Em semana pré-eleição, Congresso corre para explorar CPI da Petrobras

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Petrobras prepara novo impulso de desgaste na imagem da presidente Dilma Rousseff, nesta última semana antes do segundo turno das eleições. 
 
Na quarta-feira (22), o Congresso já reservou a agenda para ouvir o diretor de Abastecimento da estatal, José Carlos Consenza, que assumiu o posto de Paulo Roberto Costa, assim que preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. 
 
O nome de Consenza é cotado para esclarecer as informações de possíveis ligações com condutas consideradas criminosas do doleiro Alberto Youssef, do próprio Paulo Roberto Costa e do deputado Luiz Argôlo (SD-BA). Por sua vez, o deputado foi alvo de representações no Conselho de Ética da Câmara para ser cassado, pelo seu envolvimento com Youssef, que foi preso sob acusação de crime contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa.
 
Os dois requerimentos para o depoimento de José Carlos Consenza foram solicitados pela Câmara: o deputado Rubens Bueno (PPS-PR) e o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), com assinatura do senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
 
O deputado tucano justificou o pedido com a demissão recente de diversos executivos da Diretoria de Abastecimento da estatal, exceto de Consenza, que por indicação do PMDB, “não caiu”, como descreveu o deputado. Outro motivo, segundo Carlos Sampaio, é que o ex-diretor Paulo Roberto Costa tentava fazer negócios com a Petrobras depois de deixar o cargo. 
 
O deputado faz referência a uma carta enviada por Costa à Graça Foster, presidente da companhia, em que teria proposto a parceria entre a Petrobras e a REF Brasil para, com o investimento da empresa privada, construir pequenas refinarias de petróleo em pelo menos quatro estados brasileiros.
 
No rascunho da carta, apreendido pela Polícia Federal, Paulo Roberto Costa tenta convencer a presidente da estatal a assinar um memorando de confidencialidade entre as partes (a REF e a Petrobras) para discutir a negociação. Costa queria que a estatal fornecesse petróleo para refinarias ou contratasse os serviços da REF.
 
Graça Foster deixou para o sucessor José Carlos Cosenza falar sobre o assunto, já que foi ele quem respondeu a carta, em nome da estatal, sobre a “inviabilidade de a companhia participar de qualquer um dos modelos propostos, tampouco assinar qualquer memorando de confidencialidade”.
 
Corrida
 
Outra tentativa a todo custo do Congresso é acessar o conteúdo da delação premiada do ex-diretor da estatal. 
 
A dificuldade para os parlamentares de oposição que buscam nessa abertura o impacto para as eleições é que o caso depende do Supremo Tribunal Federal. Está nas mãos do ministro do STF, Luís Roberto Barroso, a decisão sobre o mandado de segurança da CPMI da Petrobras.
 
Antes de tomar a decisão, o ministro segue o protocolo e espera um parecer completo do ministro Teori Zavascki. Foi ele quem recusou a solicitação do Congresso pela primeira vez, argumentando que a abertura fere as normas legais da delação premiada. 
 
Entretanto, o presidente da CPMI Vital do Rêgo (PMDB-PB) se apoiou na autonomia que devem ter as comissões parlamentares para investigar. Vital rebateu, afirmando que o sigilo dos acordo de delação premiada só acaba quando a denúncia é recebida pelo juiz, de acordo com a Lei 12.850/2013. 
 
Barroso entende que é necessário o posicionamento de Zavascki, e também espera o pronunciamento do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que deve acontecer nos próximos dias.
 
Preparo de Dilma
 
Por outro lado, a campanha da candidata à reeleição se adiantou em tentar amenizar a futura repercussão nesta semana. No sábado (18), durante uma coletiva de imprensa, pela primeira vez, Dilma Rousseff admitiu que houve desvio de recursos públicos da Petrobras. “Eu farei todo o meu possível para ressarcir o país. Se houve desvio de dinheiro público, nós queremos ele de volta. Se houve, não… Houve”, disse.  
 
No debate realizado pela Record, nesse domingo (19), a candidata voltou a assumir o erro da estatal. Aécio Neves (PSDB) tentou explorar a declaração de Dilma no sábado e questionou: “a senhora, finalmente, reconhece que houve desvios na Petrobras. João Vaccari Neto [citado nas apurações] continuará como tesoureiro do PT e no Conselho da Usina de Itaipu? Confia nele?”.
 
“O senhor confia em todos aqueles que, segundo as mesmas fontes que acusam o Vaccari, dizem que o presidente do seu partido, que infelizmente está morto [Sérgio Guerra], recebeu propina? Na última vez que denunciaram pessoas do seu partido sobre o cartel do Metrô, o senhor disse não acreditar em delatores. Eu faço diferente. Eu preciso saber quem foi e quanto recebeu. A parte que o senhor deveria me cumprimentar é aquela em que disse que vou investigar”, respondeu Dilma.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

16 Comentários

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  1. Uma quadrilha querendo

    Uma quadrilha querendo investigar outra.

    Qual a moral que o PSDB/PPS tem para investigar quem quer que seja? Nem ladrão de galinha essa corja tem moral para investigar.

