Homens têm visão machista sobre mulher no carnaval de rua

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Da Agência Brasil

Pesquisa feita pelo Instituto Data Popular, como contribuição à campanha Carnaval Sem Assédio, do site Catraca Livre, mostra que a maior parte da visão masculina ainda é machista em relação à participação de mulheres nos festejos de rua.

A pesquisa foi feita entre os dias 4 e 12 de janeiro, com 3,5 mil brasileiros com idade igual ou superior a 16 anos, em 146 municípios.

“O que existe por parte dos homens é uma naturalização do machismo”, disse hoje (6) à Agência Brasil o presidente do Instituto Data Popular, Renato Meirelles. De acordo com a sondagem, 61% dos homens abordados afirmaram que uma mulher solteira que vai pular carnaval não pode reclamar de ser cantada; 49% disseram que bloco de carnaval não é lugar para mulher “direita”; e 56% consideram que mulheres que usam aplicativos de relacionamento não querem nada sério.

Segundo Meirelles, o homem ainda tem uma visão de que a mulher é propriedade dele e que ela é feliz dessa forma, “como se a mulher tivesse que ser grata pela grosseria dele”. A pesquisa confirma a percepção distorcida do sexo masculino que a mulher, ao participar de bloco de rua, quer ser assediada. “Isso tem a ver com o processo histórico-cultural no Brasil”, disse.

Renato Meirelles lembrou que qualquer tipo de abordagem sem o consentimento da mulher é assédio. E o assédio, além de ser moralmente errado, dependendo do tipo é crime, e moralmente não funciona, lembrou.

A sondagem revela também que na percepção de 70% dos homens, as mulheres se sentem felizes quando ouvem um assobio, 59% acham que as mulheres ficam felizes quando ouvem uma cantada na rua e 49% acreditam que as mulheres gostam quando são chamadas de gostosa.

O lado feminino do assédio será objeto de outra pesquisa que o Instituto Data Popular divulgará mais adiante.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

28 Comentários

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  1. Eu sempre tive muito respeito

    Eu sempre tive muito respeito com as mulheres. Porém, quando ia pra um carnaval ou pra uma balada via que meus amigos mais machistas eram os que as mulheres mais gostavam.

    Mais de uma vez ouvi de uma mulher que eu era legal demais. Meu defeito seria esse. Vi depois algumas dessas mesmas mulheres beijando caras que agiram da forma que esse texto crítica.

    É um paradoxo que as feministas deviam tentar explicar. Não fazem esse questionamento porque abrangeria o comportamento das próprias mulheres, ou pelo menos de grande parte delas.

     

    1. Ideologia machista

      Não é paradoxo, uma vez que a ideologia machista é imposta  a homens e mulheres desde a infância. Essas mulheres que você aponta são machistas também. 

      1. Imposta, mas “naturalizada”

        Imposta, mas “naturalizada” artificialmente. Aliás, as ideologias mais bem sucedidas são as que não se explicitam politicamente. São tidas como suposta “ordem natural das coisas”, combatida pelas ideologias politicamente explicitadas, como as feministas. O cara (ou a cara) é machista (ou racista etc) e não percebe isso como ideologia…

    2. “É um paradoxo que as

      “É um paradoxo que as feministas deviam tentar explicar”. Aleandro, mas as feministas já explicaram isso faz tempo…

      Você precisa se atualizar.

  2. Carnaval: tempo de pensar em mulher

    “Pesquisa aponta que 49% dos homens acham que bloco de Carnaval não é lugar para mulher ‘direita’.” (LINK)

    Não surpreende. Na verdade surpreende, sim! Impressionei-me com o fato de que são apenas 49%. Agora, parando para pensar mais detidamente sobre isso, fico surpreso que não sejam 80% ou mesmo 90%.

    O Brasil é um país – da boca pra fora – atrasadíssimo em concepções de costumes. Tudo vira motivo para que a moral sexual seja questionada, sobretudo no caso das mulheres. Mas, lembremos: tudo já foi pior. As coisas vão melhorando – lentamente, mas vão.

    Mulher beber: “Feio”, dizem muitos. Mulher fazer sexo por prazer: “feio”, falam os mesmos. Mulher trabalhando fora de casa, feito homem? “Feio” – DIZIAM muitos dos nossos avós e até mesmo pais. Mas vejamos o que ocorre hoje: as mulheres pululam, com desenvoltura e sucesso radiante pelo mercado de trabalho. AS COISAS MUDAM. Na verdade, hoje, mulher em bloco de carnaval não só é tolerado como extremamente desejável. Cadê que os marmanjões montam blocos só de homens? Ontem não vi nenhum pelo Recife Antigo velho de guerra. Certas coisas, como essa pesquisa, se formos analisar bem friamente manifestam apenas um certo estrebucho final de quem se mostra timidamente incomodado com uma situação que se consolidou. Nada fará as mulheres saírem dos blocos de carnaval. Elas não sairão do mercado de trabalho etc. Muito ainda se haverá de avançar – mas muito já se conquistou. E definitivamente. Já vi mulher dirigindo transporte coletivo na periferia daqui de Recife. E ninguém dizia nada. Nada negativo. Só ouvi elogios. As mulheres têm mais é que exigir seu espaço, seja lá onde for.

  3. Não é nada disso.
    É que Marte está alinhado com Mercúrio.

    E mulheres deveriam andar armadas, para qualquer eventualidade. Em caso de dúvida, solte o dedo. Funciona!

  4. É lamentável.
    É lamentável que ainda existam homens com essa visão distorcida e atrasada. E que ainda há mulheres que concordam com eles.

    1. É mesmo?

      E quando é ela que te agarra a força, te beija e te leva pra cama?

      E pior: se negar fogo passa a ser viado!

      As coisas mudaram, as iniciativas também!

  5. Pesquisas mostram que homens

    Pesquisas mostram que homens possuem visão machista em relação a mulheres. Somente os gays tem visão feminista em relação a mulheres…

  6. Não sei não se uma pesquisa

    Não sei não se uma pesquisa feita só com mulheres não vai dar números parecidos….

    Está tudo errado.

    A sociedade precisa de um reboot.

    1. Uma vez vi o Luiz Carlos

      Uma vez vi o Luiz Carlos Bresser-Pereira comentando via Facebook que o Brasil é o país mais antigovernista que ele conhece. Por quê falo disso? Para lembrar que o PT, governo de hoje, é associado, apesar de tudo, a demandas de segmentos desfavorecidos da sociedade – homossexuais, negros, índios, mulheres etc. Parece que essa cantilena reacionária, a dar eco a falas de Bolsonaros e Felicianos da vida, tem muito a ver com o tal antigovernismo brasileiro. Acho que a defesa de minorias tende a virar tendência quando o governo não for mais PT. Pensemos comigo: queria ver o que seria dito pelo povão que hoje rejeita mulheres em bloco de carnaval caso o presidente encampasse o pensamento comportamental de um Bolsonaro da vida. Para onde o antigovernismo brasileiro nos levaria caso o presidente fosse o próprio capitão Bolsonaro? Melhor ficar só no campo das especulações mesmo, torcendo para que não tenhamos esse desprazer na prática! O que ocorre hoje é só um – falso – jus sperniandi contra uma realidade que não para de se consolidar, a da inclusão das mulheres na sociedade, em pé de igualdade com os machões. Quando o governo for de direita, a onda vira.

  7. No mundo ideal duas pessoas

    No mundo ideal duas pessoas viram uma para a outra e dizem: “vamos transar? Vamos.”

    No mundo real é preciso conversa, papo, clima … que não existe no Carnaval, e em outras festas do gênero.

  8. besterol

    Só para saber.  Aquela mulher que no desfile em São Paulo tirou a roupa para exibir um “tapa sexo” pedindo o imedimento da presidenta é machista, feminista, golpista, ou tem alguma outra  ….ista na jogada?

    1. Só para saber. Um homem que

      Só para saber. Um homem que após ler os dados apresentados pela matéria faz uma pergunta dessas, é o quê?

      Machista, sexista ou tem algum outro ,,,, ista na jogada?

  9. Medicina e mulheres

    “(…) as mulheres já são maioria entre os profissionais com menos de 29 anos de idade e [a pesquisa] estima um equilíbrio entre o número de homens e mulheres exercendo a medicina no País até 2028. A pesquisa mostra também que o sexo feminino é maioria em especialidades ligadas à atenção básica à saúde, como a clínica médica, pediatria e ginecologia e obstetrícia.” (LINK)

  10. A doença do machismo.

    Nassif. Você está me dando mais esta oportunidade preciosa de expor a minha visão sobre a cultura machista. Ela é uma doença. E é a pior de todas as doenças sociais, porque é a mais opressora, a mais alienante, a mais depravada e a mais perversa. Talves seja a ideologia mais antiga, porque tem como objetivo principal e único subjugar o gênero Mulher, justamente este Ser que é predestinado pela nossa Mãe Natureza para Gerar a Vida de todos os humanos, incluindo o gênero homem. Surgida em priscas eras por quem detinham , a ferro e fogo, os bens do capital, eles, os homens, sentiram a necessidade de criar um mecanismo perverso que tivesse o poder de subjugar todas as Mulheres. O principal mecanismo inicial foi a necessidade de criar “as religiões”. Estava assim e de maneira perversa e sutil incutir o doentio conceito da inferioridade do gênero feminino e o da “traição”. Acontece que o gênero homem desconhece até hoje que a Mãe Natureza não dá saltos e portanto quando ele A contraria de maneira imbecil a predestinação dada por Ela à Mulher através da reprodução da Vida, ele mesmo passa sa sofrer desvios comportamentais inumeráveis, e dentre eles, o do “homossexualismo enrustido e a pederastia”, sem excessão. Freud, o criador da psicanálise, explica de maneira didática e irrefutável este fenômeno dos desvios sexuais de tipos div ersos e com caracgterísticas próprias em cada um. É como uma ferida escondida no interior de cada machista e que nunca cicatrizará, enquanto ele não perceber que esta doença social vem do fatop dele não valorizar a verdadeira importância do gênero Mulher sobre todos os outros Seres, incluindo o gênero homem, que é também, apenas um mero coadjuvante. Muito embora ele não perceba este fenômeno que é óbvio e ululante, tem como castigo carregar todos estes desvios comportamentais, todos eles, inumeráveis, enrustidos até o fim de sua vida. Nelson Rodrigues, nosso grande dramaturgo, sempre diz: “…se todos os homens conhecessem a intimidade sexual de cdada qual, ninguém se falaria…E acrescenta ainda: “..se todos os fatos provam tudo isso pior para os fatos”. É só!

     

     

     

  11. Correçao: 90% dos homens têm visao machista sobre mulher Ponto

    Há exceçoes, claro, felizmente. Mas basta ler os comentários feitos aqui para verificar isso. E isso num blog dado por progressista…

  12. Libertinagem, vs Dignidade

    Hoje em dia, os carnavais inocentes, dos tempos antigos, praticamente se extinguiu.

    Hoje, embalados sob bebidas, a maioria procura no carnaval, a libertinagem desvairada, e a degradação moral, e a decadência dos costumes…

    Nos tempos onde mulher só fazia sexo se fosse casada, não havia muito risco de uma moça ser abusada, mas hoje, infelizmente, confunde-se cada vez mais sexo com desrespeito.

    Talvez, por isto mesmo, por eu ser uma pessoa “dos tempos antigos” nunca gostei de carnaval.

    Nos outros países, quase sem excessão, eles olham para o Brasil com horror, diante da nudez disseminada, e imoralidade. Não estou falando apenas de países conservadores, como países árabes. Mesmo na Europa, carnaval, se comemora com muita roupa, e respeito.

    Infelizmente, também nisto a midia tratou de disseminar a imoralidade sem limites, televisionando a nudez carnavalesca como algo corriqueiro e até natural. Mercadejando a Dignidade humana e da mulher principalmente, como algo sem valor.

    A nudez da  mulher virou uma mercadoria que tem sido explorada pela midia, ao custo de elevada audiência, regiamente paga por anunciantes. A midia da casa grande defende a “liberdade” da mulher se despir, desde que lhe dê lucro.

    Dizia Lênin:

    “Quando quisermos destruir uma nação, deveremos destruir a sua moral. Assim, ela cairá em nossas mãos como um fruto imaturo”. A receita de Lenin, carregada de cínico realismo, sintetiza a tática adotada por todos os sistemas de dominação humana. Uma sociedade narcotizada pelo erotismo é presa fácil dos interesses ideológicos, políticos e econômicos.

    1. Que tal pensar antes de comentar?

      Fora o conservadorismo moralista desse comentário, eta capacidade de dizer besteira sem pensar! Na Europa se comemora o Carnaval com muita roupa, claro. Lá é INVERNO! Pode estar, e em boa parte dos lugares seguramente estará, fazendo menos de 0 de temperatura.

      1. Cara Anarquista

        Com todo o respeito, tenho de discordar.

        Existem países com nudez sim, mas nada se compara ao Brasil. Mesmo os países mais ocidentais, ficam escandalizados com a nudez brasileira. Digo isto, não só por ter amigos que viveram ambos no exterior, basta vc fazer uma pesquisa nos videos do you tube, sobre o que os gringos pensam do Brasil.

        Para começar, peças de roupa como o fio dental, escandalizam em extremo os americanos. Até as sungas de banho que os homens brasileiros usam para ir a praia, os americanos consideram indecentes ou imoraais, sendo que a roupa de banho dos americanos mais se parece com um short, que não mostra tanto assim. Nem na Austrália, um país extremamente ocidentalizado, e onde devido a grande quantidade de praias o povo costma usar pouca roupa, se costuma usar fio dental. O Brasil tem uma cultura onde se costuma exagerar em extremo na nudez.

        Programas infantis com aprensentadoras semi nuas, são outra coisa que deixam os americanos horrorizados.Isto, nem é para se falar de países com outras culturas muito mais conservadoras, como os àrabes, ou outros países de terceiro mundo. Eu poderia citar muito do que existe no Basil, que escandaliza os estrangeiros em matéria de nudez, mas cada um que se interesse sobre o assunto, pode pesquisar e achar com facilidade no google, ou no you tube, muito sobre isto.

        Existe uma diferença gigantesca entre uma moça andar com pouca rua em um país desenvolvido, e andar em país de terceiro mundo. Lá na Austrália por exemplo, se um homem assobiar para uma moça na rua, terá um processo judicial provavelmente. Nos EUA, Europa e Japão, provavelmente também quem mexe com mulhe na rua, é processado. Aqui, se alguém assobiar, ou der uma cantada grosseira para uma mulher, provavelmente, não vai dar em nada. é a diferença entre as leis severas dos países desenvolvidos e aqui.É a diferença entre um policiamento intensivo no primeiro mundo, e o nosso policiamento, totalmente sem dinheiro, sem recursos.

        No terceiro mundo, como aqui, ou na Àfrica, ou nos países islâmicos, o Estado é ausente, e omisso, principalmente devido a falta de recursos. Por isto mesmo que a sociedade no terceiro mundo costuma criar uma série de normas e regras de conduta que servem para suprir a e proteger, onde o Estado não consegue cumprir o seu papel.

        Naturalmente, respeito a sua opinião, longe de mim, querer pautar a opinião alheia.

  13. Machismo, ou protegeção à mulher?

    Naturalmente, que o machismo existe, e isto não é bom; mas há de se diferenciar o que é o machismo, da tentativa de proteger a mulher dos homens, eu como homem, sei que a maioria dos homens não são confiáveis.

    A humanidade em geral, não superou a fase “animalesca” e ainda não passou para a fase de ser civilizado pelo menos em sua grande maioria. Por isto o pensamento de resguardar a mulher do assédio.

    Suponhamos que num salão de carnaval existam trezentos  homens, e muitas mulheres com pouca roupa. Suponhamos que nestes trezentos, 280 sejam 100% confiáveis. Uma suposição de todo impossível, pois o oposto seria mais certo, conquanto raro. Mesmo nestes vinte restantes, geralmente teriam muitos que não iriam se conter, mas acabam realmente mexendo com as mulheres, dando cantadas grosseiras, ou até coisas piores. Agora a pergunta, com uma probabilidade de risco tão grande, você deixaria as suas filhas irem num ambiente destes? Não ficaria preocupado?

    Na verdade, se fosse só no Brasil, que acontecesse este “machismo”, seria uma anomalia.
    Mas este é um pensamento que existe em quase todo o mundo todas as culturas, na maioria da humanidade. Países Árabes, Índia, e mesmo nos de cultura ocidental, se costuma resguardar a mulher do assédio. Acontece, que nos países desenvolvidos existem leis severas, contra assédio, e policiamento. Por exemplo, na Austrália, se um homem assobiar para uma mulher na rua, isto pode dar um processo judicial. Nos EUA, Europa e Japão, idem. E aqui no terceiro mundo, se um homem assobiar para uma mulher, ou der uma cantada grosseira,  geralmente não dá em nada, pois o Estado é ausente, ou não tem recursos suficientes para se fazer valer.

    E aqui nós tentamos copiar os costumes de países desenvolvidos, sem termos a mesma segurança policial que eles tem, ou a mesma severidade de leis. Por isto os países em desenvolvimento preservam tanto a mulher ( o que é chamado de machismo por alguns), pois sabem que o Estado será omisso, e não dará conta de fazê-lo.

     

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