O leilão de 70 obras de Banksy em Londres

Jornal GGN – Banksy é grafiteiro. E mais que grafiteiro, o veterano artista de rua britânico é também pintor, ativista político e diretor de cinema.  Com o pseudônimo de Banksy, o artista faz seus trabalhos em uma distinta técnica de estêncil pelas ruas de Bristol, na Inglaterra, bem como na capital Londres e por outras cidades do mundo. Tudo começou na cena alternativa de Bristol e envolveu outros artistas e músicos.

Segundo o designer gráfico e autor Tristan Manco, Banksy nasceu em 1974, em Bristol, onde também foi criado. O personagem é filho de um técnico de fotocopiadora e começou sua jornada como açougueiro, mas se envolveu com graffiti durante o grande “boom de aerosol em Bristol no fim da década de 1980”. Um personagem, já que não se sabe realmente quem ele é. Banksy é um personagem, mas é um personagem e tanto!

Enviado por MiriamL

Do Público.pt

Das ruas para a Sotheby’s sem a autorização de Banksy

Cláudia Carvalho

Leiloeira tem à venda 70 obras de Banksy numa das maiores retrospectivas feitas ao artista. O curador da exposição é o antigo agente de Banksy, com quem trabalhou durante dez anos.

O inesperado acontece quando a Sotheby’s anuncia uma exposição não autorizada com 70 obras de Banksy em Londres. Afinal não é assim tão comum uma leiloeira com a reputação da Sotheby’s avançar com uma exposição, e a consequente venda das obras expostas, sem a autorização do artista em questão. Mas neste caso poder-se-á dizer que é diferente. Banksy: The Unauthorised Retrospective reúne obras feitas por Banksy com objectivos comerciais, numa altura em que este não era ainda um dos maiores nomes da arte urbana. Reunir estas obras foi possível porque a exposição tem a curadoria de Steve Lazarides, que foi durante uma década o braço direito de Banksy. Grande parte das obras estavam consigo desde o tempo em que trabalhava com o artista, outras pertencem a coleccionadores que as querem agora vender. E isto porque, se há dez anos estas peças valiam poucas dezenas de euros, agora valem muitos milhares. No final, até Banksy ganhará uma percentagem, através de direitos de autor.

É inusitado o caminho que percorremos para chegar à exposição na Galeria S2, da Sotheby’s. É estranho desde logo porque estamos numa das maiores leiloeiras internacionais para ver algumas das obras mais icónicas de Banksy, o artista britânico cuja identidade permanece uma incógnita, e que desde sempre se tem manifestado contra a venda dos seus trabalhos a preços exorbitantes. Este não é o seu mundo e percebemos isso facilmente ao percorrer os corredores da leiloeira, onde não faltam sinalizações a indicar o caminho para a exposição na S2, que termina já nesta sexta-feira. Afinal, a maioria das pessoas que procuram esta exposição não estará habituada a percorrer estes corredores. Banksy não estaria.

Talvez por isso, por estes dias, o ambiente na Galeria S2 seja contrastante. As paredes da galeria foram todas pintadas com spray preto e vermelho pelo próprio Steve Lazarides, que desde que em 2008 deixou de trabalhar com Banksy se tornou num galerista independente. O objectivo foi criar um contexto quase de rua para as 70 obras de Banksy. Esta é a primeira grande retrospectiva dedicada ao britânico em Londres desde 2009 e é por isso uma oportunidade para se verem alguns dos seusstencils mais conhecidos. Estão aqui, por exemplo, os dois polícias a beijarem-se, os retratos de Kate Moss (um deles assinado pela própria modelo) em tudo iguais aos que Andy Warhol fez de Marilyn Monroe, a menina com o balão em forma de coração, Lenine a andar de patins e um retrato de Winston Churchill com uma crista verde.

Mas um aviso: não há aqui stencils roubados de paredes, ou seja, pedaços de pedra arrancados dos seus locais originais, como tão frequentemente acontece. É cada vez mais difícil encontrar uma obra do artista na rua, uma vez que assim que aparece alguém a retira para a vender ou para a guardar apenas para si – e isto porque Banksy se tornou um valor seguro no mercado da arte. É por isso que aqui, apesar de esta ser uma mostra não autorizada, não entraram, nem nunca entrariam paredes, uma vez que para Steve Lazarides isso seria imoral, como o próprio explicou em Junho na inauguração da exposição que é também uma venda. Todas as obras expostas – esculturas, stencilsem telas e serigrafias – foram em tempos produzidas por Banksy com a ideia de as vender.

“Tirar estas peças das paredes é moralmente errado. Ele põe-nas lá para o público em geral, não para alguém as tirar. Acho que Londres fica mais pobre com a perda destas obras. E o argumento de que se retiram as obras para as proteger é só uma treta”, defendeu à Reuters o curador, que avisou Banksy de que estaria a organizar esta exposição na Sotheby’s. Não teve resposta, mas de uma coisa Lazarides tem a certeza: “Banksy odiaria, nunca fez uma exposição numa galeria.” Ao PÚBLICO a directora da Galeria S2, Fru Tholstrup, disse também ter avisado Banksy, “por isso ele sabe, mas esta exposição foi feita em colaboração com Steve Lazarides e não com Banksy”, frisa. E destaca a importância de ter alguém como Lazarides envolvido nesta retrospectiva. “É absolutamente fantástico para nôs tê-lo neste projecto, ele conhece o Banksy como ninguém.”

Sobre a opinião tantas vezes manifestada contra a venda das suas obras a directora desvaloriza-a e diz que o artista está no seu direito. E sem revelar quantas obras foram já vendidas e os valores exactos, Fru Tholstrup confirma que o interesse pelos trabalhos de Banksy é cada vez maior. “Os preços variam entre as quatro mil libras (cerca de cinco mil euros) para alguns trabalhos e as 500 mil libras (631 mil euros) para outros. O interesse nesta exposição demonstra como o mercado está cada vez mais forte no que ao Banksy diz respeito”, explica a directora, acrescentando que pela S2, desde o dia 11 de Junho, quando a exposição abriu, já passaram mais de 12 mil visitantes. “É um grande sucesso, é uma das exposições mais referidas desta época.”

No dia em que visitámos a exposição, o movimento era algum e conseguia-se distinguir muito bem quem ali estava apenas para ver “ao vivo” algumas obras de Banksy, de telemóvel na mão a fotografar tudo e mais alguma coisa para a partilhar nas redes sociais, daqueles posssíveis interessados em adquirir algumas das peças. Não há preços em lado nenhum, e, embora a directora não tenha explicado como funciona o processo de compra, na galeria percebemos que só através de uma reunião é que se discutem valores.

Redação

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