Entidades avaliam alta dos juros pelo Copom

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
[email protected]

Jornal GGN – O aumento da taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual pode ter ficado dentro das estimativas dos analistas do mercado, mas as entidades que representam o setor produtivo não pouparam críticas á decisão anunciada pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) na noite desta quarta-feira (21).

Em nota, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) disse que a medida tornará ainda mais difícil a recuperação da economia, ao mesmo tempo em que defende a estabilidade macroeconômica e o equilíbrio das contas públicas para impulsionar a produção e o investimento. Segundo a entidade, a elevação dos juros básicos para 12,25% ao ano eleva os custos dos financiamentos, restringe o acesso ao crédito e reduz o consumo das famílias e os investimentos das empresas. “Manter a estabilidade e buscar o ajuste fiscal é importante para criar um ambiente de credibilidade e confiança no país, que estimule os investimentos e a competitividade da indústria brasileira”, diz.

Opinião semelhante é compartilhada pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio RJ). “O aumento dos juros pelo Copom é mais um dos muitos preços pagos por empresários e consumidores brasileiros pela condução equivocada da política econômica nos últimos anos. Ao contrário de previsibilidade, rigor fiscal e inspiração de confiança, a economia passou a conviver com improvisos, metas de última hora e ações localizadas”, diz a entidade. “A conta chegou. E nessa hora, as medidas têm seguido o caminho mais fácil: aumentar os já elevados custos na produção e no consumo – impostos e juros. Como resultado, instituições como o Fundo Monetário Internacional já preveem resultado próximo a zero para o crescimento da economia doméstica neste ano, assim como apurado no cenário recente”.

Para Rogério Amato, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a decisão é “equivocada”, considerando-se o baixo nível das atividades econômicas e a forte desaceleração do consumo. “Deve-se ressaltar que a elevação do IOF para as pessoas físicas, bem como o aumento de tributos e tarifas – o que drena parcela importante da renda da população – poderão agravar a desaceleração em curso. Além disso, os custos das empresas e os investimentos serão afetados negativamente, comprometendo ainda mais o crescimento da economia. Consideramos que, mais importante do que elevar os juros ou aumentar tributos, é cortar os gastos para controlar a inflação”, afirma Amato. 

Já a FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) afirma que a combinação de crescimento próximo de zero e inflação elevada, observada em 2014 e esperada para 2015 constitui um cenário “particularmente difícil” para a implementação da política econômica. “O Sistema FIRJAN entende que a coordenação entre as políticas fiscal e monetária é essencial para evitar que o novo ciclo de elevação das taxas de juros seja excessivo, diminuindo assim os efeitos negativos sobre os investimentos, a produção e a geração de empregos. Reiteramos que o ajuste fiscal deve privilegiar a diminuição dos gastos públicos de natureza corrente. A opção pela diminuição dos investimentos públicos ou pelo aumento adicional da carga tributária deprimiria ainda mais a confiança de empresas e consumidores, marcando um retrocesso na busca por um crescimento mais elevado e sustentável no longo prazo”, afirma a entidade, em nota.

 

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

4 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Grécia

    Se essa turma continuar livre para fazer o que quer por muito tempo, vamos virar uma Grécia. Não pelas boas qualdades, mas pela crise que os que pensam igual à turma implantaram lá. Acho agora que Marta tinha razão. Lula é que devia ter sido o candidato. Seria eleito no primeiro turno e estaríamos livres de traição.

  2. Rumo a crise de balança de pagamentos…

    O Brasil da Dilma e sua equipe economica não tem estratégia. Aliás, o Brasil não tem estratégia desde 2009! Combater inflação represada pela briga da elite economica do PT/Dilma 1 com a elite financeira do país em 2011/2012 com aumento de juros, uso de swaps cambiais é tranferir riqueza dos estado para uma elite patriamonialista criada pelo plano real que nos deu uma politica monetária apreciada por 20 anos. A equipe economica da Dilma2 só tem como objetivo tranferir riqueza para esta elite através da Slic, de swaps cambiais (que aumenta quantidade de real apertando a inflação pra cima) para proteger os seus balanços contábeis infestados de dólares do QE123 do FED. E isso tudo montado em paraíso fiscal. Pra piorar, todo o preço do ajuste de preços está sendo feito em cima do consumo que atinge em cheio a classe baixa e média baixa. Ou seja: o povão tá pagando o preço do ajuste para organizar contas do estado e a elite transferindo riqueza do estado pra si em 3 frentes. Isso num mundo de guerra cambial e com dólar/euro/yene/libra caindo sem nem ter chegado ao nível de ajuste necessário. 

    Não voto do PSDB. Mas, nunca mais votarei no PT! e pra piorar, o serra pode ter sido um péssimo governador, mas desde 2009 vem falando do problema do câmbio ao qual o PT e a Dilma ignoram. Nunca mais voto no PT.

  3. Dúvida

    Nassif, Se a divida liquida sobre o PIB esta em 36% , por que a desconfiança e por que as medidas drásticas de impacto fiscal ???

    Esse percentual é um dos melhores do mundo…..

  4. o que o governo fizer será

    o que o governo fizer será passível de crítica por esses empresários.

    se a economia não cresce, nada os satisfaz.

    se crescer com pleno emprego, reclamam que não há mão-de-obra!

    e reivindicam o tal do estado mínimo!!!

    parte disso eles estão sentindo agora.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador