Fora de Pauta

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Redação

11 Comentários

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  1. Canetada, sei.. E o STF já está prevaricando..E o álibi é falso.

    http://painel.blogfolha.uol.com.br/2015/08/01/para-psdb-risco-que-cunha-impoe-a-dilma-compensa-desgaste-de-apoia-lo/

    Malvado favorito O PSDB faz uma conta pragmática ao não abandonar Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Na avaliação de tucanos, o peemedebista fica no cargo mesmo se for denunciado por Rodrigo Janot, pelo menos até o STF decidir se abre ou não ação penal. “Basta uma canetada dele para abrir o processo de impeachment”, diz um cacique. Para tucanos, o preço que o partido pode pagar por oferecer sustentação ao presidente da Câmara é menor que o desgaste que ele pode causar a Dilma Rousseff.

    Álibi Em última instância, se a situação do peemedebista ficar insustentável, “vamos lembrar que o partido apoiou Julio Delgado e foi contra Cunha na eleição para a presidência da Câmara”, diz um deputado tucano.

  2. Ainda sobre o Rio Grande do Sul

    Por Juremir Machado da Silva

     

    http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=7378

     

    A ordem natural das coisas no governo gaúcho

    Postado por Juremir em 2 de agosto de 2015 – Uncategorized

    Primeiro os políticos prometem mundos e fundos.

    Depois de eleitos, aumentam os seus salários.

    No RS, as coisas fundamentais foram resolvidas em primeiro lugar.

    Deputados, secretários e judiciário tiveram o “seu” garantido.

    O governador recuou no seu aumento de salário.

    Resolvidas as questões essenciais, impôs-se o discurso da crise.

    Em consequência, veio o parcelamento dos salários da plebe.

    Por que não foram congelados os salários de deputados e secretários?

    Por que não se diminuiu o repasse ao Judiciário, que mantém seus privilégios como auxílio-moradia para quem tem casa?

    O judiciário cumpre a lei à risca quando se trata do “seu”. Mas deixa descumprir a lei do piso do magistério.

    Os poderes são independentes? O dinheiro entra pelo caixa do executivo. Se o executivo pode descumprir a lei do piso e do pagamento integral dos salários alegando falta de recursos, por que não pode descumprir a lei do repasse ao judiciário pelo mesmo motivo? Falta dinheiro para o funcionalismo porque antes foram pagos os privilégios da casta dominante.

    O governo do RS tem um ideólogo neoliberal, o economista Darcy Francisco dos Santos.

    Ele tem um plano para o Estado: o desmanche.

    É preciso que a crise seja a mais grave possível para que o desmonte se justifique.

    Um secretário já disse em off: quanto pior, melhor.

    Um deputado já lamentou: como é que deixaram aprovar essa lei que exige plebiscito para privatizações de estatais.

    O ideólogo neoliberal do governo quer mudanças na previdência do Estado. Esse é o ponto central.

    Ao contrário do que se diz, o governo sempre teve um projeto: diminuir radicalmente o tamanho do Estado.

    Tem também uma estratégia para atingir o seu objetivo: a ampliação da crise.

    O ex-governador Tarso Genro garante que o governo pode pedir empréstimos de até 20 bilhões.

    O governo diz que não ou desconversa.

    Mesmo que seja possível, parece não interessar.

    Diminuiria a intensidade da crise?

    O ideólogo neoliberal do governo aposta em privatizações, alteração da previdência, enxugamento de serviços e despesas.

    Considera que o combate a sonegação não dará resultados, que cobranças da dívida ativa não levarão muito longe e que renegociar a dívida com a União também não dará muitos frutos. A saída é cortar na carne. Na carne do funcionalismo.

    A culpa é da plebe.

    O governo tem um projeto: realizar o que Britto começou e terminar o que Yeda Crusius tentou e não conseguiu.

    Privatizações, alteração de plano de carreira do magistério e modificação radical da previdência.

    Deixar a segurança à míngua parece fazer parte do plano para, com o caos e o medo que dele será derivado, apavorar a população e criar as condições para o “ajuste”.

    Quem quiser saber para onde vai o governo, preste atenção no que diz o seu ideólogo neoliberal, Darcy Francisco dos Santos.

    Para ele, ao que parece, o funcionalismo gaúcho ganha mais do que o Estado pode pagar e se aposenta cedo demais.

    Como Estado, no seu entender,  pelo que se pode compreender, deve ser como empresa e não gastar mais do que arrecada, a conclusão é óbvia: diminuir serviços, cortar benefícios, vender patrimônio, aumentar a idade para aposentadoria, cortar pensões por morte para viúvas jovens, etc. Coisas que o governo tucano de Dilma Rousseff também começou a fazer com seu ajuste fiscal.

    E até mesmo aumentar impostos ainda que isso contrarie a ideologia e constranja os parceiros.

    Esqueça-se a ideia de que Sartori elegeu-se sem um projeto. Ele apenas não o declarou.

    O seu projeto pode ser rotulado, numa perspectiva favorável, de diminuição do tamanho do Estado.

    Ou Projeto de Reforma Estrutural do Estado.

    Numa perspectiva desfavorável, atende pelo nome de desmanche do Estado.

    O Inter e o RS estão no começo do desmanche.

    O governador Sartori precisa seguir o futebol. Na hora da crise, o comandante precisa ser o primeiro a falar.

    Em coletiva. Para que possa ser questionado.

     

  3. FAZER O BEM, FAZ BEM!

    Doação de roupas para quem mora nas ruas

    Edição do evento sul-africano The Street Store no Rio distribuiu 2,5 toneladas de roupas

    O DIA

    Rio – “Cheguei aqui só com a roupa do corpo, vou voltar com um monte de presentes.” A declaração é de Ângela Maria, 55 anos, que mora na rua há sete. Na primeira edição carioca do The Street Store, conseguiu boas peças de roupas. Vinda de Capivari (SP) há 21 anos, disse que, às vezes, sobrevive apenas com moedas achadas. O evento sul-africano que recolhe e doa roupas, reuniu 200 moradores de rua ontem no Largo de São Francisco, Centro.

