O poder de compra do salário mínimo e o bem-estar social

Por Diogo Costa

PODER DE COMPRA E BEM ESTAR SOCIAL – Segundo o DIEESE (com dados de fevereiro), o salário mínimo teria de estar hoje na casa dos R$ R$ 2.778,63 para garantir a subsistência digna de uma família de quatro pessoas.

O salário mínimo atual é de R$ 724,00.

Ou seja, são necessários hoje, segundo o DIEESE, 3,83 salários mínimos para suprir as necessidades básicas de uma família de quatro pessoas.

Alguns dados do DIEESE:

-Fevereiro de 2014, necessidade de 3,83 salários mínimos;
-Dezembro de 2010, necessidade de 4,36 salários mínimos;
-Dezembro de 2006, necessidade de 4,47 salários mínimos;
-Dezembro de 2002, necessidade de 6,89 salários mínimos;
-Dezembro de 1998, necessidade de 6,59 salários mínimos;
-Dezembro de 1994, necessidade de 10,41 salários mínimos.

Conclui-se que o poder de compra do salário mínimo aumentou substancialmente no primeiro governo de FHC (em função do Plano Real de Itamar Franco) e nos governos de Lula e Dilma.

O DIEESE ainda nos informa, através da Nota Técnica Número 132, que o valor atual do salário mínimo, de R$ 724,00, já é o maior valor real da série das médias anuais desde 1983.

A quantidade de cestas básicas que se pode comprar hoje com 01 salário mínimo (dados de janeiro) está no patamar de 2,21. O valor da cesta básica é calculada pelo DIEESE para indicar o valor do Salário Mínimo Necessário. A quantidade de 2,21 cestas básicas que se pode comprar hoje com um salário mínimo é a maior registrada nas médias anuais desde 1979.

Atualmente o valor da massa de benefícios da Previdência Social, somente àqueles cujo valor é de 01 salário mínimo, correspondem a 48,7% do total. O número de beneficiários do sistema, que recebem 01 salário mínimo, corresponde a 69,5% do total.

A recuperação do poder de compra do salário mínimo é um importante motor para a economia nacional, pois ele puxa para cima os valores do dissídio negociados pelos sindicatos.

Não há nenhuma política pública que tenha mais efetividade, de forma imediata, e maior alcance no aumento do bem estar da população do que o aumento constante no poder de compra do salário mínimo. E é isto que explica o sucesso nas avaliações de governo de Lula e de Dilma. A oposição insiste em negar este fato, mas ao fazê-lo enganam apenas a si próprios.

Por tudo o que foi dito e demonstrado, constata-se que ainda estamos longe do ideal, no que tange à questão do salário mínimo. Mas estamos no caminho certo.

Porém, é necessário que se mantenha a Política Nacional de Valorização do Salário Mínimo por mais uns vinte anos para que este valor de referência finalmente cumpra com o que está descrito na Constituição da República.

Redação

8 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Acrescente-se também que a

    Acrescente-se também que a proporçao dos que ganham menos de um salário mínimo é muito menor hoje do que em tempos passados.

    1. Dúvida

      Olá, Lucinei, você tem os dados do IBGE a mão para confirmar?

      A última vez que olhei, essa proporção estava estável ou subindo, infelizmente.

      Não estou conseguindo acessar aqui o SIDRA do IBGE para fazer a série histórica. Se você tiver os dados e puder passar aqui, agradeço.

      O que tenho aqui é um dado recente, relacionando 2012 com 2011: segundo a PNAD 2012, trabalhadores (15 anos ou mais de idade) que ganhavam menos de um salário mínimo eram 26,08 milhões em 2012, um aumento de 8,8% em relação a 2011 (23,95 milhões). Não sei se, mesmo com esse aumento absoluto, a proporção dos que ganham menos de um SM teria diminuído.

      Quando o SIDRA voltar pro ar, checamos e podemos confirmar a comparação com os tempos passados.

      Abraço.

       

       

      1. Olá, Tiago.
        É bom acompanhar

        Olá, Tiago.

        É bom acompanhar de perto, sim. É um aspecto relevante. Não tenho números relativos dessa evolução recente, mas lembro que em comparação aos momentos que o post se referiu (83 e 79) a diferença é grande. O salário minimo do papel era um mas estava longe de ser estendido a todos. Em alguns períodos o salário mínimo ainda era diferenciado regionalmente (que é outra coisa, sei).

        Saudações.

    1. #SQN

      O Plano Real foi criado em 1994, na administração do então Presidente Itamar Franco.

       

      E isto inclui a questão da URV e também da nova moeda, o Real, que entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 1995.

      1. 01 de julho de 1994

        O real teve sua emissão iniciada em 01 de julho de 1994. O presidente da república era Itamar Franco e o ministro da fazenda Rubens Ricúpero.

  2. Observação

    Caro Diogo, observo apenas que a comparação de fevereiro de 2014 com DEZEMBRO dos outros anos não é uma boa escolha, uma vez que o SM não é corrigido ao longo do ano, e sim em janeiro (atualmente).

    Pegando o dado de dezembro de 2013, a relação era de 4,03. O que não invalida sua tese em nada, a série ainda é claramente decrescente (favorável ao trabalhador na quantidade de SMs em relação ao necessário). Mas a comparação com dezembro deixaria o artigo mais coerente e sem risco de viés.

    Uma outra observação é notar a separação em valores ABSOLUTOS,  também importante, e essa aqui talvez já complica um pouco a tese que você defende:

    Diferença entre SM e SM necessário

    Em dezembro 2013: R$ 2.087,32

    Em dezembro 2010: R$ 1.717,53

    Em dezembro 2006: R$ 1.214,52

    Em dezembro 2002: R$ 1.178,19

    Em dezembro 1998: R$ 727,66

    Em dezembro 1994: R$ 658,90

    Ou seja, essa série já é crescente, desfavorável ao trabalhador. Em termos absolutos, estamos longe de chegar ao SM necessário, e a coisa só piora.

     

    Enfim, vale a pena observar isso: se hoje são necessários “menos” SM para chegar ao necessário, o valor em reais está cada vez mais distante. Ou seja: de nada adianta chegarmos daqui a 20 anos e dizermos que a relação passou a 2,0, se o SM for de R$ 2.500 e o SM necessário for de R$ 5.000,00, entende? É uma vitória de Pirro, podemos discutir mais em outro artigo, é um tema interessante.

     

    De todo modo, concordamos plenamente: é necessário que se mantenha a Política Nacional de Valorização do Salário Mínimo. Eu acrescentaria: é necessário torná-la AINDA MAIS AGRESSIVA, se quisermos realmente chegar ao valor necessário do Dieese.

  3. O poder de compra do salário mínimo e o bem-estar social

    Prezados.

    Um grande ponto fraco nas eleições de 2014 será o Salário Mínimo.

    Eu reconheço que o SM tem aumentado cosndieravelmente como demonstrado pelo artigo. Mas tenho um grande desconforto quando penso que 1 SM mal dá para alimentação digna do trabalhador como reconhece o autor do texto sic “Atualmente o valor da massa de benefícios da Previdência Social, somente àqueles cujo valor é de 01 salário mínimo, correspondem a 48,7% do total. O número de beneficiários do sistema, que recebem 01 salário mínimo, corresponde a 69,5% do total.”

    Por experiência própria e por uma simples operação aritimética creio que este salário mínimo será um grande ponto fraco do governo federal nestas eleições de 2014, após três mandatos do PT se comparados aos altos ganhos dos rentistas e aos grandes incentivos aos empresários das industrias e do agronegócio. 

    Se formos tomar 4 médias com pão e manteiga durante 30 dias chegaremos a um espantoso e cruel resultado, qual seja: valor do copo de café com leite e pão com manteiga = R$3,90 .T omando 4 vezes por dia, sem almoço, teremos a soma de R$ 468,00… Qual trabalhador se sente bem ntrido com esta dieta? E o valor do aluguel? Isto tudo sem incluir as cervejas que ninguém é de ferro.

    O SM estendido tardia e legitimamente para as domésticas por um lado é alto para quem as emprega, por outro lado é pouco para quem o recebe.  

    Que fazer?!

    Abraço.

    Fernando

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador