima provável que pode ocorrer no trecho de rio em que está a barragem. Para fazer isto por muito tempo utilizou-se o que se chama a vazão decamilenar (hoje se utiliza outros nomes), que é uma abstração teórica obtida através da extrapolação de uma lei estatística pré-definida determinada pelos registros de vazões medidas. Quanto mais longos forem os registros de dados mais próximos de uma avaliação mais correta desta teórica cheia decamilenar. Ou seja a probabilidade de ocorrência de um evento de cheia igual ou maior do que da vazão decamilenar é de 1 evento a cada 10.000 anos (estatisticamente falando)

    Em resumo, os vertedores são dimensionados de forma que a vazão que passa sobre este tenha uma probabilidad mínima (aproximadamente zero). Isto é necessário, pois 1/3 das barragens rompem por vertedores sub-demensionados. e o rompimento de uma barragem deve ser evitado, pois eles levam a perda de vidas humanas que podem começar com meia dúzia de pessoas até centenas de milhares.

    A ANA ou a ANAEL exigem este tipo de dimensionamento para qualquer barramento que se tenha no Brasil, não importa se ele for Itaipu ou uma pequena barragem em que o risco de comprometimento de vidas humanas seja mínimo.

    Agora vamos noutra direção, o abastecimento de uma cidade como São Paulo, para determinar o volume das barragens se utiliza uma série relativamente longa de vazões 50 ou 70 anos, isto quer dizer que estatisticamente falando, se a série se mantiver estacionária que a probabilidade de ocorrer uma seca igual ou maior do que a já ocorrida nos próximos 50 ou 70 anos é de 50%.

    Agora o que implica um desabastecimento de uma cidade como São Paulo? Provavelmente a degradação das condições sanitárias de alguns milhões de pessoa e dentro desta degradação pelo menos aumentará um pouco o índice de morbidade por doenças de vinculação hídrica ou mesmo pela a degradação da qualidade.

    Fazendo uma mera especulação, que em dois ou três milhões de pessoas o desabastecimento provoque a morte de uma só pessoa! A hipótese altamente provável, no caso do dimensionamento de qualquer outra estrutura hidráulica, levaria ao estudo de uma solução com período de recorrência de 10.000 anos!

    A garantia de uma rede de reservatórios para garantir períodos de recorrência tão grave como o citado é totalmente inviável sob o ponto de vista econômico, porém aí vem outra ação que deveria ser prevista com antecedência e colocado no escopo do projeto, planos de emergência e de contingenciamento do uso da água. Quer dizer, no planejamento e operação de uma obra que envolvesse uma situação como esta, deveria ser estudada a priori uma forma de garantir que a qualidade de vida não degradasse ao ponto de criar risco à população.

    Procurando resumir, é possível firmar as seguintes observações:

    1) Se algo é dimensionado para um período médio de tempo de variabilidade climática natural, nada indica que não haverá no mesmo futuro período situações mais extremas e piores do que já ocorreu.

    2) Se o dimensionamento foi feito dentro do critério acima, é de se prever que poderá haver no futuro situações piores do que a prevista da forma anterior.

    3) Se estas situações ocorrerem dentro do próximo período e estas situações envolverem a perda de vidas humanas, algo deverá ser feito em termos técnicos para fornecendo aos usuários uma mínima condição de abastecimento se evite a perda de vidas.

    Ou seja, mais uma vez a boa engenharia não foi seguida por ignorância dos gestores do sistema em entender o que é um problema de escala (faltar água para uma comunidade de 10.000 habitantes não é o mesmo do que faltar água para uma comunidade de 10.000.000 de habitantes.

  24. Matéria falta atualizar mais….

    “…o estado de São Paulo poderia ter tomado medidas simples de controle já no início do ano de 2014”

    Hein? A campanha da Sabesp de economia de água é de 27 de fevereiro….. de 2014!!!

  25. O valor das ações da SABESP

    O valor das ações da SABESP despenca. O lucro da empresa vai cair, não tem jeito, porque medidas para reduzir o consumo serão tomadas. O valor da empresa vai despencar e vão fazer com ela a mesma coisa que tentaram com a PetrobraX: vender a preço banana madura na xepa.  Mas o caso da AES Eletropaulo está pra demonstrar que esta conversa mole de que entregar empresas estatais para a iniciativa privada melhora seu funcionamento é só isso, conversa mole pra boi dormir! Enfim, faz 20 anos que uma parte dos paulistas assina cheques em branco para o PSDB fazer o que bem entende. Deu nisso.

    http://www.youtube.com/watch?v=5PXQ1P0C0PQ

  26. Impeachment de Alckmin e protestos contra os cartéis de mídia.

    Todos, mídia e Alckmin , Serra, deputados, secretários e diretores da Sabesp, bem como parte do judiciârio que simplesmente nada cobrou, deveriam ser presos por esse crime.

