O combate à corrupção através de leis internacionais

Da Folha

O acerto de contas
 
Kenneth Maxwell
 
A corrupção é um fato corrosivo da vida. Especialmente a corrupção ao velho estilo. Mas uma coisa que é muito clara a respeito do Brasil é que a corrupção é completamente multipartidária e se estende muito além da classe política. Os corruptos, afinal, precisam daqueles que desejam alguma coisa do governo e que estão dispostos a pagar por ela.
 
Aqueles que se beneficiam dessas redes clandestinas de comissões, acordos especiais e favores políticos não são a vasta maioria da população brasileira. Os brasileiros comuns sofrem as consequências desses desvios na forma de edifícios precariamente construídos, transporte excessivamente caro e serviços públicos deficientes. E muitos brasileiros, especialmente os mais jovens, estão completamente cheios desse processo todo.
 
O índice mundial de percepção de corrupção para 2013, publicado na semana passada pela Transparência Internacional, compara abusos de poder, acordos clandestinos e subornos nos setores públicos de 177 países; o índice 0 indica um país altamente corrupto, e o índice 100 revela um país completamente íntegro. Nessa escala, o Brasil ocupa o 72º lugar, junto com a África do Sul.

 
Os outros países que integram os Brics se saem bem pior do que o Brasil. A China está em 80º lugar, a Índia em 94º e a Rússia em 127º.
 
Os países menos corruptos são a Dinamarca e a Nova Zelândia. A última posição do ranking, o 175º lugar, é dividida por Afeganistão, Coreia do Norte e Somália. O Brasil conseguiu pelo menos subir um posto em relação ao ranking de 2012.
 
Joe Leahy, do “Financial Times”, reportou de São Paulo, nesta semana, sobre o Platinum Partners, um fundo de hedge de Nova York que está investindo em tentativas de recuperar os bilhões de dólares roubados no Brasil como resultado de fraudes.
 
No ano passado, um tribunal de Nova Jersey ordenou a restituição de US$ 10,5 milhões de contas vinculadas a Paulo Maluf, no que pode ter sido o primeiro sucesso brasileiro na recuperação internacional de dinheiro desviado por fraudes.
 
Penetrar as complicadas estruturas de companhias de fachada usadas para as fraudes pode ter custos judiciais elevados. Mas o advogado canadense Martin Kenney disse a Leahy que seu escritório estava a ponto de recuperar R$ 900 milhões em um caso brasileiro.
 
Será irônico se a lei, com seu alcance internacional, vier, por fim, a ser o instrumento da queda dos corruptos, algo que os políticos brasileiros, de todos os partidos, singularmente fracassaram em realizar.
 
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.
Redação

3 Comentários

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  1. ingenuidade ou cinismo?

    Parece ingenuidade ou cinismo muito grandes acreditar que uma lei dessas vá atingir as grandes fontes de corrupção nos centros do poder mundial. Será mais um instrumento para pressionar os indesejáveis ou dissidentes…

    Ou alguém acredita que algum dos governos das potências mundiais poderá ser efetivamente condenado por práticas de corrupção de autoridades ou instituições de outros países, em defesa dos interesses dessas potências?

  2. Não é só o político  o

    Não é só o político  o responsável pela corrupção no Brasil não. Alguns membros do Judiciario brasileiro atuam em conjunto com corruptos  impedindo a apuração ou desqualificando-a baseados em “jabuticabas”. Setores da PF também são bem seletivos nas suas apurações.

    Já  a presidente  Dilma, que faz parte do universo político do país, é implacável com seus assessores.Errou, dançou. 

  3. Não é político que vira

    Não é político que vira corrupto, é corrupto que vira político. 

    Quem não é corrupto na vida fora da política, permanece não corrupto dentro dela.

    Não vamos nivelar todos, basta a imprensa fazendo isso diuturnamente. 

    Atacam sempre os políticos para desacreditar a política. Essa história vem de longe.

    A justiça brasileira é leniente com a corrupção dos “amigos” e implacável com os inimigos. Não tem ISENÇÃO para julgar.

    A PF e o MPF age da mesma maneira, são seletivos com e quem vai investigar.

    Se for “amigo” a gente abafa se for inimigo a gente vaza para imprensa. Não tem ISENÇÃO.

    Tanto o judiciário e a parte que investiga, MPF e PF , não podem tratar de maneira diferente casos semelhantes.

     

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