A expansão da OTAN na Europa

Por Gunter Zibell 

 

Parece haver alguma superestimativa do sucesso da política externa russa com o episódio da Ucrânia. Isso deve ser relativizado no tempo. 

Em 2009 o governo anterior pró-ocidente da Ucrânia já havia aventado a possibilidade de filiar-se à OTAN. E foi mais para contemporizar com Rússia que alguns países-chave dessa organização não endossaram de imediato essa possibilidade.

Mas, até o final de 2013, a Ucrânia ainda era cotada para o projeto “Eurasiano” (a comunidade econômica de Rússia e outros países ex-URSS.) E, agora, com a precipitação dos acontecimentos, retornou o risco da Ucrânia ir parar na OTAN.

A retomada da Crimeia já era prevista desde o início da mudança recente de governo na Ucrânia, mas isso não altera o fato histórico de longo prazo: a OTAN tem hoje muito mais países na Europa do que tinha em 1989. Basicamente todos os europeus que eram do Comecon (a Iugoslávia e a Albânia não eram membros.)

Pode-se dizer que a Rússia reteve (mais que ‘conquistou’) a Crimeia, sem dúvida. E provavelmente em caráter permanente, o que tem grande valor estratégico.

Mas o importante é ver como as coisas se dão no tempo:

É uma questão prosaica: se eu tinha 10 maçãs, e meu vizinho tomou 10 maças, e eu retomei 1 maçã, qual foi a ‘vitória’ em relação à posição inicial? (E 10 maças não são nem os países do Leste Europeu que se incorporaram à OTAN ou ao espaço econômico europeu nesses 25 anos, mas as partes da Ucrânia mesmo.) É mais ou menos evidente que U.E. e OTAN usam o potencial econômico de seus principais membros em comum (quatro países do G-7) para influenciar no processo, no que têm sido bem sucedidos.

Aguardemos, pois, o 25 de maio, se é que haverá mesmo a eleição na Ucrânia, antes de se dizer o quão popular/impopular é o novo governo ucraniano. E saberemos se esses movimentos da Rússia não estimularam ainda mais o sentimento pró-ocidente. Na hipótese de eleições não-fraudadas, a ausência da população da Crimeia em eleições para o país apenas facilita aos ucranianos não-russófonos a maioria.

Não causa estranheza que o novo governo da Ucrânia tenha reagido passivamente às recentes declarações de independência/anexação da Crimeia: pode ser um ‘gambito’. A Crimeia (4 a 5% da população) nunca foi politicamente integrada à Ucrânia, sempre foi um laço semiforçado (sem renovações das bases, haveria chantagem do gás.)

Agora serve a dois propósitos: dá a saída honrosa (e popular) para a participação recente da Rússia (Putin alcançou 70% de popularidade em pesquisas de opinião), mas dá aos interesses ocidentais uma série de desculpas para o aprofundamento das relações com a Ucrânia.

E que se pare com a torcida esperando alguma calamidade neofascista na Ucrânia. Isso já se revela um sentimento mórbido, uma espécie de torcida para comprovar uma propaganda. Anda quase um “tem que acontecer pra eu não perder meu discurso no facebook”. É evidente que U.E. e EUA não corroborarão excessos desses partidos de extrema-direita, que, de resto, são mais votados em outros países e na própria Rússia.

A preocupação com extrema-direita é das mais válidas. Mas é só ver que a mesma antecede os desdobramentos recentes da Ucrânia e é muito presente na mídia, convencional ou alternativa. Uma pesquisa básica no google images (com extreme-droite ou right wing + Europe) mostrará isso com facilidade.

Mas não têm havido relatos de judeus, imigrantes não-europeus ou LGBTs questionando o novo governo ucraniano, apesar de seus cinco ministros de extrema-direita. Isso pode significar que o medo maior é outro… Deixem quem vive a situação lá se manifestar, portanto. Basicamente quem protesta agora são ucranianos-russófilos. É momento para acompanhar, não usar especulações como se fossem realidades. Principalmente se não temos possibilidades concretas de fazer nada. Nem o Itamaraty tem… Só podemos mesmo nos informar mais.

E o establishment norte-americano está preocupado com a sua imagem perante a maior parte da opinião pública internacional, por exemplo as populações do G-7, e com a provável eleição de Hillary em 2016. Não está preocupado se Obama sai-se bem ou mal no filme.

Afora se a Ucrânia ficará mais estavelmente desta vez na órbita da UE/OTAN, o outro assunto de relevância será se a Alemanha estará disposta a modificar sua matriz energética. Esta seria a ‘chantagem do gás ao contrário’.

Para saber mais:

2014 02 10 http://www.jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/russia-as-dimensoes-de-uma-pretensao

2014 02 11 http://www.jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/a-torcida-anti-eua-e-a-fantasia-do-urso-de-papel

2014 03 01 http://www.jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/anotacoes-para-uma-conversa-sobre-crimeia

2014 03 04 http://www.jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/quando-as-pessoas-acreditam-na-sua-propria-propaganda

2014 03 05 http://www.jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/o-anti-imperialismo-orfao-e-seu-padrasto-adotivo

Redação

42 Comentários

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  1. O artigo é um primor de bom

    O artigo é um primor de bom senso.

    Mas ignora a simpatia das pessoas pelo simples fato de ver um golpe contra um governo democraticamente eleito não dar certo.

    Nem tudo é ideologia…

  2. Caro Gunter

    Caro Gunter Zibell,

    Realmente a OTAN vem engolindo os países do antigo bloco soviético. Apesar do comprromisso em contrário assunido por Bush senior com Gorbachov. Trata-se de um verdadeiro cerco à Rússia, basta verificar o mapa “expansão da OTAN na Europa” que você postou.

    Até a guerra da Georgia os russos apenas assistiam a montagem de tal cerco, por incapacitados que estavam de qualquer reação efetiva. A surra aplicada na Geórgia surpeendeu a todos, inclusive a Bush jr, que incentivou o crápula que dirigia a Georgia a partir pra cima da Ossétia do Sul e Abcassia. Ali foi dado o recado, só melhor compreendido hoje, qual seja: A RÚSSIA ESTÁ VOLTANDO AO GRANDE JOGO GEOPOLÍTICO.

    Ainda não acreditando na recuperação da capacidade russa de projetar poder militar além de suas fronteiras, os facistas ucranianos, com apoio da UE e dos EUA, fizeram o que fizeram. Os russos foram a campo: invadiram a Ucrânia e seccionaram o país. A sua tentativa, caro Gunter, de considerar tal fato de somenos importância não corrobora com as reações histéicas e ameaçadoras da UE, dos EUA e da OTAN, esta, incluisive, fazendo movimentações de tropas.

    Qual a novidade que todos esses fatos trazem?Ressurgiu um Estado com capacidade militar de questionar as ações temerárias dos EUA e seus sabujos, vide Geórgia, Síria e Ucrânia.

    Não custa lembrar, do fim da gurra fria até bem pouco tempo atrás os EUA – na economia, na políticar e na área militar – praticamente não tinham contestação. Hoje estamos numa fase de transição para um mundo mais multipolar: na economia, os EUA dependem da China para pagar as contas; os BRICS aumentam gradativamente sua influência nos organismos internacionais, tipo FMI e OMC, e criam seus próprios instrumentos de desenvovlimento (Banco dos BRICS) e ajuda ao menbro que tenha problema de Balanço de Pagamentos. Restava aos ianques a área militar, o único fator que pensavam sem adversários à altura, eis que reaparece a Rússia. 

    P.S.: Caro Gunter, você já notou como os EUA agem quando os russos estão por perto? Na Georgia deixaram o aventureiro que dirigia aquele infeliz país na mão; na Síria a invasão estava iminente, os russos chegaram e disseram: ” A Síria é minha, deixem que eu cuido”, ficou o dito pelo não dito; Na Ucrânia, a covardia ianque foi além de qualquer medida, a Rússia invadiu o país, seccionou-o e vai anexar a parte seccionada. Tudo contra as leis internacionais. Onde andam os ianques, xerife do mundo?

     

     

     

     

     

    1. A questão é essa de se ‘surgiu um Estado’

      para questionar ações do Ocidente.

      Mas vc disse abaixo sobre uso de ‘ideologia’ em textos.

      Digamos, então, que “ações temerárias dos EUA e seus sabujos” é ideologicamente neutro?

      Menos, por favor.

      Estamos discutindo sobre o que aconteceu e pode acontecer.

      Não é um SPY vs SPY, até porque, ideologicamente, a Rússia está à direita dos EUA e dos países europeus da OTAN.

      Independente das torcidas temos que lidar com fatos:

      a) a Rússia não é um regime capaz de se projetar como modelo, nem econômico, nem social, nem em estamentos. Apenas militarmente usa algumas coisas para consumo político interno.

      b) a Rússia, goste-se ou não dela, não está sendo bem sucedida no projeto “Eurasiano”. Até agora, de prático, só evitou perder as bases da Crimeia (cujo contrato já havia sido mesmo renovado pelo governo anterior pró-ocidente, após a chantagem do gás)

      c) a demonização do novo governo ucraniano, que pode ter suas razões só que não devemos inflá-las para favorecer um discurso, não serve para acobertar o neofascismo e populismo crescentes na Rússia.

      Até quando vai continuar esse festival de propaganda é outra estória.

      1. Os russos estão voltando

        Gostaria de esclarecer que tenho apenas em vista os interesses do Brasil. Nos quais não constam um mundo onde perdure a lei do mais forte, um mundo onde exista um país que se considere o arbitro do bem e do mal. A multipolaridade e a democratização dos espaços de governança global são grandes objetivos do nosso país.

        Gunter, esse negócio de exportar modelo de sociedade nunca deu certo: ou acaba em guerra ou em colonização/subjugação. Não tenho simpatias nem pelo modelo russo nem pelo americano. Agora, se os russos tiverem sucesso e continuarem impondo limites à ferocidade guerreira dos ianques, eles (os russos) vão angariar muita simpatia pelo mundo, diretamente proporcional ao ódio que os inaques despertam. 

        O contrato das bases russas na Criméia seria rasgado, os facistas de Kiev estavam prontos para fazê-lo, como a Rússia  rasgou agora o tratado que eles firmaram junatamente com os EUA, a Grã-Bretânia e a Ucrânia, que garantia a integridade do território ucraniano. Ora, ora! Quanto ao projeto Eurasiano, devemos ter mais cautela quando nos pronunciarmos sobre seu sucesso, não subestimemos Vladimir Putin, sempre que esse senhor movimenta uma peça, seus principais inimigos ficam em situação delicadíssima.

         

  3. “Mas não têm havido relatos

    “Mas não têm havido relatos de judeus, imigrantes não-europeus ou LGBTs questionando o novo governo ucraniano, apesar de seus cinco ministros de extrema-direita. Isso pode significar que…” 

    E quem se atreve! Quem vai levantar a voz contra as milícias armadas que patrocinaram o golpe. Na Alemanha pré-nazista as minorias sofreram caladas, quando acordaram, já era tarde.

