Fora de Pauta

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

O espaço para os temas livres e variados.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

14 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. HÁ EXATAMENTE 200 ANOS, 1º de

    HÁ EXATAMENTE 200 ANOS, 1º de março de 1815, Napoleão Bonaparte pisa de novo na França continental, em Antibes,

    fugindo da ilha de Elba, onde estava preso pelos ingleses. Chega quando o Congresso de Vieno estava reunido e causa enorme tremor na Europa. Começa o periodo de 100 dias dessa reviravolta politico-militar que termina com a derrota de Napleão em Waterloo. O retorno não tinha chance de exito, o ciclo napoleonico tinha acabado, partidarios de Napoleão formaram novo exercito mas a França já estava cansada de guerras, o contexto europeu já era outro e a coalizaão da Inglaterra com a Austria, Russia e Prussia era muito mais forte do que qualquer novo exercito que Napoleão poderia reunir, o fato de que ele conseguiu em tão pouco tempo formar novo exercito é notavel.

    A não adesão de Talleyrand à nova aventura Napoleonica era o sinal da inviabilidade do retorno. Talleyrand tinha o melhor faro politico da Europa e sabia para onde o vento soprava, uma especie de antecessor do PMDB.

    Napoleão contava com sua mistica de vencedor mas os ventos da Historia não sopravam mais para guerras e sim para uma paz duradoura ansiosamente esperada por todos, o Congresso de Viena assegurou um século de paz e progresso, abrindo nova era de prosperidade para todo o continete que era o centro do mundo.

    O ultimo suspiro de Napoleão o levou agora para o exilio final em Santa Helena, no meio do Atlantico, de onde era impossivel uma fuga. O grande vencedor da saga napoleonica foi a Inglaterra, que saiu como maior potencia mundial,

    posição de que desfrutou até a Grande Guerra de 1914, levando o Imperio Britanico a dominar 1/4 do planeta.

    A França já era governada pelos Bourbons restaurados na pessoa de Luis XVIII, tendo como Ministro do Exterior o Principe de Talleyrand, o mesmo que apos sua assinatura na sentença de morte pela guilhotina de Luis XVI, irmão de

    Luis XVIII, Talleyrand era um camaleão politico, fez da França derrotada uma potencia vitoriosa no Congresso

    que reorganizou o mundo pelas mãos do Imperador da Russia, do Rei da Prussia, do Rei da Inglaterra e do Rei Bourbon sucessor de Napoleão. Em Viena , onde o fantasma de Napoleão estava presente, ocorreu o esquecimento fingido de que Talleyrand era o chancelar de Napoleão quando os outros tres eram seus inimigos, isso é que é “”realpoliik”, palavra ainda não inventada na época. O Congresso continuou mesmo quando Napoleão tentava ressucitar o mito.

    Hoje é uma data importante para a Historia, parece que faz tanto tempo mas foram apenas duzentos anos e vemos como estamos perto dessa era quando em Fointaibleau se vê a pasta executiva de Napleão e sua escova de dentes,

    objetos que parecem fabricados em nossa época de tão modernos pelo design. Napoleão está presente em nossas vidas pelo sistema metrico, pelo codigo civil e principalmente pela criação do Estado brasileiro, nascido da fuga do Rei de Portugal para o Brasil, fugindo exatamente de Napoleão, o Imperador francês é parte de nossa Historia.

    http://timescolumns.typepad.com/.a/6a00d83451da9669e201a3fd0e1869970b-pi

     

     

  2. Boris Nemsov

     

    Líder da oposição foi morto a tiros no centro de Moscou

    The Independent, Sobesednik, Educaterra e Correio da Manhã

    Outspoken político oposicionista russo Boris Nemsov foi morto

    “Eu tenho medo que Putin possa me matar”, disse Boris Nemtsov duas semanas antes de ser morto a tiros em Moscou, ao site de notícias Sobesednik da Rússia.

    Amigos disseram que ele tinha recebido ameaças anônimas através da Internet:

    “Boris recebia, periodicamente, ameaças anônimas em sites de redes sociais … ele estava preocupado”, disse o político da oposição Ilya Yashin. “Ele disse que estava sob ameaça, mas nunca quis uma segurança adicional. (Ele disse) se eles querem (me) matar, eles vão (me) matar.”

    Não foi falta de aviso da própria mãe: “Toda vez que eu ligava para ela, ela alertava: ‘Quando você parar de criticar Putin? Ele vai te matar!’. Ela está, realmente, com medo que ele possa me matar no futuro próximo, por causa das minhas ações tanto no cotidiano, como nas redes sociais.”

    A polícia russa investigar o corpo de Boris Nemtsov, um ex-vice-primeiro ministro e líder da oposição russa

    A polícia russa pericia o corpo de Boris Nemtsov

    Fontes da polícia informaram que Nemtsov foi baleado quatro vezes nas costas por um homem em um carro, enquanto atravessava uma ponte perto do Kremlin, pouco antes da meia-noite de sexta-feira.

    A morte de Nemtsov chamou a atenção para o tratamento dado aos opositores do Kremlin no terceiro mandato de Putin, que tem registrado a fuga ou a prisão de vários líderes e críticos do governo após as manifestações em massa contra Putin, ex-agente da KGB, há três anos.

    Nemsov tem sido um crítico de Putin

    Boris Nemtsov era um ferrenho crítico de Putin

    Quadro Sintético da Polícia Secreta Soviética (1918-1995)

                 1918-1923 – CHECA – Comissão Extraordinária Para a Luta Contra-Revolucionária

                 1923-1934 – OGPU – Política Administrativa Unificada do Estado

                 1934-1946 – NKVD – Comissariado Para Assuntos Internos

                 1946-1953 – MVD   – Ministério dos Assuntos Internos

                 1953-1995 – KGB   – Comitê da Segurança do Estado

    Nemtsov foi vice-primeiro-ministro sob a presidência de Boris Yeltsin, na década de 1990, e teve uma passagem de sucesso como governador de uma grande cidade russa, mas caiu em desgraça quando Putin assumiu o comando.

    Horas antes de sua morte, Nemtsov tinha exortado os russos a participar de uma manifestação para desafiar a “política louca, agressiva e mortal da guerra contra a Ucrânia”.

    “O país precisa de uma reforma política. Quando o poder é concentrado nas mãos de uma pessoa e essa pessoa governa para sempre, isso vai levar a uma catástrofe absoluta, absoluta”, disse Nemtsov à rádio Ekho Moskvy.

    O Kremlin informou que o presidente Putin vai supervisionar pessoalmente a investigação do Ministério do Interior sobre o assassinato.

    Vladimir Putin

    Dmitry Peskov, porta-voz de Putin (foto), acrescentou: “Foi mencionado pelo presidente que a ação se parece com um assassinato encomendado, incorporando todos os sinais de  provocação”.

    O ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev advertiu contra tirar conclusões precipitadas: “Certas forças tentarão usar a morte para obter vantagens. Elas estão pensando em como se livrar de Putin”, disse ele.

    “A possibilidade de um líder da oposição receber um tiro ao lado dos muros do Kremlin estava além da imaginação, por isso não pode haver uma versão diferente da que ele foi baleado por dizer a verdade”,  comentou, na cena do crime Mikhail Kasyanov, líder da oposição e ex-primeiro-ministro sob Putin.

    Ksenia Sobchak, celebridade da TV e ativista da oposição, disse que Boris Nemtsov estava preparando um relatório sobre a presença, sempre negada pelo governo russo, de tropas russas na Ucrânia.

    Mais de 70 mil pessoas participaram este domingo na marcha organizada em Moscow para homenagear Boris Nemtsov, assassinado na sexta-feira perto do Kremlin. “Estimamos que estão aqui 70 mil pessoas”, disse Alexandr Riklin, um dos organizadores da marcha, à agência France Presse. A polícia estimou por seu lado que mais de 16 mil pessoas participaram na marcha. – Correio da Manhã

    Fontes:

    http://www.independent.co.uk/news/world/europe/boris-nemtsov-im-afraid-putin-will-kill-me-politician-said-weeks-before-being-shot-dead-10077000.html

    http://sobesednik.ru/politika/20150210-boris-nemcov-boyus-togo-chto-putin-menya-ubet

    http://educaterra.terra.com.br/voltaire/artigos/putin.htm

    http://www.cmjornal.xl.pt/cm_ao_minuto/detalhe/mais_de_70000_participaram_na_marcha_em_moscovo_segundo_organizador.html

  3. Esperando Godot, quero dizer, Janot

    Fonte: Blog do Nassif

    Congresso à beira de um ataque de nervos

    DOM, 01/03/2015 – 19:34

    Jornal GGN – A lista de Janot com os políticos citados na Lava Jato e que integram os pedidos de inquérito do procurador-geral sai nos próximos dias e os parlamentares estão nervosos. Quem apurou isso foi o Estadão, em matéria assinada por três repórteres e colaboração de mais um.

    Segundo o Estadão as perguntas recorrentes nos corredores da Câmara e do Senado era “sabe algum nome?” ou ainda “sabe dizer se alguém foi procurado?”. Nesses dias que antecedem a apresentação dos inquéritos contra os políticos citados no esquema de corrupção encontrado na Petrobras foram de muito trabalho por parte dos acusadores.

    Os oito procuradores que integram o grupo de trabalho coordenado por Rodrigo Janot tentam finalizar o trabalho para que o material chegue logo ao Supremo Tribunal Federal, para os parlamentares, e ao Superior Tribunal de Justiça, no caso de governadores. A intenção é entregar tudo até quarta-feira. Segundo o apurado pelo Estadão, estão em momento de checagem de todas as peças para que não haja nenhuma incoerência entre os casos, já que todos são parte de um mesmo grande processo.

    O que Janot faz normalmente, como procedimento habitual, é o de avisar políticos investigados antes de solicitar ao STF, para que não sejam intimados por notícias veiculadas na imprensa. Entretanto ele ainda não sabe se adotará o mesmo nos casos relativos à Lava Jato.

    A possibilidade de Janot não seguir esta rotina com os citados na Lava Jato levou ao Congresso um sentimento que foi batizado de “tensão pré-Janot”.

    Tags

     

  4. Comentando AA: Há 200 anos…
    Timing é importantíssimo e conhecermos os caminhos já percorridos, mais ainda. Há um anseio geracional de “viver o presente, o que importa o passado?”. Nas corporações, estas diferenças geracionais ensejam estudos e ações concretas em Gestão de Mudanças que minimizem os choques e perdas que este conflito ocasiona.
    Viver o presente é importantíssimo, mas a sabedoria advém da pedra que rola no fundo do rio, do aparar e limar o seixo e não do pedregulho lançado.
    Ao ler teu texto Andre a primeira coisa em que pensei foi no quanto o desconhecimento favorece o julgamento apressado, a precipitação, o erro por imprecisa avaliação. E o custo disto. Sabemos da importância dos dados, das análises, das “curvas de tendência”, mas ainda mais valorosa é a visão ampliada que somente a sabedoria e a experiência permitem. Estamos vivendo um expressivo déficit de lideranças. Quem tem nos trazido os caminhos possíveis senão 03 ou 04 cabeças? Somos um país continental. Onde estão nossos “pensadores de futuro” ? Quem vai tocar este barco daqui a 04 anos? O que queremos para os próximos 50?

  5. A Extinção das Vicunhas

    Exploradas para extração de sua lã

    Vicunhas continuam ameaçadas na América do Sul

    Por Ana Rita Negrini Hermes (da Redação) |02 de março de 2014

    A vicunha (vicugna vicugna) é um dos dois camelídeos selvagens sul-americanos, junto com o guanaco, lhama selvagem, que vive na região dos Andes. É parente do lhama e agora acredita-se que compartilha um ancestral selvagem com as alpacas domesticadas, que são criadas para obtenção de sua lã. As informações são do Occupy for Animals.

    As vicunhas produzem pequenas quantidades de uma lã extremamente fina, que é muito cara porque o animal só pode ser tosquiado a cada três anos. Ao ser tecido, o produto da pele da vicunha é muito macio, quente, além de ser o tecido mais caro do mundo usado para a confecção de roupas. Sabe-se que os Incas valorizavam as vicunhas e que era contra a lei usar este produto, exceto pela realeza.