    Ângela Maria ficou satisfeita e fez pose com as roupas que ganhouFoto:  Alexandre Vieira / Agência O Dia

     

    Foram distribuídas 2,5 toneladas de sapatos, camisas, bermudas, calças e chilenos para aqueles que tinham poucas peças. “Agora vou mudar um pouco, eles são uns abençoados”, agradeceu Ângela. Foram servidos café da manhã, almoço e lanche.

    “A gente está mostrando que olha por eles”, resumiu a atriz Sheyla Santanna, 38 anos, organizadora. Participaram 40 voluntários. A advogada Maria Carolina Rodrigues, 27, foi um deles e gostou. Já José Roberto da Silva, 42, que mora na rua há quase 25 anos, aprovou a iniciativa: “A gente andava sujo.”

     

     

     

     

  4. Um governo claudicante

    Como um governo fraco se enfraquece mais pela incapacidade de ser forte

    3 de agosto de 2015 | 06:33 Autor: Fernando Brito

    bomba

    É impressionante a incapacidade de reação do Governo brasileiro aos atropelos à democracia que estamos assistindo.

    Em país algum do mundo, atirar uma bomba –  não importa se caseira ou não – contra o escritório de um ex-presidente da República provocaria apenas umas “tuitadas” de solidariedade.

    Pense o querido leitor se não estaria, minutos depois, no local, uma turma do FBI se a bomba tivesse sido arremessada, nos Estados Unidos, contra o Centro Carter ou a Fundação Clinton?

    Aqui, porém, temos um Ministro da Justiça (perdão!) que apenas gaguejou que “pode ser” que haja motivação política.

    E a Presidenta da República diz que “”jogar uma bomba caseira na sede do Instituto Lula é uma atitude que não condiz com a cultura de tolerância e de respeito à diversidade do povo brasileiro”.

    Com todo o respeito, Presidenta, é muito mais que isso.

    É crime.

    Como pretender que a população se indigne com isso se os governantes, que tem o dever, o poder e os meios para responsabilizar quem fez isso se mostram incapazes de se indignar e agir?

    Quem tem mais de 50 anos lembra das bombas “caseiras” que começaram a explodir em modestas bancas de jornais, depois no gabinete de um vereador do MDB no Rio, depois na Ordem dos Advogados do Brasil e, afinal, no colo dos próprios criminosos, no Riocentro?

    Volta e meia cito o trecho dos Lusíadas que ouvi de Brizola tantas vezes: “Que, vindo o Castelhano devastando/As terras sem defesa, esteve perto/De destruir-se o Reino totalmente/Que um fraco Rei faz fraca a forte gente.”

    O Governo brasileiro, eleito por um partido e uma liderança política, parece ter vergonha de usar a força da democracia contra os selvagens.

    Porque atirar bombas é ato de selvageria, de banditismo, ação criminosa que não apenas “não condiz” com a cultura de tolerância do Brasil, mas é uma violação a ser punida, de imediato e sem reservas, para que não se reproduza.

    Como o Governo não o faz, os imbecis do golpismo já se aventuram a dizer que a bomba fez “um buraquinho ridículo” na porta de metal do Instituto Lula.

    Não é ridículo atirar bombas.

    Ridículo é ter medo delas.

     

    http://tijolaco.com.br/blog/?p=28659

  5. Sobre a militarização das escolas em Goiás

    Tempos sombrios esses. Pouco se fala nacionalmente da distopia que o governo de Goiás está implementando.

     

    Goiás: comunidade se mobiliza contra militarização de escola

    29 de julho de 2015

    http://www.passapalavra.info/2015/07/105524

    Trata-se de uma maneira de o Estado quebrar a resistência dos trabalhadores nos seus locais de trabalho em implementar as metas educacionais impostas no Pacto pela Educação. Por Passa Palavra

    Noite de protesto

    Estamos na Vila Itatiaia, região norte de Goiânia, Goiás. Na terça-feira à noite, dia 21 de julho, começa o debate convocado pela comunidade escolar na porta do Colégio Estadual Waldemar Mundim. Está escuro, mas lotado: mais de 120 pessoas. O crescimento do movimento é claro. Depois da apresentação, uma das primeiras falas é de uma mãe contrária ao movimento: “A maioria deve ser a favor. Os meninos precisam de disciplina e ordem. Os colégios públicos hoje são cheios de traficantes, drogados, criminosos. Com os militares isso vai mudar”.

    botões04Enquanto ela falava, o público, tímido até então, começou a exigir e pressionar a organização do debate para ter sua vez de fala também. Várias mães e pais, estudantes e professores indignados. “Não tenho condições de pagar a taxa e o uniforme”, “meu filho não vai bater continência pra ninguém não”, “tráfico tem em toda esquina, não é militar no colégio que vai resolver isso não”, “vocês tão falando que filho de pobre é tudo criminoso e precisa de polícia”…

    Para a surpresa de muitos, a maioria dos pais e alunos era contra não só pelas taxas que passarão a ser cobradas com a mudança, mensalidade e compra do uniforme, mas pela própria ideia da gestão militar e estrita do ensino para seus filhos. Esses pais queriam agir para impedir essa decisão de se efetivar. Até então, era um consenso que a população era completamente a favor da depuração militar da indisciplina escolar.

    Chegou a parecer que o chamado “retrocesso conservador” moral e penal não era tão assustador quanto querem fazer crer aqueles a quem o povo mobilizado não só causa perplexidade, mas principalmente medo. Mas como se deu esse processo? Quais os caminhos que a mobilização vem tomando?

    A solução militar

    Um dos motivos é a natureza da mudança. Em meio à greve dos trabalhadores da educação do estado de Goiás, dia 24 de junho, o governador Marconi Perillo (PSDB) propõe um projeto de militarização de oito colégios em Goiânia. As razões alegadas são “o bom desempenho no IDEB e no vestibular”, além das “melhorias na disciplina e senso cívico dos alunos”. Por coincidência, dois desses colégios estão entre os que pararam 100% e não voltaram. O projeto, aprovado, dava um prazo de 30 dias para que se viabilizassem as condições necessárias para a conversão desses colégios em militares. E vetava, ao menos nesse ano letivo, a transferência de pessoal administrativo ou docente do colégio.

    A militarização de um colégio implica em algumas consequências. A Secretaria de Educação, Cultura e Esportes (SEDUCE) realiza um convênio com a Secretaria de Segurança Pública. Nesse convênio, 24 policiais militares serão utilizados para cargos administrativos, substituindo a secretaria e inclusive a direção do colégio. As atuais direções civis ficarão na função de vice-diretores dos gestores militares, ao menos inicialmente. Entre as escolas, apenas dois diretores não aceitaram a proposta. 50% das vagas do colégio ficarão reservadas para filhos de policiais e bombeiros. Os regimentos escolares serão adaptados aos atualmente existentes nos Colégios Militares.

    Para os professores e trabalhadores administrativos, uma das diferenças é que agora terão gestores militares supervisionando seu trabalho, pressionando para o cumprimento das metas da SEDUCE e interferindo nas suas aulas e no papel disciplinador exercido pelos docentes. Uma das falas da Secretária de Educação, Cultura e Esportes nesse sentido é reveladora:

    “[…] a principal diferença é a disciplina, pois em um lugar disciplinado os alunos aprendem mais. ‘Em uma sala em que o professor perde vários minutos para conseguir silêncio, para fazer chamada, isso não é possível. E no próprio cenário criado nas escolas militares há uma disciplina muito rígida, fora o acompanhamento de qualidade que existe. Há uma coordenação central que acompanha o desempenho de cada professor e cobra dele’ (ver aqui)”.

    botoA disciplina não se aplica só aos estudantes, mas também aos trabalhadores das unidades escolares. Fica explicada, então, a coincidência entre as greves totais e a mudança de gestão das escolas. Trata-se de uma maneira de o Estado quebrar a resistência dos trabalhadores nos seus locais de trabalho em implementar as metas educacionais impostas no Pacto pela Educação. Caso o gestor se mostre incompetente ou indisposto para a tarefa de quebrar essa resistência, pode ser facilmente substituído. Isso, nas palavras do governo do estado, é uma “gestão flexível, mais adaptável à realidade escolar”, comparada às atuais direções eleitas pela comunidade escolar, que são um pouco mais difíceis de substituir às escuras.

    Para os estudantes e pais, o impacto também é claro. A reserva de vagas dificulta o acesso de muitos e os custos também são proibitivos. Esses custos são: a) uma “taxa voluntária” de R$50,00 a R$80,00 (varia conforme a unidade); b) uniformes que custam cerca de R$350,00; c) taxa de matrícula que vai de R$80,00 a R$100,00 [1]. Uma vez que a estrutura do colégio e os professores são custeados pelo Estado, trata-se de um recurso que pode fazer a diferença na manutenção e estruturação do colégio. No caso do Waldemar Mundim, por exemplo, só pelo número de alunos haveria uma renda de R$80.000,00 reais por mês. É pouco dinheiro, mas com os custos fixos por conta do estado torna-se uma soma considerável. Com isso, transfere-se um custo que estava nas mãos do Estado para os estudantes e pais. Trata-se de uma privatização parcelada, na tradição das concessões petistas e Organizações Sociais (OS) da saúde no estado peessedebista [2].

    O código disciplinar (muito similar ao do treinamento de recrutas militares) é outro aspecto que gera muita resistência. Quem não chega no horário exato da aula tem que assinar um “boletim de ocorrência” e às vezes não pega aula, o uniforme (com mais de dez peças) tem que estar perfeitamente em ordem, o cabelo dos meninos tem que ser curto e os das meninas rabo de cavalo, são proibidos piercings e tatuagens, “linguagem desrespeitosa e gírias” (como “mano” e “velho”) são proibidas também. Ao começo de cada aula, os alunos tem que bater continência para o professor e pedir autorização para se sentar. “Gestos amorosos” são rigorosamente proibidos [3]. Grêmios estudantis não são formalmente interditados, mas na prática proibidos. Os filhos ficam, então, completamente à mercê dos pais para fazer qualquer reinvindicação. A lógica é muito similar à dos colégios particulares mais estritos, com a diferença de que o gestor e os bedéis estão armados. Obviamente, para muitos estudantes já estão sendo preparadas as suas expulsões ou “transferências educativas”.

    Ao contrário do que dizem as discussões que colocam o governo de Marconi Perillo (PSDB) como um coronelismo arcaico, esse projeto de militarização não é um “entulho autoritário”. É um projeto piloto ou um laboratório para a educação pública no estado de Goiás. Outra declaração de Raquel Teixeira nesse sentido também é reveladora:

    “Temos 1,2 mil escolas e temos apenas 20 colégios militares. É assim no mundo todo. As próprias “charter schools” são apenas 6% da rede de ensino. Mesmo sendo uma boa escola, nunca ocupará todo o sistema”.

    A resistência à implantação dessas escolas é, então, uma resistência a um piloto que busca legitimar a política de privatização parcelada, “descentralização de gestão” imposta de cima pra baixo, a imposição de códigos de comportamento estritos sobre os estudantes e o reforço do assédio sobre os trabalhadores da educação para implementação de metas pré-estabelecidas. Os atacados aqui são a autonomia dos estudantes na sua sociabilidade escolar, a autonomia dos trabalhadores da educação na sua resistência no local de trabalho e a autonomia dos pais e moradores em definir a gestão das escolas próximas. Qualquer resistência efetiva tem que se pautar na defesa dessas autonomias e construir na própria luta um reforço delas.

    A velha toupeira contra o velho inimigo

    A resistência contra a militarização começou a se tornar pública a partir de uma iniciativa de um jornal comunitário da região, o Jornal O Prego. Um debate no fim de semana, nas férias, reuniu 40 pessoas entres pais, estudantes, professores e alguns trabalhadores da região. Nesse debate, foi decidido que se faria outra reunião dentro do colégio com mais mobilização para tentar continuar a luta. A iniciativa se ampliou então de um pequeno jornal para a participação de moradores, pais, estudantes e professores. Foi marcada uma reunião duas semanas após essa primeira atividade e após intensa negociação com a direção do colégio, conseguiu-se marcar a reunião lá dentro na terça-feira à noite, às 19p0.

    botões05A mobilização que até então tinha ficado no Facebook e no Whatsapp, além do boca a boca, tomou uma face mais militante com as panfletagens nos pontos de ônibus e comércios. Foram deixados avisos na Igreja Católica da região, além das igrejas evangélicas. Mas um aspecto importante foi a passagem de casa em casa, batendo nos portões e conversando com os pais e estudantes dos bairros próximos sobre a pauta. Essa divulgação, por mais que não tenha chegado a todos, gerou uma repercussão grande na comunidade.

