Fora de Pauta

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Redação

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  1. A Rede Brasil Atual traz uma

    A Rede Brasil Atual traz uma matéria:

    http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/helena/2015/10/investigacao-sobre-contas-suicas-de-cunha-estavam-na-gaveta-desde-2006-4631.html

    Deixo o numero onde se pode achar no STF o resultado (disponível):

    PET 5169

    relator min. GM

    Aba DJ/DJE – decisão publicada em 18/06/2014

    datada de 22/05/2014

    Decisão (retirada a cópia do site jusbrasil)

    O Departamento de Polícia Federal encaminhou a esta Corte, por meio do Ofício 849/06-DFIN/DCOR/DPF, de 8.12.2006, resultado de pesquisa realizada por sua Divisão de Repressão a Crimes Financeiros, na qual foram identificadas transações cambiais com indícios de irregularidades, supostamente realizadas por Álvaro Costa Dias, Valdemar da Costa Neto, Francisco Garcia Rodrigues, Eduardo Consentino Cunha, Fernando de Souza Flexa Ribeiro, Arolde de Oliveira, João José Pereira Lyra, Henrique de Campos Meirelles, Itamar Serpa Fernandes, Jorge Konder Bornhausen, Pedro Irujo Yaniz, Ricardo Feitosa Rique, Carlos Alberto da Silva, Luiz Carlos da Silva, Miguel de Souza e Vittorio Medioli. Em 15.12.2006, por meio de da Presidência desta Corte, o ofício foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República como petição avulsa, sem prévia distribuição. Às fls. 7-11, a Procuradoria-Geral da República manifestou-se, preliminarmente, na petição de fls. 7-11, nos seguintes termos: “(…) 3. O expediente foi registrado no Supremo Tribunal Federal como petição e encaminhado por sua então Presidente, sem prévia distribução, ao Procurador-Geral da República. Não seria descabido entender, inclusive, inclusive, pela falta de prévia distribuição, que o Procurador-Geral da República está autorizado a proceder, sem intermediação judicial, ao arquivamento do expediente e/ou à declinação de atribuição para nele atuar: o art. 230-B do Regimento Interno desse Tribunal, que prê o encaminhamento à Procuradoria-Geral da República, sem processamento, de comunicação de crime, tenderia a referendar esse entendimento. 4. De todo modo, como o registro do expediente do Supremo Tribunal Federal se deu como petição e está ativo, convém que o Procurador-Geral da República submeta sua promoção à apreciação jurisdicional. Caso esse Tribunal entenda desnecessária apreciar a promoção, bastará que a devolva, com as anotações cabíveis”. Decido. Observo, que a etiqueta aposta ao ofício pelo STF quando de seu recebimento nesta Corte refere-se a número de protocolo e não a Petição como classe autônoma de procedimento judicial. Com o retorno do ofício da Procuradoria-Geral da República,acompanhado da mencionada petição de fls. 7-11, é que o expediente foi autuação como Petição e distribuído ao Ministro Celso de Mello, que se declarou suspeito por razões de foro íntimo, nos termo do art. 135, parágrafo único, c/c o art. 3º do CPC, com sua redistribuição à minha relatoria. De fato, por se tratar, no caso concreto, de mero expediente de comunicação de crime, a Presidência desta Corte limitou-se, nos termos do art. 230-B do RISTF, a encaminhá-lo, sem processamento, à Procuradoria-Geral da República. Conforme já observado, a comunicação somente foi autuada nesta Corte, como Petição, após a sua devolução pela Procuradoria-Geral da República com a petição de fls. 7-11. Dessa forma, por se tratar de manifesta hipótese de comunicação de crime, cabe aplicar o disposto no art. 230-B do RISTF, o qual estabelece que “o Tribunal não processará comunicação de crime, encaminhando-a à Procuradoria-Geral da República.” Pelo exposto, determino o arquivamento desta Petição, com a devolução, à Procuradoria-Geral da República, dos documentos que a integram, com cópia nos autos para fins de registro, acompanhados dos respectivos apensos (14 volumes). Publique-se. Brasília, 22 de maio de 2014. Ministro GILMAR MENDES Relator

     

     

  2. Quem comprou Kruel, o Pinochet de Jango?

    OBS: o que se encontra aqui pode ser lido na pg. 102 do livro O quarto poder, uma outra história, do jornalista Paulo Henrique Amorim.

    Tudo que se encontra em itálico foi inserido  por mim, Notívago, para melhorar a compreensão da situação como um todo.

    No livro, na pg. 102, você lê: “Goulart (Presidente João Goulart) tinha recebido um um telefonema de Kruel (General Amaury Kruel) com uma chantagem: não entraria no golpe, se Jango fechasse o Comando Geral dos Trabalhadores e a UNE, com intervenção nos sindicatos e afastamento dos auxiliares ‘apontados como comunistas’.

    Quando percebeu que se tratava de um ultimato, Jango passou a tratar Kruel cerimoniosamente e disse: “General, eu não abandono meus amigos. Se essas são as suas condições, eu não as examino. Prefiro ficar com minhas origens. O senhor que fique com as suas convicções. Ponha suas tropas na rua e traia abertamente”. E desligou o telefone.

    Kruel, como se sabe, botou a tropa na rua, e, no bagageiro do carro, escondeu milhões de dólares entregues pelo vice-presidente da FIESP, Raphael Noschese.

    Kruel aderiu ao Golpe!

    Anos depois, o filho de Jango, João Vicente Goulart, revelou: “Kruel se vendeu (literalmente) por seis malas de dólares”.

    E eu fiquei pensando: quanto o senador José Serra vai receber da Chevron se conseguir revogar o regime de partilha do pré-sal? Quanto o senhor vai receber, senador?

    Minha gente, cuidado com esses golpistas “democratas!!!”

     

     

  3. Nassif,
    A partir do excelente

    Nassif,

    A partir do excelente artigo escrito pelo Paulo Nogueira, sugiro que o Ibope, o Data Popular, Datafolha, o Vox Popoli ou outro instituto de pesquisa, faça uma pesquisa para traçar o perfil da nova classe que surgiu no Brasil, a classe de brasileiros que não podem viajar para o exterior.

     

    “Há hoje duas categorias de brasileiros: os que podem ir para o exterior e os demais.

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    José Maria Marin não sabia que pertencia à classe dos que não podem, e no momento em que você lê este artigo está numa prisão na Suíça.

    Seu substituto na CBF sabe, e por isso você jamais vai vê-lo no aeroporto.

    Eduardo Cunha também tem noção do lado em que se situa na divisão que tracei entre os brasileiros.

    Por isso, se há pouco tempo comandou uma extravagante superviagem a Israel para demonstrar seu novo poder, agora sofre de fobia de aviãode rotas internacionais.

    Acaba de desistir, com uma justificativa que não deve ter convencido nem aos fiéis de sua igreja, de ir para a Itália.

    E se?

    O Globo deu uma matéria sobre essa desistência aérea.

    Ri sozinho ao lê-la.

    Suspeito que os Marinhos também não tenham nenhuma pretensão de ir para fora tão cedo.

    Considere o que aconteceu com um sócio deles numa afiliada, Jota Hawilla, hoje detido em solo americano com uma tornozeleira.

    A Justiça americana está particularmente empenhada em punir roubalheira na FIFA. E as relações entre a Globo e a FIFA, sobretudo nos dias de Havelange na presidência, são antigas e deram muitos frutos, talvez nem todos imaculados.

    E se?

    O pânico de viagens é uma demonstração de como as coisas são ainda frágeis no Brasil.

    Os aerofóbicos sabem que no território brasileiro tudo está dominado. Eles não têm medo de Moro, ou da PF, ou da Lava Jato.

    Mas fora do solo brasileiro a história é outra.

    Isso remete a um episódio clássico do jornalismo brasileiro.

    Paulo Francis se colocou a caluniar diretores da Petrobras, que ele chamava de Petrossauro em sua obsessão thatcheriana.

    Os caluniados fizeram o que tinham que fazer. Foram buscar Justiça. Mas não no Brasil, onde estava tudo sob controle para Francis e o grupo que ele representava.

    Processaram-no nos Estados Unidos, porque ele fizera as acusações em solo americano, no programa Manhattan Connection.

    A Justiça americana pediu provas a ele, e Francis não tinha nada além de sua garganta maledicente.

    Na iminência de uma indenização milionária – lá se você é culpado de calúnia não vai pagar uma ninharia como no Brasil – ele se desesperou, e morreu de infarto.

    No meio do caminho, FHC e Serra, então no poder, tentaram convencer os diretores da Petrobras a desistir do processo.

    Mas, pelo menos ao que se saiba, nem FHC e nem Serra se atreveram a procurar autoridades americanas na busca por um jeitinho que salvasse Francis.

    Muitos brasileiros se queixam, hoje, de que não podem ir ao exterior por causa do dólar alto.

    É uma reclamação justa.

    Mas é melhor não viajar por causa do dólar alto do que pela suspeita de que a polícia pode aparecer subitamente na sua frente em terras estrangeiras, como ocorreu com Marin”.

    DCM – Por Paulo Nogueira.

     

  4. Notícia que o PIG faz questão de esconder…

    Programa de agricultura familiar alcançou a marca de R$ 7,45 bi.

    Com três meses da safra 2015/2016, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) alcançou a marca de R$ 7,45 bilhões de créditos financiados pelos agricultores familiares em cerca de 530 mil contratos entre julho e setembro. As mulheres foram responsáveis por mais de R$ 1 bilhão em quase 150 mil contratos. 

    Do total, foram aplicados mais de R$ 2,49 bilhões em quase 290 mil operações de investimento. Para custeio foram contratados cerca de R$ 5 bilhões, que envolveram mais de 241 mil contratos.