    1. Melhor definição não houve

      Melhor definição não houve até agora. Chega a desanimar esse teatrinho mequetrefe da oposição (barata) cara para nossos bolsos. Será que a gente, como cidadão,  não pode saber o custo de uma CPI e solicitar ao ministério público, devolução de dinheiro público gasto entre as  torcidas do PSDB?

  2. “Eu só peço a Deus … um pouco de malandraaageem”…

    “Se houve desvio de dinheiro público, nós queremos ele de volta. Se houve, não… Houve”, disse. 

    A opozissão transforma tudo que pode em munição.

    Por que não parou em “volta”?

    Pra que a última (e desnecessária) frase? 

    Que não inflói nem contribói!

     

     

    1. talvez, quem sabe…

      não parou porque não segue a mesma cartilha do PSDB, a de tudo esconder com frases bonitas e pensadas contra o cidadão que merece ser informado de tudo

  3. denúncia nem foi aceita ainda…

    e querem seguir com a palhaçada de sempre, utilização como ferramenta de campanha

    nessas horas é que a gente percebe como o país desperdiça o nosso dinheiro com asssessoria de imprensa completamente fora de sintonia com a realidade

    quanto dinheiro público será jogado nesse lixo ainda, até que alguém, de qualquer um dos poderes, se digne a prestar os devidos esclarecimentos para a sociedade

    1. se computar no final, incluindo tempo dos 3 poderes…

      o que é jogado nesse lixo é quase a mesma coisa ou do quanto se desvia

      com o agravante de que ninguém é punido e nem altera sua atividade como ladrão de carteirinha

      ou seja, no final quem perde é o povo e os encarregados da investigação

  4. Seria mais uma

    Seria mais uma canalhice…

    Utilizar o transitório politico para transformar em definição de uma eleição!

    Não se sabe se haverá condenação, mas um eleito é por 4 anos!

  5. Não discordo de sua avaliação

    Mas insisto que é preciosismo desnecessário numa campanha como essa.

    Infelizmente, o modelo de democracia existente é um “campeonato de ganhar eleitores (seus votos) e não de perdê-los mostrando o melhor caráter, seriedade e competência.

    Que, sabemos, Dilma dá de 10 a zero em Aécio.

    Espero que o eleitor tenha a CHANCE de poder perceber, através do filtro onipresente da míRdia.

  6. o absurdo não é investigar,
    é

    o absurdo não é investigar,

    é condenar antes do processo

    e do julgamento, como geralmente

    faz a grande mídia golpista..

  7. Alvaro Dias

    O Senador Alvaro Dias poderia aproveitar a oportunidade e explicar como ajudou a esvaziar a CPMI da Petrobras em 2010 junto com o falecido ex-presidente do PSDB, deputado Sergio Guerra. Lembro que os membros da oposição que esvaziaram a CPMI em 2010 foram o Deputado Sergio Guerra, ACM Neto e o Senador Alvaro Dias.

  8. Petrobras esfacelada no governo tucano

    Ex-diretor Paulo Costa é tucano, assumiu direção da estatal colocado por FHC, governo mais corrupto e aparelhado dos últimos tempos. Petrobras valia 6 vezes menos nessa época, quando aconteceram maiores escândalos. REPSOL, plataformas superfaturadas que afundavam, tentativa de “doação da empresa”,… Retornou ao cargo, a contragosto de Lula, por indicação do PP de Dornelles, primo de #AecioBerlusconi. Mais uma herança maldita dessa corja tucana. 

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    Na falta de feitos para apresentar, pelo contrário, tem muito a esconder, #AecioBerlusconi fez sua campanha pautada em ataques aos adversários e inverdades. É um grande raposão politiqueiro. Cansamos de ser enganados! 

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    Coronel #AécioBerlusconi fez tudo justamente ao contrário do que promete: loteou o Estado com indicações políticas e cargos comissionados, humilhou professores e servidores, quebrou Minas, censurou imprensa, sua carreira é marcada pela falta de meritocracia, corrupção, licitações ilícitas,… 

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    Infelizmente, temos uma imprensa totalmente partidarizada; omissa, conivente e até mesmo cúmplice daqueles que estão alinhados com seus interesses obscuros. É triste ver um cara desses chegar tão longe. Aécio é uma mistura explosiva de ACM, o coronel, Maluf, dispensa comentários, e Collor, o queridinho da mídia. 

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    ERRAR TODO MUNDO ERRA, É HUMANO. JÁ ERRAR O TEMPO TODO POR FALTA DE ÉTICA É DESVIO DE CARÁTER. #AecioQuebrouMinas #AécioBerlusconi 

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    Olha esse discurso, #AecioQuebrouMinas: http://limpinhoecheiroso.com/2013/02/21/aecio-neves-os-10-anos-de-fracasso-de-minas-gerais-e-a-porrada-de-lindbergh-farias/ 

    MINAS JÁ EXPERIMENTOU E NÃO GOSTOU. 

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    Carreira do Coronel Aécio Berlusconi: http://linkis.com/blogspot.com/9aqTE

    1. O petismo só por pautado

      O petismo só por pautado quando começar, duvido que vá um dia, aparecer corruopto que nasceram  nos governos petistas. Esses são todos herança maldita dos tempos de FHC para trás, dos tempos imorais

  9. Como pode, uma CPI

    Como pode, uma CPI “controlada” pelo governo, permitir que 3 fedelhos façam tanto barulho? Dilma está só, absolutamente só!

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