    Antes de serem declaradas em risco de extinção, em 1974, havia somente 6 mil desses animais. Atualmente, a população se recuperou e chegou a 350 mil indivíduos e, enquanto as organizações conservacionistas reduziram seu nível de ameaça, elas ainda precisam de programas ativos de conservação para proteger a população da caça, perda de habitat e outros perigos. A vicunha é o animal nacional do Peru; seu emblema é usado no brasão peruano representando o reino animal.

    Do período da conquista espanhola até 1964, a caça à vicunha era irrestrita, o que reduziu seu número para apenas 6 mil nos anos 60. Como resultado disto, a espécie foi declarada em risco de extinção em 1964 e ficou proibido o comércio de sua lã.

    No Peru, entre 1964 a 1966, o Servicio Florestal Y de Caza em conjunto com os grupos americanos Peace Corps, Nature Conservancy, World Wildlife Fund e a Universidade de La Molina, em Lima, estabeleceram uma reserva para as vicunhas, chamada Pampa Galeras Refugio para Vicunhas. Atualmente, uma vez por ano, a comunidade de Lucanas conduz um Chacu (arrebanhar, capturar e tosquiar) na reserva para obter a lã, organizado pelo Conselho Nacional para os Camelídeos Sul-Americanos (CONACS). A lã é vendida no mercado mundial por mais de US$ 300 o quilo.

    vicuna2

    Seus números aumentaram para 125 mil no Peru, Chile, Argentina e Bolívia. Uma vez que era um “cultivo comercial” pronto para os membros da comunidade, os países relaxaram a regulamentação em 1993, permitindo mais uma vez o comércio do tecido.

    Embora os níveis da população terem se recuperado, a caça permanece um risco constante, tanto quanto a perda de habitat e outras ameaças. Consequentemente, o IUCN ainda apoia programas ativos de conservação desses animais. O Fish and Wildlife Service americano reclassificou a maioria das populações como ameaçadas, mas ainda relaciona a população do Equador como em risco de extinção.

    http://www.anda.jor.br/02/03/2014/vicunhas-continuam-ameacadas-america-sul

  6. EDUCAÇÃO É TUDO

    SP: alunos são parte da solução para falta d’água em escolas

    Além de evitar o desperdício de água, instituições conscientizam estudantes e até ensinam a construir cisterna

     02 MAR2015 09h08atualizado às 09h09    0COMENTÁRIOS

    Os paulistanos estão enfrentando o maior período de falta d’água dos últimos 80 anos. Em julho de 2014, o volume útil do conjunto de reservatórios do Sistema Cantareira esgotou. Desde então, a população se vê obrigada a economizar água e busca formas de lidar com a seca das torneiras. As mudanças de hábito afetam toda a população e chegam, também, às escolas – ainda mais após o decreto expedido pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que obriga os órgãos municipais a reduzirem o consumo de água em 20%.

    SAIBA MAIS

    Ácre, encino… 10 erros e polêmicas de livros didáticos

    Saiba de onde vem a água do caminhão-pipa

    Cisterna ou caixa d’água? Veja qual é a melhor opção

    Aluna da PUC-RJ reage a racismo com desabafo (e bela foto)

    Alunos do Colégio Santa Maria participam da construção de uma cisterna para armazenar água da chuva Foto: Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Alunos do Colégio Santa Maria participam da construção de uma cisterna para armazenar água da chuvaFoto: Cartola – Agência de Conteúdo – Especial para o Terra

    Mesmo sem sofrer diretamente com a falta de água, o diretor da Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Leão Machado, Marcos Antônio Gonçalves Gabriel, explica que a instituição já verificou e corrigiu possíveis vazamentos, orientou os funcionários a não desperdiçarem água, principalmente durante a limpeza da escola, e também vem realizando um trabalho de conscientização com os alunos.

    No Colégio Santa Maria, a onda sustentável começou antes mesmo da crise hídrica. Em um projeto idealizado pela professora de ciências do oitavo ano, Denise Garcia Carneiro, alunos de 13 anos confeccionam uma minicisterna durante o ano. O reservatório tem capacidade para armazenar 200 litros de água da chuva e é feito com matéria-prima de baixo custo ou mesmo reaproveitada, como canos de PVC e tonéis de plástico.

    Denise explica que o envolvimento dos alunos é total, inclusive na iniciativa de levantar fundos para a realização do projeto. “A cisterna que produzimos custa cerca de R$ 300, e os alunos arrecadam o dinheiro vendendo doces na festa junina da escola”, conta. A primeira minicisterna foi feita em 2013, e é responsável por armazenar a água que rega o viveiro da instituição. Já a turma de 2014 doou a que produziu para um centro de apoio a crianças e adolescentes de uma comunidade carente que o Colégio Santa Maria assiste. Na ocasião, os alunos foram até lá, instalaram e explicaram como era o funcionamento do reservatório.

  7. O PMDB tinha diretorias da Petrobras na era FHC?

    Noticia-se que o PMDB decidiu que a CPI da Petrobras só vai investigar mesmo o período 2005/2014 e que esta decisão será seguida pelo presidente da CPI. O que estaria por trás disso? Será que nas diretorias mais importantes, na era FHC, havia diretores indicados pelo PMDB? Alguém da área poderia levantar essas informações?

  8. Temos Neutralidade na Rede?

    Procurando opções de provedor me deparei com a segmentação de rede proposta pela NET.

    http://www.netcombo.com.br/monte-sua-net

    Selecione a aba @INTERNET e assim teremos as “opções” de rede possíveis.

    Com o marco civil da internet achei que seria impossível encontrar algo que confrontasse esta lei. Ou estou enganado?

  9. Xico Sá está de volta

    Desta vez, nas páginas do jornal EL PAÍS ( fonte: http://brasil.elpais.com/brasil/2015/03/01/politica/1425167806_427134.html )

    “Xico Sá está de volta às crônicas como o novo colunista do EL PAÍS Brasil. O jornalista nascido no Crato, interior do Ceará, decidiu aceitar o convite para escrever semanalmente aos leitores do EL PAÍS Brasil a partir do dia 6 de março. Nascido Francisco Reginaldo de Sá Menezes, Xico, de 52 anos, retoma a disciplina do texto para se dedicar a escrever sobre sua três paixões: política, futebol e o amor.”

  10. A boçalidade do malGuido

    A boçalidade do mal

    Guido Mantega e a autorização para deletar a diferença

    Leia outros artigos de Eliane Brum 2 MAR 2015 – 11:25 BRT

    http://brasil.elpais.com/brasil/2015/03/02/opinion/1425304702_871738.html

    Em 19 de fevereiro, Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda dos governos de Lula e de Dilma Rousseff, estava na lanchonete do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, quando foi hostilizado por uma mulher, com o apoio de outras pessoas ao redor. Os gritos: “Vá pro SUS!”. Entre eles, “safado” e “fdp”. Mantega era acompanhado por sua esposa, Eliane Berger, psicanalista. Ela faz um longo tratamento contra o câncer no hospital, mas o casal estava ali para visitar um amigo. O episódio se tornou público na semana passada, quando um vídeo mostrando a cena foi divulgado no YouTube.

    Entre as várias questões importantes sobre o momento atual do Brasil – mas não só do Brasil – que o episódio suscita, esta me parece particularmente interessante:

    “Que passo é esse que se dá entre a discordância com relação à política econômica e a impossibilidade de sustentar o lugar do outro no espaço público?”.

    A pergunta consta de uma carta escrita pelo Movimento Psicanálise, Autismo e Saúde Pública (MPASP), que encontrou na cena vivida por Guido e Eliane ecos do período que antecedeu a Segunda Guerra, na Alemanha nazista, quando se iniciou a construção de um clima de intolerância contra judeus, assim como contra ciganos, homossexuais e pessoas com deficiências mentais e/ou físicas. O desfecho todos conhecem. Em apoio a Guido e Eliane, mas também pela valorização do Sistema Único de Saúde (SUS), que atende milhões de brasileiros, o MPASP lançou a hashtag #VamosTodosProSUS.

     

    Pode-se aqui fazer a ressalva de que a discordância vai muito além da política econômica e que o ex-ministro petista encarnaria na lanchonete de um dos hospitais privados mais caros do país algo bem mais complexo. Mas a pergunta olha para um ponto preciso do cotidiano atual do Brasil: em que momento a opinião ou a ação ou as escolhas do outro, da qual divergimos, se transforma numa impossibilidade de suportar que o outro exista? E, assim, é preciso eliminá-lo, seja expulsando-o do lugar, como no caso de Guido e Eliane, seja eliminando sua própria existência – simbólica, como em alguns projetos de lei que tramitam no Congresso, visando suprimir direitos fundamentais dos povos indígenas ou de outras minorias; física, como nos crimes de assassinato por homofobia ou preconceito racial.

    O que significa, afinal, esse passo a mais, o limite ultrapassado, que tem sido chamado de “espiral de ódio” ou “espiral de intolerância”, num país supostamente dividido (e o supostamente aqui não é um penduricalho)? De que matéria é feita essa fronteira rompida?

    A descoberta de que aquele vizinho simpático com quem trocávamos amenidades no elevador defende o linchamento de homossexuais tem um impacto profundo

    A resposta admite muitos ângulos. Na minha hipótese, entre tantas possíveis, peço uma espécie de licença poética à filósofa Hannah Arendt, para brincar com o conceito complexo que ela tão brilhantemente criou e chamar esse passo a mais de “a boçalidade do mal”. Não banalidade, mas boçalidade mesmo. Arendt, para quem não lembra, alcançou “a banalidade do mal” ao testemunhar o julgamento do nazista Adolf Eichmann, em Jerusalém, e perceber que ele não era um monstro com um cérebro deformado, nem demonstrava um ódio pessoal e profundo pelos judeus, nem tampouco se dilacerava em questões de bem e de mal. Eichmann era um homem decepcionantemente comezinho que acreditava apenas ter seguido as regras do Estado e obedecido à lei vigente ao desempenhar seu papel no assassinato de milhões de seres humanos. Eichmann seria só mais um burocrata cumprindo ordens que não lhe ocorreu questionar. A banalidade do mal se instala na ausência do pensamento.

    A boçalidade do mal, uma das explicações possíveis para o atual momento, é um fenômeno gerado pela experiência da internet. Ou pelo menos ligado a ela. Desde que as redes sociais abriram a possibilidade de que cada um expressasse livremente, digamos, o seu “eu mais profundo”, a sua “verdade mais intrínseca”, descobrimos a extensão da cloaca humana. Quebrou-se ali um pilar fundamental da convivência, um que Nelson Rodrigues alertava em uma de suas frases mais agudas: “Se cada um soubesse o que o outro faz dentro de quatro paredes, ninguém se cumprimentava”. O que se passou foi que descobrimos não apenas o que cada um faz entre quatro paredes, mas também o que acontece entre as duas orelhas de cada um. Descobrimos o que cada um de fato pensa sem nenhuma mediação ou freio. E descobrimos que a barbárie íntima e cotidiana sempre esteve lá, aqui, para além do que poderíamos supor, em dimensões da realidade que só a ficção tinha dado conta até então.

    Descobrimos, por exemplo, que aquele vizinho simpático com quem trocávamos amenidades bem educadas no elevador defende o linchamento de homossexuais. E que mesmo os mais comedidos são capazes de exercer sua crueldade e travesti-la de liberdade de expressão. Nas postagens e comentários das redes sociais, seus autores deixam claro o orgulho do seu ódio e muitas vezes também da sua ignorância. Com frequência reivindicam uma condição de “cidadãos de bem” como justificativa para cometer todo o tipo de maldade, assim como para exercer com desenvoltura seu racismo, sua coleção de preconceitos e sua abissal intolerância com qualquer diferença.