    Esse processo de debate, participação aberta e militância concreta contribuíram decisivamente para que o debate em frente à escola se realizasse apesar do boicote da SEDUCE e da diretora, que impediram de última hora a utilização do colégio. O movimento improvisou estrutura de som, cadeiras e prosseguiu com a atividade em frente aos portões fechados do Waldemar Mundim com mais de 130 pessoas. Apesar da grande disposição das pessoas presentes, que surpreendeu quem acreditava no consenso “regressivo”, muitos eram inexperientes e não sabiam como organizar próximas ações.

    Quando chegaram aos encaminhamentos, a maioria das pessoas já tinha saído por conta do horário avançado e da insistência de parte dos organizadores em dar um formato acadêmico à atividade de luta, com intelectuais “conselheiros” que não tinham como dar a principal resposta que os pais e estudantes tinham ido lá buscar: “o que fazer para não perdermos nossa escola?”

    Apesar da inexperiência dos lutadores, conseguiu-se aprovar uma manifestação da comunidade que foi feita na sexta-feira (24). Nessa manifestação, que se iniciou com uma assembleia, foram marcadas mais atividades para a ampliação da luta e se agregaram mais lutadores da região, pais e estudantes na organização das atividades.

    O movimento até agora conseguiu algumas vitórias. Em primeiro lugar, rompeu com a unanimidade que se acreditava existir em torno da militarização como uma distopia purgatória e educacional. Ficou claro que um número significativo de professores, estudantes e pais acreditam em outra forma de resolver os conflitos escolares que não a exclusão dos desajustados. Essa clareza resultou em uma ampla cobertura de imprensa e repercussão social. Em segundo lugar, a Secretaria de Educação Pública e o Comando de Ensino da Polícia Militar estão tendo que dar explicações, atenuar algumas coisas, inclusive acenar com isenção das taxas e dos uniformes para a comunidade. Em terceiro, o Ministério Público acenou com a possibilidade de questionar legalmente a legislação que implantou a militarização nessas escolas.

    Tudo isso foi conseguido através da mobilização de base, no bairro e na escola. A inserção na região, o diálogo com os trabalhadores e moradores foi a chave para que o movimento progredisse. No entanto, não houve ainda um aceno de que a militarização será revertida e ela está marcada para começar efetivamente na próxima semana. Ainda trata-se, também, do movimento de apenas uma escola em um contexto de sete unidades sendo militarizados. Como o movimento conseguirá reverter o considerável apoio e repercussão que conseguiu em uma ação mais contundente? Conseguirá romper com seu isolamento geográfico sem o intermédio de burocracias sindicais ou partidárias? Conseguirá achar uma forma de organização que efetive o desejo de ação das pessoas diretamente afetadas?

    botões01

    Imagens do filme Guerra de Botões (La Guerre des Boutons), de Yann Samuell.

    NOTAS

    [1] Após pressão do movimento, a Secretária Raquel Teixeira deu uma declaração (ou foi interpretada nesse sentido pelo jornalista) de que essas taxas não serão cobradas nas novas escolas. Mas nenhuma declaração oficial ou documento ainda permite confirmar isso. As declarações dadas na notícia do Jornal Opção, por exemplo, contradizem em parte outras da notícia do Diário da Manhã, em que o Comando Militar “esclarece” que “apenas” as taxas voluntárias serão cobradas e os que não se adequarem “terão a liberdade de se transferirem”.

    [2] Para um exemplo disso, ver as “concessões” escolares no Pará, que se espelham abertamente no modelo de escolas charter nos Estados Unidos. Até as críticas feitas pelo movimento são similares: “Seus críticos, porém, apontam com frequência que essas escolas tidas como excepcionais em geral recebem financiamento extra, atendem menos alunos com problemas disciplinares, e dariam ênfase excessiva para a preparação para testes”.

    [3] Quem não acreditar pode ver o regimento do “colégio modelo” militar, o Hugo de Carvalho Ramos.

     

  6. Passou quase desapercebido

    Default em Porto Rico!

