Luciano Hortencio
Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.
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Os 134 anos do compositor Barroso Neto

Hoje o compositor Barroso neto faria 134 anos. Eis duas de suas obras e um pequeno perfil.

https://www.youtube.com/watch?v=79jMaluYWiU]

[video:https://www.youtube.com/watch?v=gRNysdU7aUk

do Música Erudita

Merece referência especial entre os compositores brasileiros mais inspirados o nome de Barroso Neto. Sua atividade, como mestre dos mais competentes e pianista de grandes recursos técnicos, coloca-o em lugar (le destaque na música brasileira. Joaquim Antãnio Barroso Neto nasceu na cidade do Rio de Janeiro, no (lia 30 de janeiro de 1$81. Seus primeiros estudos de música foram feitos com o objetivo de ser violinista, mas seu mestre, não encontrando no aluno (lualida(les que o fizessem um virtuose do instrumento de Paganini, aconselhou—o que preferisse o piano. Vendo seus pais que o menino possuia verdadeira vocação pa o teclado, confiaram seus estudos a um professor bastante competente Frederico Malho. Sua técnica se desenvolveu com surpreendente rapidez, e o pendor para a composição também se manifestou com precocidade. Aos nove anos, compôs uma gavota, que causou admiração e foi editada.

A fim de aperfeiçoar os estudos e completar sua educação musical, ingressou Barroso Neto no Instituto Nacional de Música, estudando teoria e solfejo com Arnaud Gouveia e Pôrto Alegre, piano com Alfredo Bevilacqua e harmonia com Frederico Nascimento. Com Alberto Nepomuceno estudou contraponto, fuga, composição e órgão, destacando-se com tanto brilhantismo nêsses cursos que mereceu a medalha de ouro como prêmio, por proposta de Artur Napoleão. Com 19 anos, já estava Barroso Neto apto a enfrentar as platéias. Apresentando-se em concertos com grande sucesso, suas composições foram recebidas sempre com êxito e entusiasmo, até na Europa, onde efetuou várias tournées de propagação da nossa música. Em 1906, ingressou Barroso Neto no Instituto Nacional de Música, como professor de piano, exercendo êsse cargo com excepcional relêvo.

De uma atividade incansável, Barroso Neto empregava a sua arte em várias modalidades. Apesar de ser considerado um dos maiores pianistas brasileiros, nunca se negou a emprestar o seu valioso concurso a conjuntos de música de câmera, sendo excelente a série dêsses concertos que realizou com Humberto Milano e Alfredo Gomes. Porém, onde a fôrça do seu talento mais se expandiu foi em suas composições. Ele se compenetrou dos motivos de nossa terra e os transformou em melodias transbordantes de poesia e riquezas sonoras.

A sensibilidade brasileira transparece no envolvente romantismo de Cantiga e em tôda uma série de belas canções: A um coração — Ohos Tristes — Canção da Felicidade — Ritornello — Dorme — Regresso ao Lar — Adeus — Balada, etc. De grande inspiração é a sua obra pianística, onde se destacam peças de grande virtuosismo, como Corrupio que foi executada pelo pianista Simon Barer em sua temporada de concertos do Teatro Municipal. Serenata Diabólica, Valsa Lenta, Era uma ver, Redemoinho, Movimento Perpétuo, Galhofeira, Romance sem Palavras, etc., são as suas principais produções. Produziu mais Minha Terra, um formoso concerto para piano e orquestra, obras de caráter sacro e o poema musical Vozes da Floresta— que é um verdadeiro hino à natureza brasileira. É uma peça grandiosa, considerada por muitos a sua obra-prima pela maviosidade de sua poesia. Joaquim Antônio Barroso Neto, que tão bem soube interpretar a sensibilidade brasileira, com sua maravilhosa música, terminou a gloriosa carreira aos sessenta anos de idade, deixando uma descendência e uma geracão dc exímios pianistas.

Faleceu Joaquim Antonio Barroso Neto nesta capital a 1 de setembro de 1941, deixando o nome gravado entre os couposilores que mais se dedicaram ao cultivo da músca como expressão da alma de sua terra.

