Ex-diretor da CPTM recebeu R$ 33 mi por prestar consultorias ao governo estadual

Do Estadão

Ex-diretor da CPTM recebeu R$ 33 mi de SP por consultorias
 
Condenado na Suíça e indiciado no Brasil por corrupção, João Roberto Zaniboni atuou até agosto em empresa que presta serviços à gestão tucana
 
Fernando Gallo, Ricardo Chapola e Fausto Macedo

Condenado na Suíça por lavagem de dinheiro e indiciado no Brasil sob suspeita de corrupção, formação de cartel, crime financeiro e também lavagem de dinheiro, o ex-diretor da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) João Roberto Zaniboni prestou serviços de consultoria por meia década ao governo tucano de São Paulo, o mesmo que é suspeito de lesar quando era seu funcionário.

Nos últimos quatro anos, Zaniboni, um dos principais personagens do caso do cartel, recebeu R$ 32,9 milhões, junto com seus sócios, dos cofres paulistas.

A Focco Tecnologia, pela qual o ex-diretor da CPTM prestou os serviços de consultoria, está com as contas bloqueadas pela Justiça justamente por causa das suspeitas de envolvimento de Zaniboni com o cartel, que passou a ser investigado no Brasil em 2008. Zaniboni foi diretor de Operações da estatal de trens paulista entre 1999 e 2003, durante dos governos dos tucanos Mário Covas e Geraldo Alckmin.

Zaniboni virou sócio da Focco em julho de 2008 e já fechou seus primeiros contratos com o governo estadual em 2009. Hoje, a empresa tem contratos com CPTM, Metrô, Secretaria de Transportes Metropolitanos, Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) e Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp). Zaniboni deixou formalmente a sociedade em agosto deste ano, após ver seu nome envolvido no escândalo do cartel de trens.

São ao menos oito acordos da Focco com o governo paulista. Em alguns deles, ela participa de consórcios. Os serviços são de apoio à supervisão de obras. Ela atua, por exemplo, em reformas e modernização de linhas da CPTM e na construção do monotrilho que liga o Morumbi ao Jabaquara, passando pelo aeroporto de Congonhas, na zona sul.

Os valores pagos pelos cofres estaduais à empresa foram retirados do site da Secretaria da Fazenda de São Paulo. No portal não constam dados de 2009.

Sediada na Rua Estados Unidos, nos Jardins, região central de São Paulo, a Focco tem 120 funcionários, a maior parte de engenheiros, segundo Luiz Fernando Pacheco, advogado de Zaniboni. Pacheco sustenta que todos os serviços ao governo do Estado foram prestados.

A gestão Alckmin também diz que o contratos respeitam a lei. O governo informou ainda que a Corregedoria-Geral de Administração vai checar, “por amostragem, a efetiva execução dos serviços contratados”.

Federal. A Focco também mantém contratos com o governo federal. A empresa de Zaniboni recebeu, entre 2011 e 2013, R$ 168,2 mil dos cofres de estatais do governo Dilma Rousseff, sendo R$ 36,5 mil da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e o restante da Valec, responsável pelas ferrovias brasileiras. Antes, não havia contratos da Focco no governo federal.

Na CBTU, a empresa de Zaniboni fechou, em dezembro de 2012, um acordo para consultoria nos contratos de fornecimento de material rodante metroferroviário constantes do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Ela participa de um consórcio com a Pólux. Na Valec, a Focco assinou, em 2010 – passando a receber no ano seguinte -, contrato para supervisão de um dos lotes da Ferrovia Leste-Oeste no trecho entre Ilhéus e Barreiras, na Bahia. No caso, ela participa de um consórcio com outras duas empresas, a Vetec e a Diefra.

As estatais federais dizem que não houve irregularidade nas licitações e que os serviços estão sendo prestados adequadamente.

Até o momento, as investigações que envolvem Zaniboni e sua ex-empresa identificaram indícios de crimes que teriam ocorrido quando ele era diretor da CPTM. Os investigadores, no Brasil e na Suíça, buscam saber se o esquema permaneceu para além do período de suspeita de ação do cartel, entre 1998 e 2008.

