Efeito viral, o elo entre os protestos e os rolezinhos

Por Monier

Comentário ao post “A visão de mestre Wanderley sobre o novo e as manifestações de junho

O autor resvalou em uma questão, que é o efeito viral das redes sociais. Em geral se fala de viral para se referir a abobrinhas como fotos engraçadas ou vídeos criativos e inócuos.

Pensando sobre a causa desses rolezinhos, estou convencido que não é consciência politica de esquerda ou vontade de afrontar a policia e o poder por algum bando pré PCC. Agora esse texto dá um bom nome. É simplesmente o efeito viral, com as mídias sociais fazendo a comunicação explodir em níveis exponenciais, que os jornais não conseguiam, fazendo com que um passeio de 50 pessoas vire uma manifestação de 10.000, sem esforço. 

Explodindo os níveis de comunicação, sem o filtro político-ideológico de um editor, que selecionava o que era repercutido.

Esses rolezinhos são mera reunião de jovens, que utilizaram uma ferramenta que dissemina convites rapidamente, de modo viral, sem controle de quantidade pelo autor. Comentava com amigos que na época em que o facebook lançou a ferramenta “eventos”, surgiu uma discussão juridica interessante. Houve casos em que o sujeito convidava amigos para um aniversario, e de repente havia 5.000 confirmados. Exatamente pelo efeito viral, e pela falta de poder do usuário sobre a ferramenta. 

Lembro de ver noticia de pessoas pensando em processar alguem. Mas quem? A questao era: processar quem disseminou o convite, o que meramente aceitaram convite, ou o dono da ferramenta causadora do dano, que é o Facebook?

Entre brigar com o bilionário Facebook ou com a periferia, os shoppings preferiram atacar de liminar contra quem não tem dinheiro e conhecimento ou disposição para contratar um bom advogado.

Entre o direito fundamental de ir e vir e de se reunir pacificamente do pobre, ou a liberdade economica do Facebook em criar uma ferramenta que permite reunir dez mil pessoas no espaço de outra empresa, sem autorizacao, e lucrar bilhões com isso, os shoppings preferiram atacar os direitos  do primeiro grupo, mais numeroso, mas fraco juridicamente.

A partir de junho, fiquei decepcionado com o tom do blog, que via toda a juventude que saiu as ruas como de direita.

Ninguém conseguiu formular que tudo começou pequeno, pelo preço das passagens, pauta da esquerda. E que explodiu em milhões de pessoas, pelo efeito viral, quando da violência policial – que chegou a ganhar o nome de Revolução do Vinagre – sendo a luta contra a violência policial outra pauta de esquerda.

O grande elo entre os rolezinhos e as manifestações de junho é este efeito viral, fruto da comunicacao em rede, e que veio  mudar a forma de fazer politica. O efeito já existia,cabendo lembrar o exemplo do governante romeno nos idos de 1988/1989, com milhões de pessoas na porta do palácio para tira-lo de lá. Mas os intermediários mudaram.

Dessa vez não foram os jornais, nem os partidos, nem os sindicatos. A cada dia de jornada em junho, dúzias de eventos eram criados. Mas somente um movimento até entao irrelevante (e de esquerda!) como o Passe Livre é que tinha grande adesão.

Eeles conseguiram o requisito momentâneo da pauta certa, da credibilidade, da espontaneidade, e da capacidade de se conectar pelas mídias com pessoas interessadas em se mobilizar. Foram apenas 20 centavos. Mas recuaram. E a policia, até entào truculenta, mas agora sem poder  de reação contra a massa gigantesca que estava nas ruas, cessou a violência, ainda que momentaneamente, e desde então vem tentando sufocar manifestações de outro modo.

Houve uma vitória politica, ainda que não seja aquela desejada. E a vitoria foi alcançada com outras ferramentas, outras instituições, que não as antigas donas das ruas, com a ajuda deste efeito viral.