Os Mestres da Música – Alberto Montalvão.

Luciano Hortencio

Música e literatura fazem parte do meu dia a dia.

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  1. O olhar de Drummond

     

    O Rio se tornou a sua casa e a sua musa, mas Minas nunca ficou distante do seu pensamento

    The Guardian | Ángel Gurría-Quintana | 13/11/2012

    Drummond, de costas para a o mar, com o olhar voltado para as montanhas da sua terra natal em Minas Gerais.

    Visão interior ... a estátua de Carlos Drummond de Andrade em frente ao mar, no Rio de Janeiro, Brasil.

    Visão interior … a estátua de Carlos Drummond de Andrade à beira do mar, no Rio de Janeiro | Foto: Vanderlei Almeida / AFP / Getty Images

    Toda vez que eu estou no Rio, tenho certeza de que vou visitar Copacabana. Não para curtir areia ou a luz do sol – embora exista muito de ambos – mas para cumprir o meu ritual de respeito ao poeta mais querido do Brasil, Carlos Drummond de Andrade.

    Uma estátua de Drummond sentado foi colocada no trecho da praia que está situada no local mais próximo do seu apartamento no Rio de Janeiro, e, desde o centenário do seu nascimento, em 2002, ela está, serenamente, sob o cozimento do inclemente sol tropical, enquanto os turistas posam para fotos ao lado dele. O monumento está instalado em um dos locais mais pitorescos do Rio de Janeiro, mas o gênio Drummond permanece de costas para a o mar. Eu imagino que ele está olhando para as montanhas de sua terra natal, em Minas Gerais.

    Ele nasceu em Itabira, sobre a qual ele, com saudade, escreveu mais tarde na vida: “Itabira é apenas uma fotografia na parede, mas como dói.” Como a maioria dos escritores provinciais de sua geração, ele se mudou para o Rio, então capital do país, e ganhava a vida como funcionário do Ministério da Educação. O Rio se tornou sua casa e a sua musa, mas Minas Gerais nunca ficou longe de seus pensamentos.

    [video:http://youtu.be/taltQFDRDCQ width:600 height:450]

    Um grupo de bem-intencionados, mas mal orientados cariocas, começou a recolher assinatura para elaborar uma petição para modificar a posição da estátua, de modo que o poeta sempre olhasse para o mar – um gesto clichê que Drummond certamente teria detestado.  A sua famosa frase sobre Rio, “Houve uma cidade escrita para o mar”, é esculpida no banco que apóia a sua efígie assentada, mas foram as visões interiores que mais lhe interessavam.  Drummond foi o poeta das solidões humanas: “E agora, José?/ A festa acabou,/ a luz apagou,/ o povo sumiu,/ a noite esfriou,/ e agora, José?”

    Suas observações variam entre o mundano para o metafísico, muitas vezes combinando, como em um dos seus poemas mais famosos: “No meio do caminho tinha uma pedra/ Tinha uma pedra no meio do caminho/ Tinha uma pedra/ No meio do caminho tinha uma pedra.”

    [video:http://youtu.be/G3LIMueC124 width:600 height:450]

    Drummond também foi um prolífico escritor de poesia erótica (a maioria das quais só foi publicada postumamente), e também poderia ser maliciosamente irreverente: “O burro, o quão engraçado ele é / Sempre sorrindo, nunca trágico.”.

    Eu me descobri Drummond porque a família da minha esposa vem de Minas Gerais. Este estado brasileiro sem litoral tem produzido muito dos maiores escritores do país, mas o poeta Drummond paira como uma torre magnífica sobre todos eles. Ele está incluído em quase qualquer antologia da poesia brasileira e também é bem conhecido por sua prosa, apesar das alegações que escrever para os jornais era a única coisa que ele fazia sem qualquer prazer. Os leitores brasileiros, ao que parece, não se cansam de um escritor tão popular que seu poema Canção Amiga (“Eu preparo uma canção/ que faça acordar os homens/ e adormecer as crianças.”) foi impresso em cédulas do país no final de 1980. 

