Uma aula de humanidade no Jornal Nacional

Por questão de justiça, não há como deixar de reconhecer a extraordinária série de Sandra Passarinho no Jornal Nacional sobre a educação inclusiva.

O padrão do jornalismo de TV é sempre enaltecer os fatos comuns à maioria dos espectadores e a diminuir (por vezes criminalizar) o que é exceção. É esse comportamento execrável que tornou a Globo a campeã da discriminação contra o instituto da adoção.

Já a série de Sandra Passarinho, defendendo a educação inclusiva – isto é, as crianças com deficiência sendo educadas em escolas convencionais – foi uma aula de humanidade.

Tratou o tema sem folclorizar, identificando os pontos centrais das políticas de inclusão, mostrou crianças com deficiência sendo acolhidas pelos colegas e pelas professoras, algumas cenas emocionantes – como o jovem com paralisia cerebral jogando capoeira.

Como ninguém é de ferro, mostrou crianças com necessidades especiais sendo conduzidas às escolas por veículos especiais, sem informar o fato de ser política do governo federal.  Mencionou as 700 mil crianças com deficiência na rede escolar, sem informar que são fruto de uma política social bem-sucedida do ex-Ministro da Educação Fernando Haddad.

Mas faz parte do jogo.

No que interessa – a desmisticação da educação inclusiva – foi uma aula de jornalismo que mostra como um canhão como o JN poderia melhorar o país, se todas as reportagens fossem antenadas com os avanços sociais e econômicos.

Luis Nassif

16 Comentários

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  1. Isso não acontece por acaso

    Nassif

    Isso não se dá acaso, porque percebe-se claramente que ela vem se sentindo acuada pelas séries de excelente qualidade que integra o Jornal da Record.

    Hoje eu não assisti mas a reportagem de ontem tratava o tema do ponto de vista da escola pública, que foi muito enaltecida como o começo de tudo, o que me surpreendeu bastante porque é uma postura totalmente fora do habitual da Globo.

  2. Obrigado

    Nassif,

    Vi a reportagem e fiquei sinceramente emocionado, especialmente na cena da capoeira. Imediatamente lembrei de alertá-lo sobre a matéria e a necessidade de, por coerencia, enaltece-la, embora da TV Globo.

    Aí encontro aqui tuas observações e me emociono, de um jeito diferente: orgulho por frequentar esse blog há alguns anos e te-lo como norte e referencia na minha busca por informações isentas, por democracia, por cidadania. Muito obrigado senhor Jornalista Luís Nassif!

  3. Essa “aula de humanidade”

    Essa “aula de humanidade” para espectadores verem educação inclusiva, em se tratando da queda de audiência da Globo News Fake, parece uma necessidade de se redimir diretamente do tombo social que deram na economia; cujo culto à recessão quebrou as pernas do crescimento do país, e influenciou a que milhões de pessoas ficassem sem empregos, ou reduziu os seus valores básicos.

  4. Lamentavelmente alguns. . .

    Lamentavelmente alguns tentam denegrir o programa de inclusão de deficientes do governo federal, com o mote “PT quer acabar com as APAEs”. Já foi noticiado na imprensa que o jogador Lionel Messi sofre de um tipo de autismo, a Síndrome de Asperger, se ele vivesse no Brasil, de acordo com esses críticos teria que passar a vida numa escola da APAE sem ter chances de chutar uma bola de futebol.

  5. O que me incomoda é q sempre sao mostrados casos de Down

    Down e problemas apenas motores sao os casos mais fáceis. Cegos vem em segundo lugar: só há problemas com a educaçao inclusiva para eles na alfabetizaçao, depois nao. Mas surdos é um PROBLEMAO, porque precisariam de PROFESSORES (nao apenas de intérpretes) que saibam LIBRAS (e nao os há em quantidade suficiente para serem dispersos em muitas salas; ademais os nao surdos por sua vez nao sabem LIBRAS). E acho que o caso mais sério é o de autistas profundos (nao estou falando de Asperger, e sim de crianças que nao falam e têm enormes problemas de contato com outros).

      1. Nao sei com profundidade suficiente para te responder

        Sei que há educaçao inclusiva em quase todos os desenvolvidos, mas nao sei se para todos os casos, e em que circunstâncias (se há ou nao professores de línguas de sinais; se há alfabetizaçao em braille INDIVIDUAL; se casos de autismo profundo sao incluídos, etc.). Repare, salientei o INDIVIDUAL no caso da alfabetizaçao em braille porque nao seria possível de outro modo, exige manipulaçao direta com a criança; e nao se trata de apenas APRENDER braille, e sim de SE ALFABETIZAR em braille…  O que é muito mais do que só aprender braille.

        1. um caso exemplar de educação inclusiva

          seria o do documentário Borboletas de Zagorsk??

           

          pra quem não conhece trata de um documentário sobre uma instituição na Ucrânia que alfabetiza crianças cegas E surdas com base na teoria do Vigotsky

  6. É o preço…

    …que as escolas particulares estão pagando por não toparem fazer anúncios milionários no JN.

     

    Esses canalhas não dão   ponto sem nó ! Nada de bom pode vir desse poder corrupto.

     

    uma reportagem dessas logo depois das escolas terem levado fumo no STF? Hahaha

  7. Agora é tarde. Pra mim, tudo

    Agora é tarde. Pra mim, tudo o que a Globo faz, mesmo que seja de bom gosto e utilidade pública, é, no mínimo, uma falsidade com objetivos espúrios. Da Globo não vem nada que preste.

  8. Porcos às vezes criam pérolas?

    A Globo jogou fora a audiência de 90% das pessoas indispostas à lavagem cerebral. O que faz de bom ( e até a Globo é capaz de fazer algo de bom, porque tem profissionais para isso) termina por não ecoar em lugar nenhum, porque os descerebrados pela própria Globo não tem mais sentimentos humanos no lugar do ódio dominante, logo nada lhes interessa que não alimenta esse nobre sentimento.

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