Mandela, o ídolo da extrema direita?

Passadas poucas décadas do tempo em que a extrema direita global e racista deixou o negro Mandela por mais de vinte anos em uma celazinha de poucos metros quadrados, escutamos por toda a parte dizer que ele é um ídolo global de combate ao racismo. Na TV, escutamos que é um líder reconhecido tanto pela extrema direita como pela extrema esquerda… E de fato todos estão comparecendo a seu velório.
 
O que mudou?
 
Muita coisa mudou, mas não por que a extrema direita mudou e reconheceu o direito dos negros, alterou seu comportamento, ficou boazinha. Foi apenas a luta dos negros sul- africanos liderada por Mandela e o apoio de forças civilizadas do resto do mundo, que com muito sacrifício, sagrou-se vitoriosa. Os brancos cederam de forma inteligente,  negociaram para não perder tudo. Felizmente para eles,  Mandela e os negros sul- africanos estavam mais interessados em construir um país civilizado que na vingança.
 
Esses mesmos brancos só sustentaram por tanto tempo um regime odioso, francamente racista, ditadura da minoria branca, graças ao apoio da direita mundial, em especial os presidentes americanos como Reagan, Bush e outros. O apoio era ostensivo, político, econômico e militar. Mandela e os líderes africanos eram postos no rol oficial de terroristas globais pelo governo americano ou seja, classificados de forma a que ninguém na parte do  planeta que dominavam se atrevesse a sair em sua defesa.  Se escapassem da prisão, deveriam ser cassados nessa condição. Que não tentassem abrigo em outro país. Os americanos não fizeram com a ditadura branca de extrema direita na África do Sul nada diferente do que acontecia na América Latina e alguns outros países do mundo: sustentavam ditaduras que lhes eram submissas, entre elas a ditadura militar brasileira.
 
Temos que lembrar tais fatos, lembrar sempre quem foram Reagan, Bush, seus subalternos nas então bananas repúblicas, os Médici, Videla, Pinochet, eles sim, terroristas. Lembrar principalmente porque seus seguidores remanescentes, tal como no caso Mandela, continuam invertendo valores ou no mínimo confundindo.  Seria bom que estes fossem reconhecidos na atualidade e não depois de décadas e muito sacrifício.
Redação

6 Comentários

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  1. Para lembrar

     Pergunta: Quando o governo norte-americano, retirou da lista de suspeitos de terrorismo, o Congresso Nacional Africano e seus seguidores, incluindo N. Mandela ?

       (  ) 1989     (  ) 1990   (  ) 1992    (  ) 1994   (   ) 1998   (   ) 2002    (  ) 2005     (   ) nda

      Resposta:   Em 01/07/ 2008, o Presidente Bush, assinou o HR 5690, liberando o CNA e Mandela da lista de suspeitos de terrorismo.

       www.opencongress.org/bill/110-p690/text

      

  2. Coxinhas, palhaços hipócritas.

    Coxinhas consideram Nelson Mandela um herói, mas são contra tudo que Mandela defendeu em toda sua vida e apoiam as mesmas políticas que Mandela sempre combateu, em suma, são analfabetos políticos.

    1. Um exemplo análogo? Coxinhas

      Um exemplo análogo? Coxinhas contra a PEC37 sem ter a mínima ideia do que era…

      Esses são os que na maioria exaltam Mandela, analfas politicos com certeza, cujo habitat natural é o Faceburro.

  3. A segunda morte de Mandela – Ricardo Melo

    Para governantes de uma geração que mal sabe que CNA é a sigla de um partido que liderou a luta contra o racismo na África do Sul, a “unanimidade” em torno de Nelson Mandela vem a calhar. Quem entoa melhor o coral da falsidade é, sem dúvida, o arcebispo Desmond Tutu, em artigo para o jornal inglês “The Guardian” reproduzido nesta Folha.

    “Mantenho que seu período [de Mandela] na prisão foi necessário porque, quando foi preso, estava cheio de raiva (…) ele não era um estadista, disposto a perdoar -era um comandante em chefe da ala armada do partido, que estava inteiramente disposta a recorrer à violência. O tempo que ele passou na prisão foi crucial (…) a prisão foi uma prova de fogo que queimou tudo que era ruim.”

    Mandela passou 27 anos enjaulado. Viveu num buraco inferior a quatro metros quadrados para “queimar tudo que era ruim”. O que significou uma das grandes atrocidades do nosso tempo é difundido agora como estágio para estadista. Que isso venha da boca de um religioso, dá para entender. Religiões normalmente se prestam a esse papel -convencer fiéis a se conformar com o presente (ou a dar presentes…) em nome de um futuro redentor, ainda que na claustrofobia de um caixão.

    Tão verdadeiro quanto isso é a patacoada ensurdecedora sobre o homem da transição pacífica, que venceu o racismo sem derramar sangue, o arquiteto da paz sem violência etc. etc Pacífica, cara-pálida? Só para citar dois eventos: a chacina de Sharpeville, em março de 1960, quando a polícia sul-africana atirou pelas costas e matou mais de 70 opositores. O outro foi em Soweto, em 1976, que terminou com a morte de mais de 700 estudantes. Há inúmeros momentos como esses na história sul-africana, devidamente apagados dos registros pelo governo racista com a conivência internacional.

    Seria apenas trágico, não fosse absolutamente trágico, assistir aos representantes de plantão das grandes potências renderem homenagem a Mandela.

    Um dos regimes mais odiosos da história, o apartheid durou oficialmente quase meio século. Onde estavam esses países durante todo o tempo em que negros eram tratados como coisas, Mandela mofava na prisão e milhares de vidas desapareciam? Algumas pistas: a prisão de Mandela em 1962 teve a ajuda da CIA e a idolatrada Margaret Thatcher lutou até o fim para impedir o “terrorista” de deixar a cadeia. E por aí foi.

    “Bem, a ONU aprovou um embargo”, apressam-se os cínicos. Alguém tente lembrar como essa cortesia diplomática livrou um único cidadão das garras de P.W. Botha, o gorila que promovia pogroms sistemáticos contra a maioria negra. Será tão fácil quanto provar a existência de Deus ou que uma roda é quadrada. Mal comparando, o embargo lembra acordos de destruição de armas químicas, que libera ditadores para matar aos magotes, desde que à bala, e não por asfixia.

    Nada disso reduz a importância de Nelson Mandela como símbolo de luta, persistência e tolerância. Fez a parte dele, mas dentro de um combate em que houve de tudo, menos o primado do pacifismo. Mandela não tem culpa do uso bastardo de sua imagem. Fossem sinceros, os poderosos que montam fila para reverenciá-lo deveriam, no mínimo, deixar de perseguir opositores em seus próprios países, pedir desculpas ao povo da África do Sul e oferecer meios de ressarcir materialmente os anos de cumplicidade com o racismo.

    Uma metáfora da vida que prossegue apareceu um dia após a morte de Madiba. Foi no sorteio da Copa do Mundo. O minuto de silêncio em homenagem a Mandela mostrou-se concessão demasiada -durou minguados 12 segundos. E a dupla brasileira encarregada de apresentar a cerimônia (ao que se diz, e sem nada pessoal contra ninguém) foi trocada pelos organizadores. Em vez de Camila Pitanga e Lázaro Ramos, subiu ao palco um casal mais parecido com representantes de afrikâners.

    http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ricardomelo/2013/12/1382787-a-segunda-morte-de-mandela.shtml

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