    Seus traços instantaneamente reconhecíveis (rosto alongado, óculos de grandes aros) tornaram-se ícones e aparecem, não só nas capas de seus livros, mas em camisas, bolsas e em cartazes de rua.

    [video:http://youtu.be/sO6TySzyygE width:600 height:450]

    Ele morreu no auge da fama, apenas alguns meses depois de receber um das mais altas homenagens que o Rio de Janeiro tem para oferecer: ele foi escolhido como tema para o desfile de carnaval por uma das principais escolas de samba da cidade.

    “A poesia é necessária”, escreveu certa vez: “mas e o poeta?” Este ano, o Dia D – um dia de leituras, debates e exposições inspiradas pela equipe do Instituto Moreira Salles – mostrou como a legião de fãs permanece leal ao gentil homem de Itabira e como ela torna eterna a sua poesia.

    &

    Esta mixórdia, com a inserção de vídeos do YouTube, incluiu a interpretação do texto de Gurría-Quintana, para o The Guardian.

  2. Dados Biográficos

     

     

    Mas que dizer do poeta

    Numa prova escolar?

    Que ele é meio pateta

    E não sabe rimar ?

     

    Que veio de Itabira,

    Terra longe e ferrosa ?

    E que seu verso vira,

    De vez em quando, prosa ?

     

    Que é magro, calvo, sério

    (na aparência ) e calado,

    com algo de minério

    não de todo britado?

     

    Que encontrou no caminho

    Uma pedra e, estacando,

    Muito riso escarninho

    O foi logo cercando?

    Que apesar dos pesares

    Conserva o bom-humor

    Caça nuvens nos ares,

    agem discreta

    Que lhe saiba agradar?

    Muito simples: seu gosto (nem é preciso argúcia)

    É ser – vê-se no rosto – Amigo de Maria Luisa.

     

    (DRUMMOND, 2002, p.377) 101

     

    [video:http://youtu.be/AEGHWkmPNGM width:600 height:450]

  3. ÁPORO

     

    Do Velho Drumma

    Um inseto cava
    cava sem alarme
    perfurando a terra
    sem achar escape.
    Que fazer, exausto,
    em país bloqueado,
    enlace de noite
    raiz e minério?

    Eis que o labirinto
    (oh razão, mistério)
    presto se desata:
    em verde, sozinha,
    antieuclidiana,
    uma orquídea forma-se.

  4. Fortaleza

     

    O Tempo do Rádio

    Wilsom Ibiapina , Maio , 2009

    Antes da televisão invadir os lares de Fortaleza, a cidade se divertia ouvindo programas de rádio. Nos finais de semana esses programas eram ao vivo direto dos auditórios. A Ceará Rádio Clube alegrava a tarde dos sábados com o seu “Divertimento em Sequencia”, apresentado por Narcélio Limaverde. O Ayrton Rocha, que naquele tempo era o cantor Pequeno Ayrton, que era atração no Ceará, Pernambuco e no Rio, lembra que o primeiro apresentador do Divertimento em Sequência foi o Manoelito Eduardo. O segundo foi o Antonio de Almeida e o último foi o Wilson Machado. Domingo ,pela manhã, tinha “Clube do Papai Noel”, Seu primeiro e principal apresentador foi o Paulo Cabral, e que já no final foi comandado por Dudu, pai do Wil Nogueira, . À tarde, Augusto Borges fazia a “Festa na Caiçara”. A Rádio Iracema abria seu auditório domingo pela manhã para o “Carrossel da Alegria”, do Matos Dourado. Fechava o domingo com o Armando Vasconcelos apresentando o “Fim de Semana na Taba”. A tarde dos sábados era do “programa Irapuan Lima”, que se proclamava “O Chacrinha do Nordeste”…

    A audiência tomava conta da cidade e outros programas foram criados para. atender ao grande público. Terça feira à noite ninguém tomava a audiência do “Noturno Pajeu”. João Ramos apresentava quadros em que pessoas do auditório participavam respondendo perguntas sobre história, geografia, conhecimento geral. Muitos professores compareciam ao auditório, no edifício Pajeu, para ganhar a grana do patrocinador que era o cigarro Globo. A fábrica Araken, ficava na avenida Duque de Caxias, bem perto de minha casa. A sirene dessa fábrica era meu despertador. Ao ouví-la, diariamente, levantava para ir à aula. Foi no programa do João Ramos que conheci o professor e jornalista Augusto Pontes. Ainda muito jovem, exibia seus conhecimentos faturando tudo quanto era prêmio. O professor Gabriel Lopes Jardim também acertava todas. Antes de cada sorteio João Ramos, com aquele vozeirão ia dizendo:

    Dinheiro na mão é só tentação,

    Dinheiro é mesmo um coloço

    Aqui o dinheiro circula ligeiro

    Ou vai para o bolso ou fica do pôço

    Em todos os programas tinha a prata da casa. Eram os cantores e cantoras que interpretavam os sucessos do momento. Nas duas emissoras se apresentavam Nozinho Silva, o irmão dele, Solteiro, José Lisboa, que depois virou apresentador de programas. Tinha Joran Coelho e Carlos Alberto Laranjeiras. O seresteiro Otávio Santiago, Gilberto e Aloisio Milfon, Guilherme Neto, Paulo Cirino e suas Pastorasa. Entre as cantoras se destacavam, Aila Maria, Estelina Nogueira, Ivonilde Rodrigues e Keila Vidigal que cantava e dançava mambo, para alegria da meninada que chegava cedo para ocupar as primeiras poltronas. A artista oferecia um espetáculo à parte. Toda vez que exibia a calcinha, num requebrado mais ousado que o mambo exigia, o auditório delirava. Naquele tempo essa peça íntima era produto de raro encanto, não andava à mostra como hoje.

    Tinha gente que não conseguia perder um só programa. Entre esses “viciados” estavam Marciano Lopes, Josberto Romero, Rocha Lima e o louro Célio, que ainda hoje frequenta programa nos auditórios das tvs, já que não existem mais nas rádios. Os doidos mansos da cidade também eram atraídos por esses programas. Tinha até dois Reis da Voz, os dois queriam de o Chico Viola. Um deles, o baixinho, dizia que era também o rei dos ciganos e o rei dos cornos. Os conjuntos que acompanham, os artistas eram o do Canhoto, na Iracema e o Regional de Moreira Filho, na PRE-9, mas tinha também os conjuntos que animavam as festas nos clubes e se apresentavam como atrações. Os mais famosos eram o do Paulo Tarso , Ivonildo e o do Alberto Mota.

    O sucesso dos programas de auditório foi tamanho que se espalhou pelo interior. A rádio Araripe do Crato fez logo o seu sob o comando de Wilson Machado. Repercutiu tanto que o animador, como prêmio, foi chamado para trabalhar nos Associados em Fortaleza. No lugar dele ficou Edilmar Norões. Depois de pouco tempo à frente da Noite de Festas que levava alegria aos bairros nas noites das quintas, Edilmar, também se mandou pra Fortaleza.

    As emissoras possuiam também orquestras que acompanhavam, os artistas, principalmente os que vinham de fora. Por elas passaram maestros famosos como Mozart Brandão, Cleóbolo Maia, Correa de Castro e Luiz Assumpção. Muitos músicos dessas orquestras se destacaram e fizeram carreira solo nas emissoras do Rio e São Paulo. Os mais famosos deles são o acordeonista Julinho e o instrumentista Zé Menezes .

    Um dia eu cheguei tão cedo ao auditório da Ceará Clube para o Clube Papai Noel que peguei o maestro Luiz Assumpção ensaiando os meninos que iam se apresentar como calouros. O maestro, no intervalo de cada cantor, levantava a tampa do piano e tirava uma garrafa que estava junto às cordas. Dava um gole e guardava. De perto vi que era uma Colonial que ele secou antes do final do ensaio. Hoje acho que a bebida era mais para suportar os meninos

    Wilson Ibiapina , jornalista

    http://www.casadoceara.org.br/index.php?arquivo=pages/blog/perfil_wilson/e0509.php

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