    Todos sabiam, todos tinham os dados e diretrizes que os governos do PSDB deveriam ter executado investindo sistema hidrico. Todos sabiam desde 2001 que este terrivel racionamento  aconteceria se nada fosse feito ao longo desses  quinze anos de contínuo governos do PSDB.

     

    Cade os protestos pedindo Impeachment de Ackmim e Serra? Cade a turba enfurecida protestando nas portas das empresas de mídia  Globo, Band, SBT,Tv Cultura, Record, Gazeta, jornais Folha de SP, Estado de SP, revistas Veja/Abril  e demais comparsas desse crime de deixar milhões de pessoas, empresas, jndustrias, hospitais, sem água em Sao Paulo?

     

  27. o Estado mais mal preparado é SP

    Vejo nestes ultimos dias, a grande midia se esforçando para ampliar para outros estados a crise hídrica, em uma estrategia de dividir o problema, passando uma ideia que o problema é generalizado. Sim, no momento a seca realmente vai prejudica a todos do sudeste, mas o Estado mais mal preparado é SP, pois já faz quase um ano que seus reservatórios atigiram o volume morto. Então o que podemos concluir é que temos governos mais incompetentes que outros, e seus modelos de administração publicas são tambem uns piores que os outros, e no caso do serviço publico de abastecimento de água é melhor que fique público, sem tirar o foco do cliente, a população, e não ao lucro dos acionistas.

  28. Anomalias de Chuva

    O NEGÓCIO DA ÁGUA – A verdade é bem mais deprimente do que o consumidor está entendendo. Sou PhD em Solos nos EUA e garanto que o solo é o maior filtro de água da natureza. Houve uma manipulação generalizada incorreta para forçarem as pessoas à não utilizarem a água de alta qualidade debaixo delas no solo, muito abundante e pura principalmente nas baixadas. A poluição desta água é muito rara e ocorreria somente perto de indústrias poluentes. Esta água pura está sendo usada para diluir a água poluída dos rios se combinando com esgotos e enxurrada urbana. Talvez até uns 30% dos residentes urbanos poderiam estar usando água que está debaixo delas. O negócio da água e as leis forçaram o consumidor a consumir uma água comercial que já não está tão disponível devido ao aumento do consumo e irregularidades das chuvas. O governo colocou leis que forçam o consumidor a consumir água comercial em vez de utilizar a água debaixo delas. 

  29. A partir de abril saberemos o

    A partir de abril saberemos o quanto esta estação chuvosa atenua os efeitos acumulativos das estiagens prolongadas. Estudei no meu PhD em solos nos EUA os padrões de anomalias das chuvas no Brasil. Garanto a vocês que nem o governo e nem os cientistas ainda estão sabendo da tamanha complicação que vem pela frente. Mas, não sabemos como será o comportamento da próxima estação chuvosa em 2016. Há soluções para atenuar o problema mas falta entendimento no assunto e decisão política sábia! Boa parte da água que chove está sendo usada para recompor o défice hídrico do solo e não vai aparece significativamente nos reservatórios.  Os solos são cerca de 50% do volume é poroso e ocupados por água e ar. O armazenamento no solo é maior e não evapora facilmente, mas também não flui como eles gostariam. Eu estava estudando as anomalias de chuva mas parece que o assunto era irrelevante para o governo, e até me demitiram . ..eu era concursado ‘anomaliachuva’!

    Tem mais um agravante para complicar a vida dos brasileiros que estão ficando sem água nas cidades. Veja o vídeo no youtube ‘572 HD Tubarc – Falta d’água?’ se todos quiserem tentar pegar a água debaixo deles, não vai haver facilidade nem pessoal e nem equipamento devido à alta demanda. Poucos vão conseguir porque este processo leva algum tempo pela escassez  de bombas, canos, depósitos, etc. O ideal seria as pessoas se unirem na vizinhança e dividirem a água que conseguirem até que no futuro todos possam ter o seu próprio poço e bomba. Aquelas pessoas que moram em frente a esta mina de água vão conseguir água entre 1 e 2 metros de profundidade. Estas medidas são importantes para reduzir a pressão na demanda de água no sistema de abastecimento. Eu estava estudando as anomalias climáticas de chuva mas parece que o assunto era irrelevante para o governo, e até me demitiram . ..eu era concursado ‘anomaliachuva’!

     

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