    1. E se acontecer “alguma merda”

      …a culpa é da esquerda que torceu pra isso(patrulha de pensamento rss).   pois é…

      a direita apoia nazis mas ok, torcem pra que nada nazi aconteça 

      aiaiai é pra rir ou pra chorar ?

    2. Elas se levantam na Rússia

      não esqueça disso. E são reprimidas e presas na Rússia, país que proíbe manifestações (haja democracia!).

      A ver o que ocorrerá com os Tártaros da Crimeia.

      E ninguém está deixando de dar entrevistas ou fazer cobertura na Ucrânia por conta disso. Tanto que há as manifestações de russófilos, certo?

      Então pare de ‘torcer’ pra acontecer alguma desgraça só pra justificar uma propaganda.

      Se quer discutir participação de partidos de extrema-direita em governos, há muitos países, vide o mapa apresentado no artigo.

      Podemos discutir, por exemplo, qual a ideologia predominante no governo da Bielorússia e quão democrático é seu sistema político.

       

      1. Os Tártaros

        Quanto aos Tártaros te adianto: Se se comportarem civilizadamente, participaram da vida do país normalmente; se partirem para a guerra civil, os chechenos podem te responder.

  4. “Os EUA vêm cercando e

    “Os EUA vêm cercando e atacando o urso russo, pelo menos desde que Ronald Reagan mentiu descaradamente a Mikhail Gorbachev (disse-lhe que os EUA não tinham intenção de levar a OTAN até as fronteiras da Rússia).

    Por que Gorbachev deixaria de acreditar em Reagan? Porque sem adversário soviético, a OTAN já não teria razão de ser.

    Mas o complexo industrial-militar e o establishment da Guerra Fria não cederiam facilmente, e Bush Pai era homem fácil de convencer. Com os vetos no Conselho de Segurança, e nações do Terceiro Mundo incluídas como membros, a ONU tornou-se absolutamente inútil para o serviço de apoiar projeções do poder dos EUA. Com a OTAN, os EUA podiam fazer o que bem entendessem.”
     

  5. Este tal “governo interino”
    Este tal “governo interino” ucraniano, não possui credibilidade nem representatividade algumas, porque é um fantoche imposto por um golpe de estado promovido pelos banqueiros internacionais que são proprietários do governo dos EUA e comandam o império norte-americano, uma elite que adora falar em nome de um tal “Ocidente”, “Ocidente” que dominam financeira midiatica e politicamente e dele usam e abusam…

    Quem vai respeitar o direito da maioria que elegeu o presidente deposto?

    Não é concidência que logo após a firme posição adotada pela Rússia na Síria, brecando os planos de ataque do EUA, começaram os protestos e ações de desestabilição na Ucrânia, uma retaliação dos donos do tal “Ocidente”.

    Porque da mesma forma que o ataque a Síria é um ataque direto ao Iran, esta intervenção na Ucrania é um ataque direto à Rússia…

  6. Gunter, Gunter, quanta

    Gunter, Gunter, quanta ginástica para considerar legítimo o novo “regime” de Kiev.

    Primeiro, você disse que era hoax e propaganda russa dizer que os nazi-fascistas engrossavam largamente as fileiras dos manifestantes. Agora, que os fatos lhe desmentiram completamente, já que a extrema-direita é protagonista do novo governo, você diz que isto em si não é o problema, desde que os nazistas não ajam como nazistas.

    Engraçado é que, no caso Bolsonaro para a Presidência do CDHM, seu raciocínio foi inverso: a chegada do deputado em si era uma tragédia. Você não veio com este discurso do “olha, Bolsonaro é racista, machista e homofóbico, mas se ele for eleito Presidente, este fato em si não é grave, temos que agir com isenção e, caso ele seja eleito, veremos como ele vai agir”.

    Neste caso, você faz ginástica retórica. A ascensão formal do nazi-fascismo em um país europeu já é uma tragédia em si. O Svoboda, Right Sector e toda esta escória possuem um discurso ultranacionalista, anti-semita, homofóbico, e de franca admiração ao nacional socialismo. Se Feliciano, e (quase) Bolsonaro eram a tragédia em si a ser evitada, você está se contradizendo quando afirma que é preciso uma violência nazi-fascista para que possamos fazer um juízo de valor negativo.

    As potências ocidentais já seguraram no fio desencapado do nazi-fascismo para combater os russos, e parece que novamente eles estão cometendo este erro. Lógico que Ucrânia não tem a força da Alemanha nazista, e os tempos são outros, mas é muito síndrome Pollyana não dar a importância para a extrema-direita no poder, com a esperança de que nazistas não ajam como nazistas.

    Putin, por mais populista e autocrata que seja, acaba se tornando o “mocinho da história” perto dos nazi-fascistas ucranianos. Sua lei anti-Lgbt, que pune-os com multa administrativa, é muito menos violenta que a ideologia nacional socialista, que pregava o extermínio dos homossexuais.

     

    1. Diria que virou além do mundo da imaginação

      ArthurTaguti

      não diria nem ginastica, ele já está quase para escritor de fixção, tipo aquela coisa além do mundo da imaginação, ou então aquela: “em um planeta muito distante, que lembra a terra a 200 anos atrás”…

    2. Arthur, Arthur, quanta ginástica

      para tentar dar nova roupagem a argumentos já rebatidos em 3 ou 4 discussões.

      Olha, eu não gosto que se façam inferências sobre ‘porquês’ de eu escrever.

      Só há um porquê no que eu escrevo: ajudar pessoas a se informarem, terem conhecimento, perceberem onde há falsas propagandas. Eu acho que quanto mais gente for realista, melhor para o Mundo, só isso.

      Se essa minha intenção não é percebida ou respeitada, fica difícil se estabelecer um diálogo, não?

      Eu nunca tento usar ‘ginástica retórica’ para nada, seria desonestidade intelectual.

      Então, por favor, que se deixe de usar inferências ou adivinhações sobre intenções e estilos. Ou se confia na boa vontade das pessoas ou não há como se debater, certo?

      Eu nunca disse que era hoax que o Svoboda participou dos protestos e participa do governo. Eu disse que era propaganda inflada o uso de uma fala de rabino russófilo. E que se tornou um hoax uma gravação real de uma fala de um discurso de ministro estoniano. Tornou-se hoax porque quem faz a propaganda não divulga também o desmentido do próprio ministro sobre se acreditava ou não no, aí sim hoax, de assassinatos manipulados pela então oposição (novamente, vale a pena ler o artigo da CC.)

      Não houve nenhum fato que me desmentiu. Para que você insiste em tentar achar erros no que eu escrevo? Acha elegante isso? Pois bem, os cinco artigos sobre o assunto estão listados no final deste post, você poderá relê-los e aos comentários e se ‘divertir’ em tentar achar erros ou contradições. Que coisa!

      O argumento “Kiev virou neonazista” é o único que as pessoas sabem tentar usar pra justificar a fantasia pró-Rússia? Já não colou, já está rebatido até no corpo deste post novo, vira insistência teimosa.

      É exatamente o que eu falo: há uma espécie de torcida para que os ministros do Svoboda se comportem como neonazistas pra justificar a propaganda russa. Essa pataquada já vazou pra internet brasileira e suas querelas políticas. Veja só o que fazem com a pré-candidata Luciana Genro:

       

      Pois bem, além de não haver fato nenhum que desminta o que eu disse, continuo achando o que já achava desde o início: não há risco de os ministros do Svoboda agirem como nazistas. E comunidades judaica e LGBT na Ucrânia temem mais a Rússia que o Parlamento da Ucrânia. Já esqueceu da participação de LGBTs contra Yanukovich e pró-Europa?

      http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/01/ativistas-gays-fazem-ato-na-ucrania-para-apoiar-entrada-do-pais-na-ue.html

      http://maidantranslations.com/2013/12/14/pm-azarov-intimidates-pro-president-antimaidan-by-gays/

      Por que não ler a matéria da rádio alemã sobre o assunto judaico?

      http://www.deutschlandfunk.de/ukraine-keine-angst-vor-neuem-faschismus.1773.de.html?dram%3Aarticle_id=279163

      http://www.jta.org/2014/03/03/news-opinion/world/ukraine-chief-rabbi-accuses-russians-of-staging-anti-semitic-provocations

      O lado pró-russo infla propaganda e nisso ‘demoniza’ o novo governo ucraniano (e não estou ‘validando’ ou enaltecendo o mesmo, apenas removendo o efeito de propaganda.) E isso não é só uma visão pró-ocidente:

      http://laurocampos.org.br/2014/03/sobre-o-levante-revolucionario-e-os-perigos-que-assombram-a-ucrania/?fb_action_ids=10202762332851488&fb_action_types=og.likes&fb_source=aggregation&fb_aggregation_id=288381481237582

      Se há situações em que eventualmente a mídia ocidental minta, eu não tenho culpa se eventualmente fala a verdade ou se, o que é cada vez mais comum, a mídia anti-norte-americana minta.

      Eu não vim com esse discurso do “se Bolsonaro for presidente da CDHM” ele será pouco perigoso, justamente porque ele é! Tanto é que o PT viu o impacto potencial disso e colocou às pressas um deputado ‘algodão entre cristais’, o Couto, que levará a CDHM à letargia este ano.

      Então, ambos concordamos que Bolsonaro na CDHM seria um equívoco, certo? Por que mesmo o trabalho de criticar Bolsonaro (ou várias alianças do governo) não é feito pelos comentaristas pro-Putin? Já percebeu a coincidência? Seria engraçado se não fosse trágico….

      Voltando à Ucrânia.

      Eu não estou enaltecendo a participação do Svoboda no governo ucraniano, em nenhum momento há isso. Estou dizendo que ele é visto como perigo menor em relação a uma aliança com a Rússia. Ou que não é visto por ucranianos, Ocidente, minorias, etc como perigoso.

      Estou também dizendo que analistas pro-Rússia usam a presença do Svoboda no governo como instrumento de propaganda. E que esta é inflada (como apresentado por várias matérias inclusive do Guardian.)

      Você não está questionando apenas a mim nesse assunto, mas a um conjunto muito grande de agentes e repórteres e analistas, inclusive os prórpios interessados (como visto pelos links acima.)

      Para você provar sua hipótese de que o Svoboda é um perigo nazista, e comprovar que isso não está sendo mais inflado do que é por propaganda política, precisará apresentar algo além de ficar constantemente repetindo que todo mundo está errado.

      Aparentemente quem faz ginástica retórica é o lado pró-putinismo. É a tática do ‘pega ladrão’, dizer que outros fazem algo para desviar de si o foco de atenção. E aí você tocou num ponto interessante: quem no Brasil faz o mesmo que Putin?

      Eu não estou me contradizendo em nada: acho a Rússia e Putin mais perigosos que Ucrânia e Svoboda. Até aí, ok, bate com minhas avaliações sobre o PSC e PP fazendo aprte do governo brasileiro.

      Só que não estou, também, levando em conta preferências pessoais como formação de uma ‘torcida’. Quando eu falo que o uso político de fundamentalismo é uma má ideia, no Brasil ou na Rússia, mantenho isso.

      Tanto prejudicou a imagem do governo brasileiro que o PT abriu mão da Comissão de Agricultura para ficar com a CDHM. Tanto desgastou a imagem da Rússia no ocidente que agora a mídia alternativa anti-americana fica super constrangida de apoiar Putin, quando o faz paga o mico de apoiar uma ideologia fascista, que é muito pior que apoiar uma imperialista (ou neoliberal com apoiadores neofascistas, como em vários países da Europa.)

      Isso do Ocidente ter escolhido um lado errado continua fazendo parte da ‘propaganda’. E quem já foi associado à Alemanha nazista e seu imperialismo militarista do séc. XIX foi a Rússia, não a Ucrânia. (Mas eu acho essa inferência um exagero também.)

      O Ocidente só está ampliando seu espaço econômico e de influência na Europa Ocidental. E com isso atrapalha os planos de Putin de se colocar como ‘grande estadista’.

      Se você acha que no longo prazo a Rússia pode exercer um papel de influência positiva para o mundo, se acha que a Rússia viverá no futuro aumento de influência geopolítica (para o bem ou para o mal, não importa), se acha que o novo governo da Ucrânia (este ou o que surgir em 25-maio) é um perigo, deve argumentar nessa direção, com fatos, não com propaganda.

      Caso contrário, você somente estará concordando… comigo!

      Quanto a “Síndrome de Pollyanna”, olha, foi até meu livro parecido na infância, mas dispenso a comparação para hoje em dia.

      Polianismo, se houver algum, é dos que esperam alguma coisa positiva vinda de Putin ou Rússia. Que nem no episódio Snowden, lembra? Desde aquela época (final de 2010 acho) nunca elogiei isso nem participei dos posts a respeito a não ser para rebater a tentativa tola (e manipulativa) de envolver LGBTs que um cineasta norte-americano fez (não lembro agora o nome do mesmo.)

      Agora, se vemos que a ameaça está na propaganda de um modelo que não é democrático, baseado em personalismo, em repressão a mídias, a chantagens econômicas e ameaças militares a vizinhos, bom, talvez alguém esteja se contradizendo em não alertar quanto aos riscos, né?

      E esse alguém não sou eu, certo?

      “Sua lei anti-Lgbt, que pune-os com multa administrativa, é muito menos violenta que a ideologia nacional socialista, que pregava o extermínio dos homossexuais.”

      PUTZ! MELHOR DEFESA PRÓ-PUTIN EVER! SHOW!

      Nada como a relativização e banalização do mal para tentar argumentar numa discussão, não é mesmo? 

      Sério que se tenta apoiar Putin dizendo que é menos pior que Hitler? Que meigo…

      Mas finalmente você acertou o alvo: Putin deve ser comparado com a Alemanha, não com os EUA. Obrigado por confirmar o que eu já imaginava.

       

  7. Não é economia, mas geopolítica

    Caríssimo Gunther, gosto muito de suas contribuições – equilibradas, minuciosas, analíticas…

    Deixe-me, no entanto, observar a crise na Ucrânia e sua “guinada” para oeste sob outra ótica:

    1. A Ucrânia é vital para a OTAN e seu escudo de mísseis – assim como na Crise de Cuba, a proximidade das bases de lançamento de seus alvos diminui em muito o tempo e a capacidade de resposta-retaliação; os EUA quase declararam guerra em 1962 à URSS porque seus mísseis de Cuba alcançariam todo o território dos EUA (exceção a Seattle) em cerca de APENAS 5 MINUTOS! Na Ucrânia, os ICBMs dos EUA poriam a Rússia (e seus planos de alçar-se novamente como potência estratégica) de joelhos, num xeque-mate quase que imediato.

    2. A desestabilização da Ucrânia poderia custar a base naval de Sebastopol à Russia – e esta é fundamental para dar o suporte à única base russa fora de seu território, que fica…na Síria. Este seria o grande prêmio a alcançar – o abandono do apoio russo a seu aliado do Oriente Mèdio, a vitória dos rebeldes sobre Assad e o cerceamento definitivo do Irã.

    3. Putin estava ficando em destaque (até nos EUA) pela sua política mais assertiva (e produtiva) junto aos árabes, bem como à opinião pública mundial pela proteção ao whistleblower Snowden  – então o melhor é criar um pouco de dor de cabeça no quintal de sua própria casa (para que ele pare de se intrometer no jardim dos outros).

    Não há, como você bem mostra, uma vantagem evidente em ganhar ou perder a Ucrânia – para o Ocidente seria mais uma sociedade em crise, dependente de ajuda externa e, para a Rússia, idem; mas o xadrez é o da estratégica geopolítica, onde quem posta os seus peões nos lugares certos antes de seu adversário pode ditar o movimento futuro do jogo, garantindo para si a vitória final. Abs

    1. Escudo é totalmente ineficiente, só serve pra USA ganhar $$$$

      Prezado amigo,
      Esse escudo a muito já foi ultrapassado por mísseis Iskander e um novo sistema russo em Kaliningrado.
      Foi criado um sistema de destruição dos meios de informação e controle do escudo antimíssil. Basta lembrar a esse respeito que a Rússia retomou, em 2010, os testes do sistema de laser A-60 do programa Sokol-Echelon, destinado ao combate de satélites norte-americanos da defesa antimíssil, e procedeu à substituição dos sistemas de mísseis Tochka-U pelos novos Iskander-M.
      Ou sejá, a Russia destruiria facilmente o escudo e os meios de comunicação, depois lançaria os misseis, uma tremenda de uma loucura, mas teoriacamente é o que fazem.

      Militarmente uma coisa é fato, pouco importa a OTAN ou qualquer coisa que façam, militarmente a Russia alcança quem quiser e se defende também.

      Outra curiosidade em matéria militar, os USA estão costruindo o submarino invisivel mais caro, está terminando, a Russia já terminou o dela primeiro, este chegou a costa dos USA, submergion no Mexico e so então foi visto pelos USA, ou sejá, com ou sem escuto, eles chegam onde querem.

      Ja no inverso a Russia é cercada de gelo nos mares na maior parte do ano, a única parte para acesso em aguas guentes é a crimeia no lado do mar negro, por isso que a Russia sempre expulsou qualquer tentativa de conquista, o terreno deles favoresse, não que no caso de uma guerra insana isso vão ajudar muito, mas so para elucidar que esse escudo antimisseis é coisa de americano pra alimentar industria de armas e botar nos países dos outros.

    2. Concordo, Waldyr.

      1) A Ucrânia é, senão vital, interessante para a OTAN. Em 2009 a OTAN abriu mão disso. Valeu a pena para a Rússia, forçar as coisas, etc e ‘empurrar’ novamente a Ucrânia para a ‘proteção’ da OTAN?

      2) desde o início estava claro que a OTAN deixaria a base da Crimeia como está/estava/sempre esteve. É ruim para efeitos de opinião pública (parece que o Ocidente abandonou um aliado…), mas ficou como um ‘gambito’. Leiamos análises mais antigas, muitas consideram como certa a anexação (ou independência da Crimeia), o novo governo só reagiu com retórica (obrigatória para efeitos de opinião pública também) mas só mandou tropas para as outras regiões.

      3) os efeitos Snowden já estavam desinflados há tempos. Até pelo próprio (que relatou as dificuldades de liberdade de atuação na Rússia.) No Oriente Médio a influência da OTAN ou EUA não recuou um milímetro. Para o bem ou para o mal, os novos governos de Irã e Egito são menos anti norte-americanos que os anteriores. Na Síria os EUA erraram, mas não insistiram e não está pior (para os EUA ou Israel) que há 4 anos atrás.

      Assim, nem foram os ocidentais que criaram dor-de-cabeça. A UE estava tentando atrair a Ucrânia para sua esfera de influência. É a tentativa de Putin de evitar isso, forçando o governo Yanukovich a recuar, que atrapalhou temporariamente.

      O Ocidente terá sim que desembolsar seus 20 ou 30 bilhões de euros a fundo perdido para sair bem dessa em termos de opinião pública. Mas isso se lhes pesa muito menos que para a Rússia.

      É um xadrez mesmo. Encaminhava-se um xeque, houve uma defesa, foi feito um gambito, aguardemos os próximos lances.

       

       

  8. Gunter,
    De fato, a OTAN nas

    Gunter,

    De fato, a OTAN nas últimas décadas vêm avançando sobre o antigo “quintal” da ex-URSS. Todavia, este fenômeno da Rússia de volta ao tabuleiro é recente, o país só “abriu as asinhas” nos últimos anos, sob as rédeas de Putin. Até então, eles estavam por demais combalidos para esboçar alguma reação.

    O Sérgio Baker expôs bem este fato. Os EEUU vêm há algum tempo avançando para encurralar a Rússia, e quando uma jogada a mais no tabuleiro foi posta em prática, a Rússia colocou seu exército em campo e resolveu a parada rapidinho na Geórgia. Com a Síria, a mesma coisa: só deslocar seus navios para perto do conflito, e Obama desistiu de pronto de uma intervenção militar, não sem antes tergiversar e vir com a desculpa perfeita (o Senado não aprovou).

    Na Ucrânia, o que pega não é tão somente instalar uma base da OTAN no país, para ficar mais perto de Moscou.

    Você minimiza a Crimeia analisando tudo sob a ótica econômica/populacional por pura ideologia, já que o que conta mais é o fator geopolítico: uma Crimeia sob o controle russo significa deter o avanço dos EUA/OTAN sobre a Eurásia e o controle de gasodutos/oleodutos/recursos naturais da região.

    Outra coisa. No campo geopolítico, o Professor Moniz Bandeira classifica o líder russo como o “grande estadista da atualidade”. Os EEUU avançam sobre a região porque a Rússia tem planos de criar a sua União Eurasiana, e Putin tem negociado a instalação de novas bases militares no quintal dos estadunidenses, como na Venezuela, Cuba e na Nicaragua, bem como em outros locais, como Vietnã, Cingapura e Seychelles.

    O curioso é que, em texto anterior, você prestou uma ode a irrelevância bélica russa, dizendo que o que importa, no tabuladeiro de xadrez geopolítico, é a economia. Assim, incompreensível você escrever um texto dedicado a analisar o panorama sob o ponto de vista militar, ressaltando a importância vital que EEUU/Otan dão a este setor. Talvez você realmente tenha reconhecido que o papo não é bem assim, e as ogivas nucleares russas são um argumento dissuatório muito melhor do que o apelo aos direitos humanos e o direito internacional (quando Alemanha e França tentaram, sem sucesso, barrar a guerra do Iraque).

    Os falcões estadunidenses sabem muito bem que a União Eurasiana não pode de jeito maneira ser criada, muito menos as bases militares russas na América Latina e Ásia.

