Economia que sustentou Lula e Dilma bateu no teto, diz Stédile

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Enviado por Assis Ribeiro

Da Carta Maior

Stédile: “o neodesenvolvimentismo chegou ao seu limite”
 

“A reforma agrária fixa o homem no campo e desfaveliza o país.” É a ideia central, hoje, do discurso que, com perseverança, põe em prática há 35 anos, o fundador e uma das lideranças mais expressivas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o economista gaúcho João Pedro Stédile, de 61 anos. Carismático, um dos pensadores de raiz marxista e dos ativistas de esquerda mais importantes do país, Stédile não hesita em dizer: “Perdeu-se a oportunidade histórica de fazer a chamada reforma agrária clássica no Brasil.” Para ele, o importante agora é a luta resultante da aliança entre os trabalhadores do campo e os da cidade – os que farão a reforma agrária popular. E acrescenta: “A cidade grande é o inferno em vida para o camponês, pois sobra para ele a favela e a superexploração.”


Gaúcho nascido na cidade de Lagoa Vermelha, região de agropecuária do nordeste do Rio Grande do Sul, nesta entrevista exclusiva a Carta Maior João Pedro relembra três datas seminais do MST, 17 de abril: o Dia Nacional da Luta pela Reforma Agrária, o Dia Mundial da  Luta Campesina e os 18 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, no sul do Pará, quando 1500 trabalhadores rurais foram brutalmente agredidos pela Polícia Militar do estado e 18 trabalhadores foram por ela assassinados. Privatizações de terras, de acesso aos minérios – do subsolo do país -, de águas, fontes naturais, lençóis freáticos, e até do ar da Amazônia estão na pauta da nossa conversa assim como o tema do agronegócio: “A mídia é a arma para protegê-lo e aos seus lucros,” lembra o líder do MST.

Carta Maior: Quais as mudanças nas ações do MST a partir deste ano?

Stédile: A reflexão coletiva no MST e na Via Campesina Brasil é a de que, no passado, estava posto um programa de reforma agrária que visava resolver o problema de terra de trabalho, e ao mesmo tempo desenvolver as forças produtivas, o mercado interno para a indústria nacional e assim participava do processo de desenvolvimento nacional.

Esse tipo de reforma agrária ficou conhecido como reforma agrária clássica. Ele se realizava quando havia condições de uma aliança tácita entre os camponeses que precisavam de terra e a burguesia industrial, que precisava de mercado interno. No Brasil, chegamos mais próximo dessa possibilidade na crise da década de 60 quando o governo Goulart apresentou um projeto de reforma agrária clássica, que era também revolucionário para a época. Ele apresentou o projeto dia 13 de março e caiu dia 1 de abril. Mais tarde, esse programa poderia ainda ter sido implementado na redemocratização do país, no governo Tancredo, quando José Gomes da Silva, nosso maior especialista em reforma agrária clássica foi presidente do Incra. Ele preparou um plano que previa assentar 1,4 milhões de famílias em quatro anos. Apresentou ao Sarney dia 4 de outubro e caiu dia 13 de outubro de 85. Quando Lula chegou ao governo também imaginávamos que esse programa poderia ser retomado. Mas aí o contexto econômico e político já era outro. E a reforma agrária clássica ficou nas calendas.

CM: A reforma agrária clássica, então, não tem mais sentido aqui no Brasil? E o que é projetado no lugar dela para que se cumpra, enfim, a justiça social e econômica no campo?

Como eu disse: a reforma agrária clássica visava resolver a questão do trabalho no campo e o desenvolvimento industrial com mercado interno. Nos tempos atuais, o que hegemoniza o capitalismo é o capital financeiro e as empresas transnacionais que controlam o mercado mundial de alimentos. Para essa classe dominante não interessa mais reforma agrária, de nenhum tipo, pois eles não precisam de mercado interno, nem de camponeses, nem de indústria nacional. E por isso estão implementando um novo modelo de controle da produção agrícola pelo capital, que é o agronegócio.

