Por JB Costa
Comentário ao post “A hipocrisia da punição aos ginastas que brincaram com o colega“
Mancha maior não há na história da humanidade do que a escravidão dos negros africanos. Nem se sopesando o contexto histórico se pode suavizar o inominável crime cometido contra os que foram arrancados das suas aldeias e vilarejos para serem explorados na condição de animais no além-mar por quem à época detinha a hegemonia econômica. Se é que é possível comparar tragédias humanas,os horrores do holocausto na segunda guerra se eclipsam frente ao horror dos horrores que foi a escravidão negra. Negros não eram tidos como sub-humanos, tal qual era a avaliação pelos opressores de judeus, ciganos, eslavos, chineses, coreanos, armênios etc. Pela concepção da época eram simplesmente animais. Até suas humanidades, mesmo que parcial, foram negadas.
Quando se remete a preconceito racial imediatamente vem à baila as pessoas da dita “raça” negra. Deriva tal correlação do fato de que por maiores que tenham sido os avanços, seja pela via impositiva-legal ou por uma maior conscientização acerca do absurdo moral e da abominação ética que envolve o racismo, ainda remanesce o preconceito. A abolição da escravatura, e por extensão a suposta inserção do negro na sociedade branca, se cingiu apenas ao formal. Tornou-se ilegal a escravidão, os negros e negras foram libertos, mas em compensação a sociedade dos brancos continuou escrava das mesmas visões e percepções dos negros como inferiores, indolentes, incultos e incapazes de se auto-gerirem.
Os hoje conhecidos como afrodescendentes saíram da escravidão física, foram libertos pelo corpo, mas em compensação lhes impuseram outra: a servidão de cunho psicossocial. E nesse novo tipo de servidão os grilhões acorrentam indistintamente negros e brancos. Nestes, os grilhões da intolerância, do orgulho, do egoísmo, da arrogância e da pseudo superioridade; naqueles os do conformismo determinístico, a humildade patológica e o complexo de inferioridade.
Essa digressão histórica se fez necessária porque é impossível entender ações racistas, involuntárias ou não, se não tivermos uma visão mais abrangente do processo.
Merce do seu poder de fazer avançar em todos as suas dimensões a escalada humana, o processo civilizatório tem suas limitações. O condão de transformar para melhor de forma objetiva e incisiva as sociedades humanas não se dá no mesmo diapasão para as várias matizes que as compõem. Se as Ciências Biológicas e Sociais ou qualquer outra categoria de conhecimento desautorizam o racismo; se a Política, via poder coercitivo do Estado, o criminaliza; se a Filosofia pela Ética o deplora; e se as Religiões pelo viés Moral o condena; por que, então, ainda emerge aqui e ali com intensidade e gravidade variadas? Minha aposta, simplória e sem base em nenhuma referência cientifica é nas armadilhas do SUBCONSCIENTE COLETIVO. É o tributo que ainda pagamos pela servidão de cunho psicossocial retro mencionada.
Seriam, então, justificáveis as ações e palavras de cunho preconceituosas de forma rasa e geral? Claro que não. Incidiria em ingenuidade e até mesmo desonestidade se negasse a existência do racismo doloso, portanto criminoso e abominável. Apenas sugiro que antes das exortações melodramáticas, o clamor por castigos e admoestações, e o bombardeio do politicamente correto, fossem ponderadas todos os aspectos envolvidos no episódio.
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…sem dizer nada.
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“A liberdade sem o trabalho não pode salvar este país da bancarrota social da escravidão, nem merece o nome de liberdade: é a escravidão da miséria.”
Joaquim Nabuco
Muito obrigado, Chico Pedro.
Muito obrigado, Chico Pedro. Partindo de um comentarista de análises sempre “sábias” e “percucientes” uma crítica assim tão “profunda” não deixa de ser um alento.
Prometo que dá próxima vez “falarei” menos e “direi” mais.
Racismo
É sério. Isso é uma coisa que não consigo entender. Se não há base na biologia para racismo, afinal o ser humano (preto, branco, amarelo) pertence a uma única raça, qual a base jurídica para o racismo?
Por genótipo (genes) pode não
Por genótipo (genes) pode não haver, mas por fenótipo, tipo, aparencia, há sim capacidade de diferenciação e é justamente ai que há o dito “racismo”.
O que interessa os termos?
Pelo jeito voce está mais preocupado com a FORMA do que com o FUNDO da questão.
Geralmente pessoas com alguma pseudo-cultura e conhecimento mas sem nenhuma sabedoria é que agem dessa forma.
Vou comentar a respeito do
Vou comentar a respeito do post original.
No geral, concordo com o Nassif com um porém.
Tudo que ele escreveu é válido se o episódeo tivesse ficado na esfera privada.
Na pública não.
A partir do momento que o video vazou muitas pessoas podem ser influenciadas por ele, infelizmente.
Dai, a meu ver, cabe sim algum tipo de punição. Claro que deve ser algo leve e proporcional ao que foi feito: algumas brincadeiras de mal gosto e sim, racistas.