    1. Eu acho que os pontos são esses mesmo.

      O ‘quintal’ (conjunto das outras 14 ex-repúblicas soviéticas) é cada vez menor. Veja neste artigo de 2 anos atrás, especialmente sobre GUAM ( http://www.dw.de/territ%C3%B3rio-p%C3%B3s-uni%C3%A3o-sovi%C3%A9tica-entre-a-desintegra%C3%A7%C3%A3o-e-a-reintegra%C3%A7%C3%A3o/a-15323249 ), que mostra as dificuldades nas relações com Ucrânia e Geórgia desde quase duas décadas.

      Eu acho que a Rússia segue ‘combalida’. Não militarmente, claro, mas economicamente, o surto de crescimento dos últimos 15 anos não deixou uma estrutura que viabiliza financiamento de militarismo. As pessoas estarão dispostas a que o Estado gasre mais que 5% do PIB em defesa? A ver. Mas o PIB dos países da OTAN é umas 15 a 20 vezes maior, conforme a conta, é uma corrida impossível de acompanhar.

      Cita-se Geórgia, Síria e agora Crimeia. Em qual dos casos a posição da OTAN (ou, por extensão, de seu membro mais influente, os EUA) saiu enfraquecida (*) em relação há anos atrás? É muito triste o que ocorreu na Síria, concordo plenamente. Houve um grande erro dos EUA em deixarem os rebeldes financiados passarem armas para fundamentalistas estilo Al-Qaeda. E o processo meio que parou. Mas há 4 anos atrás a Síria era um país estável que não somente abrigava uma base russa, mas atuava ativamente na questão palestina. 

      (*) refere-se aqui a enfraquecido no sentido militar e econômico, não no sentido de condenações morais da opinião pública.

      Sim, a Ucrânia é muito próxima de Moscou. O artigo de Antonio Costa na Carta Capital desta semana aborda isso, vale a pena ler. Ele doura um pouco a pílula para Putin (porque eu não sei), mas o artigo é bem realista. O que no caso significa acompanhar o ‘mainstream’ internacional no assunto.

      Eu faço justamente o contrário de olhar as coisas sob pura ideologia, essa inferência foi absurda. Até porque a ideologia da Rússia é mais à direita que a dos EUA!! Só estou vendo pela evolução histórica e econômica mesmo. Há um rompante de nacionalismo manipulado na Rússia, uma tentativa de emular a influência soviética que não foi bem sucedida. O atual presidente da Ucrânia (que obviamente não é neutro mas fala de fatos) escreveu recentemente:

      http://www.bbc.com/news/blogs-echochambers-26550330

      Há controvérsias justamente se controlar a Crimeia ajudou ou atrapalhou. Ao se promover a secessão da Crimeia assusta-se ainda mais outras repúblicas ex-soviéticas (ou se assusta suas elites autocráticas, tanto faz.) 

      http://gazetarussa.com.br/economia/2014/02/04/possivel_entrada_do_cazaquistao_na_omc_preocupa_russos_24003.html

      Assusta-se também os países europeus que importam gás. No médio prazo pensarão se é confiável a matriz energética atual, não?

      Se Moniz Bandeira acha Putin o grande estadista da atualidade por este estimular a “União Eurasiana”, será que não corre o risco de ficar desapontado com o futuro? Aguardemos alguns anos. Mas a atual união aduaneira Rússia/Bielorússia/Cazaquistão não é nenhuma novidade, é remanescente da CEI. Novidade seria, digamos, incorporar o Irã. (O que não vai acontecer porque os países da Ásia Central preferirão a China como parceira preferencial, uma economia complementar, não concorrente.)

      Quanto a bases espalhadas pelo mundo vis-a-vis congêneres da OTAN quem pode avaliar é o Junior50.

      Continuo achando que o que importa é a economia, não a presença bélica. Não entendo onde possa haver algo ‘curioso’, este texto fala exatamente da capacidade dos países do G-7, todos da OTAN, em conseguirem atrair apoios pelo seu potencial econômico. Não foi isso que fez Polônia, Romênia e Bulgária aderirem à U.E.?

      É justamente o que pode ocorrer com a Ucrânia. Já iria para a órbita econômica mesmo, mas França e Alemanha pediram para não aceitar a inscrição na OTAN em 2009. Pois bem, a primeira parte não mudou, mas com essa aventura russa agora as potências econômicas sabem que foi cometido um erro em 2009. Que poderá ser corrigido. Onde ficou a vantagem da Rússia?

      Se você reler o texto sobre ‘Urso de Papel’ verá que eu já não levava ogivas nucleares em consideração. Disse que isso leva as coisas pro imponderável não racional. Se você acha que Putin pode ser irracional, tal como o coreano do Norte, é outra estória. Mas a frase de Sagan é boa:

      Assim, eu ´q que acho incompreensível essa insistência em ficar procurando pêlo em casca de ovo. 

      O sistema político russo é subdesenvolvido. O militarismo russo não serve de contraponto ao imperialismo norte-americano. Se alguém quiser maior concorrência no mundo, poderia focar mesmo na UE, China e Japão/Coreia, estes sim, em geral, sistemas políticos estáveis, na maioria voltados a welfare state, com multis espalhadas pelo mundo e capazes de exercer um contraponto aos EUA. Ideologicamente a Rússia é um país de extrem-direita, mal disfarça o fascismo e o petropopulismo.

      Quando eu escrevo aqui só pretendo informar as pessoas disso porque acho que fantasiam muito.

      Essa “torcida” pró-Rússia atualmente beira o ridículo do non-sense. Você não acha? Putin apenas ‘não sabe perder’, como se diz no popular. Mas claramente tenta dar passos maiores que as pernas. (É por isso que me lembra Mussolini com sua tentativa de criar uma esfera de influência no Mediterrâneo.)

      Que os falcões estadunidenses (porque não usar norte-americanos mesmo, né? rsrs) sabem que a União Eurasiana não vai decolar, sabem. A participação do Ocidente na revolta ucraniana foi inflada (vide novamente o artigo de A. Costa em CC), a Rússia tentou manobrar com um presidente títere acordos comerciais com a UE e isso foi percebido por forças políticas locais mesmo. Aguardemos então dia 25-mai pra ver se tais forças contam com apoio popular mesmo. Ainda mais agora que a UE concordou em emprestar dinheiro e que a Rússia mostrou suas intenções não diplomáticas.

      Novamente não sei dizer se bases têm toda essa importância. As bases na Seychelles ou Singapura impedirão a Ucrânia e outros países de buscarem acordos comerciais com o Ocidente? Não vejo por onde.

      Quanto à Venezuela, haverá o recall constitucional no começo de 2016. Essa é outra estória.

       

       

    2. Ótima visão ArthurTaguti

       

      Mas o Autor escreve por ideologia, não bom base em fatos e dados.

      É tipo como alguem que vai fazer a redação.

      Normalmente se le o tema, escreve em um papel tudo o que se sabe sobre o assunto, discorre o texto e bota o titulo.

       

      O autor, por questões ideologicas coloca o titulo primeiro, depois vai encaixando tudo de forma a bater com sua ideologia, quando esta não serve mais bota-se outra coisa no lugar, ai essas coisas saem fora de ordem, fora de contexto e fora da realidade das coisas.

       

      Embora escreve bem, analisa as coisas de acordo com sua ideologia e isso faz o texto ser fraco e inconclusivo.

  9. Um texto mais informativo do que critico ou analítico.

    Um texto mais informativo do que critico ou analítico.

    A ação da Rússia na Crimeia não foi uma política externa dela e sim uma reação a do ocidente.

    A análise do mapa dos países integrantes da OTAN, embora esteja correta, não significa que estão “cercando a Rússia. Esse país venceu Napoleão, Hitler e por posicionamento geográfico e poderio militar vence qualquer um que tentar atingir seu território.

    Toda vez que tentam abrir alguma “brecha” nas defesas russas (seja na parte militar ou econômica), como foi o caso da Geórgia, eles simplesmente invadem e derrubam sem aval ou autorização de ninguém, até que estão sendo inteligentes no caso da Crimeia, vão ganhar o óleo, gás e de quebra ficar com uma zona estratégica e militar fundamental, não só para defesa como para ataque.

    O Resto é ladainha, no mundo globalizado onde todos vendem para todos, qualquer ação restritiva contra um país grande como a Rússia será ineficaz e terá mão dupla.

    Logo, no mundo globalizado e com o poderio militar da Rússia, tanto faz todas as cidades de fronteiras que aderirem a OTAN, a Rússia passa por cima de qualquer um na hora que for necessário.

    O que o Ocidente quer é mais um motivo para achar um novo “mal” já que o terrorismo acabou, para continuar alimentando sua indústria de armas e a máquina de guerra (que movimenta bilhões e banca eleições nos USA.), não tem mais terrorismo, querem inventar um comunista comedor de criancinha.

    Só que dessa vez não vai colar, a Iugoslávia mesmo já deu uma bofetada em um Senador Americano que deu entrevista falando que vai pedir para reaver o plano de construir um escudo antimísseis na Iugoslávia, o “presidente” disse que eles não estão em perigo, que todos os eslavos são irmãos e que mesmo que fosse necessário o escudo é ineficaz contra a Rússia.

    Tudo que o ocidente quer é um motivo para vender armas, mas pelo primeiro ensaio que fizeram já tomaram na cara.

    A Rússia não liga para esse negócio de OTAN porque para eles isso é insignificante a nível militar. O ocidente tem mania de forçar a entrada das pessoas na OTAN para poder abrir mercado, isso sim um crime, mas esteja a Rússia cercada de gente “afiliada” a OTAN ou não, fato é que isso é militarmente insignificante, e economicamente também, a China não faz parte de nenhuma dessa patota e caminha para ser a maior economia do planeta.

    Todo esse papo de OTAN, certo, errado é papo de guerra fria que não cabe nos dias atuais.

  10. xiii mais ideologia furada do Gunter Zibell

    Pelo visto ele desconhece o poderio militar Russo, as armas, submarinos, misseseis, bateria anti-misseis, que a Russia vende e faz manutenção mundo a fora.

    Um simples e bobo raciocionio elimina tudo, se a OTAN ou qualquer coisa tenta uma manobra, uma ação a Russia pouco liga (não por incapacidade economica ou militar, mas pelo fato de que não atinge ela mesmo), a Russia da um passo e todos correm de mendo e protestam pra lá e pra  cá porque a parte militar é insifnificante ?

    tenho que rir de umas coisas que leio aqui, ainda mais quando as pessoas escrevem segundo sua ideologia e com base em matérias de jornalistas do tipo nosso PIG.

    Enquanto USA está terminando de construir seu submarino super caro a Russia terminou o dela, navegou na costa americana e submergiu no Mexico (onde so então foi avistado).

    Dos 6 países que deminam a capacidade de submarinos nucleares a Russia está no meio e fortemente ligada com China e Asia, os outros são USA, França e Reino Unido.

    Verdade é que a Russia tem armas para neutralizar e atacar qualque tecnologia atual e as que estão desenvolvendo ela tem atuando desenvolvendo as dela tbm.

     

     

     

     

    1. Por falar em ideologias furadas, Rodrigo Sousa

      Volte aos posts sobre Chico Xavier:

      https://jornalggn.com.br/noticia/chico-xavier-e-o-regime-militar

      e comece a prestar mais atenção em quem defende o quê e porquê.

      Não só sobre Chico Xavier ou Rússia, sobre muitas outras coisas também.

      Se você é espiritualista, deve estar interessado em promover a evolução humana e a verdade, não?

      Busque um pouco mais que pode achar.

       

      1. Minha ideologia no post do

        Minha ideologia no post do Chico é neutra, quem buscar na fonte verá, a expus para combater ideologias críticas que deturbavam a original.

        Dos teus artigos que li, tenho a impressão de que toma como ponto de partida, em seu julgamento, as opiniões e não os fatos, o que deixa algumas coisas fora de contexto.

        Sobre a evolução, acredito que ela seja individual, que na medida que evoluímos contribuímos para a evolução dos mais próximos, sobre a verdade, quem não a busca?

  11. O artigo do Gunter foca no

    O artigo do Gunter foca no irrelevante enquanto ignora o principal: a geopolítica dos gasodutos.

    Nos próximos anos, o gás natural substituirá o petróleo como a principal fonte de energia, e poucos países se encontram tão bem posicionados quanto a esse recurso estratégico quanto a Rússia: não apenas detém uma das maiores reservas de gás natural de todo o mundo, como possui fronteiras e uma extensa rede de gasodutos direcionados a dois dos maiores mercados globais: China e UE.

    Os eventos recentes demonstram que a questão se refere ao Mediterrâneo, mais especificamente nos portos navais russos em Tartus, na Síria, e na Criméia, ambos de vital importância para a presença russa no mediterrâneo e, subsequentemente, sua rota de gasodutos e potenciais concorrentes(o Qatar possui a maior reserva de gás natural do mundo, e possui um projeto de canalizá-lo até o mediterrâneo, via, pois é, Síria. O Irã idem, coma  diferença de que os iranianos são amigos do regime instalado em Damasco). É por isso que os países do golfo almejam derrubar Assad e colocar em seu lugar um regime sunita.

    A região da Ucrânia sob influência russa detêm a rede de gasodutos construida pela Rússia, é a região industrializada e mais próspera. A Ucrânia, ao contrário da Rússia(e de muitos países latino-americanos), não conseguiu se reestabelecer do saque neoliberal dos anos 90, promovido pelos mesmos oligarcas que hoje retornam ao poder pela via golpísta. O equivalente seria um golpe que derrubasse a Dilma e colocasse o PSDB de volta ao poder, foi mais ou menos o que ocorreu na Ucrânia, com a diferença de que a parte mais importante do país tende a separar-se, a começar pela Criméia.

    O golpe na Ucrânia demonstrou também a separação entre europeus e americanos, vide as posições da chanceler Merkel e a declaração da diplomata americana(“fuck the EU”). A Alemanha é o principal comprador do gás russo, recebido por meio do Nord Stream, e fica difícil imaginar qual seria o ganho alemão em comprometer uma de suas principais fontes de energia com uma aventura na Ucrânia, ainda mais em tempos de repúdio à energia nuclear, devido aos eventos de Fukushima. Além disso, a UE não tem nada a oferecer à endividada e falida Ucrânia, e nem pretende assumir esse ônus, sendo que nem conseguiu oferecer ajuda financeira a parceiros da União Europeia, como Portugal e Grécia. A Ucrânia ocidental tampouco tem algo a ganhar separando-se do oriente mais desenvolvido e antagonizando a Rússia, sua principal fonte de investimentos e mercados para suas exportações. 

    A grande disputa é entre americanos e seu gás de xisto e os russos. A Shell e outras multinacionais estavam negociando um acordo para a exploração do gás de xisto.

    Na minha opinião, o principal objetivo dos americanos, cientes de que a reemergência da Rússia é inevitável, é complicar as coisas em regiões fornecedoras de energia, como o Oriente Médio e a Rússia, para assim garantir preços elevados de recursos energéticos que continuem viabilizando os custos de extração de seu gás de xisto, principal base para sua incipiente recuperação econômica.

    1. Não deixo de falar nisso não.

      Em outra feita já comentei como as importações de gás estão decrescentes.

      E agora falo que o importante mesmo é ver como ficará a matriz energética da Alemanha, maior consumidor individual (não proporcional.) Se a Rússia insistir em chantagem empurra a Europa pra diversificação de matriz energética, aí a Rússia se verá competindo com o Irã para atender a China.

      E que petromonarquias podem estar dispostas a assumir reduções de preços de hidrocarbonetos para reduzir a crescente influência regional do Irã, e que a China como importadora líquida tende a ficar do lado de UE e EUA nessas questões, também já foi falado. E que o xisto e independência energética dos EUA pressiona a Rússia, também.

      Que UE não é incondicionalmente aliada dos EUA por motivos econômicos, se sabe, mas são concorrentes que convivem há décadas, e no caso da Ucrânia seus interesses podem convergir.

      Só que o interesse em manter mercados conturbados é da Rússia, pois os EUA, apesar de terem reduzido sua dependência de importações, tem mais interesse em preços baixos de hidrocarbonetos de modo geral. O lobby interno da indústria é mais forte que o pró-xisto. 

      E, apesar das citadas petromonarquias, os maiores interessados em preços altos são Rússia, Irã, por extensão dos dois Síria, Venezuela.

      Não é preciso ligar muitos pontos para ver que proteger indústria local de gás de xisto não vai ser a prioridade.

      E não sou eu quem acha relevante o militarismo russo não… Estou justamente tentando trazer à tona como isso é não é justamente relevante no longo prazo.

      A não ser que Putin radicalize, mas aí saímos do campo das análises racionais.

       

       

       

      1. Os EUA são os maiores

        Os EUA são os maiores interessados em manter os preços elevados, única maneira de manter economicamente viável a custosa extração do gás de xisto, pilar de sua incipiente recuperação econômica.

        Além disso, a sabotagem do crescimento de economias emergentes ou em recuperação por meio do aumento dos custos de energia é estratégia recorrente dos EUA. Foi o que eles fizeram nos anos 70, todos pensam que foram os membros da OPEP que inflaram os preços de petróleo, mas esquecem que grande parte desse petróleo era produzido por multinacionais norte-americanas, com muito mais poder de lobby junto ao governo americano do que o consumidor final, para quem foi vendida a história do uso político do petróleo por parte dos árabes.

        A Rússia possui reservas gigantescas de petróleo, uma vasta rede de gasodutos, acabou de se acertar com o Azerbajão, país muito mais importante que a Ucrânia ocidental, e possui, assim, custos de extração menores. A posição estratégica da Rússia é muito forte, os sobressaltos promovidos pelos norte-americanos servem apenas para conturbar e atrasar timidamente o inevitável, delineado desde a aproximação entre Rússia e China nos anos 90, e suas institucionalização via a organização para a Cooperação de Xangai, tornando realidade o pesadelo geopolítico do Território Cordial previsto por Mackinder.

        1. Temos diagnósticos diferentes

          quanto ao principal interesse dos EUA nisso.

          E também quanto às vantagens estratégicas da Rússia.

          E também sobre interesses da China.

          Logo não temos mesmo como coincidir.

          Aguardemos, pois.

  12. A melhor (ironic mode on) “defesa” de Putin ever:

    “Sua (de Putin) lei anti-Lgbt, que pune-os com multa administrativa, é muito menos violenta que a ideologia nacional socialista, que pregava o extermínio dos homossexuais”

    SHOW DE BOLA!

    Nada é tão bacana como banalizar ou relativizar o mal.

    Vamos contar isso pro novo governo ucraniano, já que para o governo da Boêmia dos anos 1930, que experimentou a invasão dos Sudetos com a desculpa da proteção a minorias alemãs, não dá mais tempo.

    Eu sei que a intenção da frase, solta em um debate sobre a situação política da Ucrânia, era demonizar o novo governo da Ucrânia, como que para alertar quanto a um possível ressurgimento de ‘ovo da serpente’ nesse país.

    Ocorre que isso é confrontar os fatos: a) LGBTs participaram de protestos em Maidan e, até informação em contrário, apoiam o novo governo; b) um ministro do governo anterior, Azarov, era declaradamente homofóbico e usou isso como tentativa de justificar o afastamento da U.E.; c) o governo da Rússia já tem legislação homofóbica muito conhecida.

    Se há novo ‘ovo da serpente’ surgindo ou não, é algo que deve ser analisado.

    Mas que se use informação para isso, não a estratégia ‘pega ladrão’, de atribuir aos outros aquilo do que se quer desviar a atenção em um lado.

    14-dez-13:

    http://maidantranslations.com/2013/12/14/pm-azarov-intimidates-pro-president-antimaidan-by-gays/

    11-jan:

    http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/01/ativistas-gays-fazem-ato-na-ucrania-para-apoiar-entrada-do-pais-na-ue.html

    05-mar:

    http://www.deutschlandfunk.de/ukraine-keine-angst-vor-neuem-faschismus.1773.de.html?dram%3Aarticle_id=279163

    (use-se o google translator para o inglês que passa o sentido.)

    A gente vai morrer e não terá visto tudo na vida…

    (Uma lista de vários artigos anti-propaganda aqui: http://www.jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/quando-as-pessoas-acreditam-na-sua-propria-propaganda )

     

     

    1. Ué, e não é verdade?
      Por mais

      Ué, e não é verdade?

      Por mais que a lei de Putin seja nefasta, não chega nem perto do horror nazista, em que se pregava a completa eliminação de homossexuais. Me diga em que medida está equivocada minha afirmação?

      Disse isto para reafirmar o quanto você está sendo contraditório: milita o tempo todo contra a lei do Putin, mas vibra com um governo em que o seu primeiro escalão está repleto de extremistas que aplaudem Hitler e Mussolini.

      Dizer que Lgbt’s apoiam o novo “regime”, só porque participaram dos protestos, é um argumento frágil, na minha opinião. Uma coisa é você não querer Yanukovych e a influência russa; outra completamente diferente é chancelar a chegada de fascistas ao poder.

       

      1. É claro que sua afirmação não está equivocada.

        É apenas um fato, como dizer que ditabranda é menos pior que ditadura. Argumentação “da hora”, né? É uma variante o que você usou.

        Não só não é equivocada como é brilhante mesmo, talvez das mais verdadeiras até: mostra o reconhecimento de que o regime russo pode ser comparado ao nazista. Gostei de ver você ter percebido o caráter neofascista das legislações russas. Não, péra! Proibir pessoas de reclamarem direitos é neofascismo? Acho que é pior, não?

        Mas eu é que estou reafirmando que você é contraditório.

        Amplifica propagandisticamente a participação de um partido de extrema-direita na Ucrânia, tentando induzir as pessoas a terem medo dele. É como a construção de um espantalho (pesquise por ‘falácia do espantalho’.)

        Para você parece não adiantar depoimentos, matérias jornalísticas, evidências, nada, pois é tão emocional essa tentativa de defender Putin que já se tornou refratário a qualquer contestação da fantasia.

        Só repete sempre e sempre o mesmo, que é basicamente o seguinte mito propagandístico: “temos que salvar a Ucrânia do nazismo e só a Rússia poderá fazê-lo”. É o que soa, a essa altura.

        Se você não quer enxergar o que a Rússia é, paciência. Se não quer perceber que, também por propaganda, os EUA e UE e OTAN farão o possível para desmentir a torcida pro-Putin, paciência também.

        Mas ignora sempre que o perigo já está em curso e em desenvolvimento nos ‘lados’ que parece defender, quer sejam o governo da Rússia como um todo, quer seja a participação de partidos de extrema-direita no governo brasileiro, que você, se coerente fosse, deveria criticar noite e dia, mas, por conforto, finge que não vê:

        https://jornalggn.com.br/noticia/partido-progressista-quer-atrair-eleitor-contra-aborto-reducao-da-maioridade-penal-e-casamento-homossexual

        http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/pais-vive-sob-ataque-de-gays-maconheiros-e-abortistas-diz-lider-do-pmdb/

        http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/senador-magno-malta-diz-que-lei-pode-criar-quotimperio-homossexualquot,1918cc00a90ea310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html

        https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/um-livro-imperdivel

        Mas está tão bom fechar os olhos à Rússia, né? Faz o mesmo com o Brasil.

        E eu não estou ‘vibrando’ coisa nenhuma com a presença do Svoboda na Ucrânia. Eu sempre gosto mais quando o lado vencedor é claramente social-liberal ou social-democrata. Você é que novamente está querendo imputar falas e pensamentos nos outros, já o fez comigo em várias discussões.

        Só estou evitando que propaganda ‘pega ladrão’ me engane e desvie a atenção do potencial fascista maior e em curso representado pela Rússia.

        Estou tentando também abrir os olhos das pessoas pra isso também, mas pior cego é quem não quer ver.

        Se você não tem mais argumentos agora para sustentar o que já virou uma propaganda obsessiva, faça o favor de apresentar os fatos que comprovam que o Svoboda no governo ucraniano é um problema maior do que outros partidos similares nos governos de Suécia, Holanda, Áustria e Hungria. E da Rússia inteira.

        Aproveite para comentar porque você, tão supostamente aflito com o Svoboda, não questiona esses países.

        Rebata o artigo com a entrevista do rabino-chefe e o artigo da rádio alemã.

        Ah, mas não tem como, né? Teria que abrir mão de repetir a mesma propaganda de novo…

        E, de quebra, comente porque você alegremente fecha os olhos para tudo o que acontece na Rússia ou no Brasil.

        Reflita se você não está acreditando demais em propagandas políticas. Ao usar argumentos falsos para criticar um governo, você é que o chancela.

        É como na propaganda política brasileira: quando se mente sobre um adversário, tentando demonizá-lo, as pessoas percebem e passam a apoiar o acusado. E nisso podem até deixar de ver os defeitos reais.

        x-x-x-x-x-x-x-x-x

        Até uns meses atrás você parecia um comentarista lúcido e empenhado em debater sobre a verdade e política.

        Mas nas últimas semanas pareceu me resvalar, e desculpe se estiver sendo injusto na avaliação, para o que eu entendo como um uso exagerado de sofismas e insistência em argumentos já rebatidos.

        Estamos só repetindo um mesmo padrão: eu rebato, você repete o já rebatido como se não tivesse sido rebatido.

        Eu tenho mais o que fazer, acredite se quiser.

        E eu não tenho culpa ou responsabilidade se a realidade não condiz com coisas que você aparentemente defende. Não vou deixar de argumentar a favor de que as pessoas sejam mais realistas e verdadeiras.

        Mas vou deixar de me envolver em debates estereis em áreas de comentários. O melhor poderá ser só elaborar posts quando eu tiver algo a dizer e pronto.

         

        1. vish, fica nervoso não cara!

          Já dei minha opinião sobre teus textos (dos que li) no post que tu menciona o Chico.

          Sobre essa resposta que tu deu ao amigo acima, uma conselho (que se fosse bom, eu sei, ninguém dava vendia, rs… mas se quiser aceito pagamento)

          Não leve tudo a ferro e fogo como parece que levou nesse, se você tem críticas, mesmo as que não gosta, é porque escreve bem.

          Embora eu julgue uma coisa de ti (do que tu escreveu sobre determinado tema) e com base nesse julgamento discorde de algumas coisas só o faço porque o crítico merece não!? Penso, embora não acompanhe os históricos, que com os demais seja igual.

          Não acho que deveria parar de comentar, mas talvez rebater as críticas reforçando tua visão e o tema proposto, se a gente defende ou ataca abre mais brecha para o clico nunca fechar, mas toda vez que abordar o tema ou a ideia de forma diferente, seu trabalho, estilo e conhecimento sobre a questão será melhor compreendida, principalmente por quem, como eu, não conhece a fundo teu trabalho.

           

          Não deixa de comentar não!

           

           

        2. Você escreve, escreve,

          Você escreve, escreve, escreve, escreve, mas consegue explicar, em que maneira os EEUU, em termos de “valores”, são melhores que a Rússia?

          Esta é a base da crítica que faço a todos os seus textos. Diz que está sendo analítico, só vendo os fatos, mas esta sua resposta mostra a toda evidência que não.

          Sabe muito bem que a Rússia é um país extremamente conservador e Putin, concretizado seus planos de expandir sua influência, pode exercer um “soft power” a garantir ambiente livre de ameaças dos EUA para importar a legislação anti-Lgbt russa.

          Claro que isto é grave, mas do outro lado temos anjinhos tocando bandolins? Ou um país que, nas suas intervenções externas, também comete várias violações a direitos humanos?

          Eu replico todos os seus textos sobre este assunto, por um motivo: uma Rússia grande “player” é péssimo segundo a concepção de você, Gunter Zibell, mas não necessariamente do conjunto todo de pessoas.

          Você colocou na cabeça que Putin é o inimigo público número 1 e desde então está numa cruzada insana, que afeta o seu habitual bom-senso. Fica neste maniqueísmo “os EUA precisam derrotar Putin, para o bem da humanidade”, como se geopolítica fosse igual filme do 007.

          E isto é um tanto infantil, egoísmo, diria eu, já que se de um lado sua causa setorial é melhor contemplada neste cenário que você deseja, de outro o unilateralismo importa em diversas consequências (como o poder imperial da única superpotência de intervir militarmente – e ferir o direito internacional – do modo e quando bem entender).

          Aliás, é este o ponto frágil de toda a sua argumentação: o Putin faz uma lei e é comparado a Hitler. Mas e promover guerras em outros países para instalar governantes títeres? Aí pode? Criticar a Rússia pela lei anti-Lgbt e se calar em relação a Arábia Saudita prever pena de morte para homossexuais? Aí pode? Ter uma lei anti-terrorismo draconiana que permite a prisão sem devido processo legal? Aí pode?

          De final, a última parte do seu comentário me choca. Diz que eu sou uma decepção, como se eu precisasse da sua chancela para alguma coisa. Se achou. Pois saiba que ainda o considero um dos comentaristas mais abalizados deste blog, e a discussão sobre este assunto em particular não afetará minha concepção sobre outros assuntos (em que geralmente concordo com você).

          Se você quer mesmo se colocar nesta posição, onde avalia os outros, “eu achava que você era sensato, mas não é”, como se fosse você o proprietário exclusivo da razão e em posição superior, vá em frente. Se não posso criticar, que você já leva as coisas para o lado pessoal, não temos nada mais a discutir mesmo.

    2. “LGBTs participaram de protestos em Maidan”

      Ernst Röhm era um chefão de alto coturno no Reich; a partir de sua evidência em 1933, alguém poderia concluir que aquele era um regime tolerante com os LGBTs. Que eu saiba, não existe ideologia oficial dos LGBTs; existem de todo o espectro ideológico, inclusive fascistas. Houve alguma manifestação organizada LGBTs, de modo autônomo, dentro das maidans? Você viu alguma bandeira do movimento agitada durante as manifestações? Que eu também saiba, nada que desagradasse as “auto-defesas” dominadas pelos fascistas pode, como movimento autônomo, se expressar nas praças.

      O principal dirigente do Pravy Sektor (setor direito) mostra sua ideologia no vídeo a seguir. Esse é o principal movimento que emergiu das mobilizações de rua; o partido comunista está praticamente proscrito; o partido das regiões está sendo coagido para se dissolver; as eleições transcorrerão sob a ordem comandada, por instituições de segurança controladas pelos ministérios ocupados pelos fascistas. Quer advinhar o clima em que elas acontecerão? Assista o segundo vídeo, de uma reunião de um conselho municipal suspensa, por “sugestão” de uma milícia de “auto-defesa” (eles portavam os “argumentos” nas mãos). Veja aqui mais um episódio da atuação do Pravy Sektor.

      [video:http://www.youtube.com/watch?v=y5Ku6EXlceg%5D

       

      [video:http://www.youtube.com/watch?v=9fKIq8fE1CE%5D

       

       

  13. Datoyna parabéns

    Tocou no “x” da questão, sempre escreve rebatendo teorias fora de foco e absurdas, mas colocou de uma forma muito clara todas as coisas.

     

    Acrescento apenas uma coisa que acho.

    Outro objetivo americano é continuar vendendo armas para varios países, sobre o pretexto de segurança contra a malvada Rússia.

    1. Obrigado, Rodrigo, sobre a

      Obrigado, Rodrigo, sobre a venda de armas, esse é um objetivo permanente, eles precisam gerar economias de escala para sua indústria bélica, o memso que os sul-americanos buscam fazer com a UNASUL.

      1. É verdade

        Sim, verdadeira a relação.

        Parabéns pelo texto, expos de uma forma clara e levantou questões interessantes, separei algumas para posterior pesquisa.

        Seria muito bom se temas como esse fossem divulgados e debatidos de forma ampla nos veiculos de comunicação.

         

  14. Não da pra prever o futuro

    E tentar ser uma mãe Diná da vida.

    A cada palavra me convenço mais de que escreve segundo tua ideologia.

    O Texto da Datoyna foi perfeito, o fato de uma coisa apresentar decréscimo não indica que perdeu sua perspectiva lógica futura.

    Citar Chantagem (não li isso em lugar algum a não ser aqui) e sonhar com diversificação de matriz energética (coisa cara e que não suprirá a demanda) é um argumento frágil

    xisto não vai vingar, nem nos USA e nem em nenhum outro lugar do mundo, suposições de China ficar do lado da UE e USA é outro achismo

    Para criticar e definir o pensamento contrário de torcida vale o texto fora da questão principal, para rebater um argumento usa-se comentários similares da torcida do outro lado, como o fato de chantagem, e previsões fora de foco e sem sentido, pra rebater as coisas.

    Só falta escrever que todas as interversões e interferências dos USA nos países com recursos energéticos ou importantes foi culpa da Rússia também

    Morro e não leio tudo!

  15. Um bom pragmático reconhece o pragmatismo dos outros

     

    Gunter Zibell,

    Pensei em fazer um comentário junto ao post “Não temos alternância no Planalto, por Renato Janine Ribeiro” de quarta-feira, 12/03/2014 às 09:07, aqui no blog de Luis Nassif e contendo a transcrição do artigo “Não temos alternância no Planalto” de Renato Janine Ribeiro, publicado na segunda-feira, 10/03/2014, no jornal Valor Econômico e sugerido por você. No post “Não temos alternância no Planalto, por Renato Janine Ribeiro” há uma resposta sua a comentário meu em que você diz que, nas eleições em 2014 em São Paulo, você vota para governador em Geraldo Alckmin.

    A minha idéia era acrescentar ao meu comentário algumas observações sobre o post “Não temos alternância no Planalto, por Renato Janine Ribeiro” que por falta de tempo eu não pudera fazer antes. Lendo, entretanto, este post “A expansão da OTAN na Europa” de quinta-feira, 13/03/2014 às 07:44, aqui no blog de Luis Nassif e originado de contribuição sua, eu imaginei que talvez pudesse dizer aqui o que pensara em dizer lá e depois com o texto já completo ir lá no post “Não temos alternância no Planalto, por Renato Janine Ribeiro” e transcrever o comentário já pronto. O endereço do post “Não temos alternância no Planalto, por Renato Janine Ribeiro” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/nao-temos-alternancia-no-planalto-por-renato-janine-ribeiro

    Explicado porque eu me alonguei mais neste comentário, além do que comumentemente eu faço, vou justificar a primeira parte do meu comentário. Pelos comentários que eu tenho visto você fazer há mais tempo, eu tenho avaliado que na sua análise política você optou com força pelo pragmatismo. E não é pelo simples cálculo eleitoral de votar no vencedor. É pelo cálculo de quem está mais próximo de sua causa.

    E pela sua causa você foi abrindo mão de outras causas. Uma causa sua era da esquerda. Há causas que pesam muito. Ser de esquerda é uma causa assim. Você se torna empresário e resolve abrir uma empresa. Como você vai administrar sua empresa tendo uma ideologia de esquerda? Será que você conseguirá vender mais produtos se divulga que você tem ideologia de esquerda, paga bem aos trabalhadores da empresa e oferece ótimas condições de trabalho ou se você oferece um produto de melhor qualidade e a menor preço?

    Luis Nassif como um comentarista e conferencista de renome gosta bem de evitar esta causa para mais bem atingir um grupo maior de ouvintes e leitores interessados. Não vejo problema em ser pragmático, mas penso que vale o pragmático reconhecer o pragmatismo dele e reconhecer os efeitos do pragmatismo que pratica.

    Ao se deixar de ser esquerda, evita-se o fardo da esquerda, mas também não deixa de assumir outros ônus. Ser de esquerda é difícil, mas nela há uma ideologia. Ser pragmático só se torna mais fácil quando não se opta pela coerência. Ser coerente sem ideologia em um mundo onde tudo é ideologia é talvez ainda mais difícil. A não ser que se resolva passar pela vida correndo aproveitando o que se tem de disponível.

    Sem temor da incoerência o pragmático vive bem. Ser coerente sendo de esquerda tem ônus, mas você tem pelo menos a ideologia a o guiar. No entanto, ser de esquerda como indivíduo torna complicado quando se trata de explicar a conduta do seu partido. Na política, uma das principais qualidades é o pragmatismo. Um partido de esquerda tem a ideologia do partido como um norte, mas ele tem de sopesar a ideologia do partido de acordo com a realidade em que o partido atua e há que considerar a realidade do processo democrático em que a composição do interesse conflitantes é fruto de forças majoritárias e, portanto, tem viés ideológico, mas também é fruto de composição de interesses não só divergentes como distintos ou diferentes que não poderiam se misturar ou se compor em um processo de soma e adição e, portanto, a composição só se realiza com pragmatismo.

    E além da realidade do processo democrático há que se considerar também a realidade do sistema capitalista. Imagine o que foi para a esquerda lidar com François Mitterrand, como representante do Partido Socialista, na assunção da presidência da França. A França, grande vendedora de armamentos modernos e que investe no desenvolvimento de tecnologia militar nuclear.

    São dificuldades de todos matizes que levam a se inferir o ônus que representa assumir ser de esquerda e aceitar as práticas que o partido seu faz. Imagina o que significaria para quem é de esquerda ver um partido como o do PT assumir um governo como o do estado de São Paulo, onde a violência é latente e o tempo e de certo modo um viés preconceituoso da sociedade em relação ao trabalho da polícia fomentaram uma relação promíscua entre o crime e a atividade policial. Foi isso que eu quis dizer para você quando enviei sábado, 25/01/2014 às 16:52, um comentário para você junto ao post “Considerações sobre as eleições em SP e o eleitorado paulista” de sábado, 25/01/2014 às 08:42, aqui no blog de Luis Nassif contendo texto de sua autoria em que eu defendia que para o PT não ganhar a eleição em São Paulo talvez fosse melhor. O endereço do post “Considerações sobre as eleições em SP e o eleitorado paulista” é:

    http://www.ggnnoticias.com.br/blog/gunter-zibell-sp/consideracoes-sobre-as-eleicoes-em-sp-e-o-eleitorado-paulista

    O que eu quis dizer foi que o eleitor do PT deveria entender se o PT não tivesse interesse em ganhar a eleição para governador em São Paulo. Até mesmo em termos da eleição presidencial é preferível que a eleição se decida favoravelmente a Geraldo Alckmin, principalmente se a eleição presidencial não se decidir no primeiro turno. É claro que o partido teria margem de agir pragmaticamente, mas ai como ficaria o eleitor de esquerda do PT vendo o seu partido adotar uma política no combate a violência totalmente contrária a ideologia de esquerda?

    De todo modo, como eu enfatizei acima, se a carga de ser da esquerda é pesada para o indivíduo, ela é menos pesada para o partido. O partido e mesmo o político tem um amplo espaço de atuação. Nós, eleitores, entretanto, temos que ter um compromisso muito maior com o que pensamos. E principalmente devemos ser capazes de captarmos bem a ação do partido político e do político individualmente.

    Eu, por exemplo, não posso como esquerda votar em candidato, por melhor que ele seja, se ele está em um partido que não tem respeito pelo eleitor. Um partido que não tem respeito pelo eleitor no Brasil é o PSDB. Quando o PSDB lançou a o slogan “governo ruim o povo tira, governo bom o povo põe”, para defender o parlamentarismo, o partido estava enganando o eleitor. Ele sabia que a frase era falsa e a razão da defesa do parlamentarismo era que no parlamento fica mais fácil evitar que o povo escolha pessoas despreparadas para ocupar a chefia de governo.

    Outra frase que era para enganar eleitores é de que a “inflação é o mais injusto dos impostos”. O PSDB sabe que a frase é falsa. Injusto mesmo é o desemprego. E se fosse gratificante a escolha de frases mentirosas do PSDB, os exemplos não teriam fim. É por isso que eu disse que, por melhor que ele seja, eu não voto em candidato do PSDB. E eu disse, por melhor que ele seja, porque eu considero que, exceto pela sua forte ideologia elitista, está no PSDB, talvez o melhor político do Brasil, não no sentido de exercício da atividade política, nem de chefe de executivo, mas no sentido de compreensão da natureza do Estado e de seu funcionamento. Não no sentido de exercício da atividade política porque ele não desenvolveu muito esta faceta, embora seja mais bem preparado do que a Dilma Rousseff. E não no sentido de chefe de executivo porque a avaliação dessa qualidade é basicamente subjetiva se amparando-se na ideologia de cada um e de como ela se aproxima da ideologia do chefe de executivo.

    Não há dúvida então que o indivíduo de esquerda tem dificuldade de conciliar a sua ideologia com aquela do seu partido político, em especial quando o partido assume posição de comando. E no caso de São Paulo o tormento em ver o Estado ser comandado por um partido de esquerda seria portentoso. Para a esquerda, mesmo aquela que está ciente que o combate à violência representada principalmente pelo roubo e assassinato, é uma tarefa de difícil realização e uma tarefa que se tem mostrado mais eficiente quando mais se afasta de uma ideologia mais humanitária que deve ser postulado da esquerda, a opção pelo pragmatismo representaria fazer vistas grossas a acontecimentos inimagináveis como foi o caso dos bandidos mortos dentro de um ônibus há alguns anos. Só de imaginar que o PT teria que compactar com aquele acontecimento seria tenebroso.

    Agora, uma vez que você se liberou da ideologia de esquerda e assumiu um compromisso com o pragmatismo, eu penso ser muito natural o seu voto para Geraldo Alckmin. No seu comentário enviado quarta-feira, 12/03/2014 às 15:31, em resposta ao meu, enviado quarta-feira, 12/03/2014 às 13:54, junto ao post “Não temos alternância no Planalto, por Renato Janine Ribeiro”, você faz a relação de partidos que serão beneficiados com o seu voto na eleição de 2014. Reproduzo o que você escreveu:

    “E, por isso mesmo, este ano vou votar PSB para presidente, PSDB para governador, PT para senador, PSoL ou PPS para deputado federal e PV para deputada estadual”.

    Da sua relação, dependendo da campanha do PV e dos candidatos do partido ai em São Paulo, pois parece que o PV é dominado pelo presidente do partido e eu não sei a ideologia dele, salvo no candidato do PSDB, eu não vejo inconveniente nenhum para alguém da esquerda ter voto semelhante ao seu.

    E eu não voto no PSDB pelas razões expostas que eu penso deveriam ser um posicionamento de toda a esquerda. No entanto, o PSDB ainda possui muitos políticos de esquerda. O próprio José Serra, é de esquerda. Tem o viés autoritário que não deveria ser de esquerda, e embora eu vez em quando atribuía a ele a pecha que eu generalizo para os tucanos: a arrogância pretensiosa, a vaidade presunçosa, o autoritarismo sapiente, sempre me pareceu que nele o defeito se restringia mais ao autoritarismo. talvez alguns amigos no início tenham-no elogiado em excesso que o fez adquirir certa presunção arrogante de competência.

    Quanto ao autoritarismo, entretanto, parece que a Dilma Rousseff também o possui. E que de certa forma é uma característica de quem tem mais propensão a tomar a decisão. Aliás, há um grupo muito grande na esquerda com pendores autoritários. E pelo menos, tendo em conta os intelectuais do PSDB, considerar o partido como esquerda e autoritário parece bem apropriado quando se reconhece que o PPS, originalmente o Partido Comunista Brasileiro, aproximou-se bastante de José Serra na eleição de 2010 e Ciro Gomes que é um antigo PSDBista embora menos de esquerda que a cúpula fundadora do PSDB foi candidato à presidência da República contra Lula pelo PPS. Aliás, a semelhança entre o PPS e o PSDB também não me levaria a votar em um candidato do PPS. A semelhança está no discurso do PPS que repetiu o slogan do PSDB tanto em relação ao parlamentarismo como em relação à inflação. A diferença talvez seja que os políticos do PPS são mais autoritários e menos vaidosos do que os políticos do PSDB. Eles são mais próximos de José Serra.

    Então não me pareceu loucura o seu voto, mais ainda quando você se revela cada vez mais pragmático. E lembro aqui que a cata do post “Considerações sobre as eleições em SP e o eleitorado paulista” para o qual eu não encontrei nenhum arquivo com comentário meu e para o qual fiz pesquisa com seu nome e o de Geraldo Alckmin, eu também encontrei o post “Eu sou a favor do casamento gay, afirma Geraldo Alckmin” de quinta-feira, 03/05/2012 às 02:11, disponível no seu blog no Brasilianas.org. O endereço do post “Eu sou a favor do casamento gay, afirma Geraldo Alckmin” é:

    http://advivo.com.br/blog/gunter-zibell-sp/eu-sou-a-favor-do-casamento-gay-afirma-geraldo-alckmin

    No caso, não penso que há tentativa de enganar o eleitor como é praxe do PSDB. Creio que esta é a opinião do governador e médico Geraldo Alckmin, e que, embora no PSDB, ele tem também qualidades. Aliás, nunca deixei de ver qualidades no PSDB. O defeito que eu considero que o partido tem é o de não se refrear em discursos para enganar o povo. E talvez ciente das qualidades, o partido se excele na soberba. E muitas vezes, talvez até pela vaidade, o partido compra gato por lebre como foram os discursos de Fernando Henrique Cardoso, na segunda metade da década de 90, glamourizando e glorificando a globalização. E pode ser colocado neste saco de gatos muitas políticas econômicas adotadas pelo PSDB aqui no Brasil.

    Agora penso que você deveria também ser pragmático quando analisa o Vladimir Putin. Vladimir Putin, aliás, é pragmático, se o povo russo aceitasse e se a OTAN permitisse, ele faria parte da OTAN. Para entender Vladimir Putin é preciso saber qual é o objetivo maior dele. Em meu entendimento tudo que Vladimir Putin faz visa dar previsibilidade à democracia russa. Sem previsibilidade, o Estado, depois do espírito animal o fator preponderante no desenvolvimento capitalista, perde bastante a sua capacidade de atuação.

    Assim, com anexação ou independência da Criméia, tudo que Vladimir Putin está tentando é assegurar que ele se reeleja ao término deste governo dele. Eu já disse aqui, no blog de Luis Nassif, e alhures e por diversas vezes, que George Walker Bush, o filho, fez a guerra no Iraque, não pelas razões que todo mundo aponta, que em meu entendimento foram mais razões para esconder o verdadeiro motivo, mas porque ele, conhecendo a alma do povo americano, sabia que eles o iriam reeleger se invadisse o Iraque.

    Mencionei para você que uma das grandes tristezas da esquerda não foi saber que a Rússia depois de 70 anos de comunismo era uma nação pobre. O triste foi saber que aquele país era uma nação reacionária, conservadora, preconceituosa. Ou seja, um povo mais conservador, reacionário, preconceituoso diante de minorias e individualista do que o povo americano. Assim, como George Walker Bush, o filho, sabia dos efeitos da invasão do Iraque no eleitorado americano, Vladimir Putin sabe os efeitos da independência ou anexação da Criméia no eleitorado russo. As ações de Vladimir Putin não visam à conquista da Europa. Visam à condução da economia russa de acordo com um planejamento por mais uns dez anos.

    E em um ponto há que se atentar para uma diferença entre George Walker Bush, o filho, e Vladimir Putin. Os Estados Unidos, como país mais rico do mundo, não precisavam da vitória de George Walker Bush, o filho, em 2004, para manter-se na dianteira e George Walker Bush, o filho, sabia disso. Vladimir Putin sabe o quanto a Rússia está atrasada e o quanto o pais dele precisa da previsibilidade nos resultados das próximas eleições para poder crescer a passos mais rápidos de modo a tirar o atraso em que o país se encontra. O analista de fora pode até considerar que Vladimir Putin, patrocinando a independência ou anexação da Criméia, age movido por interesse próprio como agiu George Walker Bush, o filho, ao invadir o Iraque. Não ser capaz de perceber a diferença, entretanto, tornam a análise e o analista muito fraco.

    No caso da sua análise sobre o conflito da Criméia e o papel de Vladimir Putin não há esta comparação entre ele e George Walker Bush, e eu não estou falando que você se confunde na análise das duas ações. Mencionei a comparação para mostrar uma superioridade no comportamento de Vladimir Putin. O que eu realmente vejo de falho na sua análise é você analisar as ações de Vladimir Putin com fulcro apenas à questão espacial. A questão espacial é importante. Todos os líderes da Europa e Vladimir Putin sabem até onde eles podem ir nesta questão.

    Não vou entrar muito no mérito do aspecto geopolítico até porque os comentários de Sérgio Baker – Ce, enviado quinta-feira, 13/03/2014 às 11:01, de Waldyr Kopezky, enviado quinta-feira, 13/03/2014 às 15:52, e o de, para minha surpresa, ArthurTaguti, enviado quinta-feira, 13/03/2014 às 15:56, dão bem conta do recado. Disse que o comentário de ArthurTaguti surpreendera-me porque mais comumente vejo ele fazendo aqueles comentários retóricos que cabem em qualquer lugar do mundo em que você se encontre. (Talvez em uma ditadura você tem que explicitar que você não se refere ao governo de plantão, mas a um passado ou um futuro de oposição ou um de outro lugar).

    Vladimir Putin perdeu lá atrás ao não deixar a Ucrânia se juntar à Europa. Ele não foi capaz de avaliar a reação do povo ucraniano. Só que se ele tivesse deixado, iria a Ucrânia e a Criméia. Do ponto de vista espacial vai fazer pouca diferença a Ucrânia fazer parte da OTAN, pois conforme eu disse, “todos os líderes da Europa e Vladimir Putin sabem até onde eles podem ir nesta questão”.

    Para entender porque faz pouca diferença é só lembrar o problema enfrentado pela OTAN recentemente quando planejou colocar mísseis na Polônia. E tal fato ocorreu recentemente quando a Rússia se encontrava pobre e sem nenhum poder de barganha. Bem diferente, por exemplo, quando menos de 20 anos após o fim da II Grande Guerra, e sem que a então URSS fosse conduzida por motivos eleitorais, a URRS retirou os mísseis de Cuba e obteve como contrapartida a retirada dos mísseis na Turquia.

    Então sob aspecto espacial faz pouca diferença a Ucrânia pertencer a OTAN, mesmo que fosse com a Criméia (A considerar o item dois do comentário de Waldyr Kopezky enviado quinta-feira, 13/03/2014 às 15:52, faz diferença a Criméia não ir junto da Ucrânia). Sob o aspecto eleitoral, entretanto, faz uma grande diferença a Criméia ficar independente ou ser anexada a Rússia.

    Bem, tinha já escrito o que disse acima quando em pesquisa encontrei dois posts que não tem muita relação com este post “A expansão da OTAN na Europa”, mas que devem ser mencionados quando eu transcrever este meu comentário lá no post “Não temos alternância no Planalto, por Renato Janine Ribeiro”. O primeiro post é “Corrupção: o seletivo é conivente, por Renato Janine” de segunda-feira, 01/08/2011 às 17:49, aqui no blog de Luis Nassif contendo por sugestão de Paulo Cezar a transcrição do artigo “A luta contra a corrupção desanima” de Renato Janine Ribeiro e publicado no jornal Valor Econômico de segunda-feira, 01/08/2011. O endereço do post “Corrupção: o seletivo é conivente, por Renato Janine” é:

    https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/corrupcao-o-seletivo-e-conivente-por-renato-janine

    Para mim Renato Janine Ribeiro escorregara neste artigo. No post eu fiz alguns comentários para Paulo Cezar onde eu detalho, divergindo de opinião, os pontos em que considerei que Renato Janine Ribeiro pisou na bola.

    E o segundo post eu o encontrei no blog de Idelber Avellar, biscoito fino e a massa, atualmente em hibernação. Trata-se do post “Resposta a Renato Janine Ribeiro” de sexta-feira, 02/03/2007, em que Idelber Avellar critica o artigo “Razão e sensibilidade” publicado na Folha de São Paulo de domingo, 18/02/2007. O endereço do artigo “Razão e sensibilidade” é:

    http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u68751.shtml

    E o endereço do post “Resposta a Renato Janine Ribeiro” é:

    http://www.idelberavelar.com/archives/2007/03/resposta_a_renato_janine_ribeiro.php

    O artigo de Renato Janine Ribeiro era sobre a morte do menino João Hélio no Rio de Janeiro, arrastado que fora preso ao carro roubado por assaltantes. Na passagem a seguir do post “Resposta a Renato Janine Ribeiro”, Idelber Avellar diz tudo sobre o que fora e o que estava se tornando Renato Janine Ribeiro. Diz lá Idelber Avellar:

    “Tudo isso para satisfazer a sanha linchadora da turba depois do assassinato do menino João Hélio? Tudo isso para mostrar que o intelectual também pode ser durão como o Jornal Nacional, indignado como o Fantástico, paladino e denunciador como a Veja? Tudo isso pelo medo de remar contra a maré? Tudo isso para pegar carona nos discursos simplistas, por medo de discutir com argumentos um pouco mais tridimensionais o complicadíssimo problema da violência no Brasil? Você abdicou da principal tarefa do intelectual, que é desconfiar do senso comum e não ter medo de estar em minoria. Juntou-se à turba com argumentos tão patéticos que ela própria se encarregou de expulsá-lo do cerimonial do linchamento”.

    Se o pragmatismo não fosse também esposado por filósofos, eu diria que não cabe a um filósofo por pragmatismo defender idéias tão tacanhas.

    E por fim lembro que algumas passagens nos seus textos e nos seus comentários me parecem um tanto despropositado. Aqui neste post “A expansão da OTAN na Europa” eu selecionaria as duas seguintes. Esta primeira tirada do seu texto:

    “E que se pare com a torcida esperando alguma calamidade neofascista na Ucrânia”.

    E a segunda passagem, tirada do seu comentário de quinta-feira, 13/03/2014 às 17:28, para junto do comentário de ArthurTaguti, em que você diz:

    “Essa “torcida” pró-Rússia atualmente beira o ridículo do non-sense”.

    Mesmo que às vezes apareça aqui no blog de Luis Nassif uns comentários um tanto desparafusados, não vejo essas manifestações ocorrendo, pelo menos tal como você as pormenoriza nos seus posts ou em outros tratando sobre a questão da Ucrânia. Talvez sejam manifestações do Facebook e que você aproveita para criticar aqui, mas sempre quando as leio elas me parecem um tanto fora do lugar.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 14/03/2014

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