    Porto Rico entrou em default na quinta feira feira , dia 29 de julho.A legslação vigente no arquipélago é a estadunidense. Porto Rico é um Estado Livre Associado aos EUA, e deste dependente. Não houve alarde nem entre as agencias de rating nem na grande imprensa tupiniquim!Em Wall Street  o débito de 70 bilhões de dólares gera incertezas pois diferentemente de Detroit (que também entrou en default) Porto Rico é um território, não um estado e portanto não pode se enquadrar no Chapter 9  da lei estadunidense. mais em: http://www.repubblica.it/economia/2015/06/29/news/non_solo_grecia_anche_il_porto_rico_sull_orlo_del_default-117942794/?refresh_ce  Non solo Grecia, anche Portorico sull’orlo del default Il governatore del territorio degli Usa nei Caraibi ha dichiara “non pagabile” un debito da 70 miliardi di dollari. Le banche e i fondi non sono disposti a sottoscrivere nuovo debito: una ristrutturazione è imminente. Ma ci sono enormi problemi legali: non è uno Stato sovrano e non può accedere al FmiInvia per emailStampa29 giugno 201523 Non solo Grecia, anche Portorico sull'orlo del defaultIl governatore di Porto Rico, Alejandro Garcia Padilla (ap) Non solo Grecia, anche Portorico sull’orlo del defaultIl governatore di Porto Rico, Alejandro Garcia Padilla (ap)MILANO – Non c’è soltanto Atene ad agitare gli spettri del default sulla finanza internazionale: le casse di Portorico versano in condizioni pessime. L’isola, territorio degli Stati Uniti nella parte nordorientale dei Caraibi, ha dichiarato “non pagabile” il debito da 70 miliardi di dollari. Come si legge in un rapporto sull’economia locale, il deficit è più ampio di quanto si pensasse. Il governatore Alejandro Garcia Padilla, che da anni cerca di fare quadrare i conti, ha fatto sapere che le casse sono vuote, l’economia è in recessione e le banche internazionali e i gestori di fondi non sono disponibili a sottoscrivere nuovo debito. La Puerto Rico Electric Power Authority, la società energetica controllata dal governo, ha deciso di ristrutturare bond e prestiti per 9 miliardi di dolari. Padilla, in un’intervista al New York Times, ha spiegato che Portorico cercherà di ristrutturare le proprie passività, rimandando alcuni pagamenti ed estendendo le scadenze su altri rimborsi. “Non c’è altra possibilità. Vorrei dire che ci sono opzioni più semplici, ma questa non è politica, è matematica”, ha detto. Una ristrutturazione del debito di Portorico rappresenta però un “test senza precedenti” per il mercato dei bond americano, al quale stati e città Usa ricorrono per i loro bisogni di base, quali la costruzione di strade e degli ospedali pubblici. I creditori devono “condividere i sacrifici” imposti all’isola, afferma Padilla sottolineando: “E’ necessario assumere decisioni difficili per affrontare le sfide che abbiamo davanti. E io intendo fare tutto quello che è in mio potere”. Il debito ha superato il 100% del Pil lo scorso anno e il deficit fiscale è più ampio di quanto previsto”, richiedendo una ristrutturazione. Una ristrutturazione sarebbe legalmente e politicamente difficile. L’isola è un territorio americano e non uno stato, e quindi non può ricorrere alla bancarotta assistita secondo il Chapter 9 come fatto da Detroit. Non essendo uno stato sovrano, Portorico non può neanche chiedere aiuto o prestiti al Fondo Monetario Internazionale (Fmi).

     

  7. O PAPA AMIGO DO POVO E DA PAZ

    O exemplo de Francisco

    por Claudio Bernabucci — publicado 02/08/2015 05p4A escolha do nome indica o caminho do papa na reforma da Igreja e no combate aos males do mundoinShare1 Eduardo Santillán / Presidencia de la RepúblicaPapa Francisco

    Papa Francisco ao chegar ao Equador: visita histórica à América Latina

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    De Roma

    O papa Francisco é o homem do século XXI. A marca indelével que ele já deixou nos primeiros dois anos de pontificado e, na nossa opinião, continuará mantendo na nossa época, foi confirmada de maneira nítida por ocasião da recente viagem à América Latina. Acolhido com enorme entusiasmo em cada etapa, tanto na periferia pobre de Assunção quanto na Catedral de Quito, falando aos estudantes ou aos movimentos populares das diferentes nações, ainda uma vez Jorge Bergoglio conseguiu espalhar sua palavra com grande impacto, e atingiu o mundo inteiro.

    A missão latino-americana representou um extraordinário sucesso de participação popular e de audiência mundial. Sua capacidade de análise integral, mesmo falando aos mais humildes, sejam catadores de lixo, sejam desempregados, lhe permite enfrentar as questões mais complexas com aquela simplicidade desarmante que convence e comove, superando qualquer barreira de língua ou de cultura.

    Grande orador, na melhor tradição jesuíta, Francisco consegue falar com eficácia aos quatros cantos do mundo em qualquer circunstância, graças à mídia, que, favorável ou contrária, ecoa constantemente sua mensagem pastoral e o acompanha passo a passo, sem exclusão da sua imprevisível originalidade. Nesse anseio e com a dificuldade de definir o personagem, que sem dúvida não se encaixa em nenhum esquema anterior, até os jornais mais respeitados caem em banais escorregões, como aconteceu na semana passada com The Economist, ao dar o título “O papa peronista” a um artigo dedicado à recente viagem latino-americana. Voz sofisticada do establishment econômico-financeiro internacional, a revista britânica revelou-se, desta vez, no mínimo superficial, mas, não obstante a crítica implícita nesse título, os austeros colegas londrinos não conseguiram evitar definir o papa Francisco como um rock star.

    A missão no Equador, na Bolívia e no Paraguai foi, de fato, a primeira em seu continente como fruto de escolha própria do papa argentino. A viagem ao Brasil em julho de 2013 tinha representado o cumprimento de uma promessa anterior feita por seu predecessor, Bento XVI, que decidira celebrar no Rio de Janeiro a Jornada Mundial da Juventude. Agora, no périplo por três países, Francisco passou oito dias, mudando de clima e altitude inúmeras vezes. Saiu de Roma com temperatura tropical de 35 graus para aterrissar no frescor de Quito com seus 2,8 mil metros de altitude. Desceu em seguida aos 40 metros de Guayaquil para subir de novo aos 4 mil metros do Aeroporto Internacional de El Alto, perto de uma La Paz ainda coberta de neve.

    Depois de pronunciar 21 discursos e encontrar multidões, impressionou os jornalistas que o entrevistaram no avião, na viagem de volta, ao demonstrar aquele “vigor físico e espiritual” pleno que o papa Ratzinger admitira, honestamente, não ter mais no final do seu pontificado. Vigor que é, seguramente, fruto daquela injeção de entusiasmo e empatia da qual o papa precisava, depois de dois anos de pontificado particularmente intensos e que somente a volta às suas raízes sociais e religiosas podia lhe assegurar.

    “A Igreja latino-americana tem grande riqueza: é uma Igreja jovem, com certo frescor, também com algumas informalidades. (…) Este povo e esta Igreja viva, com todos os seus problemas, representam uma riqueza. (…) Não devemos temer esta juventude. E esta Igreja, mesmo indisciplinada, com o tempo se disciplinará, mas nos dá um grande vigor.”