    Foi como um encanto às avessas – ou um desencanto. A imagem devolvida por esse espelho é obscena para além da imaginação. Ao libertar o indivíduo de suas amarras sociais, o que apareceu era muito pior do que a mais pessimista investigação da alma humana. Como qualquer um que acompanha comentários em sites e postagens nas redes sociais sabe bem, é aterrador o que as pessoas são capazes de dizer para um outro, e, ao fazê-lo, é ainda mais aterrador o que dizem de si. Como o Eichmann de Hannah Arendt, nenhum desses tantos é um tipo de monstro, o que facilitaria tudo, mas apenas ordinariamente humano.

    Ao permitir que cada indivíduo se mostrasse sem máscaras, a internet arrancou da humanidade a ilusão sobre si mesma

    Ainda temos muito a investigar sobre como a internet, uma das poucas coisas que de fato merecem ser chamadas de revolucionárias, transformaram a nossa vida e o nosso modo de pensar e a forma como nos enxergamos. Mas acho que é subestimado o efeito daquilo que a internet arrancou da humanidade ao permitir que cada indivíduo se mostrasse sem máscaras: a ilusão sobre si mesma. Essa ilusão era cara, e cumpria uma função – ou muitas – tanto na expressão individual quanto na coletiva. Acho que aí se escavou um buraco bem fundo, ainda por ser melhor desvendado.

    Como aprendi na experiência de escrever na internet que não custa repetir o óbvio, de forma nenhuma estou dizendo que a internet, um sonho tão estupendo que jamais fomos capazes de sonhá-lo, é algo nocivo em si. A mesma possibilidade de se mostrar, que nos revelou o ódio, gerou também experiências maravilhosas, inclusive de negação do ódio. Assim como permitiu que pessoas pudessem descobrir na rede que suas fantasias sexuais não eram perversas nem condenadas ao exílio, mas passíveis de serem compartilhadas com outros adultos que também as têm. Do mesmo modo, a internet ampliou a denúncia de atrocidades e a transformação de realidades injustas, tanto quanto tornou o embate no campo da política muito mais democrático.

    Meu objetivo aqui é chamar a atenção para um aspecto que me parece muito profundo e definidor de nossas relações atuais. A sociedade brasileira, assim como outras, mas da sua forma particular, sempre foi atravessada pela violência. Fundada na eliminação do outro, primeiro dos povos indígenas, depois dos negros escravizados, sua base foi o esvaziamento do diferente como pessoa, e seus ecos continuam fortes. A internet trouxe um novo elemento a esse contexto. Quero entender como indivíduos se apropriaram de suas possibilidades para exercer seu ódio – e como essa experiência alterou nosso cotidiano para muito além da rede.

    Finalmente era possível “dizer tudo”, e isso passou a ser confundido com autenticidade e liberdade

    É difícil saber qual foi a primeira baixa. Mas talvez tenha sido a do pudor. Primeiro, porque cada um que passou a expressar em público ideias que até então eram confinadas dentro de casa ou mesmo dentro de si, descobriu, para seu júbilo, que havia vários outros que pensavam do mesmo jeito. Mesmo que esse pensamento fosse incitação ao crime, discriminação racial, homofobia, defesa do linchamento. Que chamar uma mulher de “vagabunda” ou um negro de “macaco”, defender o “assassinato em massa de gays”, “exterminar esse bando de índios que só atrapalham” ou “acabar com a raça desses nordestinos safados” não só era possível, como rendia público e aplausos. Pensamentos que antes rastejavam pelas sombras passaram a ganhar o palco e a amealhar seguidores. E aqueles que antes não ousavam proclamar seu ódio cara a cara, sentiram-se fortalecidos ao descobrirem-se legião. Finalmente era possível “dizer tudo”. E dizer tudo passou a ser confundido com autenticidade e com liberdade.

    Para muitos, havia e há a expectativa de que o conhecimento transmitido pela oralidade, caso de vários povos tradicionais e de várias camadas da população brasileira com riquíssima produção oral, tenha o mesmo reconhecimento na construção da memória que os documentos escritos. Na experiência da internet, aconteceu um fenômeno inverso: a escrita, que até então era uma expressão na qual se pesava mais cada palavra, por acreditar-se mais permanente, ganhou uma ligeireza que historicamente esteve ligada à palavra falada nas camadas letradas da população. As implicações são muitas, algumas bem interessantes, como a apropriação da escrita por segmentos que antes não se sentiam à vontade com ela. Outras mostram as distorções apontadas aqui, assim como a inconsciência de que cada um está construindo a sua memória: na internet, a possibilidade de apagar os posts é uma ilusão, já que quase sempre eles já foram copiados e replicados por outros, levando à impossibilidade do esquecimento

    O fenômeno ajuda a explicar, entre tantos episódios, a resposta de Washington Quaquá, prefeito de Maricá e presidente do PT fluminense, uma figura com responsabilidade pública, além de pessoal, às agressões contra Guido Mantega. Em seu perfil no Facebook, ele sentiu-se livre para expressar sua indignação contra o que aconteceu na lanchonete do Einstein nos seguintes termos: “Contra o fascismo a porrada. Não podemos engolir esses fascistas burguesinhos de merda! (…) Vamos pagar com a mesma moeda: agrediu, devolvemos dando porrada!”.

    O outro, se não for um clone, só existe como inimigo

    O ódio, e também a ignorância, ao serem compartilhados no espaço público das redes, deixaram de ser algo a ser reprimido e trabalhado, no primeiro caso, e ocultado e superado, no segundo, para ser ostentado. E quando me refiro à ignorância, me refiro também a declarações de não saber e de não querer saber e de achar que não precisa saber. Me arrisco a dizer que havia mais chances quando as pessoas tinham pudor, em vez de orgulho, de declarar que acham museus uma chatice ou que não leram o texto que acabaram de desancar, porque pelo menos poderia haver uma possibilidade de se arriscar a uma obra de arte que as tocasse ou a descobrir num texto algo que provocasse nelas um pensamento novo.

    Sempre se culpa o anonimato permitido pela rede pelas brutalidades ali cometidas. É verdade que o anonimato é uma realidade, que há os “fakes” (perfis falsos) e há toda uma manipulação para falsificar reações negativas a determinados textos e opiniões, seja por grupos organizados, seja como tarefa de equipes de gerenciamento de crise de clientes públicos e privados. Tanto quanto há campanhas de desqualificação fabricadas como “espontâneas”, nas quais mentiras ou boatos são disseminados como verdades comprovadas, causando enormes estragos em vidas e causas.

