O novo surto de vale-tudo da Veja, por Alberto Dines

Do Observatório da Imprensa

Novo surto de vale-tudo
 
Por Alberto Dines
 

Na tarde de 12 de abril de 2011, em aula da primeira edição do Curso de Pós-Graduação em Jornalismo, da ESPM-SP, Eurípedes Alcântara, diretor de Redação da Veja, na condição de professor-convidado, declarou, para espanto dos 35 alunos presentes: “Tratamos o governo Lula como um governo de exceção”. Na capa da última edição do semanário (nº 2365, de 19/3/2014), o jornalista ofereceu trepidante exemplo da sua doutrina.

Para comprovar a ilegalidade das regalias que gozaria o ex-ministro José Dirceu no Complexo da Papuda,Veja cometeu ilegalidade ainda maior. Detentos não podem ser fotografados ou constrangidos, o ato configura abuso de poder, invasão da privacidade e, principalmente, um torpe atentado ao pudor e à ética jornalística. Um bom advogado poderia até incriminar os responsáveis por formação de quadrilha ao confirmar-se que o autor da peça (o editor Rodrigo Rangel) não entrou na penitenciária e que alguém pagou uma boa grana aos funcionários pelas fotos e as, digamos, “informações”.

“Exclusivo – José Dirceu, a Vida na Cadeia” não é reportagem, é pura cascata: altas doses de rancor combinadas a igual quantidade de velhacaria em oito páginas artificialmente esticadas e marombadas. As duas únicas fotos de Dirceu (na capa e na abertura), feitas certamente com microcâmera, não comprovam regalia alguma.

Ao contrário: magro, rosto vincado, fortes olheiras, cabelo aparado, de branco como exige o regulamento carcerário, não parece um privilegiado. Se as picanhas, peixadas e hambúrgueres do McDonald’s supostamente servidos ao detento foram reais, Dirceu estaria reluzente, redondo, corado. Um preso em regime semiaberto pode frequentar a biblioteca do presídio, não há crime algum.

Agentes provocadores

A grande imprensa desta vez não deu cobertura ao semanário como era habitual. Constrangido, o Estado de S.Paulo foi na direção contrária e já no domingo (16/3) relatava, com chamada na primeira página, as providências das autoridades brasilienses para descobrir os cúmplices do vazamento (ver “Dirceu teria mais regalias na cadeia; DF nega“). Na segunda-feira, na Folha de S.Paulo, Ricardo Melo lavou a alma dos jornalistas que repudiam este jornalismo marrom-escuro (ver “O linchamento de José Dirceu”).

O objetivo da cascata não era linchar Dirceu, o que se pretendia era acirrar os ânimos, insuflar indignações contra uma suposta impunidade, alimentar a agenda dos black-blocks (ou green-blocks?).

Os agitadores e agentes provocadores estão excitadíssimos às vésperas dos 50 anos do golpe militar. O violento quebra-quebra na sexta-feira (14/3), na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) – o maior do gênero na América Latina – não foi provocado pelos caminhoneiros que passariam a pagar pelo estacionamento. Foi obra de profissionais do ramo da agitação política com a inestimável ajuda da PM, que demorou três horas para chegar ao campo de batalha.

As convocações para atos e passeatas destinadas a homenagear o golpe de 1964 não falam na derrubada de Jango, falam em derrotar o PT. Convém lembrar que a rede Ceagesp é, desde 1997, federalizada, ligada ao Ministério da Agricultura.

Num governo de exceção vale tudo. Também no jornalismo de exceção.

***

Depois de três edições e três turmas de valentes profissionais, o Curso de Pós-Graduação em Jornalismo com Ênfase em Direção Editorial, parceria da Editora Abril com a ESPM, foi suspenso. Na véspera do primeiro aniversário da morte de Roberto Civita, está desativada uma de suas mais lindas façanhas no campo da formação profissional. Não merecia. 

Redação

39 Comentários

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  1. A ditadura midiática corre contra o tempo para punir desafetos

    Conversei agora mesmo com um amigo advogado e ele disse uma coisa interessante: O problema é que eles(mídia, Barbosa, MP, Juiz da VEP,.. ) estão correndo contra o tempo. É que como os petistas tem tido bom comportamento na prisão isso pode levá-los a serem soltos ao cumprirem o tempo mínimo da pena, podendo sairem até o fim do ano, o que pode não ocorrer se eles(petistas) tiverem o comportamento considerado como ruim. Daí que a ditadura midiática corre contra o tempo para punir seus desafetos e o quarteto(mídia, Barbosa, VEP e MP) não vai descansar enquanto isso(a supressão do direito ao tempo mínimo por bom comportamento) não for conseguido.

    1. A Dilma deveria conceder a

      A Dilma deveria conceder a graça pra todos e deixar só o Roberto Jefferson, inventor da tese do “mensalão” se resolvendo com o Idi Amin Barbosa.

  2. Pode não ser só isso.O

    Pode não ser só isso.O objetivo  principal é a  reeleição de Dilma. A concessão  de liberdade provisória para os próximos meses é algo a ser impedido pelo conjunto rancoroso,VEP,VEJA,Joaquim,como efeito colateral de tudo o que for obtido até os pródromos de novembro.A qualquer preço…

  3. Uns covardes

    Tratam os governos do PT como exceção, mas os militares, depois que Mino Carta pegou o chapéu, sempre trataram com toda legitimidade. 