    Com a viagem à América Latina, o papa Francisco continua desenhando o mapa ideal do seu pontificado e confirma sua opção pelo resgate das periferias do mundo. Não por acaso, os três países estão entre os mais pobres do continente e são alcançados depois das visitas a Sri Lanka e Filipinas, Turquia, Bósnia, Albânia e Palestina, países “críticos” por diferentes razões e por serem terras de recentes ou atuais conflitos. Para Bergoglio, “chegado do fim do mundo” à cadeira de São Pedro, a tentativa de dar protagonismo às periferias não tem um conteúdo abstrato ou ideológico, mas significa atenção concreta para os pobres e os excluídos. “É preciso seguir a Igreja”, ou seja, o povo de Deus. Aprender dos pobres e dos últimos, deixar-se evangelizar por eles – capazes de oferecer testemunhos de humana nobreza e solidariedade – sem esquecer nunca que os pobres não são apenas números na estatística, mas, sobretudo, nomes, rostos, histórias, pessoas de carne e osso com seus anseios e sofrimentos.

    Não por acaso, esse papa demonstra-se tão à vontade quando encontra o povo, expresse ele ou não uma devoção religiosa. Esse fenômeno repetiu-se claramente por ocasião do II Encontro Mundial dos Movimentos Populares, que se deu em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, no dia 9 de julho. Se o primeiro Encontro, convocado em Roma em novembro de 2014, como à época CartaCapital relatou aos seus leitores, demonstrou toda a radicalidade das posições sociais de Francisco, essa segunda ocasião para debater “os melhores caminhos para superar as graves situações de injustiça de que padecem os excluídos em todo o mundo” representou sem dúvida o momento crucial da visita latino-americana. 

    Francisco começou seu discurso com uma premissa: “Para que não haja mal-entendidos, falo dos problemas comuns de toda a humanidade. Problemas que têm uma matriz global e que atualmente nenhum Estado pode resolver por si só. (…) Digamo-lo sem medo: precisamos e queremos uma mudança. (…)Uma mudança real, uma mudança de estruturas. Este sistema é insuportável: não o suportam os povos (…) nem sequer o suporta a Terra, a irmã e Mãe Terra, como dizia São Francisco”.

    Após a denúncia, o papa amplia o horizonte da sua análise: “Hoje a interdependência global requer respostas globais para os problemas locais. A globalização da esperança, que nasce dos povos e cresce entre os pobres, deve substituir essa globalização da exclusão e da indiferença”.

    A mudança desejada por muitos, para ser integral, deve abranger também o espírito. Ela poderia ser definida como “… redentora. Porque é dela que precisamos. Nos diferentes encontros, nas várias viagens, verifiquei que há uma expectativa, uma busca forte, um anseio de mudança em todos os povos do mundo. Mesmo dentro da minoria cada vez mais reduzida que pensa sair beneficiada deste sistema, reina a insatisfação e, sobretudo, a tristeza. Muitos esperam uma mudança que os liberte desta tristeza individualista que escraviza”.

    “E por trás de tanto sofrimento, tanta morte e destruição, sente-se o cheiro do ‘esterco do diabo’: reina a ambição desenfreada de dinheiro. O serviço ao bem comum fica em segundo plano.”  Volta aqui a crítica frontal ao sistema econômico dominante: “Quando o capital se torna um ídolo e dirige as opções dos seres humanos, quando a avidez do dinheiro domina todo o sistema socioeconômico, arruína a sociedade, condena o homem, transforma-o em escravo, destrói a fraternidade inter-humana, faz lutar povo contra povo e até, como vemos, põe em risco esta nossa casa comum, a irmã e Mãe Terra.”

    No Paraguai, Francisco recordou o massacre praticado com a decisiva intervenção do Brasil contra Solano López

    Ante a imensidão do desafio lançado, Francisco é prudente quando sublinha que “nem o papa nem a Igreja têm o monopólio da interpretação da realidade social e da proposta de soluções para problemas contemporâneos. Atrevo-me a dizer que não existe uma receita”. Mas, ao mesmo tempo, convidando os pobres a semear a mudança, ele indica a esperança como método. “Sabemos, amargamente, que uma mudança de estruturas que não seja acompanhada por uma conversão sincera das atitudes e do coração acaba a longo ou curto prazo por burocratizar-se, corromper-se e sucumbir. É preciso mudar o coração.” E, finalmente, recorrendo a uma imagem que será muito apreciada pelos budistas, ele conclui o raciocínio afirmando: “Por isso gosto tanto da imagem do processo, onde a paixão por semear, por regar serenamente o que outros verão florescer, substitui a ansiedade de ocupar todos os espaços de poder disponíveis e de ver resultados imediatos”. 

    Três tarefas foram indicadas pelo papa aos movimentos sociais: “A primeira é pôr a economia a serviço dos povos. (…) Esta economia mata. Esta economia exclui. Esta economia destrói a Mãe Terra”. E a mudança não é uma utopia: “É uma perspectiva extremamente realista. Os recursos disponíveis no mundo são mais que suficientes para o desenvolvimento integral de todos os homens”. A luta deverá ser concentrada, portanto, na “justa distribuição dos frutos da terra e do trabalho humano”.

    A segunda tarefa é o convite a “unir os povos no caminho da paz e da justiça”. Nesse percurso, um perigo grave vem do “novo colonialismo, que assume variadas fisionomias. Às vezes, é o poder anônimo do ídolo dinheiro: corporações, credores, alguns tratados denominados ‘de livre-comércio’ e a imposição de medidas de ‘austeridade’ que sempre apertam o cinto dos trabalhadores e dos pobres”. Em outras situações, o novo colonialismo se manifesta no interior de cada país, por meio da “concentração monopolista dos meios de comunicação social que pretende impor padrões alienantes de consumo e certa uniformidade cultural. (…) É o colonialismo ideológico”. (A família Marinho que fique em guarda…)

    “E a terceira tarefa, talvez a mais importante que devemos assumir hoje, é defender a Mãe Terra.” Continuando a divulgação do conteúdo da recente encíclica Laudato Si’, reitera-se aqui a sensibilidade inovadora por uma ecologia integral e um novo sistema de relações internacionais que considere com sabedoria os interesses das futuras gerações. Isso significa recusar o “paradigma tecnocrático que tende a exercer o seu domínio também sobre a economia e a política. A economia assume todo o desenvolvimento tecnológico em razão do lucro, sem prestar atenção a eventuais consequências negativas para o ser humano” e o meio ambiente. 

    As palavras conclusivas desse discurso foram corajosas e, de certa maneira, históricas: “Peço humildemente perdão, não só pelas ofensas da própria Igreja, mas também pelos crimes contra os povos nativos durante a chamada Conquista da América”.

     

    Caritas-VeritateNa encíclica Caritas in Veritate, Ratzinger foi fiel à doutrina social da igrejaAlém desse encontro na Bolívia, outro momento de particular intensidade foi durante o primeiro discurso no Paraguai, quando, diante das principais autoridades do país, Francisco homenageou a mulher paraguaia, definida como a espinha dorsal da nação e a “mais gloriosa da América”. A referência foi à Guerra da Tríplice Aliança (1865-1870) em que Brasil, Argentina e Uruguai, agredindo o Paraguai, realizaram um autêntico genocídio, ao massacrar a grande maioria dos paraguaios e reduzir a população masculina a somente 25 mil indivíduos. Nessa trágica situação, a mulher paraguaia revelou-se como autêntica mãe da nação, levando adiante “suas famílias e seu país, infundindo nas novas gerações a esperança de um amanhã melhor”.

     

    Inevitável que, entre os conteúdos aqui relatados e a luta de classe, muitos reacionários considerem que o passo é pequeno.  A fobia do comunismo é ainda muito forte nessas camadas da sociedade, mas é evidente que a arma polêmica se revela sempre mais instrumental, sobretudo no caso de Francisco, que, desse ponto de vista, não se preocupa minimamente em ser acusado de marxista ou peronista, munido de argumentos fortes para se contrapor. Sua resposta às acusações de “comunismo” é que a escolha dos pobres é historicamente bem anterior e remonta ao Evangelho. Além disso, a doutrina social da Igreja, a partir da Rerum Novarum de Leão XIII (1891) até a Caritas in Veritate de Bento XVI (2009), passando pela Populorum Progressiode Paulo VI (1967), oferece uma referência de conteúdos avançados e nobres.

    O problema, no entanto, foi a inadimplência pastoral da Igreja na realização desses ideais. Essa contradição imperdoável, a produzir conservadorismo político-religioso nas épocas anteriores, está sendo resolvida pelo papa Francisco com passos de gigante. Efetivamente, do ponto de vista da doutrina, Bergoglio apresenta-se como continuador e não como revolucionário. Um reformista, com a recente encíclica ambientalista, mas no sulco de uma tradição já estruturada. Seu grande mérito foi o redescobrimento da palavra de Cristo, esquecida no tempo, e a tentativa da sua coerente aplicação. Não foi a Igreja, então, que se radicalizou teoricamente nos últimos dois anos, mas é a parte dominante da humanidade que é vítima de um modelo econômico e cultural – o neoliberalismo –, que representa o antagonista por excelência da ética cristã. 

    Francisco tira de foco os reacionários e conservadores de todas as latitudes porque não é homem de esquerda. Sem pretender dar uma definição, poderíamos mais prudentemente observar que ele desconfia de todos os extremismos, tanto políticos quanto religiosos. Por falta de outras referências políticas críveis, o papa argentino caracteriza-se hoje como o principal intérprete de um modelo de sociedade alternativa, e quem o acusa de extremismo ou está de má-fé ou é simplesmente ignorante, porque não reconhece as dramáticas relações de força entre ricos e pobres que se estabeleceram nos últimos 30 anos na esfera mundana, e a paralela defasagem entre teóricos e pastores na Igreja Católica.

    Inabalável em sua segurança espiritual, o papa Francisco passou incólume pela embaraçosa situação dos presentes extravagantes do presidente Evo Morales, que alguma intenção instrumental provavelmente cultivava. Deixou várias condecorações revolucionárias na Basílica de Nossa Senhora de Copacabana, padroeira da nação, para o desfrute dos bolivianos, mas levou consigo, com toda tranquilidade, o Cristo na cruz com foice e martelo, porque o considerou um belo exemplo de arte de protesto, obra daquele padre jesuíta Luis Espinal, assassinado em 1980, que ele admirava pela coragem, mas de quem desconhecia a habilidade escultórica. 

    Saiu dos três países sem beatificar governo algum, apreciando, porém, os avanços positivos dos últimos anos, lembrando o valor do pluralismo e alertando sobre os perigos da ditadura, do culto da personalidade e do anseio por liderança absoluta.

    Despediu-se com as seguintes palavras: “Peço-lhes, por favor, que rezem por mim. E se alguém não pode rezar, com todo o respeito, peço-lhe que me tenha em seus pensamentos e mande-me uma boa onda”. Tal é Francisco, um papa também muito simpático. 

       

     

  8. José Dirceu

    Prender José Dirceu é mole! Quero ver prender o Aécio Neves e o Antonio Anastasia!

    http://novobloglimpinhoecheiroso.files.wordpress.com/2014/09/ranking_corrupcao_geral03.jpg?w=400&h=381

    Li nos jornais de hoje, 3/8, a prisão do ex-ministro José Dirceu, em Brasília, na 17º etapa do Lava Jato. Alguém diria: prender José Dirceu é mole! É como derrubar bêbado numa ladeira, quero ver prender os senadores tucanos, Aécio Neves  e Antonio Anastasia! O que, aliás, estaria dentro do escopo da operação Lava Jato, pois ambos foram citados como recebedores de propina!

    Dirceu, no Lava Jato, coitado, virou a “Geni”, da opéra do malandro, peça escrita por Chico Buarque. Lógico que isso é jogar para torcida, para queimar a imagem do PT e do governo Dilma.

    Fica aí o desafio, não para o Lava Jato, que se transformou numa milícia nacional! Alías, o argumento para a primeira prisão de Zé Dirceu, elaborado também pelo juiz Sérgio Moro, na AP 470, mensalão, quando era assistente da ministra Rosa Weber, é de corar qualquer jurista: ”Não tenho prova cabal contra Dirceu – mas vou condená-lo …”. O juiz, Sergio Moro, aplica, no Lava jato o mesmo principio que permeou o mensalão, prender tucano nem que a “vaca tussa”. No mensalão, AP 470, os crimes do braço tucano esta prescrevendo, com o agravante que o mensalão tucano foi anterior ao do PT.