    Mas suspeito que, no que se refere ao indivíduo, a notícia – boa ou má – é que o anonimato foi em grande medida um primeiro estágio superado. Uma espécie de ensaio para ver o que acontece, antes de se arriscar com o próprio RG. Não tenho pesquisa, só observação cotidiana. Testemunho dia a dia o quanto gente com nome e sobrenome reais é capaz de difundir ódio, ofensas, boatos, preconceitos, discriminação e incitação ao crime sem nenhum pudor ou cuidado com o efeito de suas palavras na destruição da reputação e da vida de pessoas também reais. A preocupação de magoar ou entristecer alguém, então, essa nem é levada em conta. Ao contrário, o cuidado que aparece é o de garantir que a pessoa atacada leia o que se escreveu sobre ela, o cuidado que se toma é o da certeza de ferir o outro. O outro, se não for um clone, só existe como inimigo.

    Na eleição de 2014, descobriu-se que os bárbaros eram até ontem os aliados na empreitada da civilização

    O problema, quando se aponta os “bárbaros”, e aqui me incluo, é justamente que os bárbaros são sempre os outros. Neste sentido, a eleição de 2014, da qual derivou a tese, para mim bastante questionável, do “Brasil partido”, bagunçou um bocado essa crença. Não foi à toa que amizades antigas se desfizeram, parentes brigaram e até amores foram abalados, que até hoje há gente que se gostava que não voltou a se falar. As redes sociais, a internet, viraram um campo de guerra, num nível maior do que em qualquer outra eleição ou momento histórico. Só que, desta vez, os bárbaros eram até ontem os aliados na empreitada da civilização.

    Descobriu-se então que pessoas com quem se compartilhou sonhos ou pessoas que se considerava éticas – pessoas do “lado certo” – eram capazes de lançar argumentos desonestos – e que sabiam ser desonestos – e até mentiras descaradas, assim como de torturar números e manipular conceitos. Eram capazes de fazer tudo o que sempre condenaram, em nome do objetivo supostamente maior de ganhar a eleição. Os bárbaros não eram mais os outros, os de longe. Desta vez, eram os de perto, bem de perto, que queriam não apenas vencer, mas destruir o diferente ou o divergente, eu ou você. O bárbaro era um igual, o que torna tudo mais complicado.

    Não se sai imune desse confronto com a realidade do outro, a parte mais fácil. Não se sai impune desse confronto com a realidade de si, este um enfrentamento só levado adiante pelos que têm coragem. Como sabemos, enquanto for possível e talvez mesmo quando não seja mais, cada um fará de tudo para não se enxergar como bárbaro, mesmo que para isso precise mentir para si mesmo. É duro reconhecer os próprios crimes, assim como as traições, mesmo as bem pequenas, e as vilanias. Mas, no fundo, cada um sabe o que fez e os limites que ultrapassou. O que aconteceu na eleição de 2014 é que os bons e os limpinhos descobriram algumas nuances a mais de sua condição humana, e descobriram o pior: também eles (nós?) não são capazes de respeitar a opinião e a escolha diferente da sua. Também eles (nós?) não quiseram debater, mas destruir. De repente, só havia “haters” (odiadores). De novo: desse confronto não se sai impune. A boçalidade do mal ganhou dimensões imprevistas.

    A experiência poderosa de se mostrar sem recalques transcendeu e influenciou a vida para além das redes

    Seria improvável que a experiência vivida na internet, na qual o que aconteceu nas eleições foi apenas o momento de maior desvendamento, não mudasse o comportamento quando se está cara a cara com o outro, quando se está em carne e osso e ódio diante do outro, nos espaços concretos do cotidiano. Seria no mínimo estranho que a experiência poderosa de se manifestar sem freios, de se mostrar “por inteiro”, de eliminar qualquer recalque individual ou trava social e de “dizer tudo” – e assim ser “autêntico”, “livre” e “verdadeiro” – não influenciasse a vida para além da rede. Seria impossível que, sob determinadas condições e circunstâncias, os comportamentos não se misturassem. Seria inevitável que essa “autorização” para “dizer tudo” não alterasse os que dela se apropriaram e se expandisse para outras realidades da vida. E a legitimidade ganhada lá não se transferisse para outros campos. Seria pouco lógico acreditar que a facilidade do “deletar” e do “bloquear” da internet, um dedo leve e só aparentemente indolor sobre uma tecla, não transcendesse de alguma forma. Não se trata, afinal, de dois mundos, mas do mesmo mundo – e do mesmo indivíduo.

    A mulher que se sentiu “no direito” de xingar Guido Mantega e por extensão Eliane Berger, e tornar sua presença na lanchonete do hospital insuportável, assim como as pessoas que se sentiram “no direito” de aumentar o coro de xingamentos, possivelmente acreditem que estavam apenas exercendo a liberdade de expressão como “cidadãos de bem indignados com o PT”, uma frase corriqueira nos dias de hoje, quase uma bandeira. Ao mandar Guido e Eliane para outro lugar – e não para qualquer lugar, mas “pro SUS” – devem acreditar que o Sistema Único de Saúde é a versão contemporânea do inferno, para a qual só devem ir os proscritos do mundo. Possivelmente acreditem também que o espaço do Hospital Israelita Albert Einstein deve continuar reservado para uma gente “diferenciada”. Em nenhum momento parecem ter enxergado Guido e Eliane como pessoas, nem se lembrado de que quem está num hospital, seja por si mesmo, seja por alguém que ama, está numa situação de fragilidade semelhante a deles. O direito ao ódio e à eliminação do outro mostrou-se soberano: aquele que é diferente de mim, eu mato. Ou deleto. Simbolicamente, no geral; fisicamente, com frequência assustadora.

