Metais pesados e agrotóxicos são encontrados em água no Grande ABC

Do ABCD Maior

Alckmin entrega água contaminada com metais pesados e agrotóxicos ao ABCD

Dados de captação da Sabesp na Billings foram expostos em audiência pública em Santo André

A presença de metais pesados e agrotóxicos foi encontrada na água já tratada da ETA (Estação de Tratamento de Água) Rio Grande, ou seja, na água que chega nas torneiras da população de São Bernardo, Diadema e 50% de Santo André. Os dados são de laudos da própria Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) ao qual a Defensoria Pública do Estado de São Paulo teve acesso, de acordo com o defensor público Marcelo Novaes, via Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André). As informações foram apresentadas em audiência pública sobre contaminação de agrotóxicos em alimentos e água realizada nesta terça-feira (06/10), em Santo André.

“Estamos chegando a um ponto de quase não retorno com a água. E vale ressaltar que a Vigilância Sanitária não fiscaliza, ou seja, a Sabesp é quem fiscaliza a água que ela mesma entrega”, observou Marcelo Novaes, responsável pela investigação e divulgação dos dados da audiência pública.

“Jogamos todo tipo de imundície na nossa água, porque criou-se um mito de que lá na estação de tratamento toda a sujeira sai, que o cloro tira tudo. Mas isso não é verdade, os contaminantes químicos deixam resíduos”, revelou a engenheira química Sônia Corina Hess, professora e doutora da Universidade Federal de Santa Catarina, que analisou os laudos da Sabesp a pedido da Defensoria Pública de Santo André.

Nas amostras analisadas entre 2012 e 2015 na ETA Rio Grande, foram encontrados cádmio, chumbo, fluoreto, níquel, urânio, glifosato (agrotóxico), trihalometanos, alumínio dissolvido e surfactantes. A maioria está dentro dos níveis permitidos pela portaria 2.914, do Ministério da Saúde, que trata da potabilidade da água, apesar de prever o monitoramento de apenas 27 dos 467 agrotóxicos registrados no Brasil. Mas o chumbo apresentou níveis 40% acima do limite imposto pela portaria. “Esse mínimo de segurança não é segurança. São produtos químicos tóxicos e não sabemos o que essa mistura, em longo prazo, causa no nosso organismo, mesmo em pequenas quantidades”, argumentou Sônia.

SAÚDE

Apesar de o glifosato ser considerado um agrotóxico de baixa toxidade, se comparado com outros no mercado, pesquisas internacionais mostram que é potencialmente cancerígeno, além de causar diabetes, doenças cardíacas, depressão, infertilidade, mal de Alzheimer e mal de Parkinson.

“Hoje 43,8% do mercado brasileiro usam o glifosato, porque pouquíssimas pessoas sabem o quanto é perigoso”, revelou a professora da Universidade Federal de Santa Catarina.

O defensor público explicou ainda que esse tipo de agrotóxico vai parar na água porque quando pulverizado para agricultura se infiltra do solo e atinge as águas subterrâneas, lençóis freáticos e mananciais. “Deveria ser proibido o uso de agrotóxicos próximo aos mananciais”, destacou Novaes.

Além do agrotóxico, os metais pesados como níquel, cádmio e trihalometanos (subproduto criado da mistura do cloro e esgoto) também causam câncer. “O câncer é a segunda causa de morte no Brasil e, diante desses números, tende a aumentar”, comentou Sônia.

Outro dado que preocupou a engenheira química foi a presença de urânio na ETA Rio Grande. “É preciso investigar de onde está vindo isso. Até recomendo que sejam feitos os testes novamente, porque é muito grave”, afirmou. Já o chumbo causa danos aos rins, fígado, sistema nervoso, cérebro, órgãos reprodutores e na região gastrintestinal.

Procurada, a Sabesp não se manifestou até a postagem desta matéria.

Em nota, o Semasa esclareceu que a informação de que entregou laudos elaborados pela Sabesp à Defensoria Pública não procede. “A autarquia municipal informa que não produz análise da qualidade da água tratada no Sistema Rio Grande. Seguindo os parâmetros determinados pelo Ministério da Saúde, o Semasa atesta diariamente a qualidade da água entregue em Santo André pela companhia estadual, que é distribuída em 95% da cidade. Os relatórios elaborados mensalmente pelo Semasa, que demonstram a qualidade da água que chega aos moradores de Santo André, podem ser conferidos no site da autarquia. Os parâmetros adotados também estão impressos na conta de consumo do usuário”, informa a nota.

 

Redação

6 Comentários

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  1. É o volume morto, estúpido

    Pergunta se os próceres paulistas do PSDB, incluindo o Governador Geraldo Alckmin e o príncipe dos sociólogos, Fernando Henrique Cardoso, tem coragem de tomar água da torneira da SABESP.

  2. São Paulo e Santarém, a crise hídrica comum

    Publicado as 10:00 em 8 de outubro de 2015 – Cidade

    São Paulo e Santarém, a crise hídrica comum

    Numa afronta a população desta região quase toda penalizada pela falta de abastecimento de água potável, a Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) vai distribuir 180 mil copos de 200 ml de água para beber durante as 12 procissões oficiais do Círio 2015, na capital paraense. Nada contra a festividade católica, mas pela atitude acintosa da empresa em querer parecer o que efetivamente não é. No interior, no entanto, a falta d’água é a única realidade visível e vivencial.

     

      

    A Cosanpa não consegue oferecer serviços de qualidade para a população e em vez disso acaba fornecendo lama no lugar de água. No interior a falta d’água é a única realidade visível e vivencial.

    SANTARÉM – O que poderia parecer bizarro é mais comum do que se imagina. As populações de São Paulo e Santarém vivenciam atualmente gravíssima crise de abastecimento de água.

    Pior, sem quaisquer perspectivas de encontrar solução a curto e médio prazos. A diferença fundamental nesta comparação se dá quando buscamos visualizar as fontes de abastecimento.

    Na capital paulista seus moradores já estão consumindo água do volume morto de seus reservatórios, racionando a distribuição e sem visualizar solução imediata ao problema. Resta aos paulistas rezar por chuvas para melhorar o nível dos seus mananciais.

    A Pérola do Tapajós, por sua vez, espraiada as margens de um dos mais volumosos rios da bacia amazônica, assiste sua população sem uma gota d’água nas torneiras.

    Tudo por conta da incúria das três esferas de governo, que há décadas nada fazem para por fim a este inexplicável paradoxo de viver sem água, ainda que à beira de um imenso rio.

    Na Câmara Municipal, vereadores secos ou cegos pela inoperância da Cosanpa, empresa que detém o monopólio do saneamento básico na cidade, se revezam na tribuna em apontar solução para essa que é uma das mais vergonhosas falta de ação para colocar fim ao drama da população.

    Geovani Aguiar (PSC) diz que a Regional da Cosanpa em Santarém é colocada de escanteio pela diretoria da empresa sediada em Belém, sem qualquer autonomia na cidade.

    “Precisamos sensibilizar politicamente o governador para que seja dado mais dinamismo a Regional de Santarém”, enfatiza.

    Para Geovani é possível dar ao órgão, uma nova envergadura regional. “O que está faltando ao órgão em Santarém, é logística, gerenciamento”, ressalta lembrando que obras de ampliação do fornecimento d’água estão acontecendo em Alenquer e Itaituba, mas em Santarém, o projeto está parado.

    Silvio Amorim (PRTB) radicaliza no tratamento que deve ser dado a empresa. Para ele é preciso retirar a Cosanpa do município. “Ninguém aguenta mais tanta precariedade na área de saneamento da cidade”, sentencia.

    Segundo Amorim, por estar sucateada, a Cosanpa não consegue oferecer serviços de qualidade para a população e em vez disso acaba fornecendo lama no lugar de água. Mais grave, em muitos bairros não chega nada nas torneiras.

    Ele não se furta a dizer que a única solução deste problema, é a retirada da Cosanpa de Santarém e a licitação de outra empresa com capacidade de investimentos. “Seria a forma mais eficaz de resolver um problema que se arrasta há anos em Santarém,  que é a falta d’água”, diz ele indignado.

    Rogélio Cebuliski (PSB), antevê a instalação do caos na cidade brevemente, sem o fornecimento regular de água pela Cosanpa.

    Para ele, as obras dos PAC II, que deveriam resolver o problema de abastecimento de água no município não estão acontecendo. “Estão paralisadas a mais de ano sem previsão das obras serem reiniciadas, por falta de repasse de verbas dos governos estadual e federal”, revela.

    Cebuliski  justifica sua preocupação dando como exemplo o bairro da Nova Republica que só tem um poço de captação, “sabemos que este poço tem data de validade a qualquer momento pode entra em colapso e a população daquele bairro poderá ficar até dois meses sem abastecimento de água”, alerta.

    Por seu lado o vereador Silvio Neto (PSD) cobra do governo do Estado um reestruturação da regional da Cosanpa em Santarém. “Há muitos anos a Cosanpa foi esquecida em Santarém, é preciso urgentemente dar manutenção nos poços de abastecimentos, fazer a troca da rede de distribuição. Só assim será possível que água de qualidade chegue até a casa do consumidor santareno”.

    O vereador Luiz Alberto (PP) diz que é gritante a falta de água no município de Santarém. Basta ouvir os órgãos de imprensa todos os dias, são muitas as reclamações de famílias que não conseguem ter acesso a água.

    Luiz Alberto disse ainda que estará em Belém, esta semana, e irá a presidência da Cosanpa repassar o que está acontecendo em Santarém. “Vou também pedir esclarecimentos sobre o aumento na estimativa de consumo, imposto pela empresa, exatamente nesta época que ela está com dificuldades de abastecer as torneiras dos consumidores da cidade.

    “Esperamos que a Cosanpa possa rever esse aumento sem justificativa, por que nós queremos água nas torneiras com um preço justo”.

    A Cosanpa vai distribuir 180 mil copos de 200 ml de água para beber durante as 12 procissões oficiais do Círio 2015.

    Enquanto isso, num afronta a população desta região quase toda penalizada pela falta de abastecimento de água potável, a Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) vai distribuir 180 mil copos de 200 ml de água para beber durante as 12 procissões oficiais do Círio 2015. Nada contra a festividade católica, mas pela atitude acintosa da empresa em querer parecer o que efetivamente não é.

    O projeto, aliás,  também inclui a Corrida do Círio, com a oferta de 30 mil copos aos corredores. A segunda etapa do projeto prevê uma parceria com a Prefeitura de Belém, por ocasião dos 400 anos da capital paraense. A ideia é fazer a distribuição de água também durante os eventos comemorativos do aniversário da capital paraense. No interior, no entanto, a falta d’água é a única realidade visível e vivencial.

     

  3. O sucesso da lavagem cerebral da mídia

    É impressioante a desonestidade, o descaso e a incompetência do governo tucano do estado de São Paulo. Sem água, sem metrô e sem escola, os paulistas não cobram nada do governo do estado. Não são poucos os que xingam Haddad e Dilma pela falta de água, pelo estado calamitoso das escolas e universidades estaduais e pelo abandono completo das obras do metrô.

    É espantoso o sucesso da lavagem cerebral da mídia na população paulista. Algo que a população já está pagando caro e que vai continuar lhe prejudicando por anos e anos a fio.

     

    1. Rádio Bandeirantes

      Vide a rádio Bandeirantes 840 AM, um de Zé Paulo desce o pau no Haddad todos os dias, acho que até merece um direito de resposta através do TSE estadual!

  4. Alckimin decretará sigilo

    Alckimin decretará sigilo destes documentos também?

    já existe Lei proibindo uso de agrotóxicos proximos de mananciais. Preciso averiguar. 

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