O agronegócio representa os interesses apenas dos grandes proprietários de terra, do capital financeiro e das empresas transnacionais. Um modelo baseado na monocultura, em que cada fazenda se especializa num só produto como soja, cana, pastagens ou eucalipto. (No Brasil de agora, 80% de todas as terras se dedicam apenas a esses quatro cultivos.) Em lugar de usar mão-de-obra eles fazem uso intensivo de máquinas agrícolas e de venenos, ambos controlados pelas empresas transnacionais. Destroem o meio ambiente, pois o único objetivo é o lucro máximo. E estão completamente dependentes do capital financeiro, que adianta o crédito para que comprem os insumos das empresas transnacionais – e assim se fecha o ciclo.

Meia dúzia de empresas fica com o lucro, e o povo fica desempregado e com passivo ambiental, que já está afetando o clima até nas cidades. Por isso, não interessa mais reforma agrária clássica para a classe dominante atual. E ela está inviabilizada para os camponeses. Então, nós temos levantado a tese da necessidade de lutar por um novo tipo de reforma agrária que chamamos de reforma agrária popular.

CM: O que você chama de “reforma agrária popular”?

Diante dessa nova realidade agrária, com o domínio do capital internacional e financeiro, fizemos um intenso debate dentro do MST que envolveu toda nossa militância, nossa base, intelectuais e professores, amigos, durante dois anos. E terminamos com a realização do evento do VI Congresso Nacional há menos de dois meses, em fevereiro deste ano onde aprovamos essa formulação da necessidade de uma reforma agrária popular.

Reforma agrária popular porque agora ela precisa atender não só as necessidades dos camponeses sem terra, que precisam trabalhar. Mas as necessidades de todo o povo. E o povo precisa de alimentos, alimentos sadios, sem venenos, precisa de emprego, precisa de desenvolvimento da agroindústria, precisa de educação e cultura. Então, o nosso programa de reforma agrária de novo tipo, parte da necessidade de democratização da propriedade da terra, fixando limites, e propõe a reorganização da produção agrícola, priorizando a produção de alimentos sem venenos. Para isso precisamos adotar e universalizar uma nova matriz tecnológica que é a agroecologia. E foi isso que pedimos ao Silvio Tendler para mostrar em seu novo documentário, O veneno está na mesa 2.

Como é possível e necessária a matriz da agroecologia para produz alimentos sadios que beneficiam toda a população e evitam as enfermidades, sobretudo o câncer, provocado pelos alimentos contaminados por agrotóxicos. O Instituto Nacional do Câncer advertiu que, neste ano de 2014 teremos 526 mil novos casos de câncer entre os brasileiros. A maior parte deles de mama e de próstata. Precisamos uma reforma agrária que valorize a vida no interior, gerando emprego para jovens. E para isso propomos a implantação de milhares de pequenas agroindústrias na forma de cooperativas que vão dar emprego a milhões de jovens que precisam estudar. Propomos a democratização da educação para que todos tenham os  mesmos direitos e oportunidades sem sair do meio rural.

CM: Você tem denunciado que nesse modelo do agronegócio privatiza-se até o ar. Como é isso?

De fato, entre as características desse novo modelo do capital, é que este, agora mais poderoso, pois é dominado pelo capital financeiro e pelas empresas transnacionais, quando chega à agricultura, eprocura se apropriar de todos os recursos naturais para tirar lucro máximo.

Em períodos de crise capitalista no hemisfério norte, como o que estamos vivendo, essa necessidade deles aumenta, pois a apropriação privada dos recursos naturais, seja terra, minérios, água, energia elétrica, é fonte inesgotável de uma renda extraordinária, mais além da exploração do trabalho. Pois os recursos estão na natureza, e eles, ao se apropriarem desses recursos, colocam no mercado a preços bem acima do seu valor, medido pelo custo de produção.