Redação

11 Comentários

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  1. Efeito viral e atrator caótico

    O poder é único, assim o efeito viral que é múltiplo só atinge o poder quando possui um atrator caótico.

  2. CALMA

    …..   a tendencia eh a coisa se acalmar.

    se considerarmos q se  trata da segunda onda de  cobrança a governos inertes – federal e estadual e municipal, eles mostrarao a q vieram.

    mostrar q continuam com onibus entupidos, morando onde sempre moraram pois o minhacasaminhavida vive atolado na sua burocracia e nao deslancha, as filas do posto de saude nao diminuiram, as escolas pouco ensinam. etc

    enfim: eh a turma entre 13 e 17 anos mostrando q nao querem se transformar na geraçao perdida para a inabil administraçao  publica.  e o pior … eles nao votam. ja pensou se votassem !

  3. É a esfinge. Quem vai

    É a esfinge. Quem vai escolher decifra-la e quem vai escolher ser devorado por ela?

    Meios tão potentes de comunicação sendo ora demonizados, ora sub utilizados…

  4.  
    SEM COMENTÁRIO:
     
    A

     

    SEM COMENTÁRIO:

     

    A "Sinistra"do PT está contra os brancos??
Mas o ministério dela não é da Igualdade Racial?
Me ajuda aí produção!!

Curta >> @[466816306698872:274:Mobilização Patriota]
 
"Lula disse que a culpa da crise econômica era dos "brancos de olhos azuis". Paulo Henrique Amorim apelidou o jornalista Heraldo Pereira de "negro de alma branca". Durante o julgamento do Mensalão, o Ministro Joaquim Barbosa foi chamado de "capitão do mato" e comparado a um macaco. Agora a Ministra da Igualdade Racial diz que a culpa dos rolezinhos é dos "brancos que se assustam". Como se pode observar, o preconceito de raça é monopólio da raça de esquerda."
(Guilherme Macalossi)

Medo de 'rolezinho' é reação de brancos, diz ministra
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/painel/2014/01/1398312-medo-de-rolezinho-e-reacao-de-brancos-diz-ministra.shtmlA “Sinistra”do PT está contra os brancos?? Mas o ministério dela não é da Igualdade Racial? Me ajuda aí produção!! 

     

    1. É verdade, vivemos num país

      É verdade, vivemos num país em que os brancos são descendentes dos escravos que eram maltratados pelos seus senhores negros. Vem daí o fato dos negros serem automaticamente incluídos e os pobres brancos se sentirem excluídos. Coitadinhos..

    2. É verdade, vivemos num país

      É verdade, vivemos num país em que os brancos são descendentes dos escravos que eram maltratados pelos seus senhores negros. Vem daí o fato dos negros serem automaticamente incluídos e os pobres brancos se sentirem excluídos. Coitadinhos..

  5. Palestras dos “rolezeiros”

    As grandes universidades deveriam chamar os jovens adolescentes para darem palestrantes de marketing digital.
    A fan page do Shopping Ibirapuera tem pouco mais de 33 mil curtidores, enquanto uma adolescente, organizadora de um dos rolezinhos passou dos 50 mil… kkkkk.

  6. Muito Bom!

    Destaco aqui, acrescento ainda a independência individual manifestada, politica, social e economica. Sem educação e Sem Limites (pobres, favelados, periferias, ignorantes, analfabetos, negros, paraíbas, baianos, etc.), como se falava os antigos preconceituosos, com autoestima pessoal  acabou estas formas de afronta! Ponha em seu lugar. Os partidos e governos estaduais e federais se perderam numa nova brasilidade e está revivido em movimentos se espalhando e mostrando o seu poder e ate onde pode chegar pela comunicação, interação, integração e como  você disse numa forma exponencial. .

    -“É simplesmente o efeito viral, com as mídias sociais fazendo a comunicação explodir em níveis exponenciais, que os jornais não conseguiam, fazendo com que um passeio de 50 pessoas vire uma manifestação de 10.000, sem esforço.