  4. Pensa que a VEJA , e quem

    Pensa que a VEJA , e quem mais quiser ,  tem todo o direito de tratar o governo petista como bem entender e achar o que quiser de qualquer governo . Cada um que responda por seus atos dentro da lei .

    Já eu , o que acho uma lástima ,  é a inexistência de Poder Judiciário no país .

     

  5. tudo é permitido a quem não teme o MP…

    STF condenou e Veja, por omissão de alguns da área, se encarregou de aplicar as penas aos petistas

    acredito que foi sempre assim, até nas transferências de juízes e delegados federais

    1. quando justiça e mídia encontram-se nesse ponto…

      nenhum grande empresário, médio, pequeno, micro e até mesmo o cidadão comum podem se considerar amparados pela Constituição do país, mesmo trabalhando honestamente e tendo a decência de cumprir com seus deveres e obrigações…………..

       

      atingimos a podridão máxima nesse ponto

  6. PARA QUEM GOSTA DE FÁBULAS, VEJA …A VONTADE 2

    Da valor a veja é o mesmo que se enveredar na obscuridade das CACHOEIRAS goianas, parece que os jornalistas vivem num mundo da lua, como se as pessoas não soubessem de nada, falar que o governo LULA foi de “exceção” é brincadeira né pessoal, como um cidadão desses pode estar ministrando aulas, ai foi de lascar.

  7. Espero mesmo que o Dinnes

    Espero mesmo que o Dinnes esteja certo de que o restante do pig não está embarcando no esgoto, o que diga-se de passagem é a praxe.

    O Miguel do Rosario destacou outra matéria da série “nós não esquecemos o Dirceu, prisão é só começo”. Dessa vez é de autoria do O Globo. Descobriram uma regalia que eu não me lembro bem, mas acho que não era do tipo gastrônomico. Talvez um colchão ortopédico, ou um ventilador individual. Enfim, uma mordomia inaceitáveis dessas aí. 

    Muito calor e dor na coluna para “mensaleiro”!

  8. Os condenados da AP 470 tem

    Os condenados da AP 470 tem muitas regalias, dentre elas a de terem sido condenados a cumprir pena em regime semiaberto mas cumprirem no fechado.  É tanta barbaridade que a gente fica até com preguiça.

    Muito bom “ver” o Alberto Dines!

  9. Veja e a bisbilhotagem.

    A Veja já invadiu a privacidade ao tentar (ou conseguir) instalar uma escuta local num hotel de Brasília aonde Dirceu “fazia negócios” – segundo a Veja. Teve até acesso a imagens no corredor. E não pegou nada pra eles.

    Uma foto no presídio não será considerado como nada pela Justiça. Nos tempos do Cachoeira a Veja conseguiria cenas do Diceu obrando no vaso sanitário. Mais uma vez, ficará só o desagravo.

    Por falar em Veja, por onde anda o “Caneta”, hein?

  10. A quadrilha da Veja

    A revista Veja opera como uma quadrilha de criminosos com a finalidade de defender seus interesses e de seus comparsas, praticando crimes e sendo omissa, cúmplice e conivente com as falcatruas de seus parceiros. Por isso digo e volto a repetir: o que está instalado em nossa sociedade há tempos não se trata de uma coligação política, configura-se como uma máfia. Estão em várias partes e, como na Itália e em outros lugares que sofreram desse mal, se consideram intocáveis. Enquanto se preocupam com “regalias de Zé Dirceu” Aécio, Joaquim Barbosa, Álvaro Dias, Demóstenes e outros estão soltos praticando todo tipo de crime e jogo sujo. É lamentável. CANSAMOS DE SER ENGANADOS. Essa corja demotucana tem que ser varrida da sociedade.

  11. O tom da cor

    O Dines chama o jornalismo da Veja de marrom-escuro.

    Proponho batizá-lo com um nome que defina a cor e o cheiro da coisa.

    Marrom-cocô.

     

  12. Esse pilantra mal informado,

    Esse pilantra mal informado, diretor da “Espia”, deveria se informar melhor sobre o desgoverno Aécio (quebrou Minas). Aqui sim, estamos em um governo de exceção e caminhando para trás. Censuram e perseguem seus opositores, roubam à luz do dia, praticam todo tipo de crime e corrupção com a conivência dos órgãos fiscalizadores e da imprensa. Em Minas do Aécio Falastrão, está tudo dominado.

  13. O valor do Dirceu e a ameaça

    O valor do Dirceu e a ameaça que representa aos interesses das oligarquias nacionais e seus sócios pode ser medido pela caçada implacável que movem aos seus direitos e a sua liberdade …

    1. O Zé não está podendo receber

      O Zé não está podendo receber nem a visita de parentes próximos, segundo seus familiares.

      Sou conterraneo, conheço bem a coragem desse rapaz e entendo o que você diz.

  14. José Dirceu é mais perigoso

    José Dirceu é mais perigoso para a “Veja  ( entenda-se Abril ) preso que livre.

    Veremos  a derrocada da Abril,  não demora.

  15. Veja  não só percebeu que

    Veja  não só percebeu que perdeu  a batalha em “derrubar esse governo”,  como esta perdendo a guerra, portanto aos fanático existem  duas opções, virarem  kamikaze,  ou cometer harakiri. 