Para isso, desde a implantação da hegemonia do neoliberalismo, foram impondo condicionamentos jurídicos, em todos os países do mundo, sob orientação dos Estados Unidos e dos organismos internacionais a seu serviço, como FMI, OMC, Banco Mundial, para garantir a propriedade privada de bens da natureza. Então, pela lei de patentes (aprovada em 1995), eles agora podem ser donos das sementes. Para isso fazem mudanças genéticas e dizem que é um novo ser vivo, transgênico, produzido em laboratório. Privatizaram as águas. Seja nos lençóis freáticos, seja nas fontes naturais. Privatizaram o acesso aos minérios.

CM: As riquezas do subsolo do país, propriedade da população e que deveriam estar a serviço do povo não escaparam desse processo de espoliação.

O Brasil concedeu, nos últimos anos, sob a gestão da velha Arena, que até hoje não largou a teta do Ministério de Minas e Energia, mais de oito mil licenças de mineração no nosso subsolo para empresas privadas que deveriam estar a serviço de todo povo. E agora, como você disse, estão tentando privatizar o oxigênio produzido pelas florestas nativas. Medem pelo GPS a quantidade de oxigênio produzido pelas florestas, emitem um documento que estabelece certo valor e isso se converte em dólares como crédito de carbono que é vendido na Europa para as empresas poluidoras se justificar e assim continuarem poluindo. Aqui, no Brasil, até a empresa Natura está praticando isso.

CM: Como agem as transnacionais dessa área no Brasil, hoje?

Para se ter uma ideia, por outro lado, em termos de valores,  da crise mundial de 2008 para cá entraram no Brasil mais de 200 bilhões de dólares que foram aplicados em recursos naturais. Somente no setor sucroalcoleiro, que era propriedade da tradicional burguesia nacional, agora apenas três empresas transnacionais (Cargill, ADM e Bungue) controlam mais de 50% de todo setor.

CM: Muito importante você enfatizar estes temas: mudança de parâmetros da agricultura no país e uma agricultura voltada para a produção de alimentos. Quais os novos parâmetros?

Nossa análise coletiva considera que a organização da produção de alimentos e dos produtos agrícolas tem que estar submetida a outros parâmetros. Os capitalistas, com seu modelo do agronegócio, fundam sua ação baseados apenas no paradigma da produção de mercadorias para o mercado mundial, na busca incessante do lucro máximo, do aumento da produtividade do trabalho e da produtividade física de cada palmo de terra.

Nós queremos reorganizá-la baseada em outros parâmetros. Baseados na história da civilização que sempre viu os alimentos como um bem – e não como mercadoria. Visão de que todos os seres humanos têm direito a se alimentar. Na produção agrícola em equilibro com a natureza, e não contra ela. E, sobretudo, organizando a produção para dê trabalho para as pessoas, para que  elas tenham renda e possam viver em boas condições e felizes, no interior, sem cair na ilusão de que somente serão felizes se vierem para a cidade grande. Cidade grande é o inferno em vida para o camponês. Pois sobra para ele apenas a favela e a superexploração.

CM: Mas e a bancada ruralista, com trânsito livre nos palácios de Brasília… e o agronegócio – não aceitam esses parâmetros…

Claro, eles são os porta-vozes da classe dominante. Os capitalistas, para manterem seus altos lucros no campo espoliam a natureza e expulsam o povo do interior e se protegem num estado burguês, que é o estado brasileiro. Protegem-se fazendo leis apenas para seus interesses, como fizeram nas mudanças do código florestal etc. Protegem-se com o seu poder judiciário que é o poder ainda monárquico, que inviabiliza as desapropriações para reforma agrária, que impede a legalização das terras indígenas e de quilombolas, que impede inclusive as desapropriações das fazendas com trabalho escravo, como determina a Constituição – mas que eles não cumprem.

E tudo isso é respaldado pela mídia televisiva, sobretudo a Globo, a Bandeirantes, SBT, que manipulam todos os dias o nosso povo para lhes dizer que o agronegócio é a única solução. Que o agronegócio é que sustenta o Brasil, quando é justamente o contrário. A mídia é a arma ideológica para proteger o agronegócio e seus lucros.

CM: Como se dará a mudança do foco das ações, deslocado para o urbano? Como é esta aliança do MST com as cidades?

