Desconhecimento popular sobre água é problema a ser enfrentado, diz ONG

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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rios

RiosArquivo/Agência Brasil

Neste sábado (22), dia em que se comemora o Dia Mundial da Água (22), é importante lembrar que um dos principais problemas que o Brasil precisa enfrentar é a falta de conhecimento da população sobre a realidade dos recursos hídricos no país, afirma o coordenador do Programa Água para a Vida da organização não governamental (ONG) WWF-Brasil, Glauco Kimura de Freitas.

Para ele, a população está muito distante do tema água, que só chama a atenção quando há uma crise instalada. “As pessoas não procuram se informar de onde vem a água que consomem e o que podem fazer para garantir o abastecimento, há um desconhecimento geral. Os governantes têm sua culpa, as empresas e a mídia, também, e essa falta de esclarecimento reflete no cidadão.”

Kimura cita a pesquisa que o WWF faz a cada cinco anos sobre a percepção dos brasileiros sobre a água. Na última, em 2012, mais de 80% dos entrevistados nunca tinham ouvido falar da ANA[Agência Nacional de Águas], que é o órgão regulador dos recursos hídricos. “Há consciência sobre como economizar e de que pode faltar água. Mais de 70% das pessoas sabem dos problemas, mas o desconhecimento ainda é grande”, disse o especialista.

Outro problema é a má governança dos recursos hídricos, acrescenta Kimura. “É muito difícil dizer se vamos conseguir, ou não, suprir nossas demandas e é grande a chance de termos problemas no futuro com a gestão que tem sido feita”, disse ele, destacando que o Brasil está muito bem em termos de leis, como, por exemplo, a Política Nacional de Recursos Hídricos , o Conselho Nacional de Recursos Hídricos e os comitês de bacias hidrográficas, mas que não estão sendo implementados e fiscalizados como deveria.

“Fizemos a lição de casa até um certo ponto e precisamos mudar essa trajetória, fugir das consequências desse cenário que as Nações Unidas [ONU] projetam. Temos um arcabouço legal, bons modelos, mas a vontade política para fazer algo consistente está muito baixa, não só no âmbito federal, mas nos estados e municípios também”, destaca o coordenador do Programa Água para a Vida.

Relatório de Desenvolvimento Mundial da Água 2014 , de autoria da ONU-Água, prevê que, em 2030, a população global necessitará de 35% a mais de alimento, 40% a mais de água e 50% a mais de energia.

“O tema água esta abaixo das prioridades. A ANA é um órgão técnico de excelência, mas os governos locais não dão conta de implementar os instrumentos que já existem, a sociedade não cobra, e as empresas só se mexem quando têm que cumprir a lei”, argumenta Kimura.

De acordo com ele, o terceiro gargalo na gestão dos recursos hídricos é o mau uso da terra. “As cidades vão crescendo, ficam dependendo de reservatórios, a maioria poluídos, e ocupando áreas de nascentes, que são os ovos de ouro da galinha. O planejamento urbano tem que ser levado muito a sério, e o setor de recursos hídricos precisa estar inserido.”

Para Kimura, na área rural, também há uma tendência de agravamento do problema com a flexibilização do Código Florestal , aprovado em 2012. Para ele, a diminuição das Áreas de Preservação Permanente (APPs), que agora levam em conta o tamanho da propriedade, coloca em risco os mananciais de água.

Política Nacional de Irrigação, instituída no ano passado, também pode constituir um problema para o especialista do WWF, já que o crédito financeiro e as outorgas para captação de água vão aumentar.  “É como uma poupança: estamos dando cada vez mais senhas para acessar a nossa caderneta, mas ninguém põe dinheiro lá. Então, temos que ter um trabalho sério de proteção das nascentes e área de recarga de aquífero”, destaca Kimura, explicando que existem áreas de terra mais permeáveis que outras que precisam ter uma cobertura florestal em cima e que, por desconhecimento das pessoas, são pavimentadas ou assoreadas.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

6 Comentários

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  1. Nassif
    Graças a governos

    Nassif

    Graças a governos incompetentes, um dia padeceremos desse recurso essencial para a vida no planeta…..

    No Brasil, 40% de toda água potável é perdida antes de chegar na torneira….

    E Não existe um programa de educação voltada para evitar isso.

    Com certeza a natureza já esta se vingando, pois chove muito onde não precisa…..

    Abração

  2. O barato é viver o momento. O

    O barato é viver o momento. O futuro que se exploda.

    O importante é o aqui e agora.

    Essa é uma das ideologias atuais.

    somadas à nossa brasileiríssima lei de Gérson…

    Qual o resultado que se pode esperar?

    Se há intolerância entre os homens, quanto mais em relação ao homem e à natureza.

    Falência do modelo.

  3. Agenda da água com viés alienígena

    Pegar uma estiagem casual e pouco provável e tentar vender uma agenda internacional parece ser a solução destes propagandistas alienígenas, que estão pelo visto, sem grana, sem criatividade e sem gancho para produzir uma campanha local.

    No planeta, a agenda da água e em especial no oriente médio faz muito sentido, assim o medo que se incute na população atende aos interesses subreptícios que se escondem por trás dela, aqui no Brasil e em especial no sudeste, onde uma mísera bomba d´água consegue acabar com a “crise” soa estranho este bombardeio de idéias e propagandas engajadas martelando na mídia financista.

    Este pessoal da agenda mundial não têm senso de ridículo e deve pensar que todo brasileiro é retardado como eles.

  4. Razões a buscar

    1 – porque razões governos estaduais venderam a estrangeiros participações no capital das companhias de água?

    Para saber qual a participação estrangeira no capital da Copasa, clique em

    http://www.copasa.com.br/ri/

    Ah, e quanto a “esgoto”,  a Copasa tinha garantido que

    até 2014 100% dos municipios mineiros teriam esgoto tratado…

    Sanepar: governo do Paraná, 60%. E o maior acionista minoritário é o grupo francês Dominó.

    http://www.terra.com.br/istoedinheiro-temp/edicoes/526/artigo64428-1.htm

    Por acaso, capitalistas estrangeiros querem que brasileiro tenha boa água durante todo ano ou querem mesmo é grana?

    2 – Já tem quem julgue que é factível controlar onde a chuva cai, 

    http://ciencia.hsw.uol.com.br/semeando-nuvens1.htm

    não obstante choverem críticas a tais projetos.

  5. Mário Mendonça

    “No Brasil, 40% de toda água potável é perdida antes de chegar na torneira….” eu ia fazer um comentário sobre esse desperdício de água pelos brasileiros, menos os Nordestinos do campo é claro,  principalmente nas grandes e médias cidades..quantas vezes não vemos pessoas lavando os pesseios com mangueiras, lavando seus carros nas suas garagens e enquanto passam o sabão deixam as manguerias jorrando água? dia desses vi uma senhora em plena seca de SAMPA fazendo esse gesto..temos muita água no País mas com esse desperdício aliado à exportação desse líquido precioso pelo agronegócio, só como exemplo, um pé de eucalipto bebe 30 litros de água por dia, nos leva e temer pelo futuro nessa questão..outro problema foi a privatização da água pelos Estados e maioria das Prefeituras, ela virou uma mercadoria para dar lucro às empresas e não aos cidadãos.. e olha que nem falei do assoreamento e contaminação dos rios e manaciais..

     

  6. Falta de imaginação

    Eu sempre imaginei que um dia São Paulo iria virar tragédia ambiental.

    Só não imaginei que esse dia fosse hoje…!

    Os governos – todos – gastam bilhões em comunicação para percebermos que não informam nada.

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