Tancredo e o apoio da UDN a ditadura

Por Fernando G Trindade

Comentário ao post “Memórias da Ditadura, um especial nos 50 anos do Golpe Militar

Creio que talvez a mais perspicaz definição da ditadura de 64 e seus desdobramentos tenha sido a que Tancredo fez, com fina ironia: “O Estado Novo da UDN”.

Tal definição nos obriga a voltar à Revolução de 1930, talvez a mais importante data da história do Brasil, desde 1822. Os revolucionários de 30 tinham duas vertentes básicas.

A primeira delas (que teve Getúlio como liderança central) foi dar no PSD e no PTB em 1945. A outra (que juntou dissidentes dos revolucionários de 30, como Eduardo Gomes e Virgilio de Melo Franco e perrepistas da República Velha, como o próprio Júlio Prestes), foi dar na UDN em 1945.

Creio que a fina ironia de Tancredo está em que a UDN utilizava o pretexto da ditadura do Estado Novo para fazer a mais radical oposição a Getúlio, mesmo quando ele foi eleito pelo voto popular em 1950, no regime liberal da Constituição de 1946.

E no entanto todos os próceres da UDN apoiaram a ditadura de 1964 (que por sua vontade já teria sido instalada em 1954, sendo adiada pelo gesto extremo de Vargas).

Então é como se Tancredo dissesse ao seus adversários da UDN: mas não eram vocês os democratas? O ditador por vocação não era o Dr. Getúlio?

E foi exatamente Tancredo, um pessedista/getulista que liderou a aliança democrática que levou ao fim a ditadura do “Estado Novo da UDN”.

Nada como um dia depois do outro…

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador