Lava Jato: quais são as próximas etapas? Por Luiz Flávio Gomes

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Lava Jato: próximas etapas, prisões e cassações

Luiz Flávio Gomes

No monstruoso esquema de corrupção cleptocrata da Petrobras, o Procurador-Geral da República (PGR) enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal) 28 pedidos de investigação, contra 54 pessoas (incluindo os presidentes do Senado e da Câmara, Renan Calheiros e Eduardo Cunha, respectivamente). A iniciativa do PGR coincide com a divulgação (por Josias de Souza) da seguinte declaração do ministro Cid Gomes: “Tem lá [na Câmara] uns 400 deputados, 300 deputados que quanto pior melhor para eles. Eles querem é que o governo esteja frágil porque é a forma de eles achacarem mais, tomarem mais, tirarem mais, aprovarem as emendas impositivas”. As declarações de Cid Gomes (como ainda sublinha Josias de Souza) ecoam uma frase pronunciada por Lula em setembro de 1993: “Há no Congresso uma minoria que se preocupa e trabalha pelo país, mas há uma maioria de uns trezentos picaretas que defendem apenas seus próprios interesses”. Eleito presidente duas eleições depois, Lula aliou-se aos que chamava de “picaretas”. Mais um exemplo em que a ética da convicção não se afinou com a ética da responsabilidade (consoante a distinção de Max Weber, feita no início do século XX: veja em Gil Villa, La cultura de la corrupción: 102).

Os “picaretas” políticos, juntos com os poderosos econômicos e financeiros, fazem parte de um sistema cleptocrata instalado no Brasil desde sempre. O Brasil não é uma democracia cidadã, é uma capenga democracia eleitoral cleptocrata (ou seja, uma cleptocracia em que o Estado é governado, sobretudo, pelo método da ladroagem que acontece por meio do patrimonialismo, clientelismo, parasitismo, fisiologismo e corrupção). O aprofundamento das investigações no caso Petrobras servirá para apurar (dos políticos indicados) quais parlamentares podem receber o rótulo de cleptocratas (no escândalo citado).

Seis partidos estão envolvidos (até aqui): PT, PP, PMDB, PSDB, PTB e PSB. Mais sete pedidos de arquivamento (envolvendo políticos) foram formulados pelo PGR (por falta de indícios mínimos). O arquivamento não será refutado pelo STF, conforme sua jurisprudência. Não há notícia de qualquer denúncia, ou seja, não será iniciado imediatamente nenhum processo. A razão: o PGR teve por base apenas delações premiadas (até aqui já foram 13), que não são provas (são fontes de provas). Dentre as 54 pessoas existem algumas sem foro privilegiado. Serão investigadas normalmente, mas depois não serão processadas no STF (sim, em primeira instância, no local da consumação das infrações).

 

Próximas etapas

As próximas etapas da Lava Jato são as seguintes: cabe ao ministro relator Teori Zavascki autorizar ou não a investigação (colheita de provas materiais, depoimentos, perícias etc.) e manter ou não o sigilo das investigações; salvo casos excepcionalíssimos, como é a hipótese da quebra de sigilo telefônico, a tendência é determinar a publicidade do processo. A investigação será feita pela PF (Polícia Federal), sob a supervisão do Ministério Público (PGR). Todo ato investigativo (sobretudo quebra de sigilos) depende de determinação do relator (Teori). Concluída a investigação o PGR pode pedir o arquivamento (quando não há provas) ou denunciar (iniciar o processo, quando há indícios de crime e sua autoria). Se recebida a denúncia, pela 2ª Turma do STF, ratificam-se as provas em juízo e depois vêm as alegações finais. No dia do julgamento (a ser feito pela 2ª Turma, salvo se se trata do presidente do Senado ou da Câmara, que são julgados pelo Plenário) é possível sustentação oral. Em seguida vêm os votos dos ministros (sem televisionamento, o que pode ser positivo porque se evita o espetáculo midiático).

Hoje a 2ª Turma não está completa (está faltando um ministro, em razão da aposentadoria do ministro Joaquim Barbosa). Quem vai indicar o novo juiz? A Presidenta da República. Em seguida haverá sabatina no Senado. É possível que vários senadores venham a “sabatinar” o juiz do seu próprio caso? Sim. Claro que se o juiz for de tendência mais dura os “senadores-réus” tendem a recusá-lo. Em certo sentido podem os réus estar escolhendo o juiz para os seus processos? Sim (coisas da política que a razão não explica).

Prisões cautelares (imediatamente)? Não é possível (art. 53§ 2º da CF), salvo se se trata de flagrante em crime inafiançável. No caso da corrupção cleptocrata da Petrobras (ocorrida preteritamente) a possibilidade de flagrante já passou. Eventual prisão dos políticos denunciados só pode ocorrer após a condenação final. Contra a decisão da Turma cabem embargos infringentes? A polêmica está instalada. Eles são previstos no Regimento do STF para decisões do Pleno (não das Turmas). A tendência é desconsiderá-los (por falta de previsão legal específica). Não está previsto o recurso de apelação para o Pleno, como vem recomendando há anos a Corte Interamericana de Direitos Humanos. Sem essa apelação não se observa o duplo grau de jurisdição. Esse ponto, tal como no mensalão, pode ser questionado na referida Corte.

Cassação dos mandatos dos políticos: se condenados criminalmente, com certeza o STF determinará a cassação dos mandatos. A outra possibilidade de cassação dos políticos envolvidos comprovadamente no escândalo da Petrobras é interna (cada Casa Parlamentar pode cassar o deputado ou senador por falta de decoro; isso pode ocorrer em qualquer momento, mesmo antes da condenação penal). Mas depende de muita pressão popular democrática. Cadê o povo nas ruas! A lei brasileira deveria ser mais clara para dizer o seguinte (nos casos do político comprovadamente corrupto): teria que devolver em dobro tudo que auferiu ilicitamente com a ação cleptocrata e não poderia mais voltar para a política, em nenhum cargo. Seria um tipo de “pena de morte política”. Para isso fazem falta mudanças e evoluções éticas e morais. Estaria o povo brasileiro apto para essas mudanças?

P. S. Participe do nosso movimento fim da reeleição (veja fimdopoliticoprofissional. Com. Br). Baixe o formulário e colete assinaturas. Avante!

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

24 Comentários

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  1. A Lava Jato já se transformou

    A Lava Jato já se transformou num Lava Rápido da reputação de Aécio Neves. Quanto tempo a operação irá levar para Lavar o rabo de outros mafiosos tucanos? 

    1. O tempo que for necessário;
      O tempo que for necessário; seu objetivo é outro.

      Como pode o patrocinador (ou seria apoiador) ser penalizado?

      A operação não pode ferir a quem está servindo…

      1. Anna, afiadíssima.

        Anna, afiadíssima. Certeira.

        Hoje, logo cedo, me deparei com a música de Chico Buarque. Safra antiga. Eterna.

        Difícil conter o nó na garganta.

           “A GENTE QUER TER VOZ ATIVA, NO NOSSO DESTINO MANDAR,

            MAS EIS QUE VEM A RODA VIVA E CARREGA O DESTINO PRA LÁ.”

  2. Bravo!

    Como é bom ler um texto de alguém que sabe do que diz.

    Passa longe de especulações.

    E estou de pleno acordo:  “O Brasil não é uma democracia cidadã, é uma capenga democracia eleitoral cleptocrata (ou seja, uma cleptocracia em que o Estado é governado, sobretudo, pelo método da ladroagem que acontece por meio do patrimonialismo, clientelismo, parasitismo, fisiologismo e corrupção).”

     

    Parabéns Nassif e sua equipe pela busca da aula de  um r. jurista sobre um tema tão importante para o Brasil.

    Bravo! Clap, clap, clap!

  3. No fim do artigo desse

    No fim do artigo desse jurista tem uma referência a uma petição pelo fim da reeleição. Essa petição eu não assino. Mas assinaria de pronto petição  pela não aprovação da PEC da bengala e por uma ampla reforma do Poder Judiciário. 

  4. Mais do mesmo.

    O mesmo blog que publica um texto primoroso (Lula, Noblat e os homens comuns), publica as asneiras de um ordinaríssimo homem, que se julga entendedor da política pelo filtro viciado do sistema que dá estrutrura normativa ao que ele diz criticar:

    O vertical, elitista, segregador, seletivo, paquidérmico e corrupto Judiciário.

    E aí tome lugares comuns do moralismo, para depois ensaiar alguma “aula” sobre processualismo e rituais.

    Afinal, que é o Sr Gomes para questionar as escolhas e alianças de Lula?

    Chamar o esquema da Petrobras de monstruoso ou dar-lhes superlativos e adjetivos e demonstrar rara ignorância sobre os meandros do funcionamento do capitalismo no Brasil e no mundo.

    Avisem ao senhor Gomes que a corrupção não é exceção, mas regra de funcionamento do capital, como vantagem competitiva.

    Aconselho ao néscio a entrevista reveladora do Ricardo Semler ao Mário Sérgio Conti.

    Tenham santa paciência…

  5. A próxima etapa é pegar alguns bodes expiatórios

    [video:https://www.youtube.com/watch?v=1CxPp9SnRdM%5D

    O que se quer mesmo, como ocrrreu no julgamento da AP 470, é pegar alguns bodes expiatórios para diversão e catarse do povo e sssim manter a todo vapor as engrenagens da corrupção em todos os niveis de governo e poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, incluindo ai MP e midia: Nada de mexer com a tranquilidade dos tucanos, a grana roubada por eles deve estar contaminada com veneno radioativo para que as Instituições tenham medo de investigar e nem cheguem perto…e assim continuaremos permitindo que os Janot da vida tirem o dos tucanos da reta e isso já virou rotina, de Geraldo Brindeiro a Gurgel passando por Rodrigo de Grandis(trensalão tucano) foi assim. ao mesmo tempo em que fogem da democracia participativa como o diabo foge da cruz,,..o que querem mesmo é continuar roubando e por isso querem aprovar o financiamento privado de campanhas com o Gilmar sentando o b undão nos autos. Ferro nos bodes expiatórios: O povo precisa gozar…kkk

     

  6. Desculpa!
    Não tenho respeito

    Desculpa!

    Não tenho respeito algum pelas opiniões desse senhor Luiz Flávio Gomes.

    Ele e outros, do mesmo da mesma coloação política, “representantes” do judiciário, deveriam se envergonhar pelo papel que se prestaram na mentira, na armação, na trama da AP 470.

    Esse sr. era um daqueles “entrevistados” diários da Globo News. Amava aparecer em todos os programas da Tvs, e em entrevistas de jornais.

    Nunca teve culhão para questionar, dar um PIO, sobre as injustiças, a falta de provas,  as acusações infundadas contra os réus!

    Nunca teve coragem de discordar de vagabundos (e quantos) travestidos de jornalistas, que estavam a serviço, não da justiça, mas sim de uma causa política, onde seus patrões eram os mais interessados.

    Nunca, como professor de direito, se envergonhou vendo um juiz do supremo, jogando no lixo as leis do país, cerceando descaradamente os direitos dos advogados.

    Como eu disse ontem, a pior coisa para pessoas como esse senhor, é saber que tudo o que disse, todas suas “opiniões”, estão gravadas e na internet.

    Vergonha de fato sentirão seus netos e bisnetos, quando toda essa trama política/jurídica/midiática, for desmentida no futuro.

  7. O que vem ai

    O artigo é um tanto excessivo, pena. Como é dificil para articulistas conseguirem se desfazer do moralismo primario. Herança lacerdista?

    Aécio Neves – o que foi “homenageado” pelo Janot – ja esta jogando suas cartas pesadas, para ver se exlcuem seu nome. Espero que o Ministro Teori Zavascki tenha muita resiliência para as pressões que virão. E elas virão, sobretudo, do velho baronato.

    1. MALDIÇÃO

      É a maldição da maçonaria agindo no sistema político-judiciário brasileiro. Tucano não nasceu para ficar em gaiola. E, estamos entendidos, né?

  8. generalizar a ladroagem é um

    generalizar a ladroagem é um perigo.

    talvez sejam resquícios do lacerdismo, como lembrou bem um comentarista.

    é bom saber como se dará as etapas do julgamento,

    mas uulgar antecipadametne não é justo, no mínimo .

    quando vi esse senhor algumas vezes comentando no programa

    pretensamente jornalístico da tucana tv cultura, comecei a desconfiar dele.

  9. Mesmo que o PGR tenha pedido

    Mesmo que o PGR tenha pedido a exclusão de Aécio, não é provável, mas é possível que o ministro Teori pense o contrário e solicite o aprofundamento das investigações contra ele. O PGR pede, mas quem julga é a justiça.

  10. Caçar petistas e livrar a

    Caçar petistas e livrar a cara do resto, aliado da prostituta justiciaria, aliás, a justiciaria é aliada deles. Muita grana..Minha ma~e sempre diz que os petistas foram burros em não roubar o tanto que roubaram os amiguinhos da justiciaria. Se os pestitas tivesse roubado tanto quanto, teria dinheiro suficiente para pagar pela sua inocência. Poderiam ter helicoptero com 500 kilos de cocaina e tudo bem.

  11. E a Dilma

    Vai indicar novamente o JANOTA PERDIGUEIRO TUCANO janot continuar na PGR? Vai continuar ficando de 4 para a mídia pulguenta e Judiciário corrupto?

  12. Por mais respeito que eu

    Por mais respeito que eu tenha pelo articulista não posso concordar com o que escreveu:

    “Eleito presidente duas eleições depois, Lula aliou-se aos que chamava de “picaretas”.”

    Ora, se ele não se “alia” faz o quê? Renuncia?

    Além do financiamento privado o mal desse país está na mídia, que numa situação como a exposta acima se posicionará ao lado de quem lhe interessa, no caso do Congresso e seus 300 picaretas.

    Quando Lula falou isso quem da imprensa foi pra cima do Congresso?

    Hoje em dia vê-se claramente o acharcamento da Presidente e a imprensa festeja!

    Como enfrentar o Congresso de picaretas?

  13. Por mais respeito que eu

    Por mais respeito que eu tenha pelo articulista não posso concordar com o que escreveu:

    “Eleito presidente duas eleições depois, Lula aliou-se aos que chamava de “picaretas”.”

    Ora, se ele não se “alia” faz o quê? Renuncia?

    Além do financiamento privado o mal desse país está na mídia, que numa situação como a exposta acima se posicionará ao lado de quem lhe interessa, no caso do Congresso e seus 300 picaretas.

    Quando Lula falou isso quem da imprensa foi pra cima do Congresso?

    Hoje em dia vê-se claramente o acharcamento da Presidente e a imprensa festeja!

    Como enfrentar o Congresso de picaretas?

  14. O texto só serve para medir o autor

     

    Luiz Flávio Gomes,

    Sempre avalio por baixo as pessoas que fazem acusações genéricas aos políticos e os localizam em espaços que, por mais amplos que sejam, não são genéricos. E mais ainda quando especificam a generalização para o Brasil. Se é para generalizar as pessoas com um nível de conhecimento mais consistente não devem reduzir o alcance da generalização a um espaço que ainda que tão extenso como o do Brasil apenas deixou de se restringir a sua própria morada.

    Tanto Lula como Cid Gomes agiram como crianças ao fazer as acusações aos políticos. Lula referiu-se a 300 picaretas que há no Congresso. Quem são os 300 picaretas ele não nominou e o que é picareta ele não definiu. A acusação de Cid Gomes só é mais equivocada do que é a de Lula porque a faz quase trinta anos depois da de Lula. Lula pode até ainda acreditar no que ele disse, mas espero que ele não mantenha o defeito de assim se referir aos políticos. Cid Gomes referiu-se a 300 a 400 deputados para os quais quanto pior melhor para eles. Não os nominou. Não disse para quem seria pior e nem o que significa ser melhor para eles. Se alguém o interpelar, ele pode alegar que 300 a 400 deputados consideram que quanto pior for uma política para os ricos tanto melhor eles se sentirão porque a política vai beneficiar os mais pobres e isso é melhor para eles. Só que neste sentido deixa de ser uma acusação infantil e passa a ser uma acusação de má-fé.

    Enfim quando feitas de boa-fé, essas são acusações que qualquer criança pode fazer.

    O que se pediria de adultos é que nominasse quem se acusa e que fizesse acusações não genéricas usando termos que se sabe o alcance e significado que tem. Lula ou Cid Gomes poderiam dizer sou contra fulano porque fulano é conservador e retrógrado enquanto sou liberal e a favor do avanço, da modernidade, etc. Um discurso assim uma criança não é capaz de fazer.

    É claro que como político, eles têm um campo de atuação maior. É o que decorre do que diz José Arthur Giannotti, um prócer do PSDB, no próprio título do artigo dele “Acusar o inimigo de imoral é arma política, instrumento para anular o ser político do adversário” que saiu publicado no jornal Folha de São Paulo de quinta-feira, 17/05/2001 e que pode ser encontrado no seguinte endereço:

    http://www.cefetsp.br/edu/eso/filosofia/artigogiannottigerapolemica

    Só que eles devem ser mais específicos e nominar quem eles estão acusando de imoral e qual foi o motivo para ver no adversário imoralidade. Podem não nominar ou podem não especificar a imoralidade, mas dependerão para a sobrevivência política que os eleitores não tenham o discernimento de considerar este procedimento como um desrespeito pelos eleitores.

    Um jornalista, um cientista, ou o cidadão, a menos que procedem na acusação vinculados a um partido, não podem emitir opiniões assim tão rasas sem que se possa inferir dai que o jornalista não tem respeito pelos seus leitores, o cientista não tem respeito pela atividade de cientista que exerce ou o cidadão não tem conhecimento sobre o que ele fala.

    Então o seu texto dá-me a sensação se feito com boas intenções de ser próprio de quem não sabe sobre o que está falando.

    E no final do seu texto há o seguinte SP que penso vale transcrever:

    “Participe do nosso movimento fim da reeleição (veja fimdopoliticoprofissional. Com. Br). Baixe o formulário e colete assinaturas. Avante!”

    A idéia do fim do político profissional não é uma ideia infantil. Poucas crianças seriam capazes de conceber uma campanha com esse desiderato. Sem dúvida, entretanto, é uma campanha de quem não saiu da adolescência. Somente adolescentes (do mundo todo) que não tenham ainda uma profissão e vivem em uma sociedade que estigmatiza o político, pois é incapaz de observar que se os políticos não estivessem um nível médio superior a própria média da sociedade não seriam eles que governariam o país podem propor medida contra a profissionalização do político. Só adolescentes ou quem não saiu da adolescência pode imaginar que o político profissional seja inferior ou mesmo igual ao político amador. A luta pelo amadorismo na política é própria do amador, quando não for feita por oportunista que pretendam aproveitar do amadorismo para tirar proveito que não conseguem com o político profissional.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 05/03/2015

  15. Tucano como animal da fauna

    Tucano como animal da fauna silvestre não pode ser mantido em cativeiro. Daí o MP sempre ingnorar os podres desta turma.  Essa do Aécio Neves foi “pra cabá”. 

  16. Interessante.
    Os

    Interessante.

    Os parlamentares agoram serão julgados, no STF, pelas turmas.

    E porque na AP 470 o foram pelo plenário ? Se não havia nenhum presidente de casa envolvido ? Aliás, a grande maioria, nem foro especial detinha.

  17. O respeitabilíssimo jurista

    O respeitabilíssimo jurista só se esqueceu de dizer que o sistema político, tal como instalado historicamente, não dá tantas brechas para a ética da convicção. Exigir de Lula que ele fosse, sozinho e/ou com seu partido, a contracorrente de uma enchurrada implacável, propondo de cima para baixo uma modificação cultural de viciados longevos, é no mínimo sarcástico.

    Ora, é uma irmandade, uma máfia. Lula não foi eleito para ser contracorrente, mas se infiltrar nela, e tentar aos poucos um redirecionamento. Ele não sairia ileso de qualquer modo: primeiro não seria o presidente dos socialistas, com o que convínhamos. Em segundo, não seria a andorinha que faria verão no sentido de “limpar” o Brasil e ao mesmo tempo emplacar o famigerado “pacto social”. Não foi eleito para fazer milagres, pois eles não existem em matéria política. 

    Seria como propor um prêmio para aquele que andar por horas no esgoto, mas sem respirar o ar fétido. Convenhamos! Em direito isso se denomina “ônus diabólico”.

    O Dr. Luis Flávio Gomes, como se vê na leitura do texto, é um idealista (o mal dos nossos juristas), não um existencialista. Se fosse um existencialista, entenderia o que quer dizer o adágio “a existência precede a essencia”. Lula presidente precisou existir, e tentou equilibrar-se entre o possível e o impossível, até exaurir todas as fichas. E foi para isso que o povo o elegeu e reelegeu. Ele fez o melhor que pode enquanto corria pelo esgoto, mas é evidente que isso era possível enquanto respirava.

    Não sou daqueles que o devota a santidade, mas é mesmo incoerente exigir dele que vença eleições em um país hipocritamente conservador e corrupto, e seja ele próprio a semente de uma nova civlização contra tudo e todos. Isso só acontece em processos longos, ou em revoluções, e talvez seja esse o grande legado de Lula: ser a causa motora da aceleração deste processo de reconscientização sobre a corrupção capitalista no Brasil, ainda que seja ele o réu número um. Com classes subalternas mais “educadas” e mais afeitas ao conforto, temos massa crítica abaixo do Equador. Com uma elite usando a corrupção como mote de seus retrocessos, temos o ambiente favorável à mudança. Os dois fatores, ao mesmo tempo, só se deram graças ao Lula. 

    A direita que lhe dê o braço a torcer: ele foi um bom para quem vive de lucros, e ótimo representante de nossa nacionalidade. A esquerda que o dê o braço a torcer: ele foi persistente e abriu muitas portas, especialmente das caixas pretas em que teve de entrar. Não as deixemos ser fechadas pela hipocrisia. 

     

  18. Alguns questionamentos.

    Seria a governabilidade oriunda dessas coligações eleitorais, Dr. Flávio Gomes, é a mãe de todas as pragas, e o financiamento privado é o estrume desse plantação.

    Pois bem, se Lula teve de se aliar a 300 picaretas, se Cid Gomes assim o repete, não há algo de errado. Será que FHC não teve esse problema, ou isso é de Lula pra cá. Ora, os 300 picaretas estavam desde antes, pois a frase de Lula remonta aos tempos da Constituinte. Certo ou errado?

    Lula, Dr. Flávio Gomes, foi pragmático. Se aliou ao sistema pra chegar a duras penas à Presidência, vencendo verdadeiras manipulações eleitorais contra ele. E Dilma, nem se fale?.

    O PT chegou lá mais teve um passivo, o de se aliar a esse modus operandi. Caso contrário, continuaria na oposição. Seira, digamos, um PSOL da vida, repleto de “radicais”, como dizem os conservadores brasileiros.

    Sem Lula, e Dilma, esqueça Fome Zero, Bolsa Família, valorização do salário mínimo, inclusão de 40 milhões de brasileiros no mercado de consumo, pleno emprego, Pré-Sal, PRONATEC, FIES, PAC, reerguimento da indústria naval, etc. E não nos esqueçamos, com o mensalão batendo à porta, entrando Governo adentro no primeiro mandato.

    Talvez com outros – vai saber – em 2008 tivéssemos quebrado, como dourtras vezes, na Era FHC. Ou não tivemos nessa Era escândalos na SUDAM e SUDENE, ou pasta Cor de Rosa, ou compra da Emenda da Reeleição, ou ainda SIVAM, ou a suspeita troca de ativos da Petrobras no Brasil com a REPSOL na Argentina?

    Pragmatismo ou ética?

    E Dilma estaria sendo republicana Dr. Flávio Gomes? Nomeando um PGR primeiro da lista tríplice, com a Lei da Transparência, investigando sem os conchabos políticos. Ou ético seria o candidato que mandou os “picaretas” sugarem o Governo enquanto pudessem, que depois, se eleito, estaria ele de braços abertos aos vampiros?

    E aí, Dr. Flávio Gomes? Que tal, hein?

    E que tal um doleiro condenado, que continua a delinquir, ganha prestígio e dinheiro, e fomenta com a ajuda de empresários renomados, que agem em cartel fraudando licitações, e movimentam um sistema de lavagem de dinheiro e de corrupção, e que ainda abaste as campanhas dos partidos com dinheiro público. O que o Dr. Flávio Gomes acha disso? Desses empresários profissionais que compram Parlamentares profissionais de todas as matizes? E pagam belos honorários aos advogados, hein? Só os agentes públicos são picaretas, ou temos uma picaretagem compartilhada?

    Ou será essa uma prática só de Brasília. Essa picaretagem não existe nos Estados e nos Municípos brasileiros?

    A Lava a Jato, o Mensalão, é o preço da governabilidade, com forças nada ocultas, como foram a compra da reeleição ou o escândalo da SUDAM e da SUDENE nos tempos de FHC.

    Eu sei Dr. Flávio Gomes, mas como se depura o sistema. Investigando e condenando os culpados no devido processo legal. É o preço da Democracia. Não se pode alijar ninguém pela cara. Se o Parlamentar tem mandato ele representa a soberana vontade popular. Mesmo que seja um político profissional.

    Como mudar isso. Com a participação popular, com os Conselhos, com mais Democracia Direta, mas isso já é bolivariano demais. Ou será suiço demais? Com uma imprensa maisl eivre, e com mais educação. Leva tempo Dr. Flávio Gomes. E faz parte do processo democrático. E do aprendizado do cidadão.

    Devemos encarar essas investigações com normalidade, como prova do funcionamento das instituições, e aprimoramento da democracia. Novos paradigmas. Sem espanto, pois essa é a prática atual da relação entre empresários e políticos. Infelizmente, é o que acontece normalmente. Investigar os fatos, inclusive, como se investiga um acidente aeronaútico, sugerindo alternativas para a melhoria da segurança do sistema eleirtoral e da Democracia. Simples assim.

     

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