    Mas, claro, nada disso é importante. Nem é importante a greve dos caminhoneiros ou a falta de água na casa dos mais pobres. Tampouco a destruição de estátuas milenares pelo Estado Islâmico. Essencial mesmo é o grande debate da semana que passou: descobrir se o vestido era branco e dourado – ou preto e azul. Até mesmo sobre tal irrelevância, a selvageria do bate-boca nas redes mostrou que não é possível ter opinião diferente.

    Já demos um passo além da banalidade. Nosso tempo é o da boçalidade.

    Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora dos livros de não ficção Coluna Prestes – o Avesso da Lenda, A Vida Que Ninguém vê, O Olho da Rua, A Menina Quebrada, Meus Desacontecimentos e do romance Uma Duas. Site: desacontecimentos.com Email: [email protected] Twitter: @brumelianebrum.

     

  11. 106 anos de Booker Pittman

     

    Booker Pittman (3 de março de 1909, Fairmount Heights, Maryland, EUA – 19 de outubro de 1969, Rio de Janeiro, RJ)

    Segundo de três irmãos, Booker Pittman era filho do arquiteto William Sidney Pittman (21 de abril de 1875 –  14 de março de 1958) e de Portia Marshall Washington Pittman (6 de junho de 1883- 26 de fevereiro de 1978), uma professora e concertista de piano. 

    Seu avô materno, Booker T. Washington era filho de Jane, uma negra escrava que trabalhava como cozinheira,  e de pai fazendeiro branco desconhecido. Nascido numa plantação do sul de Franklin, na Virginia, em abril de 1856, Booker Washington trabalhou ainda criança em minas de carvão. Matriculou-se mais tarde no Instituto Normal e Agrícola Hampton onde trabalhou para pagar seus estudos. Foi pedreiro e mais tarde professor. Nos dias difíceis de depois da Guerra Civil e da emancipação dos escravos, Washington ficou famoso pela mensagem que dirigiu aos brancos e negros do Sul, para trabalharem em conjunto no desenvolvimento da amizade entre as duas raças […] Tendo se formado pelas Universidades de Harvard e Dartmouth, Washington escreveu mais de 10 livros sobre a melhora das relações interraciais e a educação de seu povo. Um destes livros, sua autobiografia, Up from Slavery tornou-se um clássico e foi traduzido para mais de 20 línguas.

    Foi escritor, educador e líder político e o primeiro professor e diretor da primeira universidade para negros nos EUA, o Tuskegee Institute, desde sua inauguração, em 4 de julho de 1881, até sua morte em 14 de novembro de 1915. 

    Booker Pittman e sua família viveram por um curto período em Washington, D.C. e, em 1913, foram para Dallas, onde Booker passou a maior parte da sua infância. Portia ensinava piano e Sidney Pittman exercia sua profissão como arquiteto. Portia retornou a Tuskegee no final dos anos 20, mas naquela época seu filho já estava fazendo turnês e trabalhando como músico de jazz.

    Booker começou ainda garoto a interessar-se pelo pistão e, depois, pelo saxofone, instrumentos dos quais se tornaria virtuose. Seus primeiros trabalhos foram em 1927, em Dallas, com o grupo Blue Moon Chasers, animando bailes de estudantes. A segurança de Booker no instrumento o levaria a ter chances com outros grupos e nos anos 30 já tocava em Nova Iorque, trabalhando em templos de jazz, inclusive no histórico Cotton Club.

    Ele deixou os EUA pela primeira vez em 1933, quando acompanhou a orquestra de Lucky Millinder para tocar na França e lá permaneceu por quatro anos. Durante esse período, conheceu o músico brasileiro Romeu Silva, que o levou ao Brasil, juntamente com outros músicos. Eles passaram por Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro.

    Em 1937, Booker mudou para o Brasil e continuou sua carreira musical tocando no Cassino Atlântico. Ele morava em Copacabana e fez amizade com Jorge Guinle e Pixinguinha, criador do apelido carinhoso “Buca”. Mudou para a Argentina nos anos 40, retornando ao Brasil na década seguinte, indo morar no Paraná.   

    Nas imensas bebedeiras da década de 40 e 50, Buca teria trocado a cocaína por uma paixão maior, a cachaça. O vício cresceu, o dinheiro sumiu e Booker passou a tocar em troca de bebida. Rodou pelo Norte do Paraná, vivendo temporadas em Santo Antônio da Platina e Cornélio Procópio.

    Foi encontrado por Paille Corcodelle, um vendedor de perfumes, pintando as paredes de um prostíbulo. O amigo mostrou a Booker a revista Manchete com a notícia de Fernando Lobo sobre sua morte, fato que o abalou profundamente. Booker já não sabia nem de sua mãe, nem de seus irmãos, mas tinha forte vontade de voltar a tocar.

    Decidiu voltar ao Rio de Janeiro, passando antes por São Paulo para encontrar Louis Armstrong, amigo de juventude. Armstrong, um dos principais nomes do jazz, faria uma apresentação na cidade e Dona Ophelia foi ao show e levou a filha, Eliana. Ophelia não via ninguém a não ser o saxofonista americano que apareceu como convidado surpresa: Booker Pittman. Ophelia evitou o tumulto que se formou para falar com Armstrong e foi falar com Booker. Ophelia conseguiu quebrar a aversão que o músico sentia pelo casamento – ele achava que poderia prejudicar seu espírito cigano. Logo, estavam vivendo juntos.

    Quando Booker resolveu retomar a carreira no Rio de Janeiro, levou a nova esposa e filha. As duas já usavam o sobrenome Pittman. Ophelia tornou-se sua empresária e ficou famosa por ser mão de ferro. Foi muito importante para ele: procurou lugares para ele trabalhar, o fez parar de beber e voltar a procurar a mãe, nos EUA.

    Eliana descobriu um mundo novo e, sendo apresentada aos discos das deusas do jazz Ella Fitzgerald e Sarah Vaughan, descobriu sua vocação musical. Aos 13 anos estreava como crooner, ao lado do pai, na boate carioca Little Club, no Beco das Garrafas e começam a gravar discos.

    De volta ao Rio de Janeiro, tornou-se atração fixa da boate do Hotel Plaza e, em pouco tempo, obteve sucesso. Com Dick Farney, seu companheiro na boate, gravaria o álbum Jam Session, em 1961.

