Guilherme Arantes e seus 200 mil fãs no Facebook

Do iG

Guilherme Arantes ao iG: “Na TV não tinha espaço para você abrir o bico”

O cantor é um ávido usuário das redes sociais e conta as razões pelas quais gosta tanto de postar na internet
 
Quem pensa que o cantor e compositor Guilherme Arantes está sumido, na verdade, está muito enganado. Celebrando 200 mil fãs em sua página no Facebook, o músico é um ávido usuário de redes sociais e, pessoalmente, atualiza o espaço com posts que classifica de “opinativos”.
 
Recentemente, o cantor se queixou das pessoas que o julgaram “sumido” pelo fato de não estar diariamente na programação da TV aberta. “Não sei o que as pessoas querem, talvez voltar no tempo”, conta em entrevista ao iG.
 
“Não sei o que eu deveria estar fazendo, além do que foi feito este ano, para que as pessoas mudassem esse discurso, já que por trás dessa insatisfação existe, sim, a cobrança de mais resultados, uma sugestão de ‘insuficiência’. A humanidade é muito cruel em suas boas intenções”, desabafa em uma postagem sincera via internet.
 
Em fase de divulgação do mais recente trabalho, “Condição Humana”, Arantes, agora aos 60 anos, enxerga-se como um homem mais sólido. “É um ciclo de chegar a ser avô, ter meus filhos na faixa dos 30. É uma parte inesquecível da minha vida, porque eu realmente me consolidei.”

Autor de hits como “Planeta Água”, “Deixa Chover”, “Cheia de Charme” e “Meu Mundo e Nada Mais”, Guilherme Arantes também ficou famoso por ter emplacado várias músicas em trilhas de novelas. Seu mais recente disco, “Condição Humana”, é o 21º em 40 anos de carreira e foi lançado pela produtora do cantor, a Coaxo de Sapo.

Leia abaixo a entrevista completa com Guilherme Arantes:

iG: Por que você desabafou no Facebook sobre “estar sumido”?
Guilherme Arantes: Muita gente fala que o artista está “sumido”, isso quer dizer o quê? (Sumido) da TV aberta? Lá tem pouco espaço para a música. Um dia um motorista de táxi perguntou ‘por que eu não estava indo ao (programa do) Chacrinha. Eu perguntei: ‘Mas você está vendo o Chacrinha?’. As próprias pessoas também estão por fora. Não sei o que querem, talvez voltar no tempo.

iG: Nesse sentido a internet tem ajudado a se divulgar?
Guilherme Arantes: A própria interação na rede é uma coisa nova que as pessoas não reconhecem. ‘Você tinha de aparecer mais’. Imagina! Estou aparecendo muito mais na internet postando meus pensamentos. Talvez seja uma reclamação para voltar a ter os programas de auditório, só de musica. Realmente, falta isso no mercado.

iG: Programas como o The Voice fariam essa função?
Guilherme Arantes: O The Voice é uma fórmula inteligente, porque coloca artistas consagrados não como jurados, mas como parceiros. É o caso do Lulu Santos, que é muito competente e está brilhando bastante, falando coisas legais. Eu não faria, não sei no futuro, mas nós artistas somos muito mais para o lado dos calouros do que dos julgadores. Estamos sempre na sala dos calouros batalhando por um espaço.

iG: Compor o novo disco, “Condição Humana”, foi muito diferente em comparação aos trabalhos anteriores?
Guilherme Arantes: Hoje em dia você tem de construir todo o aparato, ter o próprio selo, o próprio estúdio, uma equipe de divulgação. Mas estou bem satisfeito. Pela primeira vez, estou com três músicas de um mesmo disco tocando nas rádios. Não temos mais a condição que tinha antes com as grandes gravadoras, (da época) do vinil. Hoje o showbizz torna a vida do artista mais estável, ele faz mais shows ao vivo do que naquela época. Hoje é muito mais desenvolvido. Acho que a internet fez muita diferença para mim.

iG: De que modo? Você mesmo atualiza sua página no Facebook?
Guilherme Arantes: Tem uma equipe que faz o trabalho mais braçal de divulgação e eu fico com a parte mais opinativa. Acho bem bacana, porque você compartilha pensamentos, uma coisa que a televisão não permitia. Não tinha espaço para você abrir o bico. Cantor não fala, só vai lá, canta e vai embora. O fato de ficarmos mais opinativos é fascinante.

iG: Você expõe críticas na internet. Sente falta de mais artistas assim?
Guilherme Arantes: Sou muito grato às coisas que conseguimos, não sou insatisfeito. A insatistacao é em relação ao País, que temos de construir. Temos de deixar menos espaço para os biógrafos falarem da gente e nós mesmos metermos a mão na massa e interagir. Tem que tomar muito cuidado com o que se posta, as coisas tem de ser maturadas. Acho que isso falta na rede, as pessoas têm pressa de publicar logo. Eu conto muito (nos posts) sobre a peculiaridade do lado artístico e como é por dentro, o mercado da fama, mas não é pegando pesado.

iG: Você é a favor de músicas com download grátis na internet?
Guilherme Arantes: Sou favorável ao compartilhamento, porque as músicas se espalham e todo mundo conhece rapidamente. O sistema antigo era só para quem comprava (disco), era ‘encabrestado’. Hoje essa liberdade tem muitas desvantagens em termos de vendas, mas por outro lado o alcance é muito grande.

iG: Você se importaria se escrevessem uma biografia sobre você?
Guilherme Arantes: Não, porque ela replicaria muitas das coisas que eu mesmo venho publicando. É óbvio que os biógrafos vão fuçar mais o lado desconfortável da vida, mas não me importo, não tenho tanto para me arrepender. Vivi de uma forma transparente e isso me coloca em uma vantagem, porque não tenho tanta coisa a ocultar.

iG: Qual dos seus discos o deixa mais orgulhoso?
Guilherme Arantes: O meu primeiro disco lançado pela Som Livre, que tem a faixa “Meu Mundo e Nada Mais” (1976). O disco “Romances Modernos” (1989) e esse novo, que eu acho que foi, de lavada, o melhor resultado de opinião das pessoas e da imprensa.

iG: Ele reflete os seus 60 anos de idade?
Guilherme Arantes: É um ciclo de chegar a ser avô, ter meus filhos na faixa dos 30. É uma parte inesquecível da minha vida, porque eu realmente me consolidei. Assim que me sinto hoje, um cara bem mais consolidado.

Redação

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