Fora de Pauta

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O Brasil antes de Levy , contando o Reinado de Dom João VI, teve 192 Ministros da Fazenda. De todos esses personagens o de maior envergadura POLITICA, porque esse é um cargo politico e não técnico foi sem duvida Oswaldo Aranha, duas vezes Ministro, na decada de 30 e na decada de 50. Alem de Ministro da Fazenda foi um dos lideres da Revolução de 30, foi diplomata de primeira linha, organizador e comandante dos dois eventos diplomaticos mais importantes na America Latina na decada de 1940, as Conferencias de Havana e do Rio de Janeiro, Embaixador em Washington e criador de uma dinastia na capital americana, sua mulher foi Embaixatriz, assim como suia filha e sua neta  na mesma capital, Aranha não era economista e fez revoluções na economia, o Plano Aranha reduziu a divida externa brasileira em dois terços e o arcabouço de instrumentos cambiais criados no 2º governo Vargas gerou a grande arrancada da insutria brasileira substituindo importações.

O cargo de Ministro da Fazenda exige LIDERANÇA POLITICA, o que menos exige é fazer trabalho de contador e calculista, de economista de pesquisa e analise, de preparador de balancetes e anfitrião de auditores de agencias.

Sem liderança politica o Ministro não chega a lugar algum. O Ministro da Fazenda precisa ter uma clara visão de Pais e de seu lugar no mundo, precisa conhecer a alma do povo, as peculiaridades dos Estados, das regiões e dos setores.

Mas antes de tudo precisa saber lutar e enfrentar os obstaculos sem medo e com base nas suas convicções e no seu plano de voo, colocar a cara para bater, ser grosso quando precisa, enfrentar lobies que a rtodo dia querem arrancar pedaços do cofre mesmo em épocas de absoluta escassez de recursos, como fazem certos funcionarios com supersalarios.

Citei Aranha antes de Delfim por sua maior completude de historia politica mas sem duvida DELFIM NETO foi um excelente Ministro, misto de economista e politico, com liderança e convicções. Meu saudoso amigo Carlos Lousada, que foi Assessor Especial da Presidencia no periodo militar me contou varios episodios onde Delfim lutou bravamente por sua politica sem medo de perder o cargo, enfrentando aulicos e intrigantes, inimigos regionais e no establishment militar que pediam a cabeça dele a toda hora.

Delfim teve a caracteristica maior entre todas para um Ministro da Fazenda: não tinha cartilha feita. Podia ser ortodoxo ou heterodoxo, dependendo das circunstancias, fez ginasticas absolutamente heterodoxas como tabelamento de cambio, de juros e de preços e teve fases ortodoxas rigorosas, suas gestões tiveram fases completamente distintas.

Mas e Roberto Campos? Campos foi mais que Ministro da Fazenda, foi um grande formulador na primeira fase do governo militar, criador de tantos mecanismo e instrumentos como o Banco Central, o Sistema Financeiro da Habitação,

o FGTS, a Lei de Alienação Fiduciaria para financiamento de veiculos, que antes não existia no Brasil, carro só a vista.

Campos era um homem do mundo, presente na Conferencia de Bretton Woods em 1944, primeiro executivo do BNDE,

Embaixador em Londre e Washington mas não era um gestor operacional da economia como foi Delfim, nunca foi Ministro da Fazenda, seu papel era realmente de formulador intelectual dentro de sua moderna visão de mundo.

O Ministro Levy tem um excelente curriculo MAS COMPLETAMENTE LIGADO A UMA VISÃO FINANCEIRA DA ECONOMIA, com o carimbo da catedral do monetarismo, a Universidade de Chicago que ele cursou.

Não há no seu curriculo um só dia de contacto com a economia real, da produção e do emprego. Trabalhou como economista do Fundo Monetario Internacional, do Banco Interamericano de Desenvolvimento, trabalhou em varios importantes setores do Ministerio da Fazenda, depois na Secretaria da Fazenda do Estado do Rio. O viés do mercado financeiro, da planilha, da calculadora HP, das cartilhas da ortodoxia exala de seus poros. E falta notoriamente liderança politica, discurso e narrativa. É um bom técnico mas isso é pouco para Ministro da Fazenda.

Tudo isso vale em circunstancias normais MAS em épocas de tempestade essa ausencia é infinitamente mais grave.

Sem liderança politica fortissima não há como pilotar a economia. Essa liderança era o ponto forte de Oswaldo Aranha e tambem de Delfim, que tinha instinto de  comando a ponto de indicar Secretarios de Fazenda não só de Estados mas tamebm de Municipios e sua rede de dominio se estendia a todas as estatais onde indicava o Diretor Financeiro.

Lamento constatar que Levy não é o homem certo para esta hora, a crise é politica que contamina a economia, a pilotagem do barco Brasil exige piloto que conheça ao mesmo tempo o mapa nautico, o manejo da vela, o leme e o lastro, são muitos problemas simultaneos, o peso de cada fator, por exemplo, vale a pena lutar tanto pela mantença

do grau de investimento ou será melhor segurar o emprego perdendo momentaneamente o grau, que depois volta?

Afinal o Brasil viveu 508 anos sem grau de investimento  a na segunda metade do Seculo XX não faltou emprego no Brasil, com inflação alta e sem grau de investimento, criou-se uma enorme base industria e de infra estrutura.

O grau de investimento é ESSENCIAL para o mercado financeiro mas não para a economia produtiva.

A partir da crise de 2008 a relatividade dos fatores mudou na economia global, agencias de risco valiam 100, hoje valem 60, Wall Street se desmoralizou e grandes fundos e empresas investem fora do circuito Wall Street-agencias de rating, hoje o maior banco americano em capitalização não está mais em Wall Street, o Wells Fargo é de San Francisco,

há muito dinheiro em Singapura, Hong Kong, Toronto, Liechestein, São Petersburgo  e Dubai que não está atrás de papeis com grau de investimento e preferem a economia real do que o mercado financeiro.

A conexão de economistas com o mercado financeiro é tão ruim que o Conselho que administra o Banco Central americano, o Board od Federal Reserve System não tem ninguem com vinculos com o mercado financeiro, isso não é agora, é historico, a conexão é mal vista, considerada perigosa, contaminante, um dos objetivos do Federal Reserve, está nos seus estatutos é MANTER A PPOSPERIDADE E O EMPREGO, alem da estabilidade monetaria.

A pilotagem dentro da crise exige um grande politico com bom assessoramento economico, essa tentativa canhestra de ajuste fiscal combinada com taxas de juros absurdas vão levar a economia brasileira ao fundo do poço, estamos apenas no meio da descida.