General da ditadura acha absurdo investigar abusos “30 anos depois”

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – O general reformado Nilton de Albuquerque Cerqueira , 84, conhecido por ter comandado militares em casos como o Riocentro e a Operação Pajussara, disse na manhã desta terça (29), durante depoimento monossilábico à Comissão Nacional da Verdade, que acha um absurdo que esses episódios sejam investigados “30 anos depois” de ocorridos.

Sem permitir que a imprensa acompanhasse o depoimento, Cerqueira foi questionado por cerca de 15 minutos. Dez perguntas foram feitas com o objetivo de saber de sua participação durante a ditadura militar. Algumas, com base em ordens assinadas pelo próprio general. Diante das exposições, ele disse que não tinha “nada a declarar”.

De acordo com membros da CNV, Cerqueira só falou mesmo em dois momentos: primeiro, quando disse que a mídia “distorce fatos”, e pediu que os jornalistas presentes se retirassem. Depois para reclamar da insistencia da Comissão em revisitar e apurar os abusos cometidos durante os anos de chumbo.

O militar é investigado pelo Ministério Público Federal. Na Operação Pajussara, ele comandou os homens que conseguiram encontrar e acabar com a vida do militante Carlos Lamarca, em 1971, na Bahia. Em 1981, o major guiou os trabalhos da Polícia Militar no atentado ao Riocentro.

Com O Estado de S. Paulo

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

31 Comentários

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  1. Caro Nassif e demais
    Antes

    Caro Nassif e demais

    Antes tarde do que nunca, há 30 anos vocês nem se quer permitiam pensar assim.

    Tem justiça sendo corrigida, 514 anos depois, 30 anos é pouco, nessa escala, mas que seja feita.

    Saudações

     

     

  2. Antes tarde do que nunca.

    O que são 30 anos para quem tem o filho desparecido faz 30 anos. Uma vida, uma eternidade. Sei que isso incomoda aqueles que nunca se achariam incomodados, mas fazer o quê? Está na hora de prestar contas.

  3. Assalariado do Estado

    Um assalariado do Estado, pago portanto pelos impostos dos contribuíntes. fez o que quiz, extrapolou das funções que a instituição delegava a seu posto e acha que não precisa dar satisfações a ninguém?

    A História não precisa ser escrita. Continuam a querer as sombras, a penumbra e a escuridão. Nada mais apropriado para estes seres desprezíveis…

  4. 30 anos de espera

    30 anos é muito tempo sim. Muito tempo para pais, mães, irmãos, avos, avôs, tios, todos que ainda procuram pelos corpos desaparecidos durante os anos da ditadura do Sr. Nilton Cerqueira. 

  5. lembrei da frase do antigo

    lembrei da frase do antigo miistro da justiça – que justiçam hwein? da ditadura armandão falcão…

    quando perfguntado sobre essas coisas desagradáveis para eles, falcão respondia, smpre arrogante e impune

    – nada a declarar!

  6. vergonha

     

    VERGONHA, VERGONHA, VERGONHA.

     

    Sempre afirmei aqui que o Golpe foi vitorioso. Quem diz que vivemos numa democracia se esquece que esse Sr. foi responsável pela segurança do Estado do RJ durante 02 governos: na gestão “democrática” do ex-governador Marcelo Alencar que, no passado, fora advogado de perseguidos pelos militares e na administração golpista de Chagas Freitas na década de 80. No entanto, o que mais choca a todos nós  é que as maiores  violências praticadas por esse Sr. ocorreram justamente no período “democratico”, quando ele era o secretário de segurança fluminense e promovia policiais, caso eles matassem aos borbotões. Essa atitude irracional gerou a chamada Gratificação Faroeste, que levou ao assassinato não só de bandidos, mas também de inocentes que eram incriminados para que os policiais exterminadores fossem premiados com dinheiro e patentes. Houve soldado que chegou a sargento da noite pro dia e sargento que chegou a tenente  do mesmo jeito, depois de fuzilar  “bandidos perigosos” pelas costas, armados com colher de pedreiro ou rolo de pintura.

    Essa chaga genocida da polícia militar do RJ foi fortemente alimentada por esse Sr que agora se cala. Ela também é mãe orgulhosa das milícias que hoje dominam mais favelas no RJ que o tráfico de drogas. Esse é o legado do Sr Cerqueira que agora descança num confortável apartamento de Copacabana cercado pela família a espera de uma morte tranquila, naturalmente advinda de uma velhice confortável, daqui a uns vinte anos, quem sabe.

    Num país onde a Globo manda mais que o Congresso e põe de joelhos a Presidenta que, acuada, dá uma entrevista como a de ontem, não será surpresa para nenhum de nós que esse Sr. seja agraciado – depois de morto, espero -, com nome de rua ou de viaduto superfaturado, desses que desabam sobre a cabeça de pessoas inocentes como nós.

    Viva a democracia brasileira que passa a mão na cabeça de assassinos e dá as costas para seu povo.

  7. Os que mataram apenas em

    Os que mataram apenas em defesas de suas ideologias não deve mais nada mesmo,  podem até irem para TV contar rindo como mataram até os seus para colocar culpa na dita dura , mas os que fizeram em nome do Estado precisam responder pelos seus crimes

    1. Coxinha…

      Esclareça-me uma coisa: o indiciado é Mikhail Bakunin? Ou simplesmente “Bakunin”? Se for o nome completo, realmente é um absurdo. mas se for só “Bakunin”, a possibilidade de ser o codinome de um terrorista é muito grande.

      1. É mais fácil um terrorista

        É mais fácil um terrorista adotar o codinome “bush” do que Bakunin! Eu adotaria, se terrorista fosse, o codinome “bibi”, chera, aóca, aeca, thc, para dar na cara que eu sou terrorista!

  8. Tem razão o general, 30 anos

    Tem razão o general, 30 anos é muito tempo, um tempo infinitamente maior para quem está do outro lado e ainda espera justiça. General, que Deus lhe dê muitos anos de vida pela frente para que ainda veja a justiça sendo feita.

  9. Do sociólogo Luiz Eduardo

    Do sociólogo Luiz Eduardo Soares, através do face :

          Luiz Eduardo Soares1 de abril ·

    Vejam a relação íntima entre dois fenômenos aparentemente distantes: (1) varrer os crimes da ditadura para debaixo do tapete; (2) a forma como é conduzida a segurança pública no Brasil. Vou dar apenas o exemplo do Rio. O governador Marcelo Alencar, do PSDB, em 1995, sentiu-se à vontade para fazer do general Newton Cerqueira -responsável pela morte de Lamarca- seu secretário de segurança. Sob seu comando, criou-se a gratificação faroeste e o Bope deixou de aceitar rendição. Além da explosão dos autos de resistência e de levar o tráfico a investir pesado em armas, claro que a política alucinada do confronto precipitou uma trágica espiral de violência. O que mais nos legou o general? Um setor de “inteligência” na secretaria, entregue ao coronel do exército que comandava o DOI na época do atentado ao Riocentro. Quem quiser saber o que eu e meus companheiros fizemos para combater essa aliança perversa, em 1999, dê uma espiada em meu livro, “Meu Casaco de General”. Estou vivo porque sou teimoso. Nunca me intimidei e não pretendo me calar. Enquanto tiver forças, vou levar adiante a luta contra a ditadura, porque ela foi derrotada apenas parcialmente. Deixou seu veneno infiltrado na jugular da segurança pública, corroendo a democracia e promovendo o genocídio de jovens negros e pobres. A luta não terminou. Levantemos juntos dos policiais, cujos direitos são violados dentro de suas instituições, a bandeira da PEC-51. Desmilitarização, já! Ciclo completo. Carreira Única.

     

  10. Na finada e falida Alemanha Oriental

    havia um tal Ministério de Segurança do Estado (Stasi – para os íntimos!) que teve apenas um único chefe, o tal Erich Mielke em todos os 40 anos de existência. 

    Depois da reunificação este cidadão, temido por todos por aquelas bandas, foi processado e passou algum tempo na cadeia. 

    Me parece que arranjaram uma punição fantástica para este cara: ficar em liberdade. Como era conhecidíssimo, onde ele aparecia em público, aparecia alguém que queria tomar satisfações com ele. Logo, logo, o dito ex-poderoso acabou se escondendo em casa. 

     

  11. Só por ter feito o cerco e

    Só por ter feito o cerco e assassinado o Lamarca (que estava debilitado e já sem condições de esboçar qualquer reação) e participado do planejamento da morte de Yara, esse calhorda merece pelo menos uns 60 de chilindró. Os “fantasmas” do passado pra sempre estarão rodando esses estúpidos, entre eles o da Zuzu Angel e o do Herzog, cobrando a reparação histórica pelos crimes cometidos.

    1. Lamarca foi um assassino

      Lamarca foi um assassino covarde e morreu em decorrencia de suas proprias escolhas

      Alem de desertor, um ladrão e homicida…

      1. Tu mentes, Leonidas. O

        Tu mentes, Leonidas. O radicalismo atrapalha tua capacidade não só de raciocínio como de dizer a verdade ou então reconhecer que, tal qual piolho, vais pela cabeça dos outros.

        Primeiro: Lamarca não foi um covarde. De forma nenhuma. Abraçou uma causa sob risco de ser torturado ou perder a própria vida; o que efetivamente ocorreu: foi caçado e executado covardemente quando jazia no chão quase morto de fome e insolação no sertão da Bahia. Tu terias coragem para tanto? Ou tua coragem se limita a massacrar teclados de PC?

        Segundo, matou, sim. Mas pelas circunstâncias. Deploro a morte do tenente da PM morto, mas seria ele ou o grupo. O que tu farias na mesma situação? Se entregaria para ser torturado e morto? Ademais, mataram um militar que o confrontava, não um civil inocente como fez os agentes da ditadura. 

        Desertar numa guerra é um ato covarde, sim. Mas não se faz para combater uma ditadura sanguinária e covarde. Nesse caso se torna um honra. Quanto a ser ladrão: apresente provas dessa acusação infame. Não adianta alegar assaltos a bancos porque aí seria uma prova prova da tua indigência mental. 

        Sim, morreu pelas suas próprias escolhas. Pior são os que não fazem escolhas; que ficam sempre na espreita para seguirem os bons ventos e nunca se arriscarem. Mais indignos são os que fazem análises sem conhecer nem respeitar a história nem seus personagens. 

         

        1. é um covarde sim, nao

          é um covarde sim, nao precisava matar o tenente coisa nenhuma.

          E covarde, homicida, desertor e ladrão.

          simpatia ideologica nenhuma muda isso era um fascinora totalitario , NUNCA FOI DEMOCRATA isso é conversa para boi dormir e vc JB sabe ou devia saber disso.

          ao morrrer nao fez falta nenhuma a naçao, de totalitarios ja bastava os que estavam no poder… 

        2. Provocação, JB, só isso

          JB, o leonidas é um provocador, tece seus comentários sempre atacando as esquerdas esperando a hora que algum de nós se manifeste pra alimentar a polêmica, e o ego dele também.

          Deve ser daqueles que acreditam:

          – que a “suicídio” de Herzog é marcketing político pró-cuba;

          – que Yara Yavelberg era uma prostituta intelectalizada e predadora de casamentos;

          – que Stuart Angel morreu de overdose de maconha;

          – que os que fuzilaram  Marighella o fizeram em legítima defesa;

          – e sobre Carlos Lamarca ele já falou, não vou aqui dar asas ao seu narcisismo fascista.

          Pra ele o Cirilo (codinome de Lamarca na VPR) foi um ladrão-desetor-assassino, pra mim um nome a ser lembrado como referência da resistência aos ditadores.

          Esperar o que de quem se posiciona pró Israel vendo esse genocídio cotidiano na Faixa de Gaza contra os palestinos?

  12. Pois é, se ele não tivesse se

    Pois é, se ele não tivesse se metido nas maracutaias há 30 anos, não haveria o que investigar agora. Baita picareta da vida alheia. Devia estar preso desde sempre. Enojam a população.

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