O nosso programa de reforma agrária popular implica agora em envolver todo o povo, pois ela não interessa apenas aos sem-terra. E, portanto, temos que explicar ao povo, à classe trabalhadora que a reforma agrária é necessária para ele se alimentar melhor, de forma sadia, sem venenos. Que o programa de agroindústrias vai dar emprego, que universalizar a educação no interior vai gerar milhões de empregos para educadores etc.

Esta aliança vai se fazendo através da construção de uma consciência coletiva de todas as classes trabalhadoras. Por um plano de lutas conjunto que envolva a todos na luta por mudanças sociais. E, sobretudo, num programa político de mudanças para o país que unifica todos os setores da classe trabalhadora da cidade e do campo.

Tudo isso leva tempo, exige energias, mas é o caminho para construirmos verdadeiras mudanças na cidade e na agricultura. Para isso teremos que travar muitas batalhas, passar por muitos “pedágios” que a classe dominante vai nos impor.

CM: E as cidades? A cidade virou um grande negócio que alija os mais pobres cada vez mais para os seus confins. Mas como mudar isto?

Os territórios urbanos, as cidades e suas periferias também estão sendo vitimas desse modelo do grande capital que igualmente quer a renda extraordinária nas cidades, conquistada através da especulação sobre os preços dos prédios, dos terrenos, dos espaços urbanos. A diferença entre o valor real de uma casa, de uma praça, de um prédio, e o preço de mercado, que eles impõem, é que representa a renda da qual eles se apropriam e que toda sociedade acaba pagando.

Pior, os trabalhadores acabam sendo expulsos para as periferias de uma maneira permanente, e ali os transportes públicos não chegam. Ou foram privatizados. Ou são caríssimos. Por isso, a bandeira de luta de tarifa zero para os transportes públicos em todas as grandes cidades é mais do que justo e é necessária.

A par de tudo isso, como tem defendido nossa querida professora Ermínia Maricato, somente uma grande reforma urbana que devolva ao povo o direito de usar a sua cidade. As cidades foram usurpadas do povo, e agora pertencem apenas aos especuladores, aos bancos e à indústria automobilística.

CM: O mais recente governo do PT foi decepcionante?

Os governos Lula e Dilma não foram governos do PT, nem da classe trabalhadora. Foram governos de composição de classe, que gerou um programa de governo do neodesenvolvimentismo, que se propunha a fazer a economia crescer, distribuir renda e retomar o papel do estado suplantando o mercado (dos tempos do neoliberalismo). Nesse sentido eles cumpriram o programa, e nesse programa todas as classes ganharam um pouco, sendo que, como diz o próprio Lula, os banqueiros foram os que mais ganharam.

Mas esse programa e essa composição de classes, na opinião dos movimentos sociais, bateram no teto. E agora já não conseguem mais resolver os problemas fundamentais do povo que ainda padece com falta de moradia digna, emprego qualificado, acesso à universidade, e transporte público civilizado. As manifestações do ano passado foram o sinal de que o modelo do neodesenvolvimentismo chegou ao seu limite.

E como disse antes, espero que os setores organizados da classe trabalhadora construam um programa unitário de mudanças, e retomem a iniciativa das mobilizações de massa. Isso permitiria termos, no futuro, governos também populares, que possam fazer as mudanças estruturais de que precisamos. Por ora, os movimentos sociais de todo país construíram uma unidade em torno da necessidade de uma reforma política que devolva ao povo a soberania para escolher seus representantes.

Já que, no regime atual, as empresas sequestraram as eleições. Veja: segundo o TSE, em torno de 2262 empresas gastaram mais de 4,6 bilhões de reais, nas últimas duas eleições sendo que 80% desses recursos foram de apenas 117 empresas. Ou seja, o novo colégio eleitoral que decide quem deve ser eleito, são essas 117 empresas que usam o dinheiro para elegê-los. Isso precisa mudar, para salvar uma democracia frágil e capenga. Então, a necessidade urgente de uma reforma política. Para tanto, será necessário convocar uma assembléia constituinte soberana (na forma de ser eleita) exclusiva para essas mudanças.

CM: Mas a força do MST está intacta – ou não? Vinte mil trabalhadores foram protestar defronte do Planalto, dois meses atrás. Acabaram sendo recebidos pela Presidenta Dilma.

O MST é uma pequena parcela do conjunto das forças populares do povo brasileiro. Nós temos procurado nos manter unidos, resistindo à avalanche do capital e mantendo nossos projetos de mudança. Outros setores da classe, influenciados pela pequena burguesia ou pela mídia, foram derrotados em seus projetos. Levamos nossos 15 mil militantes ao VI Congresso, como um espaço de unidade e de celebração de nossa mística da mudança. Por isso, fomos recebidos pela Presidenta, e apresentamos nossas idéias, sem ilusões. As mudanças não vêm de palácios; vêm das ruas e de um povo consciente e organizado; sempre foi assim na historia da humanidade. E nós vamos seguir esse caminho.

CM: Esta semana, dia 17 de abril, mais uma vez é lembrada a data dos 18 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás, quando 1500 trabalhadores sem terra foram brutalmente agredidos pela Polícia Militar do Pará e 18 deles cruelmente assassinados por agentes daquela PM. Como está a situação do processo de punição dos policiais que participaram da ação criminosa? Como o MST está agindo sobre o assunto?

Nunca mais poderemos esquecer aquele  17 de abril de 1996, sendo presidente Fernando Henrique, quando a Polácia Militar do Pará, financiada pela empresa Vale, assassinou cruelmente 19 companheiros nossos. Posteriormente, outros dois vieram a falecer e há ainda até hoje 69 feridos, com sequelas graves.

O processo judicial se arrasta até os nossos dias. Apenas os dois comandantes foram condenados a mais de 200 anos de prisão. Porém apelaram, e estão em prisão domiciliar num quartel da PM de Belém, em apartamentos com todas as regalias de oficiais. Tradicionalmente, todos os anos repetimos, no mesmo local, um grande acampamento com a nossa juventude do MST da regional amazônica, para que os nossos jovens não se esqueçam, e ajudem a lutar por justiça e por reforma agrária.

Em todo Brasil vamos fazer manifestações, cultos ecumênicos, e protestar perante o poder judiciário, que protege descaradamente apenas os interesses dos ricos e fazendeiros do país. Entre as suas reformas estruturais, o Brasil precisa de uma reforma do judiciário que democratize e coloque esse poder sob controle da sociedade. Haja visto como se comporta o imperador Joaquim Barbosa, com suas estripulias, megalomanias e diárias em tempos de férias. Ainda bem que ele comprou um apartamento em Miami, e imagino que seu sonho é ir morar lá…

Em todo mundo, nos mais de cem países em que a Via Campesina está organizada haverá manifestações, pois esse dia 17 de abril foi declarado Dia Mundial da luta camponesa. E até aqui no Brasil, envergonhado, no último ano de seu governo, FHC assinou um decreto, declarando o dia 17 de abril, Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária. Então, nesse dia, é até legal você lutar pela reforma agrária.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

12 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. PERFEITO. O URBANISMO JÁ BATEU NO TETO.

    Todos brasileiros que se interessam pelo País e não pelo tal PIB, deveriam conhecer mais profundamente essa opinão extraordinária do Stedeli. Vivi um tempo onde a população rural possuia 60 a 70% da população e as cidades o restante. A fartura era imensa, a violência quase que inexistia, o mundo era muito melhor para se viver.

    Como o êxodo rural, temos aí, não só no Brasil, mas em grande parte do mundo, essa horrível prisão urbana!

    As cidades, hoje, não trazem vida digna a toda a população, inclusive à própria elite, que busca se enconder, em viagens, pelo exterior. Não é necessário dissertar a respeito do que hoje se transformou os´núcleos urbanos. Todos sabem. E todos sabem que daqui uns tempos, não haverá água suficiente para a população, em virtude da agricultura predadora. E que não haverá, como já está acontecendo, condições para neles se viver. A cidade está se tornando um centro de doentes físicos e mentais.

    Continuando a questão agrária, basta saber que a percolação das águas, hoje, na agricultura moderna, conduz apenas 1/4 dela, quando há condições técnicas ideais, para o sub-solo. As águas vão para os rios, carregando  a terra, o nitrato, o veneno, o agrotóxico, e arrasam-nos, assoreando-os e envenando-os, de forma que, cada dia que passa, torna-se coisa rara e imprópria para o consumo, máxime quando ainda passa por grandes metrópoles, onde o lixões se misturam no leito do rio,  como ocorre com  o rio Tietê.

    Logo poderemos ter crise de energia, pois a perenidade dos rios está em jogo. E é um jogo de vida e de morte.

    Temos que acordar. Chega de protestos. Temos que eleger homens da esquerda que estejam ligados umbilicalmente à consumação  da reforma agrária, que deve ser feita parta o bem de todo o País, seja para a própria elite, seja para o povo em geral.

    O tema é vasto, mas devemos começar a discuti-lo com intensidade. As gerações futuras irão sofrer e muito com o pouco caso que se dá ao assunto.

    Parabéns à lucidez de Stedeli.

  2. “Mas esse programa e essa

    “Mas esse programa e essa composição de classes, na opinião dos movimentos sociais, bateram no teto.”

    Isso que foi dito na entrevista é a mesma coisa do que diz o título da matéria?

    Ou foi dito em outra parte, que não vi?

  3. Lindo. Maravilhoso
    Porém

    Lindo. Maravilhoso

    Porém completamente fora da realidade. Querem sustentar 7 bilhões de pessoas no planeta ( população que continua crescendo vigorosamente), sem maquinários, sem tecnologia. Só na enxada. É meio terde para pensar assim. Se tivessem pensado nisto quando ainda eramos 1 bilhão de pessoas, talvez fosse possível, mas agora fica difícil.

    Segundo lugar há outros motivos para as pessoas viverem nas cidades: As cidades estão se tornando fortalezas contra a violência. No campo, praticamente fica impossível os trabalhadores sem recursos se protegerem contra jagunços, pistoleiros, coronelismo. O Europeu vivia atrás das muralhas de castelos na idade média não é por acaso. E ou nós herdamos esta cultura de defesa, ou se fica exposto ao que der e vier.

    Massacres no campo é o que não faltam, e não adianta dizer que terminarão com um decreto lei, até  porque os grandes latifundiários tem muito poder no país. Mandam no poder público em alguns lugares. Têm representantes no Congresso, representantes ruralistas e na maior parte da base aliada, gente com muitíssimo dinheiro. Seria muito difícil extirpar isto do país facilmente (ou mesmo dificilmente), já que eles também correspondem a uma grande parcela de nossas exportações, e do PIB.

    Quando o grande latifundiário não ameaça o pequeno produtor pela força, ele o compra pelo dinheiro, com ofertas irrecusáveis pelas terras que lhe interessam.

    E o cidadão comum acaba indo para as cidades, arrumar emprego e se escondendo em suas fortalezas, casas, condomínios, uma espécie de castelos modernos.

  4. Parabéns, Stédile, o senhor é um homem honrado

    Tudo o que foi dito acima é verdadeiro. Apoio completamente o novo projeto da reforma agrária popular, referido por Stédile. Não existe país rico e desenvolvido, sem políticas verdadeiramente populares de distribuição de renda, que não passe necessariamente pela reforma agrária e pela fixação do homem no campo.

    Quem não apóia são os atrasados e seus aliados recentes, os pelegos de sempre, que apoiam um governo fraco, que não fez a reforma agrária como poderia e deveria ter feito.

    Não fez e não vai fazer, se for reeleito em 2014 ou em 2018. O governo do PT não tem compromisso com a reforma agrária a que se refere Stédile. Tem compromisso com as políticas que o garantam no poder.

     

    1. Queria ver qual lado estaria….

      Caro Alessandre

      Pelos seus comentários, sempre à direita, apegado ao neoliberalismo, queria ver qual posição hoje você estaria, se a reforma agrária fosse, evidentemente, efetivada.

      Malhar o Judas, como você agora o faz, num sábado de aleluia é fácil.

      O difícil é passar pela paixão.

      Mas, sem dúvida, haverá um dia a ressurreição.

      E aí teremos, mesmo com toda a direita contra, uma reforma agrária, causa maior da ditadura militar que enlutou a liberdade de nosso País.

       

  5. Como a economia bateu no teto?

    Estamos ainda no primordio de um novo país. Milhões de brasileiros ainda vivem em condições mínimas de sobrevivência. Bolsa família é apenas um programa emergencial para acabar com a fome e miséria absoluta. Muita coisa ainda está por resolver.

    Temos os níveis mais baixos de habitantes com curso superior por população entre as nações industriais. Milhões ainda faltam ascender a verdadeira classe média. Milhões ainda não tem casa própria decente. Os salários, para chegar ao verdeiro mínimo real, teriam de triplicar. A verdadeira reforma agrária só existirá quando tivermos um país justo. Se voltarmos à política neoliberal do nosso novo FHC Aécio ou novo Collor Traíra Eduardo Campos, o risco de tudo se perder e voltamos as trevas é grande. Eles próprios já ameaçaram isto de público. O povo brasileiro acha que estes governos preservarão o programa Bolsa Família? Os programas de incentivo ao curso superior. Os concursos públicos? Continuaram os investimento ns universidades federais e escolas técnicas? Os programas de investimento PAC que nos deram os estaleiros, a transposição do S. Francisco, as novas refinarias da Petrobras, 1,5 milhões de moradias, as novas usinas hidroelétricas, 20 milhões de empregos e permitiram financiamentos pelo banco do Brasil, Caixa e BNDS para pobres e classe baixas e que impediram a receção de chegar plena no Brasil como nos EUA e Europa?

    Estes novos FHC estão arrolados até a alma com o que mais de nocivo e impopular existe neste país. Empresários, banqueiros e juízes que querem apenas o lucro e juros altos, pouco se importando para o país e seu povo.

    E é com comentários idiotas como o do Stedile que a direita conta para enrolar o povo para voltar ao poder, coisa que perderam por apenas 12 anos, mas que foi suficiente para revolucionar o Brasil. Eles estiveram por 502 anos governando o Brasil e qual foi o resultado disto? Até 2002 o Brasil era motivo de piada no mundo. Hoje os países do primeiro mundo reconhecem nosso país como soberano, sério e respeitado no Mundo. E motivo de muita inveja. Vocês querem que voltemos a vender o resto do nosso país aos neoliberais? Quer que voltemos a ser o país da chacota do mundo? Quer que voltemos ao FMI de joelhos? 

     

     

  6. O Stedile é um espertalhão

    O Stedile é um espertalhão que usa  o tema da reforma agrária como desculpa para ações criminosas. Recruta desempregados urbanos como massa de manobra. Quando o desemprego diminuiu, o MST também arrefeceu.

    Ele quer produção de alimentos? Ora, o que o Brasil tem feito??? É o agronegócio que está sustentando o país, o único setor onde temos competitividade!!! Querer destruir essa fonte é maluquice ou golpe.

  7. Esse aí é outro que vem

    Esse aí é outro que vem falando há vários anos que “o modelo atual se esgotou”, na esperança de uma hora estar certo. Só não sabe quando.

    É o famoso jogar verde para ver se colhe maduro.

    No mais procurei uma alternativa, uma proposta de um novo modelo e não encontrei, Só os mesmos comentários sobre um modelo de reforma agrária que ele repete há muito mais tempo do que o PT está no governo e que para ele ainda não se esgotou, apesar de ser muito mais velho do que ele chama da “neodesenvolvimentismo”.

    Perdi meu tempo lendo, pois não trouxe nada de novo.

  8. Ateh nisso o Stedile eh um

    Ateh nisso o Stedile eh um cara semnocao. A revolucao se faz com um proletariado urbano, operarios . Sem terras eh sinal da idiotia rural, nao tem futuro.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador