Justiça suíça diz que conselheiro do TCE favoreceu Alstom

Do Estadão

Marinho ‘favoreceu’ empresa no Brasil, diz Suíça
 
Decisão do Tribunal Penal autoriza envio de detalhes das contas do conselheiro do TCE a investigadores brasileiros, que apuram ligação com Alstom
 
Jamil Chade, correspondente de O Estado de S.Paulo

GENEBRA – O Tribunal Penal da Suíça diz que o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Robson Marinho é suspeito de ter “favorecido” um grupo francês não-identificado a obter contratos públicos em troca de subornos depositados em contas bancárias no país europeu. A constatação faz parte de uma decisão da Justiça de 24 de março de 2014 e que autoriza todos os detalhes de suas contas a serem cedidas para investigadores brasileiros.

No Brasil, a investigação aponta para a ação da multinacional francesa Alstom no esforço de conquistar contratos de licitação pública em São Paulo. Marinho é suspeito de ter favorecido a empresa ao relatar no TCE julgamento sobre extensão da garantia de equipamentos no âmbito do projeto Gisel, da antiga Eletropaulo. No fim do mês passado, o presidente do TCE, Edgard Camargo Rodrigues, pediu a abertura de um processo interno para investigar se o conselheiro cometeu desvio funcional. Marinho foi chefe da Casa Civil do governo Mário Covas (PSDB), entre 1995 e 1997, antes de ocupar a atual posição.

Estado teve acesso exclusivo à decisão da Justiça do país europeu. “A conta na Suíça (de Robson Marinho) teria recebido diversos montantes da parte de sociedades implicadas no pagamento de subornos”, indica o documento da decisão do juiz federal suíço Jean Fonjallaz.

Corrupção. Os detalhes das contas de Marinho se referem ao período entre 1998 e 2006. Mas a decisão não cita os nomes das empresas envolvidas em corrupção. Segundo a Justiça suíça, a transmissão de dados ao Brasil ocorre em razão de “atos de corrupção cometidos por um grupo francês em relação à conclusão de um contrato público no Brasil”.

Além de Marinho, uma segunda pessoa também estaria implicada no recebimento do dinheiro. Mas seu nome não foi revelado. “A era um próximo do magistrado no Tribunal de Contas suspeito de ter favorizado a conclusão do contrato”, apontou o documento. A letra “A” é usada para esconder a identificação da pessoa envolvida.

Resistência. Os documentos revelam ainda que Marinho tentou impedir, sem sucesso, que seus dados fossem enviados ao Brasil. Um dos argumentos era de que as “provas recolhidas na Suíça” foram obtidas de forma “ilegal”. Segundo a decisão, o advogado de Marinho ainda “produziu novas peças de documentação para demonstrar a existência de vícios graves no procedimento estrangeiro (Brasil)”.

Mas, para o juiz Fonjallaz, o pedido de ajuda por parte do Brasil para a Suíça foi “suficientemente motivado e a condição de dupla incriminação foi satisfeito”. “O princípio da proporcionalidade foi respeitado”, indicou o magistrado suíço.

“O recurso foi rejeitado”, declarou, estipulando ainda uma multa de 1 mil francos suíços sobre o advogado de Robson Marinho pela ação.

‘Estranheza’. Em carta divulgada há três semanas, Robson Marinho negou ter recebido dinheiro da Alstom. “Nunca recebi qualquer valor da Alstom, seja da filial brasileira ou da matriz francesa.” Ele declara ser “insustentável” e diz que “causa estranheza” a alegação de que recebeu propina em 1998, porque só assinou um documento referente ao projeto Gisel em 2001. “A cronologia desmente essa suposição”, afirma.

A Alstom rechaça as acusações de que tenha uma política sistemática de pagamento de propinas e afirma reiteradamente que “tem implementado, em toda a sua organização, regras estritas de conformidade e ética”.

 

Redação

11 Comentários

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  1. Intocável

    Robson Marinho é mais um dos tucanos intocáveis. Aliás, tucano pode tudo. Pode roubar, pode mentir, pode cometer qualquer tipo de crime que a justiça o protege.

    Enquanto isso, Zé Dirceu e Genoino estão presos, condenados injustamente, sem provas.

     

  2. E o MP paulista?

    E quando é que serão revelados o envolvimento do MP Estadual de SP?

    Porque aquilo ali tá igualmente contaminado, imprestável, inútil.

  3. Cachorros amarrados com linguiça

    O Brasil deve ser o único pais do mundo onde governadores e prefeitos são fiscalizados por fiscais indicados por eles mesmos e de sua estrita confiança

  4. Enquanto isso o deputado

    Enquanto isso o deputado André Vargas vai recolocando a revista Veja no rol da mais alta credibilidade, contando com os já clássicos vazamentos seletivos da Polícia Federal, e vai fazendo também a delícia do denuncismo da Globo. E vai até mesmo mesmo lavando a alma do Joaquim Barbosa, pelo gesto “atrevido” que Vargas fez durante sessão do Congresso em que Joaquim estava a seu lado. Francamente, o que podemos falar disso tudo? Certamente nem estão cogitando de expulsão sumária  deste deputado do PT. E tudo isso nos faz indagar: Pessoas como estas são espertas, suficientemente malandras, ou são mesmo estúpidas e têm se dado bem até agora por pura sorte? Devemos aconselhar a outras “peças” políticas semelhantes a André Vargas, que componham o Partido dos Trabalhadores, que eles devem seguir em frente, viajando com a família em jatinhos de doleiros ou mesmo de “honestos empresários”, e que devem telefonar até ficarem roucos em combinações com seus amigos esquisitos. E depois devm esperar tranquilos que tudo o que fizerem exploda na cara dos leais batalhadores petistas e dos eleitores do partido bem às vésperas da eleição. Vão em frente, Andréses Vargas, traidores do projeto popular de construção de um novo Brasil.

  5. E aquele promotor que

    E aquele promotor que distraidamente colocou as solicitações da justiça suiça na gaveta errada, vai ficar por isso mesmo?

  6. Covas, canonizado e cristianizado

    A Veja já transformou o Marinho em laranja cristianizado.

    O próximo passo vai ser cristianizar o Covas, que já está até canonizado…

  7. A COMÉDIA DO PODER de Claude Chabrol, 2006.

    No cartel (ou seria quartel?) franco alstomico da corrupção sistêmica ativo/passivo corporativo-estatal-global até já foram unszinhos miúdos presos… lá na França (nenhum político poderoso, por supuesto) e até já virou filme tipo…

    “Nos roteiros convencionais de filmes de suspense, detetives aplicavam uma fórmula que os ajudava a elucidar os crimes: “Cherchez la femme”. Procure a mulher. Um comportamento atípico da parte de um homem sempre tinha como principal motivação a paixão despertada por uma mulher. Encontre a mulher, e o quebra-cabeça se resolve sozinho. Um instinto semelhante costuma guiar os pensadores e os homens de decisão nas relações internacionais. Para eles, quando algo acontece no mundo, é caso de “cherchez l’État”. Procure pelo Estado por trás do problema, e você estará no caminho certo para entender a situação.

    A rápida expansão global das redes de comércio ilícito sugere algo bem diferente. Todas as evidências do comércio de armas, drogas, seres humanos, falsificações, lavagem de dinheiro, órgãos, animais, lixo tóxico e tudo o mais – para não mencionar o terrorismo internacional – apontam sempre para a força que as redes internacionais exercem na erosão da autoridade dos Estados, corrupção de empresas e governos legítimos, e usurpação de suas instituições e, até mesmo, seus propósitos.

     Sim, os Estados estão envolvidos.”

    ILÍCITO, de Moisés Naím, 2006.

    A COMÉDIA DO PODER de Claude Chabrol, 2006.

    Jeanne Charmant-Killman (Isabelle Huppert) é uma poderosa juíza, que tem se dedicado arduamente às investigações em torno de agentes do governo envolvidos com corrupção, fraudes e desvios de verbas. Um dos investigados é Martino (Pierre Vernier), o presidente de um importante conglomerado industrial, que não deseja que o caso siga adiante. Paralelamente Jeanne precisa lidar com sua vida pessoal, especialmente a falta de atenção dada ao seu marido, Philippe (Robin Renucci), devido aos afazeres do trabalho.

    [video:http://www.youtube.com/watch?v=tYAD7JA4OqE%5D

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