     As operações permitem a aquisição, por exemplo, de itens de implantação, ampliação ou modernização da estrutura das atividades de produção, de armazenagem, de transporte, aquisição de insumos, beneficiamento ou industrialização do produto financiado e produção de mudas e sementes. O Plano Safra da Agricultura Familiar 2015/2016 oferece R$ 28,9 bilhões para apoiar a produção dos agricultores familiares brasileiros. Este é o maior valor já destinado a esse público e representa um incremento de 20% em relação ao ano anterior.  O Banco Central divulga dados detalhados do Pronaf por meio da Matriz de Dados do Crédito Rural.Neste ano, o crédito rural do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) completa 20 anos. Ao longo desse tempo, o Programa transformou a realidade de mais de 2,6 milhões de unidades familiares de produção, estimulou a geração e a ampliação da renda e o melhor uso da mão-de-obra familiar.Fonte: Amigos do Presidente Lula.

     

  5. Eduardo Cunha

    Eduardo Cunha

     

    Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, é aquela figura que Aracy de Almeida, a principal intérprete de Noel Rosa, dizia “Esse  é o cara de que não resta nenhuma dúvida”.  A cada dia se descobre uma nova faceta de Cunha, que o habilita a residir em Bangu I, II, III a IX. Agora se descobriu que Cunha tem quatro contas na Suíça. Alguém falou para ele  se inspirar em Romário, o senador, e ir à Suíça provar que essas contas não existem. Ele não falou, mas deve ter pensado: “Eu sou besta, se eu for me prendem lá”. Diante dos fatos, Cunha está sendo fritado em fogo alto! Só subsiste na presidência da Câmara por interesses escusos. É um zumbi nos corredores do Congresso, a serviço, agora mais que nunca, da baixaria. Ridículo um partido como o PSDB, que arrota “moralismo”, apoiar, a essa altura dos acontecimentos, a manutenção de Cunha. Mas, se Cunha vem ladeira abaixo, e o grande motivador foram as contas na Suíça para lavagem de dinheiro, como ficam as empresas de comunicação Globo, Band, Folha, RBS, Editora Abril, responsável pela revista Veja, e Folha de São Paulo, entre outras, que também possuem contas na Suíça, no HSBC, para lavagem de dinheiro. Lembrando que essas empresas são concessionárias de serviço público!

    Será que dessa vez o pau que dá em Chico vai dar também em Francisco?

    Rio de Janeiro, 06 outubro de 2015 

    OBS.: Artigo enviado para possível publicação para o Globo, JB, o Dia, Folha, Estadão, Veja, Época entre outros órgãos de comunicação.

    Emanuel Cancella é coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ) e da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). 

    http://emanuelcancella.blogspot.com.

     

  6. Hannah Arendt e o velório do ex-presidente do PT

    http://www.ocafezinho.com/2015/10/06/a-atualidade-brutal-de-hannah-arendt/

    A atualidade brutal de Hannah Arendt

    Por Carlos Eduardo, editor assistente do Cafezinho

    Os panfletos atirados nesta segunda-feira (5), durante velório do ex-presidente do PT, José Eduardo Dutra, revelam o nível em que chegou o ódio político no país. Um nível preocupante. Quando nem mesmo a morte de um adversário político é mais respeitada por aqueles que fazem oposição, sinal de que a sociedade está doente.

    Qualquer semelhança com o passado não é mera coincidência. A escalada do fascismo no século XX ocorreu de modo semelhante. 

    Por isso, mais do que nunca, é importante revisitarmos a história, para não repetirmos os erros do passado. A direita saiu do armário e perdeu completamente os pudores. A oposição não tem mais vergonha de estimular a violência contra petitas, ou qualquer outro que julguem ser contra suas ideias, sejam eles ciclistas, feministas, homossexuais etc.

    O momento político atual é propício para assistir ao filme Hannah Arendt – Ideias que Chocaram o Mundo. Como ensinou a filósofa alemã, de origem judaica, e perseguida pelo nazismo, todas as sociedades fascistas têm algo em comum: a banalização do mal.

    Abaixo segue artigo do professor Ladislau Dowbor sobre o filme de Hannah Arendt e como suas ideias permanecem atuais.

    ***

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    A atualidade brutal de Hannah Arendt

    Por Ladislau Dowbor, no Justificando.

    O filme causa impacto. Trata-se, tema central do pensamento de Hannah Arendt, de refletir sobre a natureza do mal. O pano de fundo é o nazismo, e o julgamento de um dos grandes mal-feitores da época, Adolf Eichmann. Hannah acompanhou o julgamento para o jornal New Yorker, esperando ver o monstro, a besta assassina. O que viu, e só ela viu, foi a banalidade do mal. Viu um burocrata preocupado em cumprir as ordens, para quem as ordens substituíam a reflexão, qualquer pensamento que não fosse o de bem cumprir as ordens. Pensamento técnico, descasado da ética, banalidade que tanto facilita a vida, a facilidade de cumprir ordens. A análise do julgamento, publicada pelo New Yorker, causou escândalo, em particular entre a comunidade judaica, como se ela estivesse absolvendo o réu, desculpando a monstruosidade.

    A banalidade do mal, no entanto, é central. O meu pai foi torturado durante a II Guerra Mundial, no sul da França. Não era judeu. Aliás, de tanto falar em judeus no Holocausto, tragédia cuja dimensão trágica ninguém vai negar, esquece-se que esta guerra vitimou 60 milhões de pessoas, entre os quais 6 milhões de judeus. A perseguição atingiu as esquerdas em geral, sindicalistas ou ativistas de qualquer nacionalidade, além de ciganos, homossexuais e tudo que cheirasse a algo diferente. O fato é que a questão da tortura, da violência extrema contra outro ser humano, me marcou desde a infância, sem saber que eu mesmo a viria a sofrer. Eram monstros os que torturaram o meu pai? Poderia até haver um torturador particularmente pervertido, tirando prazer do sofrimento, mas no geral, eram homens como os outros, colocados em condições de violência generalizada, de banalização do sofrimento, dentro de um processo que abriu espaço para o pior que há em muitos de nós.

    Por que é tão importante isto, e por que a mensagem do filme é autêntica e importante? Porque a monstruosidade não está na pessoa, está no sistema. Há sistemas que banalizam o mal. O que implica que as soluções realmente significativas, as que nos protegem do totalitarismo, do direito de um grupo no poder dispor da vida e do sofrimento dos outros, estão na construção de processos legais, de instituições e de uma cultura democrática que nos permita viver em paz. O perigo e o mal maior não estão na existência de doentes mentais que gozam com o sofrimento de outros – por exemplo uns skinheads que queimam um pobre que dorme na rua, gratuitamente, pela diversão – mas na violência sistemática que é exercida por pessoas banais.

    Entre os que me interrogaram no DOPS de São Paulo encontrei um delegado que tinha estudado no Colégio Loyola de Belo Horizonte, onde eu tinha estudado nos anos 1950. Colégio de orientação jesuíta, onde se ensinava a nos amar uns aos outros. Encontrei um homem normal, que me explicava que arrancando mais informações seria promovido, me explicou os graus de promoções possíveis na época. Aparentemente queria progredir na vida. Outro que conheci, violento ex-jagunço do Nordeste, claramente considerava a tortura como coisa banal, coisa com a qual seguramente conviveu nas fazendas desde a sua infância. Monstros? Praticaram coisas monstruosas, mas o monstruoso mesmo era a naturalidade com a qual a violência se pratica.

    Um torturador na OBAN me passou uma grande pasta A-Z onde estavam cópias dos depoimentos dos meus companheiros que tinham sido torturados antes. O pedido foi simples: por não querer se dar a demasiado trabalho, pediu que eu visse os depoimentos dos outros, e fizesse o meu confirmando a verdades, bobagens ou mentiras que estavam lá escritas. Explicou que eu escrevendo um depoimento que repetia o que já sabiam, deixaria satisfeitos os coronéis que ficavam lendo depoimentos no andar de cima (os coronéis evitavam sujar as mãos), pois veriam que tudo se confirmava, ainda que fossem histórias absurdas. Segundo ele, se houvesse discrepâncias, teriam de chamar os presos que já estavam no Tiradentes, voltar a interrogá-los, até que tudo batesse. Queria economizar trabalho. Não era alemão. Burocracia do sistema. Nos campos de concentração, era a IBM que fazia a gestão da triagem e classificação dos presos, na época com máquinas de cartões perfurados. No documentário A Corporação, a IBM esclarece que apenas prestava assistência técnica.

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    Banalidade do mal: Panfleto atirado em frente ao velório do ex-senador José Eduardo Dutra, em Belo Horizonte, pede a morte de petistas 

    O mal não está nos torturadores, e sim nos homens de mãos limpas que geram um sistema que permite que homens banais façam coisas como a tortura, numa pirâmide que vai desde o homem que suja as mãos com sangue até um Rumsfeld que dirige uma nota aos exército americano no Iraque, exigindo que os interrogatórios sejam harsher,ou seja, mais violentos. Hannah Arendt não estava desculpando torturadores, estava apontando a dimensão real do problema, muito mais grave.

    A compreensão da dimensão sistêmica das deformações não tem nada a ver com passar a mão na cabeça dos criminosos que aceitaram fazer ou ordenar monstruosidades. Hannah Arendt aprovou plenamente e declaradamente o posterior enforcamento de Eichmann. Eu estou convencido de que os que ordenaram, organizaram, administraram e praticaram a tortura devem ser julgados e condenados.

    O segundo argumento poderoso que surge no filme, vem das reações histéricas de judeus pelo fato de ela não considerar Eichmann um monstro. Aqui, a coisa é tão grave quanto a primeira. Ela estava privando as massas do imenso prazer compensador do ódio acumulado, da imensa catarse de ver o culpado enforcado. As pessoas tinham, e têm hoje, direito a este ódio. Não se trata aqui de deslegitimar a reação ao sofrimento imposto. Mas o fato é que ao tirar do algoz a característica de monstro, Hannah estava-se tirando o gosto do ódio, perturbando a dimensão de equilíbrio e de contrapeso que o ódio representa para quem sofreu. O sentimento é compreensível, mas perigoso. Inclusive, amplamente utilizado na política, com os piores resultados. O ódio, conforme os objetivos, pode representar um campo fértil para quem quer manipulá-lo.

    Quando exilado na Argélia, durante a ditadura militar, conheci Ali Zamoum, um dos importantes combatentes pela independência do país. Torturado, condenado à morte pelos franceses, foi salvo pela independência. Amigos da segurança do novo regime localizaram um torturador seu, numa fazendo do interior. Levaram Ali até a fazenda, onde encontrou um idiota banal, apavorado num canto. Que iria ele fazer? Torturar um torturador? Largou ele ali para ser trancado e julgado. Decepção geral. Perguntei um dia ao Ali como enfrentavam os distúrbios mentais das vítimas de tortura. Na opinião dele, os que se equilibravam melhor, eram os que, depois da independência, continuaram a luta, já não contra os franceses mas pela reconstrução do país, pois a continuidade da luta não apagava, mas dava sentido e razão ao que tinham sofrido.

    No 1984 do Orwell, os funcionários eram regularmente reunidos para uma sessão de ódio coletivo. Aparecia na tela a figura do homem a odiar, e todos se sentiam fisicamente transportados e transtornados pela figura do Goldstein. Catarse geral. E odiar coletivamente pega. Seremos cegos se não vermos o uso hoje dos mesmos procedimentos, em espetáculos midiáticos.

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    Manifestantes protestam durante velório de ex-presidente do PT, em total desrespeito aos amigos e parentes

    O texto de Hannah, apontando um mal pior, que são os sistemas que geram atividades monstruosas a partir de homens banais, simplesmente não foi entendido. Que homens cultos e inteligentes não consigam entender o argumento é em si muito significativo, e socialmente poderoso. Como diz Jonathan Haidt, para justificar atitudes irracionais, inventam-se argumentos racionais, ou racionalizadores. No caso, Hannah seria contra os judeus, teria traído o seu povo, tinha namorado um professor que se tornou nazista. Os argumentos não faltaram, conquanto o ódio fosse preservado, e com o ódio o sentimento agradável da sua legitimidade.

    Este ponto precisa ser reforçado. Em vez de detestar e combater o sistema, o que exige uma compreensão racional, é emocionalmente muito mais satisfatório equilibrar a fragilização emocional que resulta do sofrimento, concentrando toda a carga emocional no ódio personalizado. E nas reações histéricas e na deformação flagrante, por parte de gente inteligente, do que Hannah escreveu, encontramos a busca do equilíbrio emocional. Não mexam no nosso ódio. Os grandes grupos econômicos que abriram caminho para Hitler, como a Krupp, ou empresas que fizeram a automação da gestão dos campos de concentração, como a IBM, agradecem.

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    “Qualquer momento é momento de mandar um bandido embora. Até no enterro da minha mãe eu faria isso”, disse o aposentado de 60 anos com o cartaz na mão

    O filme é um espelho que nos obriga a ver o presente pelo prisma do passado. Os americanos se sentem plenamente justificados em manter um amplo sistema de tortura – sempre fora do território americano pois geraria certos incômodos jurídicos -, Israel criou através do Mossad o centro mais sofisticado de tortura da atualidade, estão sendo pesquisados instrumentos eletrônicos de tortura que superam em dor infligida tudo o que se inventou até agora, o NSA criou um sistema de penetração em todos os computadores, mensagens pessoais e conteúdo de comunicações telefônicas do planeta. Jovens americanos no Iraque filmaram a tortura que praticavam nos seus celulares em Abu Ghraib, são jovens, moças e rapazes, saudáveis, bem formados nas escolas, que até acham divertido o que fazem. Nas entrevistas posteriores, a bem da verdade, numerosos foram os jovens que denunciaram a barbárie, ou até que se recusaram a praticá-la. Mas foram minoria.

    O terceiro argumento do filme, e central na visão de Hannah, é a desumanização do objeto de violência. Torturar um semelhante choca os valores herdados, ou aprendidos. Portanto, é essencial que não se trate mais de um semelhante, pessoa que pensa, chora, ama, sofre. É um judeu, um comunista, ou ainda, no jargão moderno da polícia, um “elemento”. Na visão da KuKluxKlan, um negro. No plano internacional de hoje, o terrorista. Nos programas de televisão, um marginal. Até nos divertimos, vendo as perseguições. São seres humanos? O essencial, é que deixe de ser um ser humano, um indivíduo, uma pessoa, e se torne uma categoria. Sufocaram 111 presos nas celas? Ora, era preciso restabelecer a ordem.

    Um belíssimo documentário, aliás, Repare Bem, que ganhou o prêmio internacional no festival de Gramado, e relata o que viveu Denise Crispim na ditadura, traz com toda força o paralelo entre o passado relatado no Hannah Arendt e o nosso cenário brasileiro. Outras escalas, outras realidades, mas a mesma persistente tragédia da violência e da covardia legalizadas e banalizadas.

    Sebastian Haffner, estudante de direito na Alemanha em 1930, escreveu na época um livro – Defying Hitler: a memoir – manuscrito abandonado, resgatado recentemente por seu filho que o publicou com este título.3 O livro mostra como um estudante de família simples vai aderindo ao partido nazista, simplesmente por influência dos amigos, da mídia, do contexto, repetindo com as massas as mensagens. Na resenha do livro que fiz em 2002, escrevi que o que deve assustar no totalitarismo, no fanatismo ideológico, não é o torturador doentio, é como pessoas normais são puxadas para dentro de uma dinâmica social patológica, vendo-a como um caminho normal. Na Alemanha da época, 50% dos médicos aderiram ao partido nazista.

    O próximo fanatismo político não usará bigode nem bota, nem gritará Heil como os idiotas dos “skinheads”. Usará terno, gravata e multimídia. E seguramente procurará impor o totalitarismo, mas em nome da democracia, ou até dos direitos humanos.

    Ladislau Dowbor é professor de economia nas pós-graduações em economia e em administração da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e consultor de várias agências das Nações Unidas. Seus artigos estão disponíveis online em http://dowbor.org.

     

  7. O ágil Moro anti-PT ê de uma
    O ágil Moro anti-PT ê de uma preguiça sem tamanho quando se trata de levar algum tucano as cordas. Perdi o link mas a denuncia foi publicada no blog O Cafezinho sobre o rolo que envolve Cassio Cunha Lima

  8. IPEA-saiu o novo Índice de Vulnerabilidade Capitais do Brasil

    (Folhapress) Sugiro que o GGN destaque com a tabela e o que cada dado significa (uma maior abrangência do que o IDH).

    Porto Alegre região metropolitana em melhor situação (digitei parte da matéria mas algo saiu errado, falha minha)

    Caderno Brasil, Jornal do Commercio, quarta-feira, 7 de outubro de 2015, p. 5.

  9. Qual é a do Scielo? 
    Luis

    Qual é a do Scielo?

     

    Luis Felipe Miguel | Brasília – 06/10/2015 – 15p1

    http://painelacademico.uol.com.br/painel-academico/5263-qual-e-a-do-scielo

    Parte do problema do Scielo é a imposição, para as ciências humanas, de percepções nativas das ciências duras; uma plataforma nossa resolveria o problema

     

    A plataforma Scielo é um sucesso inegável. Se restava alguma dúvida quanto a isso, os ataques raivosos dos publishers comerciais, como o recente artigo de Jeffrey Beall, servem de confirmação. O Scielo disponibiliza um contingente valioso de informação científica, de forma acessível, organizada e gratuita. Qualquer professor sabe que, para um grande número de estudantes, o mundo das referências consiste na bibliografia obrigatória do curso mais os textos do Scielo. Esse não é exatamente um efeito desejado, mas revela o alcance da plataforma e sua centralidade no ambiente acadêmico brasileiro, ao menos nas ciências sociais.

    Justamente por isso, estar ou não no Scielo faz toda a diferença do mundo, em termos de visibilidade da produção. Ingressar na plataforma é a prioridade número 1 das revistas científicas brasileiras, que buscam desesperadamente preencher seus critérios e obter o nihil obstat de seu comitê gestor. Ferramenta de democratização do acesso à ciência, quando visto do lado dos leitores, o Scielo pode ser, do ponto de vista das revistas, um instrumento de exclusão. Quem não está no Scielo corre o risco de deixar de existir.

    Há critérios de ingresso que são simplesmente de adequação à ideia de uma publicação científica e às normas gerais que vigoram no campo: sistema de revisão por pares com duplo anonimato, controle da endogenia (taxa de publicação de textos de autoria de integrantes da própria instituição), conselho editorial plural. Há critérios que se ligam à regularidade da publicação, como evitar atrasos excessivos no lançamento de cada edição. Há critérios que buscam avaliar a qualidade e relevância do material publicado, o que pode dar margem a controvérsias, mas não pode ser deixado de lado. Mas há outros critérios que são claramente arbitrários e injustificáveis, que revelam apenas um gosto por deitar regras às revistas.

    Joel Rufino: homenagem a um guerreiro

    Assim, quando recebem a avaliação dos pedidos de inclusão de revistas na plataforma, os editores são instruídos sobre onde colocar resumos e abstracts dos artigos: antes do texto, no final do texto ou todos juntos no final da revista. As informações sobre os autores devem seguir um padrão único, reduzindo-se à filiação institucional, que, por sua vez, deve adotar um detalhamento por vezes cômico: Fulana é professora da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP, Brasil). As revistas que já estão no Scielo não cumprem tais exigências, mas aquelas que recebem uma lista de ajustes obrigatórios para poderem pleitear seu ingresso tendem a obedecê-las da melhor forma possível. Mas não há nenhuma justificativa razoável. Eu acho bom ver uma minibiografia dos autores, em que constem publicações anteriores ou áreas de interesse, mas para outros pode ser uma bobagem. Ou então: alguém pode preferir o resumo antes do texto, outro prefere depois. Existem argumentos sólidos em favor de uma ou outra opção? Não creio. É importante? Certamente não. Devia ser regulado por uma plataforma que inclui uma variedade de revistas? Definitivamente não.

    Mas isso é quase folclórico. O problema é quando o Scielo decide intervir em decisões editoriais significativas. A revista da qual sou um dos editores, quando entrou no Scielo, teve que justificar a organização de dossiês temáticos. Reclamavam que os dossiês orientavam a produção, ao que parece a partir da posição de que periódicos devem ser canais “neutros” pelos quais o saber escorre. Bom, essa é mesmo a questão. É possível ler a edição de uma revista como uma intervenção no campo, destacando determinadas temáticas, jogando luz sobre zonas ainda pouco trabalhadas. A pluralidade de revistas garante uma pluralidade de intervenções, que é o que podemos almejar. A “neutralidade” é uma quimera que significa, na prática, a acomodação ao status quo. Essa percepção do papel dos periódicos científicos é legítima, mesmo que não seja unânime, e não cabe ao Scielo invalidá-la.

    No momento, o Scielo ameaça interromper a indexação de periódicos que não cumpram uma série de exigências que foram estabelecidas recentemente. Há um critério de periodicidade mínima, por área. Nas humanas, as revistas precisam ser pelo menos quadrimestrais. Qual a justificativa para isto? Existem, no Brasil e no mundo, periódicos semestrais ou mesmo anuários com elevada qualidade científica. No Brasil, uma grande parcela das revistas de humanas é semestral, inclusive por motivos práticos. As revistas são subfinanciadas, contam com estrutura precária. Em geral, são editadas como um trabalho extra, por professores que não ganham por isso, nem têm alguma redução em seus outros compromissos acadêmicos. A maior parte delas não conta sequer com um trabalho de secretaria profissional, dependendo da boa vontade de estudantes. Em suma: cada edição lançada é um parto.

    As exigências do Scielo ampliam os custos humanos e financeiros da edição de revistas. Em 2015, foram introduzidos novos formatos obrigatórios de apresentação dos textos, que tornavam necessária a contratação de mais serviços profissionais. Tais demandas ignoram olimpicamente as condições em que as revistas são produzidas no Brasil. O que é grave, sobretudo quando as universidades públicas, que financiam pelo menos 9 em cada 10 delas, sofrem hoje com a redução de suas verbas.

    Agora, o Scielo exige a adoção de plataformas eletrônicas de manejo de originais – como o ScholarOne, da gigante da publicação acadêmica comercial Thomson Reuters. Custa dinheiro. Obriga a adoção de rotinas que são apenas parcialmente ajustáveis. Coloca informação sensível (artigos inéditos, pareceres anônimos, comentários sigilosos) sabe-se lá onde, disponível sabe-se lá para quem. Tem vantagens, tem desvantagens, mas não faz nada que outras formas de gestão de originais não possam fazer. Não é apresentada uma única justificativa para a imposição disto a todas as revistas que participam da plataforma.

    É mais grave ainda a ameaça de que o Scielo interromperá a indexação de traduções. Ao que parece, com base na definição de manual de que cabe ao periódico científico apresentar resultados de pesquisas originais, logo a tradução de algo antes publicado em outro idioma está fora de seu escopo. No entanto, num ambiente universitário carente como o nosso, as traduções de textos importantes são de enorme valia. Não existe linha de financiamento para a publicação de obras acadêmicas traduzidas e, de qualquer maneiras, os livros não estariam disponíveis de graça, na rede, para o estudantado. Mesmo os pesquisadores maduros se beneficiam delas, uma vez que os “textos importantes” a serem traduzidos não estão necessariamente em inglês, que se tornou a lingua franca da elite acadêmica – e apenas uma fração diminuta dos nossos professores leem francês, alemão ou italiano, para não falar de russo ou japonês. As revistas arcam com os custos das traduções, que começam já com a negociação dos direitos autorais, porque entendem seu papel num país como o Brasil e se dispõem a cumprir com seu compromisso social.

    Na mesma direção, o Scielo está estabelecendo cotas de publicação em língua inglesa para os periódicos naconais. É um movimento que precisa ser contestado, por vários motivos. Ele impede o acesso da maior parte dos estudantes aos textos, uma vez que, como regra, os universitários brasileiros não são fluentes em inglês. Uma simples olhada nas estatísticas de acesso aos textos, no próprio site do Scielo, revela como, ao menos na área de humanas, as produções em língua estrangeira tendem a circular bem menos do que aquelas em português. O bioquímico Rogério Meneghini, professor da USP e diretor científico do Scielo, defende que o vestibular coloque uma elevada proficiência em língua inglesa como requisito para ingresso no ensino superior, mas o resultado líquido seria apenas a maior elitização da universidade, no momento em que começaram a ser tomadas medidas para combatê-la. Será que é isso o que queremos? Universidade para poucos, conhecimento acessível para uma minoria?

    A publicação em inglês prejudica também os pesquisadores brasileiros, que, com raras exceções, escrevem mal no idioma de Lady Gaga. O inglês básico que serve às ciências duras é insuficiente para as humanas. Como resultado, teríamos: (a) a perda de espaço para a pesquisa nacional, ou (b) revistas publicadas em macarronical English, ou © mais uma elevação de custos, dada a necessidade de uma revisão ou reescrita criteriosa dos textos.

    Por outro lado, a publicação em inglês não atrairá para nossas revistas o melhor da ciência internacional, que continuará reservando o filé mignon para os periódicos de maior prestígio do Norte. O mais provável é pegar a raspa do tacho da produção anglófona. Mesmo que não fosse assim, porém, caberia a pergunta: por que o Brasil deveria financiar revistas para publicar sobretudo textos de autores da América do Norte e da Europa, para serem lidos por um público anglófono da América do Norte e da Europa? Parece uma visão bastante equivocada da mítica “internacionalização”.

    O caminho adequado parece ser o inverso. Por que o Scielo não tenta alavancar a publicação bilíngue, de forma que os mesmos textos estejam disponíveis em português, para nossos estudantes e para a sociedade brasileira em geral, e também em língua estrangeira (em inglês ou, melhor ainda, em espanhol), a fim de atingir a comunidade científica de outros países? Seria possível mesmo pensar na formação de um pool de revistas, cada uma selecionando alguns textos, desde que se obtivesse o financiamento necessário para as traduções.

    Por fim, creio que nós temos a obrigação de manter o português como língua de produção de conhecimento. Colegas das ciências exatas comentam que hoje grande parte da terminologia nem existe em português, o que é uma enorme perda. Se depender de alguns, isso logo vai ocorrer também na ciência política (e, em menor escala, nas outras ciências humanas). Parece que um conceito ganha uma profundidade extra, um charme adicional, quando escrito em inglês. Há os casos extremos, mas atire a primeira pedra quem nunca cometeu um pork barrel, um gerrymandering, um path dependence, um gender gap, um agenda-setting.

    Perder o vocabulário científico e, a fortiori, a possibilidade de fazer ciência em português é um desastre. Nós não somos uma língua de nicho, somos o quinto idioma mais falado no mundo e com uma população que está muito longe de ser bilíngue. Se abandonamos o português, estamos nos isolando ainda mais na nossa torre de marfim e voltando as costas à sociedade que nos financia.

    O que parece é que, em parte de suas decisões, o Scielo assume uma visão ideal de como a ciência devia ser produzida, decalcada do que ocorre nos países centrais, e ignora nossa realidade. Discordo do próprio ideal, mas nem é isso que está em questão. Precisamos partir do mundo real: revistas sem estrutura e sem dinheiro, mantidas na base do sacrifício pessoal de algumas pessoas, aproveitando a brecha para também suprir lacunas urgentes para as atividades de ensino, num país carente de tanta coisa. Parece faltar ao Scielo sensibilidade para isso. Falta também disposição para ouvir os editores das revistas. Falta transparência nas suas tomadas de decisão.

    Um ano atrás, no fórum de revistas da última reunião da Anpocs, ressurgiu a ideia de que a própria Anpocs estabelecesse uma plataforma de revistas acadêmicas brasileiras de ciências sociais, com acesso livre para o público e parâmetros mais inclusivos e plurais do que o Scielo. Entende-se que parte do problema do Scielo (e não só dele) é a paulatina imposição, para as ciências humanas, de percepções nativas das ciências duras. Uma plataforma nossa resolveria ao menos tal problema. A implementação desta ideia exige recursos que certamente estão escassos. Mas creio que deveria ser tratada como prioridade.

    NB. Esse texto é assinado a título exclusivamente pessoal, não significando uma posição institucional da Revista Brasileira de Ciência Política.

    (*)Luis Felipe Miguel é professor titular do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília, onde coordena o Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades (Demodê) e edita a Revista Brasileira de Ciência Política. Trabalha principalmente nas áreas de teoria da democracia, representação política e gênero.

    Conteúdo publicado originalmente no Blog do Demodê – Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades.

     

    1. jóia, Spin, Carta Maior reproduz o ótimo Sul21, de Porto Alegre

      reproduz Sul21, blog de Porto Alegre. Sem tua postagem, não ficaríamos sabendo (pouco acesso o Sul21, bem variado, não assinei a newsletter. grato – creioque o pessoal, mesmo se n ão botou mais estrelas tenha apreciado (os visitantes invisíveis, por exemplo – pena que o GGN não nos disponibiliza a estatística, só podemos deduzir a frequencia.)

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