    Explodindo os níveis de comunicação, sem o filtro político-ideológico de um editor, que selecionava o que era repercutido.”

    – Sem nenhum filtro politico-ideológico de partido, tambem de sindicado, une, ong, igreja, etc.

  7. Em Psicologia das multidões
    Em Psicologia das multidões (Gustave Le Bon, Martins Fontes, 2008) aprendemos que:

    “O desaparecimento da personalidade consciente e a orientação dos sentimentos e dos pensamentos em um mesmo sentido, primeiros traços das multidões em via de organização, nem sempre implicam a presença simultânea de vários indivíduos em um único local. Milhares de indivíduos separados podem em um dado momento, sob a influência de certas emoções violentas, provocar um grande acontecimento nacional, por exemplo, e adquirir características de uma multidão psicológica. Um caso qualquer que os reúna bastará então para que sua conduta logo se revista da forma específica dos atos das multidões. Em certas horas da história, meia dúzia de homens podem constituir uma multidão psicológica, ao passo que centenas de indivíduos reunidos acidentalmente podem não constituí-la.”

    A internet é o ambiente perfeito para a construção de multidões. Não só isto, na rede mundial as lideranças políticas tradicionais são ignoradas com mais facilidade e o surgimento de novos líderes não se submete aos caprichos daqueles que controlam as estruturas de poder existentes. Onde a falta de mediação e controle autoritário é a regra, a democracia explode de maneira vigorosa. E do mundo virtual para o real a transição é quase automática para desespero daqueles que acreditam que são e sempre serão os “donos do Estado”.

    Michel Maffesoli (O tempo das Tribos, Forense Universitária, 1987) também estudou o fenômeno. Ele defende a tese de que nestes conflitos:

    “…o que está em jogo é a potência contra o poder, mesmo que aquela não possa avançar senão mascarada para não ser esmagada por este. Com referência aos exemplos históricos, que poderíamos multiplicar ao infinito à vontade, é possível dizer, entretanto, que aquilo que, na realidade, não aparece senão em filigrana, aquilo que se pode ver ‘in statu nascendi’, não deixará de se afirmar nas próximas décadas.”

    Na internet a potência (as multidões com suas novas propostas de ação e seus novos líderes) ignora totalmente os freios desejados pelo poder (websites governamentais, portais tradicionais de jornalismo que desejam controlar a agenda política) . Isto explica a patética situação dos blogueiros que atacam o rolezinho. Reinaldo Azevedo convocou um “rolezinho de míopes” para achincalhar com os jovens e seu texto havia sido lido por apenas 2,7 mil pessoas até a manhã de hoje (um nada se comparado aos 84 mil seguidores do rolezeiro mais descolado).

  8. rolezinho

    Não sei bem porque me ocorre parte do texto de Mackbeth: “Macbeth inquieta-se diante da revelação.

    Mas as palavras enganosas dão certezas a Macbeth. Ele não deve temer as tropas inimigas até que a floresta de Birnam suba contra o monte de Dunsinane. Macbeth sorri aliviado. Afinal quem recrutaria as árvores da floresta para que subissem ao monte?”

    Enfim, enquanto a população de maior renda, independentemente de cor, se encastelou nos shoppings sem ser incomodada, tudo aparentemente estava bem, pelo menos dentro do shopping. Agora que o rolezinho torna-se uma ameaça, diga-se de passagem UMA POSSÍVEL AMEAÇA pois não há nenhum mal em termos três mil pessoas em espaço público (comenrcial, mas público), sendo a sensação de ameaça a novidade da concentração de tantas pessoas e a presunção, presunção, de que isto ocasionará delitos deliverados, como se os jovens ali presentes fossem delinquentes confessos, sendo do rolezinho uma ameaça a esta falsa segurança, ficou-me a imagem da presunção de Mackbeth de que nenhum ser mortal lhe traria ameaça. 

    É isto! Agora os shoppings acordaram para a realidade!

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