    Fica aí o desafio para o que resta de confiável em nossas instituições: prender José Dirceu é mole, quero ver prender o Aécio Neves e o Antonio Anastasia!     

    Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).

    Rio de Janeiro, 03 de agosto de 2015

                   

    http://emanuelcancella.blogspot.com.br/

     

     

     

  9. NO, IT’S NOT YOUR OPINION. YOU’RE JUST WRONG

    by Jef Rouner – Huston Press

     

    I have had so many conversations or email exchanges with students in the last few years wherein I anger them by indicating that simply saying, “This is my opinion” does not preclude a connected statement from being dead wrong. It still baffles me that some feel those four words somehow give them carte blanche to spout batshit oratory or prose. And it really scares me that some of those students think education that challenges their ideas is equivalent to an attack on their beliefs. -Mick Cullen

     

    I spend far more time arguing on the Internet than can possibly be healthy, and the word I’ve come to loath more than any other is “opinion”. Opinion, or worse “belief”, has become the shield of every poorly-conceived notion that worms its way onto social media.

     

    There’s a common conception that an opinion cannot be wrong. My dad said it. Hell, everyone’s dad probably said it and in the strictest terms it is true. However, before you crouch behind your Shield of Opinion, you need to ask yourself two questions.

     

    1. Is this actually an opinion?

     

    2. If it is an opinion how informed is it and why do I hold it?

     

    I’ll help you with the first part. An opinion is a preference for or judgment of something. My favorite color is black. I think mint tastes awful. Doctor Who is the best television show. These are all opinions. They may be unique to me alone or massively shared across the general population but they all have one thing in common; they cannot be verified outside of the fact that I believe them.

     

    There’s nothing wrong with an opinion on those things. The problem comes from people whose opinions are actually misconceptions. If you think vaccines cause autism you are expressing something factually wrong, not an opinion. The fact that you may still believe that vaccines cause autism does not move your misconception into the realm of valid opinion. Nor does the fact that many others share this opinion give it any more validity.

     

    To quote John Oliver, who on his show Last Week Tonight referenced a Gallup poll showing one in four Americans believe climate change isn’t real:

     

    Who gives a shit? You don’t need people’s opinion on a fact. You might as well have a poll asking: “Which number is bigger, 15 or 5?” or “Do owls exist?” or “Are there hats?”

     

    You saw this same thing recently when questions about the Confederate flag started making the rounds. It may be your opinion that slavery was not the driving cause of the Civil War, but the Texas Articles of Secession mention slavery 21 times (rights are mentioned only six, and only once in a sentence that doesn’t mention either slavery or how way more flippin’ awesome white people are than black people). Do I even need to point out that some people are also of the opinion the Holocaust was fake, and that their opinion means absolutely nothing to the reality?

     

    And yes, sometimes scientific or historical data is wrong or unclear or in need of further examination. Everyone knows water expands when it freezes. Do you know why it does that? when literally nothing else in the world does? Nope, and neither does science.[ *See correction below and related article]  Or hey, here’s a question; what was the racial heritage of the Ancient Egyptians because historians can’t come to a consensus and Egyptian art is too stylized to accurately judge.

     

    Subjects like that are the sort of things that are ripe for an opinion. Water expands when it freezes because of the shape of the molecule. The Egyptians were a displaced black African race that settled the Nile. Here, opinion can be a placeholder for a greater understanding assuming there ever is a greater understanding. There is no verification; it can only be guessed at. Hopefully in an educated manner. 

     

    That’s where the second question comes in; is your opinion informed and why do you believe it? Though technically these opinions cannot be wrong they can be lacking in worth simply because they are lacking in structure.

     

    Here’s an example. Let’s say I meet a fellow Doctor Who fan, and this fan’s favorite Doctor is David Tennant. Nothing wrong so far. However, upon further discussing the subject this fan tells me that he or she has never seen any of the pre-2005 episodes or heard any of the radio plays. Now, it’s possible that even if he or she had done so that David Tennant would still be his or her favorite Doctor, but it’s also possible that it would be Tom Baker or Paul McGann or someone else.

     

    In a perfect world someone confronted with this would simply say, “Well, David Tennant is my favorite that I’ve seen.” There’s plenty of reasons to not have seen any older Doctor Who episodes. It’s not all on Netflix, there’s a lot of it, radio plays can get rather expensive, etc. Having reached a narrow opinion from a narrow set of information is only natural.

     

    What mucks it all up is when a narrow set of information is assumed to be wider than it is. There is a difference between a belief and things you just didn’t know. It’s easy to believe, for instance, that whites face as much discrimination as people of color, but only if you are completely ignorant of the unemployment rates of blacks versus whites, the fact that of the Fortune 500 CEOs only five are black, or the fact that of the 43 men who have been president 42.5 of them have been white.

     

    In other words, you can form an opinion in a bubble, and for the first couple of decades of our lives we all do. However, eventually you are going to venture out into the world and find that what you thought was an informed opinion was actually just a tiny thought based on little data and your feelings. Many, many, many of your opinions will turn out to be uninformed or just flat out wrong. No, the fact that you believed it doesn’t make it any more valid or worthwhile, and nobody owes your viewpoint any respect simply because it is yours. 

     

    You can be wrong or ignorant. It will happen. Reality does not care about your feelings. Education does not exist to persecute you. The misinformed are not an ethnic minority being oppressed. What’s that? Planned Parenthood is chopping up dead babies and selling them for phat cash? No, that’s not what actually happened. No, it’s not your opinion. You’re just wrong. 

     

    Jef has a new story about robot sharks out now in Lurking in the Deep. You can also find him on Facebook and Twitter

     

    * Correction  I did get something wrong in the article. I said that science didn’t know why water was the only substance that expands when it cools. Turns out water is one of the few substances that expands while it cools, not the only one, and that we do know the reason it expands. I took finding this out with chagrin and further proof of my point that we all have much to learn. My opinion was based on bad data. Now it’s not.

     

    http://www.houstonpress.com/arts/no-it-s-not-your-opinion-you-re-just-wrong-updated-7611752

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