  16. “Um bom advogado poderia até

    “Um bom advogado poderia até incriminar os responsáveis por formação de quadrilha …”

    Não, não, não, este crime segundo o STF só se romper com a “paz social” e for para vários crimes diferentes…. próxima!

  17. Preocupa-me menos a VEJA e

    Preocupa-me menos a VEJA e mais os milhares que acreditam nela. E mais ainda, conforme bem lembra um comentarista que me antecedeu, a participação de instituições nessa missão de destruir moralmente um preso condenado e sob a custódia do Estado a qual essas autoridades juraram servir com lealdade e honestidade.

    Refiro-me a uma parte do Ministério Público, ao ministro Joaquim Barbosa e a esse Juiz das Execuções Penais. 

    Uma palavra para as ações ou omissões desse trio: V E R G O N H A!

     

  18. Vigiar e punir, o jornalismo e o corpo dos condenados.

    O que está ocorrendo com José Dirceu na penitenciária da Papuda é um caso de assédio continuado, já de algum tempo. Publiquei o post abaixo em 03/12/2013.

    O jornalismo como carrasco.

    Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.

    Trata-se do artigo V da Declaração Universal dos Direitos Humanos e também está expresso no inciso III do artigo 5º da Constituição Brasileira de 1988.

    No post anterior, tratamos do jornalismo como forma de exercício do poder. E de como esse poder pode se tornar em um poder hipócrita, quanto colocado a serviço de grupos de interesses específicos.

    Vigiar e punir – o jornalismo e o exercício do poder hipócrita.

    Aqui, tratamos de como o jornalismo, além de ser exercício de poder, pode ser praticado como parte da execução da pena dos condenados, como parte de sua punição.

    Teremos como guias dessa empreitada matérias da nossa grande imprensa a respeito da prisão dos condenados da AP 470 – o mensalão do PT e a obra “Vigiar e punir” de Michel Foucault.

    Não é supérfluo, e nunca o será, lembrar que o exercício desse poder hipócrita se recobre de uma camada especial de crueldade quando é exercido em relação a pessoas, a indivíduos, no sentido do quanto a palavra “indivíduo” carrega de impotência e de solidão, de sofrimento e morte.

    Quanto à punição do indivíduo pelas forças de coerção da sociedade, o livro “Vigiar e Punir” de Michel Foucault é uma obra seminal. Impossível não fazer uma analogia com o que temos visto na grande imprensa, desde a prisão dos “mensaleiros”.

    Prisão, aliás, que foi seletiva. Há já um hiato de mais de quinze dias entre os que estão presos e os outros condenados ainda soltos e nenhuma palavra sobre isso na grande imprensa. O silêncio da imprensa sobre isso é tão eloquente que aparenta traduzir que, para ela, quem importava estar preso já o está, e que se outros condenados nunca começassem a cumprir suas penas, isso seria esquecido em dias.

    Mas, afinal, o que tem a ver o “Vigiar e punir” com as posições da nossa grande imprensa em relação à prisão dos condenados do mensalão?

    Vamos a isso.

    “Vigiar e punir” é um livro difícil de ser lido, não só pela sua redação, mas também por ter de se passar pelo descrito no início do seu primeiro capítulo – “O corpo dos condenados”. Nele, somos apresentados em detalhes ao suplício infringido ao condenado Damiens. Torturado em praça pública, teve a mão cortada, foi queimado com fogo de enxofre e finalmente esquartejado e seus restos incinerados em uma fogueira como pena pelo crime de parricídio. Isso na Amsterdam de 1757. Foucault parte desse ponto para notar que, 50 anos após, a noção de justiça reformada não mais tolerava o suplício físico dos condenados. Seus corpos deveriam ser resguardados do sofrimento no cumprimento da pena que lhes fosse imposta. E a espetacularização do cumprimento dessa pena passa a ser considerada como atentatória a moral pública.

    “No fim do século XVIII e começo do XIX, … a melancólica festa de punição vai-se extinguindo. A punição pouco a pouco deixou de ser uma cena. E tudo o que pudesse implicar de espetáculo, desde então, terá um cunho negativo; …ficou a suspeita de que tal rito, que dava um “fecho” ao crime, mantinha com ele afinidades espúrias: igualando-o, …  fazendo o carrasco se parecer com criminoso, os juízes aos assassinos, invertendo no último momento os papéis, fazendo do supliciado um objeto de piedade e de admiração”.

    Fácil perceber o grande erro cometido pelo Ministro Joaquim Barbosa na espetaculosa prisão dos condenados do mensalão em um feriado nacional – justamente o dia da proclamação da república. Mais ainda, e principalmente, José Genoíno arrancado da convalescência de uma extensa cirurgia cardíaca e trancafiado em uma cela em regime fechado. O corpo do condenado, outra vez, estava em perigo, em sofrimento.

    Como se porta, então, a nossa imprensa? Passa a relativizar o fato. Genoíno é levado a um hospital, de lá para a prisão domiciliar, o Ministro Barbosa providencia uma junta médica escolhida a dedo para um laudo médico do prisioneiro. E a grande imprensa relata em manchete:

    O Globo:  “Laudo médico diz que Genoino não precisa ficar em casa e que doença não é grave”

    “o procedimento (cirurgia) representou tratamento definitivo da referida condição patológica, encontrando-se o paciente a este respeito em excelente condição clínica atual, sem expectativa em qualquer prazo futuro de eventual insucesso cirúrgico ou complicação, resguardado o controle adequado permanente dos fatores de risco (hipertensão arterial, dislipidemia), em que pese a maior morbi-mortalidade inerente ao agravo”.

    A doença não é grave, pronto, o corpo do condenado estava novamente a salvo de sofrimento imposto … “resguardado os fatores de risco e em que pese a maior morbi-mortalidade inerente ao agravo”.

    Note-se, aqui, que a intervenção de uma junta médica não é estranha ao “Vigiar e punir”. Lá está:

     “O juiz de nossos dias … não julga mais sozinho. Pequenas justiças e juízes paralelos se multiplicaram em torno do julgamento principal: peritos psiquiátricos ou psicológicos, … fracionam o poder legal de punir; dir-se-á que nenhum deles partilha realmente do direito de julgar; … e principalmente – os peritos – não intervêm antes da sentença para fazer um julgamento, mas para esclarecer a decisão dos juízes. Mas … se eles podem pôr um termo à sua tutela penal, são sem dúvida mecanismos de punição legal que lhes são colocados entre as mãos e deixados à sua apreciação; juízes anexos, mas juízes de todo modo. Pode-se dizer que não há nisso nada de extraordinário …  Mas uma coisa é singular na justiça criminal moderna: se ela se carrega de tantos elementos extrajurídicos, não é para poder qualificá-los juridicamente e integrá-los pouco a pouco no estrito poder de punir; é para evitar que essa operação seja pura e simplesmente uma punição legal; é para escusar o juiz de ser pura e simplesmente aquele que castiga”. 

    Apesar de toda a evolução do modelo penal, a punição física ainda está muito presente na nossa psique nacional – “bandido bom é bandido morto” e congêneres a respeito dos direitos humanos aplicados a criminosos. No entanto, ainda que a punição física esteja sub-reptícia no modo como crimes são noticiados na nossa grande imprensa – e não tão velada nos programas “mundo-cão” televisivos, advogá-la em textos jornalísticos, e, principalmente, para os apenados do mensalão, seria absurdo. Então, nossa imprensa se alinhou ao conceito de Foucault:

    “Desde então, o escândalo e a luz serão partilhados de outra forma; é a própria condenação que marcará o delinquente com sinal negativo e unívoco: publicidade, portanto, dos debates e da sentença; quanto à execução, ela é como uma vergonha suplementar que a justiça tem vergonha de impor ao condenado; ela guarda distância, tendendo sempre a confiá-la a outros e sob a marca do sigilo. É indecoroso ser passível de punição, mas pouco glorioso punir”.

    Destaco: “é a própria condenação que marcará o delinquente com sinal negativo e unívoco: publicidade, portanto, dos debates e da sentença; quanto à execução, ela é como uma vergonha suplementar …”.

    No dia 23/10/2012, a Folha de São Paulo trazia, na primeira página, uma manchete sóbria sobre a condenação dos réus mais importantes do mensalão – o chamado núcleo político. Sugestiva era a manchete interna a respeito do assunto:

    “Supremo condena Dirceu e mais nove por quadrilha”.

    “EX-HOMEM FORTE DE LULA É CONDENADO JUNTO COM PETISTAS E OPERADORES DO ESQUEMA – STF COMEÇA HOJE A DEFINIR PENAS”

    “Supremo condena Dirceu e mais nove por quadrilha”, parece com – “a seleção brasileira é Neymar e mais dez”. Ato falho? Dirceu é quem interessava condenar?

    Mas o uso da publicidade como parte da condenação pode ser melhor percebido na própria Folha do dia seguinte, referindo-se a como a Rede Globo de televisão tratou do assunto:
    “’JN’ dedica quase 20 minutos a balanço do julgamento

    O “Jornal Nacional” da TV Globo, programa jornalístico mais assistido da televisão brasileira, dedicou ontem 18 dos 32 minutos de sua edição a um balanço do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal.

    O telejornal exibiu oito reportagens sobre o tema, contemplando desde o que chamou de “frases memoráveis” proferidas no plenário do STF às rusgas entre os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski, respectivamente relator e revisor do processo na corte.

    O segmento mais “quente” do telejornal, dedicado às notícias do dia (debate do tamanho das penas e a decisão de absolver réus de acusações em que houve empate no colegiado) consumiu 3min12s. O restante foi ocupado pelo resumo das 40 sessões de julgamento.”

    Há, no entanto, um aspecto, novamente, da psique nacional que destoa do conceito de Foucault – “É indecoroso ser passível de punição, mas pouco glorioso punir”.

    Em relação ao julgamento do mensalão, nada parece ser mais glorioso que punir, se considerarmos a capa da revista Veja de 10 de outubro de 2012, referindo-se ao juiz relator do processo do mensalão, nas vésperas da condenação citada acima.

    Sob uma foto do Ministro Joaquim Barbosa aos 14 anos de idade no “Colégio Estadual Antônio Carlos”, em Paracatu-MG, a chamada grandiloquente – “O MENINO POBRE QUE MUDOU O BRASIL”.

    Algo da punição física, porém, ainda persiste no sistema prisional moderno, segundo Foucault:

    “O sofrimento físico, a dor do corpo, não são mais os elementos constitutivos da pena. O castigo passou de uma arte das sensações insuportáveis a uma economia dos direitos suspensos. … Porém, castigos como trabalhos forçados ou prisão – privação pura e simples da liberdade – nunca funcionaram sem certos complementos punitivos referentes ao corpo: redução alimentar, privação sexual, expiação física, masmorra. … Na realidade, a prisão, nos seus dispositivos mais explícitos, sempre aplicou certas medidas de sofrimento físico”.

    Se não, como explicar esta manchete na Folha Online de 16/11/13 e o detalhado conteúdo sobre a vida na prisão que esperava os condenados do mensalão?

    “Condenados do mensalão terão banho frio em prisões de Brasília”

    “Os presos do mensalão que chegarão a Brasília neste sábado (16) terão de se adaptar a condições espartanas de acomodação na cadeia. As celas individuais que abrigarão os réus não têm mobília e comportam apenas uma cama, um lavatório e um vaso sanitário. O banho é frio e a comida é servida três vezes ao dia. De acordo com o subsecretário do Sistema Penitenciário (Sesipe), Cláudio Magalhães, as celas têm, em média, seis metros quadrados.

    Cabe aos presidiários levar a sua própria roupa de cama e de banho, além das vestimentas. Pelas regras do sistema, todas as roupas têm de ser brancas ou em tons pastéis. Os detentos podem receber visitas de familiares a cada 15 dias. Nessas ocasiões, segundo Magalhães, as famílias podem levar comida para os detentos. Todos os alimentos são inspecionados pelos agentes penitenciários antes de serem entregues.”

    Entramos, agora, na parte mais sombria da relação de poder e o suplício do condenado. Foucault nos faz ver que, no modelo penal moderno, o suplício do condenado não acabou, ele mudou de objeto mas ainda faz parte da punição.

    “Se não é mais ao corpo que se dirige a punição, em suas formas mais duras, sobre o que, então, se exerce? A resposta dos teóricos  …  é simples, quase evidente. Dir-se-ia inscrita na própria indagação. Pois não é mais o corpo, é a alma.”

    O suplício continua sendo parte da punição, porém, agora suplicia-se a alma do condenado. Como os meios de comunicação participaram desse novo modo de infringir sofrimento aos condenados, no caso do mensalão?

    Durante todo o processo do mensalão e mesmo depois de preso, José Genoíno foi vítima de escárnio público por bufões travestidos de jornalista. O ponto mais baixo, com certeza, se deu em uma segunda-feira (25/03/2013), quando a TV Bandeirantes levou ao ar o programa CQC onde Genoíno é, durante longos minutos, perseguido pelos corredores da Câmara dos Deputados por um “jornalista” e constrangido por perguntas embaraçosas e de duplo sentido. Não satisfeitos com o constrangimento imposto, e diante do silêncio de Genoíno, os responsáveis pelo programa lançam mão de um ardil. Uma criança que se faz passar pelo sobrinho de um fictício admirador de Genoíno para assim conseguir dele imagens e declarações. O enredo todo é vil e, no entanto, a “vitória” é comemorada às gargalhadas pelo grupo CQC. Havíamos retroagido às humilhações em praça pública da Idade Média, mas o pessoal do CQC argumentava que fazia jornalismo.

    Há, contudo, formas mais sutis de se supliciar a alma de um condenado. Destruindo ou desconstruindo sua imagem, por exemplo:

    Eliane Cantanhêde na Folha de São Paulo de 17/11/2013 – De Collor a Dirceu.

    Comenta as prisões de José Dirceu e Genoíno, reconhece a história de cada um, mas, a certo momento, eis a desconstrução dessa mesma história:

    “Joaquim Barbosa, levado por Lula, foi o homem certo na hora certa da história. Negro e da maioria pobre que lota as cadeias, foi a estrela do julgamento que impõe penas e prisões para os da minoria rica, até então impune.”

    Trata-se, agora, da vitória do bem contra o mal. Joaquim Barbosa, o negro, representante da maioria pobre encarcerando Dirceu e Genoíno, os representantes da minoria rica (Cantanhêde não usa o termo branca, nem cheirosa) e, até então, impune. Genoíno, que tudo que conseguiu acumular de patrimônio, durante sua vida, foi um sobradinho geminado em um bairro periférico de São Paulo, passa a ser representante dos exploradores dos proletários.

    Continuando com o “De Collor a Dirceu” de Cantanhêde:

    “Quando o PT entrou no vácuo do PRN, Dirceu aderiu aos métodos de Collor, a vitória subiu à cabeça de Lula e os fins –fossem quais fossem– justificaram todos os meios, tudo poderia acontecer. E aconteceu.

    De Collor a Dirceu, uma evolução: só a punição política já não basta.”

    Não há como, seriamente, comparar Dirceu a Collor. Até porque, se houve adesão a métodos, foi aos métodos do PSDB de Eduardo Azeredo. Além do que, havia contra Collor sérios indícios de locupletação, Collor foi absolvido pelo STF, por falta de provas. Não foi apresentado qualquer prova ou indício contra Dirceu. Dirceu foi condenado no STF pelo “domínio do fato”. No texto de Cantanhêde, contudo, ambos são indistintos. Note-se, ainda, que em “De Collor a Dirceu”, convenientemente, Cantanhêde não intermedia os governos FHC, nem a privataria tucana, nem a compra de votos para a reeleição.

    Fernando Rodrigues na mesma Folha em 23/11/13 – Direitos e Privilégios.

    “José Genoino teve um problema cardíaco grave em julho.

    Alguém nessas condições deve receber tratamento adequado quando é preso? A resposta sensata é sim. Mas, para o senso comum, ninguém, exceto algum privilegiado, é tratado com a humanidade devida no sistema prisional brasileiro.

    Genoino passou mal na quinta-feira devido à pressão alta. Foi para um hospital. Antes, teve tempo suficiente para dar uma entrevista e posar para uma fotografia -material publicado neste fim de semana pela revista “Isto É”. O título da reportagem: “Jamais deixarei a luta política”.

    Ontem, telefonei para a assessoria do governo de Brasília. Queria conhecer dados sobre a administração da Papuda. Ou quantos presos por lá têm pressão alta. Não tive resposta.

    Esses são os fatos. Fico aqui na torcida pelo pronto restabelecimento de José Genoino. E para que todos os presos da Papuda tenham o mesmo tratamento recebido até agora pelo deputado e ex-presidente do PT.”

    Por certo, Genoíno deveria estar simulando a doença para fugir à dureza da prisão. Trata-se de um malandro. De qualquer sorte, é um privilegiado, foi tratado com humanidade. Submetê-lo à desumanidade reinante nas prisões brasileiras seria uma questão se justiça social. Ah, o recurso à demagogia.

    Ainda na Folha, Reinaldo Azevedo – 22/11/2013. Puxa-sacos de ladrões!

    Alguma dúvida de como são considerados, por ele, os solidários a Genoíno e a Dirceu?

    Não vou me ater à diatribe com a qual Reinaldo pretende defender Joaquim Barbosa dos racistas que ele, aliás, não nomina quem sejam. Lembro alguma coisa das opiniões de Azevedo sobre Joaquim Barbosa, antes, deste, assumir a relatoria do mensalão. Tampouco acrescenta algo o seu jogo de palavras: “A doença do petista é real; a construção do mártir é uma farsa”.

    Interessa sim o jogo cruel que ele estabelece entre o “de facto” e o “de jure” para se escarnecer com a inevitabilidade do cumprimento da pena, frente ao justo inconformismo dos que se acham injustiçados:

     “No Brasil, não há presos políticos, mas políticos presos. … Se, no entanto, houvesse, a carcereira seria Dilma Rousseff. Ela pode fazer o STF sair com a toga entre as pernas. Basta evocar o inciso 12 do artigo 84 da Constituição: “Compete privativamente ao presidente da República (…) conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei”… Indulto já, presidente!”.

    Aqui, há pouco o que comentar sobre o suplício imposto à alma dos condenados. Basta aprender com o Evangelho segundo Mateus, onde ele narra os últimos momentos do Cristo crucificado: “E os que passavam blasfemavam dele, meneando as cabeças e dizendo: Tu, que destróis o templo e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo. Se és Filho de Deus, desce da cruz”.  Mateus 27:39-40.

    Voltando a Foucault: “A alma do criminoso não é invocada no tribunal somente para explicar o crime e introduzi-la como um elemento na atribuição jurídica das responsabilidades; se ela é invocada com tanta ênfase, com tanto cuidado de compreensão e tão grande aplicação “científica”, é para julgá-la, ao mesmo tempo que o crime, e fazê-la participar da punição.”

    O último lance do suplício da alma do condenado tem uma componente política. Trata-se de isolá-lo da comunidade a que pertencia antes da prisão, negar-lhe a solidariedade, abandoná-lo à solidão. Há algo mais doído para alma que a solidão?

    Há três momentos, nos últimos poucos dias, onde essa tentativa de isolamento é praticada em matérias da Folha de São Paulo.

    29/11/2013 – “Juízes do DF exigem igualdade entre presos

    A Justiça de Brasília determinou ontem que os condenados do mensalão presos no Complexo Penitenciário da Papuda tenham tratamento igual aos demais detentos.

    Uma das principais reclamações de familiares de presos foi que os condenados do mensalão -como José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino- receberam visitantes fora do dia estabelecido e que, nos dias de visita, não tiveram de esperar nas longas filas, formadas já na madrugada.

    Parte dos condenados do mensalão também recebeu visitas de caravanas de deputados e senadores e do governador Agnelo Queiroz (DF).

    Na semana passada, o MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios) havia criticado o “tratamento diferenciado” dado a internos do DF e recomendado à Secretaria de Segurança Pública que fosse observado o princípio da isonomia.”

    Aqui, outra vez, o recurso à demagogia. Haveria um estado de animosidade entre os familiares dos outros presos e os “privilégios” dos “mensaleiros”. Realmente, as condições de recepção dos parentes de prisioneiros parecem ser desumanas, na Penitenciária da Papuda. Ocorre que, pela lógica defendida pela mídia, a pretensa “justiça social” seria rebaixar a condição “mensaleiros” e não melhorar a condição dos outros presos. O que os incomodava era a solidariedade demonstrada a Dirceu e Genoíno, veja o tratamento jocoso dado às visitas de parlamentares e do próprio governador do DF– “caravana”. Em outras matérias, “romaria”. Tratava se de impedir que essa demonstração de solidariedade fosse continuada.

    Outro momento interessante foi em relação ao empresário que deu emprego a José Dirceu. Aqui, o recurso não é à demagogia, mas ao constrangimento, ao mesmo “vigiar e punir”. Até esse episódio, o empresário era um ilustre desconhecido, a partir dele:

    28/11/2013 – “Emissora de TV do futuro chefe de Dirceu foi beneficiada pela Anatel

    O futuro chefe do ex-ministro José Dirceu, o empresário Paulo de Abreu, foi beneficiado nesta semana com uma medida do governo aprovada mesmo contra relatórios elaborados por técnicos.”

    Acautele-se todo aquele que de alguma maneira beneficiar os condenados. Terão suas vidas reviradas. Reparem que o destaque é dado ao “futuro chefe de Dirceu”. Um claro caso de favorecimento pelo favor prestado? Não. Vai-se ao texto e está lá:

    “Na segunda, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), a pedido do Ministério das Comunicações, permitiu que algumas emissoras mudassem suas antenas para a capital, o que melhora a cobertura dessas TVs em São Paulo e aumenta o potencial de telespectadores.”

    “Algumas emissoras”? Quais são as outras? Que importa que existam outras, as outras não são a do “futuro chefe de Dirceu”.

    E, finalmente, o terceiro momento na tentativa de isolamento. Aqui, o recurso é inusitado. Recorre-se à estatística. É quase ridículo, se não ridículo mesmo. Lembrem-se do início deste post.

    01/12/2013 – “Prisão de condenados pelo mensalão é aprovada por 87% dos adeptos do PT
    Para 86% dos brasileiros, o presidente do STF agiu bem ao mandar prender os mensaleiros condenados no feriado de 15 de Novembro, dia da Proclamação da República. O mais interessante é quando esse dado é estratificado por preferências partidárias. Entre os simpatizantes do PT, 87% dizem que Barbosa agiu bem ao mandar prender os mensaleiros no feriado”.

    Parece haver uns números um tanto estranhos, a porcentagem de aprovação atribuída aos petistas – (87%) é maior que a média (86%) da pesquisa, ou seja, os petistas aprovam quem mandou prender seus companheiros mais do que a população em geral aprova. A Folha explica, foi “empate técnico”. Tampouco a Folha nos informa como distinguiu quem era petista no meio da população consultada. Mas que importa, detalhes. Pobres condenados, nem seus antigos companheiros lhes prestam solidariedade. Ao contrário, dão razão a quem os mandou prender da maneira mais midiática que conseguiu.

    Os condenados da AP 470 estão encarcerados, pelo menos, até aqui, os que interessavam estão, e sujeitos, além da privação de liberdade, às privações do sistema carcerário. Receberam multas. Tiveram seus direitos políticos cassados e, provavelmente, nunca mais assumirão um cargo eletivo.  Porém, isso só não basta.

    A grande mídia cuidou de que os condenados tivessem suas condenações e penas apregoadas de modo a que não houvesse quem delas não tomasse conhecimento e que isso – a condenação, fosse motivo de vergonha. Não é à toa o uso do pejorativo “mensaleiro”. Foram humilhados em praça pública, tiveram desconstruída sua imagem e buscou-se privá-los de qualquer solidariedade; aliás, onde houvesse, pelo menos, dois níveis de tratamento, o mais baixo deveria ser reservado a eles.

    Seria o caso de citarmos Jaucourt: “é um fenômeno inexplicável a extensão da imaginação dos homens para a barbárie e a crueldade”? Não.

    Cruel, sem dúvida, mas não bárbaro, muito menos inexplicável, neste caso. Tratamos, aqui, do exercício do poder. Como nos ensinou Foucault:

    “O suplício penal não corresponde a qualquer punição corporal: é uma produção diferenciada de sofrimentos, um ritual organizado para a marcação das vítimas e a manifestação do poder que pune: não é absolutamente a exasperação de uma justiça que, esquecendo seus princípios, perdesse todo o controle. Nos “excessos” dos suplícios, se investe toda a economia do poder”.

     

    Referências:

    “Vigiar e Punir” – Michel Foucault – tradução Raquel Ramalhete – 20ª edição – Editora Vozes.

    http://oglobo.globo.com/pais/laudo-medico-diz-que-genoino-nao-precisa-ficar-em-casa-que-doenca-nao-grave-10884069#ixzz2mEIsWYeM

    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/73562-supremo-condena-dirceu-e-mais-nove-por-quadrilha.shtml

    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/73771-jn-dedica-quase-20-minutos-a-balanco-do-julgamento.shtml

    http://www.biblioteca.itamaraty.gov.br/periodicos/v/veja/veja-o-menino-pobre-que-mudou-o-brasil/image_view_fullscreen

    http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/11/1372450-condenados-do-mensalao-terao-banho-frio-em-prisoes-de-brasilia.shtml

    http://www.youtube.com/watch?v=ijlSiT_2Dak

    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/139295-de-collor-a-dirceu.shtml

    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/140285-direitos-e-privilegios.shtml

    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/140141-puxa-sacos-de-ladroes.shtml

    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/141260-juizes-do-df-exigem-igualdade-entre-presos.shtml

    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/141090-emissora-de-tv-do-futuro-chefe-de-dirceu-foi-beneficiada-pela-anatel.shtml

    http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/12/1379018-acao-de-joaquim-para-prender-mensaleiros-no-feriado-e-aprovada-por-87-dos-adeptos-do-pt.shtml

  19. o que desmoraliza…

    Além dos meios repugnantes que queimam o filme da Imprensa brasileira, é bem pior um Sistema Judiciário que nada faz diante do flagrante recorrente.

  20. Será Que o Alberto Dines mudou mesmo?

    Li sobre a sua história e pelo que me consta nos anos de chumbo estava do lado de lá.

    Depois de saber da história desse sujeito fico reticente sobre suas dissertações em relação á mídia.

    Tentando ocupar um espaço vazio.

    Existe comunicação no mundo de hoje e a história se propaga.

    O que aconteceu? O que quer? Observar a imprenssa? Dando uma de Ombudsmam café-com leite do PIG? 

    1. Com todo o respeito que

      Com todo o respeito que avaliação que você fez merece, me sinto obrigado a defender Alberto Dines. Politicamente ele é liberal e eu sou socialista. E como jornalista ele sempre quer ser o mocinho, o escoteiro. Quase sempre ele está certo — como nesse artigo que escreveu —, mas às vezes, na minha opinião, ele pisa na bola — como todo mundo. De toda maneira, sempre um homem coerente, um jornalista exemplar; um liberal chato, um escoteiro imbecil às vezes, mas sempre um liberal coerente, com princípios democráticos, humanistas e éticos. Trata-se de um republicano de verdade.

  21. A Veja é a expressão do

    A Veja é a expressão do “jornalismo” (aspas) de quinta categoria que se pratica no Brasil pela mídia tradicional. O texto do panfleto chamado Veja tem vários objetivos. Entre eles, provocar algum tipo de revolta na Papuda, objetivo que tem sido perseguido também pela Folha e demais agentes da mídia golpista.

    Um outro objetivo é provocar o governo federal e o PT, para que eles cometam alguma retaliação que forneça combustível para o golpismo da nova versão da Marcha do Demônio pelo Fim das Liberdades democráticas.

    Contudo, embora não se deva fazer o jogo de provocação do direitoso panfleto, seria justo que os advogados de Dirceu ingressassem com ação na Justiça contra o citado panfleto. Exigindo: o direito de resposta, indenização, e a prisão dos diretores do panfleto pelas práticas de formação de quadrilha, uso indevido de imagem, invasão de privacidade, abuso contra um idoso apenado, prática de tortura (tortura psicológica é tão grave quanto a física) e perseguição política e pessoal.

    Para o bem da nossa frágil democracia, seria importante que os diretores do mencionado panfleto respondessem na justiça pela sistemática prática de destruição de reputações. Até hoje sempre impune.

     

  22. mas que juiz aceitaria essa denúncia???

    Um bom advogado poderia até incriminar os responsáveis por formação de quadrilha ao confirmar-se que o autor da peça (o editor Rodrigo Rangel) não entrou na penitenciária e que alguém pagou uma boa grana aos funcionários pelas fotos e as, digamos, “informações”.

  23. Mas, não foi o joaquim que disse:

    “Eles são réus condenados. Não são heróis. Devem permanecer no ostracismo”.

    Como, assim, no ostracismo?

    Essa tal revista não pode deixar de falar “neles”, pois, seu “cercadinho de assinantes” é que a mantém, ainda, respirando.

     

  24. Muito interessante…..

    Ler o que alguns citam, como ” vale-tudo” , se referindo a artigo da Veja, deveria nos surpreender, mas o que alguns observadores da imprensa escrevem,  so nos causam espanto, ao invés de admiração!.

    Se formos visitar a história recente de nossa imprensa, veremos que os ditos “profissionais” da imprensa, alguns até içados ao topo, foram  e continuam sendo instrumentalizados, e na maioria das vezes coniventes com o que agora apresentam como condenável!

    Assim, precisam fazer mais que isto, para se recomporem, pois os que sempre os acompanharam, querem ser surpreendidos e não apenas  manipulados!!!

  25. “Tratamos o governo Lula como um governo de exceção”

    Essa afirmativa tinha que ser explorada. Precisávamos identificar que visão particular é essa de legitimação de poder ( ? ) Diz que não aceita o maior pilar de sustentação da democracia: que o poder emana do povo, que elege e o outorga a seus representantes. O seu JB também falou pejorativamente da soberania popular : é o que questionam. Propõem a soberania dos excelentes ( intelectuais ) _ um representante acima do povo: me parece bem nazista. Gostaria de ouvir esse diretor da veja esplanar mais sobre essas suas ideias, para pegá-lo, assim como JB foi pego por um juiz que extorquiu-lhe, habilmente, uma confissão. Precisamos provar que essas são teses nazistas, é o que afastará os titubeantes deles. 

    1. Na realidade, estou achando

      Na realidade, estou achando que eles não têm espaço na midia. Deveriam falar mais sobre essas teses, e convidar também aquele banqueiro sulino para explicar o que quis dizer com precisamos acabar com essa raça, se referindo aos petistas.

  26. Mas, o que quer a Veja, o

    Mas, o que quer a Veja, o Joaquim, as procuradoras com o José Dirceu? Já não está condenado, preso, o que querem mais? Por que não o deixam em paz, se é que alguém pode ter paz na cadeia. E agora aquela proba da Jaqueline Roziz mandou que o governo do DF fiscalize os doadores do Genoíno do DF, quer saber se eles devem impostos. Até os doadores estão sendo perseguidos. São absurdos em cima de absurdos como nunca vi em minha vida.

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