Frentes. Para condená-lo semanas atrás, o Ministério Público da Suíça identificou depósitos de US$ 836 mil, entre 1999 e 2002, em uma conta sua no banco Credit Suisse em Zurique. Segundo os investigadores do país europeu, uma parte desse dinheiro foi paga por lobistas do esquema, suspeitos de serem os pagadores de propina do cartel, entre eles o consultor Arthur Teixeira.

O sócio de Zaniboni na Focco, Ademir Venâncio de Araújo, foi ex-diretor de obras da CPTM. Ele também foi indiciado pela Polícia Federal pelos mesmos crimes. Eles são suspeitos de atuarem junto com Oliver Hossepian, ex-presidente da estatal de trens, como “intermediários” da propina, utilizando as contas da Focco.

 

Redação

11 Comentários

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  1. Conselheiro do TCE-SP é sócio

    Conselheiro do TCE-SP é sócio de suspeito de ter recebido propina

    Autor(es): Cleide CarvalhoO Globo – 30/11/2013 

     

     

    Consultor investigado no caso Alstom abriu construtora com Robson Marinho

    -São Paulo- Investigado pelo Ministério Público (MP) de São Paulo desde 2008, o conselheiro e vice-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) de São Paulo, Robson Riedel Marinho, é sócio de Sabino Indelicato, dono da Acqualux Engenharia, uma das consultorias suspeitas de ter recebido propina da Alstom. Documentos mostram que eles abriram em 2009 a Construtora e Incorporadora Piaget, que acabou de lançar um prédio residencial em São José dos Campos, onde Marinho foi prefeito.

    Marinho é sócio na Piaget por meio de sua empresa Rumo Certo, e Indelicato, pela Carmel — no documento que consta na Junta Comercial de São Paulo, as duas já funcionaram no mesmo endereço. A Rumo Certo e a Carmel também adquiriram juntas, meio a meio, uma gleba de 40 mil metros quadrados no município, sem a participação da incorporadora.

    Secretário da Casa Civil na gestão de Mário Covas (PSDB) e indicado para o TCE pelo então governador em 1997, Marinho é suspeito de ter recebido dinheiro para aprovar o aditivo 10 do contrato Gisel, de fornecimento de estações de energia ao metrô, assinado pela Alstom/Cege-lec, em 1998, com a Eletropaulo/EPTE, então controladas pelo governo paulista. Segundo inquérito do MP, a Acqualux assinou contrato com a Alstom em abril de 1998, mas a prestação de serviços seria fictícia. Uma carta manuscrita, enviada pelo MP suíço às autoridades brasileiras, relata que uma pessoa, cujas iniciais eram “RM” seria o “interlocutor” entre a empresa, um partido político, o TCE e a Secretaria de Energia, e cita uma comissão de 7,5% para o fechamento do negócio. “RM” seria Robson Marinho.

    MARINHO VIVE EM MANSÃO QUE JÁ FOI DE SUSPEITO

    Convocado a depor no MP, Marinho não foi. Seu advogado, Luiz Antonio Alves de Souza, em medida cautelar de 28 de agosto de 2009, argumentou que o MP não tinha provas para incluir Marinho entre os réus, só o fato de Indelicato ter sido seu secretário de Obras: “Por ora apenas a verdade que Sabino foi secretário municipal ao tempo em que o requerente era prefeito. Mas, e daí? O que tem isso a ver com supostos pagamentos feitos muito tempo depois, ao peticionário?” E conclui: “Se algum amigo de infância de qualquer dos doutos signatários da inicial for condenado criminalmente, isso o transformará automaticamente em beneficiário do delito? Se o peticionário e Indelicato mantêm relações, o que tem isso de criminoso?”

    A Piaget foi aberta em 1º de setembro de 2009, quatro dias após o advogado dar entrada com a medida cautelar. Marinho confirmou a sociedade por meio de um assessor.

    — Desconheço, não sei se são sócios. Isso nem entrou nas minhas cogitações. Estou defendendo (Marinho) numa ação em que ele está sendo acusado injustamente — disse Souza.

    O MP juntou aos autos documentos do TCE que comprovariam que Marinho foi relator do processo que analisou o contrato, feito sem liei-tação, e deu parecer favorável em 2001. Em 2008, Marinho enviou ofício afirmando que os votos foram públicos e que desconhece qual! quer fato relacionado a propina. Explicou que foi à França, a convite da Alcatel, para ver a final da Copa de 1998, mas ignorava que a empresa era do grupo Alstom.

    As coincidências que aproximam Marinho da Alstom prosseguem. Em 1999, ele comprou uma mansão de 1.055 metros quadrados no Morumbi. A casa já foi de Arthur Gomes Teixeira, dono da Procint, consultoria que teve recursos bloqueados pela Justiça Federal e é suspeita de prestar serviços fictícios à Alstom, assim como a Acqualux. Teixeira negou irregularidades.

    O consultor construiu a mansão e a permutou em 1996 com Ademar Lins de Albuquerque, que a vendeu em 1999 a Marinho. Marinho e Teixeira dizem que não se conhecem.

    — A palavra “coincidência” existe porque coincidências acontecem — disse Eduardo Pizar-ro Camelos, advogado de Teixeira.

    À CPI aberta na Câmara de Vereadores, o presidente da Alstom no Brasil, Marcos Costa, negou anteontem que a multinacional francesa tenha participado de cartel ou pago propinas.

     

    1. Assim é fácil.

      Sendo sócio, de alguem, que é simplesmente vice-presidente, e um dos conselheiros notáveis do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, qualquer um consegue enriquecer rapidamente, e manter-se ilêso de qualquer investigação, pela imunidade, que esta relação, dá aos dois.

  2. Acho que merece destaque a

    Acho que merece destaque a pesquisa Datafolha mostrando Alckmin vencendo no primeiro turno.

    Mas não pelo resultado em si: enquanto no caso de Dilma foram realizadas 423542352345 pesquisas desde junho mostrando sua “queda vertiginosa”, a FSP só se preocupou em medir a popularidade do governador 5 meses depois, em que já aparece com a popularidade recuperada. Como se os protestos só tivessem afetado a popularidade de Dilma, enquanto as intenções de voto de Alckmin passassem incólumes. 

     

  3. Toque de silêncio no JN

    O pig decretará toque de silêncio ou então mexerá no caldeirão de manipulações para que o povo entenda que é culpa do Haddad

  4. 33 milhões de reais para um único membro da quadrilha

    Não são 33 mil reais e sim milhões que tal tascar isso no título do post, já que o pig esconde, quase o valor do “mensalão”, e só o que foi roubado por um único personagem do esquema, e ainda tem gente que acredita que os tucanos são um “poço de ética”, deus tá vendo

  5. Que consultoria, hein !

    R$ 32,9 Milhões de Reais, do governo estadual paulista(gestões tucanas)

    R$ 168,2 Mil Reais do governo federal(gestão FHC)

    Em toda a minha vida, jamais conhecí nenhuma consultoria que tenha cobrado tamanha importancia financeira, no curto prazo, de apenas 5 anos, mesmo na iniciativa privada, aonde visceram as melhores e maiores consultorias do mundo, e não pequenas arapucas, como esta que foi montada, pelo João Roberto Zonidoni, e alguns outros “ratos” para ganhar dinheiro, sem prestar serviços reais.

  6.  
    Que houve com o helipópetro

     

    Que houve com o helipópetro de sua excrescência perrella? O homem não é amigo do peito do neto do Tancredo? Soube-se que o referido helipópetro foi flagrado pela PF, carregado até a tampa, transportando pó de ética sem nota fiscal. O que se sabe é que a mercadoria apreendida é muito apreciada pelo brilhante minino do Rio, digo, de Minas. 

    Apenas por curiosidade: algum colega do estabelecimento saberia me informar, se o comércio do Pó quando operado por suas excelências está protegido por algum embargo de gaveta?

    Orlando

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