    Booker foi um dos primeiros jazzistas nascidos nos EUA a misturar jazz improvisado com a batida de violão estilo João Gilberto. Em 1963, Booker e Eliana gravaram o álbum News from Brazil, incluindo canções do novo gênero, como O Barquinho e Nós e o Mar.

    Em 1964 foi publicada a seguinte nota: “Booker Pittman volta aos EUA: Após 30 anos de ausência, 24 dos quais passados no Brasil, onde se casou com uma brasileira, volta amanhã aos EUA o saxofonista Booker Pittman, contratado para atuar no programa “Jack Paar Show”, transmitido em cadeia pela TV americana. Além da arte de seu sax, levará a voz de sua filha, Eliana, que participa hoje de todos os seus shows”.

    Em 1966, descobriu que tinha um câncer na laringe. Os médicos queriam fazer uma traqueostomia, mas ele não concordou e sua decisão foi respeitada. Em 1969, Pittman morre, aos 60 anos.

    Lúcio Rangel, no artigo Booker Pittman, um músico de jazz (Revista Senhor, jul. 1959) diz: “O som de Pittman é infecciosamente bem-humorado, fluente e empático, e sempre altamente baseado na escala blues. Seu desempenho vocal é teatral e aparentemente improvisado, para o aparente deleite do público. A performance é como se fosse uma rápida aula de mestre em improvisação do blues, polifonia e espetáculo de jazz de Nova Orleans”.

    O crítico francês de jazz Hugues Panassié escreveu: “Dominando inteiramente o sax-soprano, o alto, o tenor, o barítono e a clarineta, Booker chegou a um “estilo ardente, brilhante e de frases caprichosas”.

    Existe, na Chácara Santo Antônio, em São Paulo, uma rua com o nome do músico

    Em 1984, Ophelia Pittman lançou o livro Por você, por mim, por nós. 

    Em Cornélio Procópio foi realizado o curta-metragem Morre um nome (2007), em homenagem ao saxofonista.

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=b7GC7jEjG5s%5D

    Em 2008, Rodrigo Grota lança o premiado documentário Booker Pittman 

    Fontes:       

    Booker Pittman no Dicionário Cravo Albin  

    Booker Pittman no auge dos anos loucos 

    A Bossa Nova e a influência do blues, 1955-1964,  por Bryan McCann

    O morto tocava sax junto ao túmulo que não era seu

    Nas memórias de Booker, o Paraná ficou esquecido, por Aramis Millarch 

    A saga de Booker Pittman, por Ranulfo Pedreiro

    Videos

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=aQLhev_wDgw%5D

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=vJwVfQznmi0%5D

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=_NmJGHJBhIU%5D

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=vIcVH1XZhn4%5D

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=3TfkGA8i15A%5D

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=CTuHsNxxd2A%5D

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=TDZ-EhcvgSU%5D

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=77LhkG6e8dg%5D

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=tSEh77Klrxw%5D

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=8a3yFhKQdwo%5D

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=FBYEM3TE26Y%5D

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=K96LLBwG9p%5D

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=zF25iXBjZlk%5D

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=apQZQJ53hE%5D

    ​Fotos

    Com Lena Horn 

    Com ​Dizzy Gillespie

    Com Eliana e Ofelia Pittman em Buenos Aires, 1960

     

  12. Eduardo Cunha

    Eduardo Cunha está na lista…

    Eduardo Cunha, PMDB/RJ, presidente da Câmara, está na Lista de Furnas, apoiou Fernando Collor, é afilhado do governador Sérgio Cabral, e ainda é apontado na lista dos principais lobistas do Congresso Nacional.

    Para derrotar o candidato do PT, a mídia apoiou Cunha, como apoiou Severino Cavalcante, o segundo maior picareta a presidir a Câmara dos Deputados, pois o primeiro que logo vai se desnudar para a sociedade é Eduardo Cunha.

     Além do apoio da mídia, Eduardo Cunha se comprometeu com seus pares de botar em pauta e aprovar o turismo de seus cônjuges; o orçamento impositivo para beneficiar emendas dos deputados seus eleitores; Cunha também disse que pautaria o impeachment de Dilma; Cunha, em seus devaneios, achou que os homens iam vibrar com o dia dos etéreos.

     

    Apesar de ser considerado Ficha Limpa para a justiça eleitoral, Eduardo Cunha possui no Supremo Tribunal Federal 22 processos, alguns como autor e outros como réu, e, entre eles, três inquéritos que apuram possíveis crimes cometidos por Cunha na época em que foi presidente da  Companhia de Habitação do Estado do Rio de Janeiro (CEHB-RJ), entre 1999 e 2000. Denúncias vão desde falsificação de documentos até manipulação de licitações.

     

    A mídia, sem dúvida, apoiou Eduardo Cunha pois, em nenhum momento, a sociedade tomou conhecimento através da imprensa do seu rico currículo. Enquanto passa a mão na cabeça de políticos como Eduardo Cunha, em outros como Lula e Dilma do PT a mídia inventa fatos como quando a Veja, na capa da revista, publicou, às vésperas da eleição, que Lula e Dilma sabiam da corrupção na Petrobrás, fato negado pelo próprio advogado daquele que teria delatado, o doleiro Alberto Youssef.

     

     A rica festa do sobrinho de Lula em Brasília, outra mentira divulgada pela revista Veja. A família de Lula está processando a revista e o repórter. A acusação de que o filho de Lula, o Lulinha, seria dono da Friboi, isso repercutiu na mídia nas redes sociais até Lula processar o ex-candidato do PV à presidência, Eduardo Jorge, que publicou essa mentira.

     

    Agora Eduardo Cunha está apreensivo se seu nome está ou não na lista de Janot. Se estiver na lista não vai surpreender quem já conhece sua trajetória. Se não estiver, é questão de tempo. Como diria o ex-presidente americano, Abraham Lincon: “Você pode enganar uma pessoa por muito tempo; algumas por algum tempo; mas não consegue enganar todas por todo o tempo…”.

    Rio de Janeiro, 03 de março de 2015;

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador