Nunca a oposição ao “imperialismo” foi tão inverossímil

Se vemos as manifestações na “Blogo” e em redes sociais sobre o avião da Malásia iremos encontrar a teoria de conspiração de sempre: “foi a CIA…”

Uma variação em nível internacional do “é o PIG!, é o PIG!”

Haja santa paciência.

Comento em cima da tradução para o português de um artigo recente: http://www.atimes.com/atimes/Central_Asia/CEN-01-190714.html

Ainda circula essa estória fantástica de ‘neonazismo do Banderastão’? Não se esconde a frustração pelo desacerto do projeto eurasiano. A Rússia não foi capaz de exercer soft power junto à população ucraniana, como de resto não é capaz em quase nenhum outro lugar. Vai se querer por isso impor à força?

Alguns resumos sobre a oratória corrente:

2014 02 11 https://jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/a-torcida-anti-eua-e-a-fantasia-do-urso-de-papel

2014 03 05 https://jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/o-anti-imperialismo-orfao-e-seu-padrasto-adotivo

2014 03 22 https://jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/a-russia-podera-seguir-os-passos-da-ucrania

Ser supostamente antiimperialismo norte-americano justificaria, por acaso, defender no exterior um regime não só imperialista como restritor de liberdades de imprensa, concentrador de renda (mas principalmente de patrimônio), com sistema tributário extremamente regressivo, em que as decisões políticas são baseadas em agradar o fluxo de divisas? (Alguém já plotou num gráfico para ver se há correlação entre falas conciliadoras de Putin e desvalorizações cambiais?)

Acreditar que Kiev já está em retirada no Donbass… Como, se a região controlada por rebeldes é bem menor agora que antes da retomada de Slaviansk?

Que estória é essa de timing suspeito por conta do banco dos BRICS? Quem atribui importância a isso? US$ 100 bi representa 0,05% dos ativos financeiros mundiais. Qualquer um dos 10 maiores bancos do mundo tem ativos 10 vezes maior que o banco dos BRICS, portanto.

E já apresentando a saída honrosa caso esse arrazoado propagandístico seja logo desmentido: “Se foi erro terrível cometido pelos rebeldes da Novorrússia, Moscou terá de admitir, relutantemente, que seja. Se foi Kiev, Moscou divulgará e comprovará imediatamente.”

Então tá. Vamos aguardar. (Mas eu sou da opinião que poderes informados reagem rápido. Se a Bolsa de Moscou caiu dois dias seguidos é porque já se sabe o que será divulgado.)

http://www.bloomberg.com/quote/INDEXCF:IND

E usar o termo propagandístico “Novorússia” é mera torcida. A área controlada pelos rebeldes se resume às cidades de Donetsk e Luhansk (esta parcialmente) e imediações, algo como 10 mil km2 (meio Sergipe.)

Mas, o que realmente impressiona é como intelectuais, acadêmicos e jornalistas são capazes de prejudicar sua credibilidade tão somente para fazer um discurso que inflame torcidas. É quase um “esqueçam o que eu escrevi”.

E não se trata sequer de uma torcida de ‘esquerda’, que teria algum sentido ao menos. Trata-se de torcida pró-fascismo e antiamericanista. Só isso, não há propostas na retórica antiimperialista de hoje em dia, não há o contraponto teórico que existiu até os anos 1980. Nenhuma esperança de se obter disso algum elemento que beneficie de alguma forma a humanidade.

Temos apenas um conjunto de ilações para tentar justificar uma guerrilha no leste da Ucrânia e que o Hamas (que não é defendido, sequer diplomaticamente, nem por outros países árabes) continue com sua retórica de destruição do Estado de Israel. E com omissão implícita em relação ao EIIL (ISIS)

É evidente que os establishments norte-americano, da Europa Ocidental, da China e Japão, que não dependem de regimes personalistas (como o russo), estão sorrindo de lado a lado.

Redação

118 Comentários

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  1. Ah, Nassif, permitir essas

    Ah, Nassif, permitir essas coisas nos comentários é democrático, deixar como matéria é coisa de sádico. Todos sabem a motivação de quem está escrevendo. Não é justo com os outros leitores. Faz mais isso não, tá?

  2. Imperialismo

    Gunter,

    Tio Sam é quem sabe exercer softpower como ninguém.

    O que percebo não é defesa da Rússia ou qualquer outro país, mas ataque ao que existe de mais falso, as verdades que saem de Washington. Agora, acaba de manifestar pleno apoio ao governo assassino de Israel, uma beleza.

    Sobre quem, militarmente, agride quem, os USA no Egito, Síria (contratou o antigo demônio do mundo, a Al Qaida, para exterminar cristãos por lá, foram assassinatos dee civis aos montes) Líbia, Iraque, Afeganistão, etc…, depois tentam fincaro  pé na Ucrânia (e prá isto McCain e John Kerry se abraçam sem qualquer pudor a um líder nazifascista), o equivalente à Rússia fincar o pé no Canadá ou em Cuba,  e cadê as agressões por parte da Rússia ?

    E ainda pretender considerar isto como torcida. antiamericanista… 

    Um abraço

    1. Exatamente Alkfredo

      Exatamente, o soft power está sendo praticado com mais maestria.

      No caso Siria: Desestabilizar um governo centralizador, em uma região tão instavel, é mais danoso do que derruba-lo, basta ver o que aconteceu na Libia e agora no Iraque.

      No caso Ucrania: A Ucrânia tem uma depedencia enorme da Russia, fazer de um dia pro outro ela romper essa aliança pra viincular-se a Europa é um erro geopolitico enorme, é como fazer uma cirurgia usando uma faca de açougue.

      Caso do avião da Malasya:  Europa errou ao não restringir aviões comerciais numa zona de guerra.

       

      Enfim, o que ta acontecendo é que a Europa culpa mais a Russia das besteiras que ela faz.

    2. No momento atual, sim, Alfredo

      Em um retrospecto dos últimos 5 ou 6 anos a única situação em que os EUA realmente puseram os pés pelas mãos foi no diagnóstico da situação síria. Não por acaso foi a única situação em que a política externa da Rússia exerceu soft power positivo.

      E mesmo a Rússia se vê forçada agora a ficar ao lado dos EUA contra o ISIS/EIIL.

      Devemos buscar enxergar o Mundo e seus processos históricos pelo que eles realmente são.

      Não pelo que gostaríamos que fossem, fechando os olhos à realidade.

      O máximo que indivíduos podem fazer é, com honestidade intelectual, tentar influenciar o consciente coletivo.

      Abraços.

    3. Viagem

      Me fale onde está a linha, palavra ou parágrafo aonde ele “manifesta apoio ao governo assassino de Israel”? E falando nisso árabe é extremamente belicoso, eles também adoram sangue. Não tome partido numa história que vc não leu.

      Líder nazifacista? Quem? Um cara que foi eleito democraticamente por um povo que estava de saco cheio de líderes corruptos pró-Rússia? Faça-me o favor. Vai morar lá primeiro depois vem escrever aqui.

      Esse tipo de radicalismo anti-americano não leva à nada… tudo é a CIA, tudo é Israel… Patético.  

       

       

  3. Qual o objetivo…

    ….do Nassif publicar um amontoado de idiotices no blog principal?

    Não conheço o Sr. Gunter, mas percebe-se que ele se acha um entendido em relações internacionais e geopolítica. Me desculpe, mas o cara não sabe nada.

    Não posso escrever aqui o que realmente penso sobre tanta babaquice. O que realmente estranho é o Nassif, na sua interpretação de democracia, dar espaço para ‘isso’.

  4.  
    A Rússia já está ganhando

     

    A Rússia já está ganhando esta guerra ao evitar cair nas provocações dos fantoches do Pentágono .

    Militarmente a Ucrania (mesmo com o apoio da OTAN) jamais sairá vitoriosa num embate militar contra a Rússia, mas politicamente se a Rússia responder militarmente de forma atabalhoada, de imediato ela perderá o apoio político de todos os ucranianos .

    Do jeito que está, a Ucrânia sucumbirá economicamente antes de chegar dezembro e a própria população ucraniana expulsará do governo estes fascistas .

    Prezado Gunter, não substime as ações políticas que os russos estão fazendo, é importante lembrar que o governo russo sabe minuciosamente de tudo que acontece em todo território ucraniano , eles possuem satélites, estações receptoras de rádio e telefones e milhares de informantes dentro da Ucrania .

     

     

     

    1. De acordo

      Absoluta perda de tempo. Esse Gunther e’ bastante confuso, mas, parafraseando Chacrinha, ele nao veio para explicar, mas para confundir.

  5. Na questão do avião falar em

    Na questão do avião falar em cima de suposições é bobagem. Deixa abrir a caixa preta.

    E bons presidentes se adequam a realidade de seus países. Putin é um senhor estadista e isto nao pode ser negado. O poderio militar, estratégico e de recursos naturais da Russia é motivo de cobiça do Ocidente, ele esta defendendo o seu país e ponto final. Deu um “banho” de eficiência na questão da Síria e da Criméia. Não foi a Rússia que inventou a crise da Ucrância, foram os Estados Unidos e a Europa.

    Além do que em termos de poder não tem país bonzinho. É interesse e geopolítica o que importa. E nós, latino americanos, sabemos o que significou na nossa história a interferência americana e eu, particularmente, passei quase metade da minha vida sob um regime militar imposto pelos Estados Unidos.

  6. É só responder a uma pergunta

    É só responder a uma pergunta básica: a quem interessaria derrubar um avião civil provocando quase 300 mortes?

  7. Nunca o Império foi tão inverossímil.

    E a Ucrânia é um Banderestão, sim, cujo golpe efetuado teve apoio amplo, geral e irrestrito da… CIA! (oh, que surpresa).

     

     

     

  8. Parece um daqueles artigos do

    Parece um daqueles artigos do tipo não se mexe num time que está perdendo. Moscou é que tem de provar se é culpada os inocente pelo ocorrido. Mas a queda registrada na bolsa de valores já deu o veredicto. k k k k k.

  9. “Ser supostamente

    “Ser supostamente antiimperialismo XXXXXXXX justificaria, por acaso, defender no exterior um regime não só imperialista como restritor de liberdades de imprensa, concentrador de renda (mas principalmente de patrimônio), com sistema tributário extremamente regressivo, em que as decisões políticas são baseadas em agradar o fluxo de divisas?”

      Gunter, você definiu exatamente os EUA de hoje.

      A questão não é “bem x mal”, e nisso você anda caindo no mesmo maniqueísmo vazio que tem acusado; a questão é MULTIPOLARIDADE. Só assim nós – e muitos outros povos no mundo – temos alguma chance de nos desenvolver.

      Como você pode defender uma “terceira via” (com cara de segunda via) no Brasil e recusar sequer a possibilidade disso existir no mundo?

    1. Não escorrega, André.

      Só usei o artigo de ontem como ‘caso’, como um de vários exemplos de como o discurso antiimeprialista está sem pé no mundo real.

      Tão sem pé que precisa recorrer a defesa de propaganda manipulada para se manifestar de algum modo?

      Esse desespero não dá certo. Seria hora de “voltar à prancheta”.

      E defender terceira via ou via de centro é justamente o que eu faço. Eu apoio o secularismo e o espectro social-liberalismo/social-democracia como melhores caminhos para se contrapôr ao neoliberalismo conservador moral.

      Quem dá elementos para que a propaganda americana tenha se tornado subitamente crível tem sido seus antagonistas políticos (e não econômicos.)

      Os EUA não precisam fazer nada.

      1.   Gunter, eu ainda imagino

          Gunter, eu ainda imagino ter um debate respeitoso com você, apesar de recentemente discordarmos bastante. Estou agindo corretamente, não estou?

          Não existe desespero nenhum, mas apenas uma certa admiração por você ter tantas “certezas” – especialmente diante do cenário que se desenha, onde talvez a Rússia não tenha culpa nenhuma no abate do Boeing.

          Se eu fosse escrever por aqui apenas por “pegadinha”, perguntaria de cara se você ainda acha que o Alckmin está sendo devidamente acessorado na questão hídrica.

          Não sei o que está acontecendo com você, mas você está diferente, e não estou falando de opiniões. Espero que esteja bem.

         

  10. encontrar a teoria de

    encontrar a teoria de conspiração de sempre: “foi a CIA…”

    Uma variação em nível internacional do “é o PIG!, é o PIG!”

    mas pelo o que se ve a culpa eh dos Russos..neh Gunter?

    Eh impressionante como gostas e acusar maniqueismo utilizando do proprio artificio. Ah se os Russos fosse pro LGBTS, Ah se fosse…

  11. Palestinos

    É o regime do Putin que está massacrando os palestinos também?

    Ou são aqueles establisments que não precisam de regimes personalistas?

  12. Gunter,

    Quais são os seus objetivos, ou em outras palavras, quien és tu papa?

    Sua histeria, muito semelhante ao que há de pior no jornalismo ocidental, quando o assunto é Rússia é patético, e só surpreende o fato de o Nassif publicar suas análises dignas de uma Fox News aqui.

    Talvez, se você quisesse ser honesto, você pudesse analisar alguns fatos e algumas questões, como:

    1 – por que o “governo” Ucraniano publicou um vídeo falso, preparado COM UM DIA DE ANTECEDÊNCIA, culpando não só os rebeldes pró-rússia, como diretamente o governo russo, do atentado?

    2 – onde está o mínimo fiapo de prova de que os rebeldes possuíam (e sabiam operar) sistemas de mísseis anti-aéreos BUK?

    3 – por que o próprio ministro da defesa ucraniano, logo nas primeiras horas que se seguiram à derrubada do avião, afirmou ao presidente (e depois à imprensa) que os rebeldes NÃO POSSUÍAM tais armas?

    4 – quando você desmerece e ridiculariza o banco dos BRICS (fazendo corar o Aécio Neves) você se esquece que o Putin, durante o lançamento do banco, comentou longamente sobre as “sanções” dos americanos contra a Rússia (e me explique: por que sanções, se a Rússia não atuou diretamente uma única vez na crise ucraniana, ao contrário dos próprios americanos?) e  ressaltou as relações multi-laterais da Rússia com outros países não alinhados aos USA como forma de ridicularizar as tais sanções.

    5 – por fim: por que você não foca essa sua raiva, essa sua indignação seletiva e essa sua agenda contra um outro país, esse sim massacrando comprovadamente, com direito a áudio e vídeo, um outro povo que mal consegue se defender, com direito a centanas de civis mortos, aí inclusas muitas crianças? acho que você sabe de qual país estou falando, não é mesmo? é aquele onde as pessoas se reúnem para comer pipoca e beber cerveja enquanto assistem mulheres e crianças sendo explodidas pelos ares.

  13. Meu Deus, que infelicidade

    Meu Deus, que infelicidade esse seu post Gunter. Falar em retorica antiamericanista tentando personificar na Russia o mal eh na mesma moeda a retorica sessentista dos anticomunistas. O Andre Lara disse muito bem, vc defende terceira via no Brasil, mas o mundo nao pode. Deixa que os enlatados holyoodianos continuam a dirigir nossos sonhos. Cristo! E ainda passa o texto acusando os outros de maniqueista?  Nao ha uma critica ao papel dos EUA por parte do Gunter. Ateh mesmo o mais norte-americano dos brasileiros do Blog, o Sr. Motta, jah fez uma crita pertinente a respeito dos erros do EEUU no apoio ao massacre em Israel, gerando um odio que nao eh bom para ele. Nada, nada me tira da cabeca que ao birra, porque essa eh a palavra, que Gunter tem com Putin eh a sua linha, reconhecidamente ditatorial em relacao as minorias Gays. O resto da retorica do Gunter eh soh para nao transparecer a vendetta pessoal.

    Como explicar uma pessoal acusar defendeo os EEUU? Tha parecendo o caso tipico que abate os jovens pos FHC no Brasil, frutos da pancadaria como disse Gilberto carvalho. No afa de acusar o inimigo Putin vale mesmo ateh justificar oa atos Barbaros de que se opoe a ele. Ha ainda pouco, um inominavel “filosofo” disse que as mortes de criancas palestinas eh soh “Marketing” para demonizar Israel. O Texto acima passa a mesma ideia de que tudo nao passa de “markentimng para demonizar os “pobres! EEUU. O nosso conforto de estar atras do computar digindo replica e treplica entre nos chega a ser um acinte frente a quem , mesmo tao novo,  perde a esperanca de viver a cada dia que a “tao retorica antiamericana” acontece.

    1. Deixa de bobagem

      Eu só estou explicando que o discurso antiimperialista perde consistência e credibilidade ao tentar defender o indefensável ou usar teorias de conspiração.

      E com apenas um exemplo, há muitos outros.

       

  14. Menos Gunter, menos…

    Realmente não conheço a pessoa, mas percebe-se pela convicção que proclama e pela forma como trata as opiniões contrárias, que se proclama um expert em relações internacionais e geopolítica, a ponto de debochar de outros pontos de vista. A respeito do assunto, eu prefiro ler algo de um Moniz Bandeira e outras fontes diversas, apesar que acredito que em um caso dessa dimensão nunca teremos certeza do que realmente aconteceu… Os interesses são gigantescos e as possibilidades bem diversas, podendo-se especular para um lado ou outro. De minha parte só não caio no maniqueismo de achar que lado A ou B seria incapaz de tamanha atrocidade, isso seria um desconhecimento colossal da história humana e principalmente das grandes potências.

    O mais triste no texto é a tentativa de caricaturar os que levantam dúvida contra a versão oficial, usando do batido desqualificador de “teoria da conspiração” ou “anti-imperialismo”, como se fossem todos estúpidos por não acreditar em versões oficiais…

    Pelos argumentos utilizados, ninguém pode condenar invasões do Iraque, Líbia, Afeganistão, Síria, etc…,  pois como os regimes de então eram ditaduras, não reconheciam direitos dos homossexuais, restrigiam direitos das mulheres, etc… condenar uma invasão seria compactuar com tudo isso!! Difícil deve ser, saber que o que veio depois é ainda pior, mais radical e intolerante. Isso para não falarmos de como as minorias são tratadas na Arábia Saudita, onde os EUA apoiam religiosamente. Avaliar geopolítica pela régua de trato de minorias é errar duas vezes, erra por serem ordens distintas e erra por desconsiderar que a consequência de tais agressões não advém necessariamente um mundo melhor para essas minorias… Pode ser ainda pior, como vemos o novo califado na Síria e Iraque…

    Quantas vezes já não ouvi o argumento de que os EUA não tinham motivos para se preocupar com a política de Cuba, Nicarágua, Guatemala, etc… por serem irrelevantes no cenário mundial. Qual seria o PIB desses países em relação ao resto do mundo?? Provavelmente um pouco menos que nada… E ainda assim, o embargo a Cuba está vigente até os dias de hoje… Pela matemática de 0,5% do Gunter, a Guerra do Vietnã seria um contrasenso, uma perda de tempo total, uma estupidez sem igual levada pelo corpo intelectual/institucional/militar mais preparado dos EUA…

    Como se grande potências não tivessem condições de se meter em qualquer parte do mundo a qualquer tempo e ficassem apenas a pensar sobre a China ou URSS…

    Não estou com isso a afiançar que o motivo principal seja o banco dos Brics, mas também não desconsideraria, pelo menos enquanto motivo mais geral… Não que os EUA olhem para o mundo e digam, vamos agora criar uma crise aqui e acolá para enfraquecer a Rússia. As coisas não se dão assim, existe uma dinâmica própria em cada lugar e a partir dessa dinâmica é que as grandes potências avaliam como se posicionam e como tiram proveito dos grupos existentes em favor de seus próprios interesses. Para mim está claro que um mundo multipolar não interessa aos EUA, ainda que seja uma tendência crescente. A propósito, não são teorias da conspiração, os próprios relatórios da CIA dizem claramente quais são as grandes ameaças para a hegemonia dos EUA nesse século XXI.

  15. CAro Nassif,
     
    A doutrina

    CAro Nassif,

     

    A doutrina Brzezinski já teve defensores mais encorpados…Quando um Gunter Zibel se propõe a defender o Tio Sam, é porque a coisa tá feia, hehe…

  16. Na crise dos mísseis em Cuba

    Na crise dos mísseis em Cuba os EEUU não deixaram a URSS colocar uma base no seu quintal. Agora os EEUU querem colocar base no quintal alheio, que já foi inclusive parte da URSS.

    É querer demais, não é não? Plebiscito do lado de lá (numa população russa) dando resultado positivo pró Russia, não vale nada… Sei!

  17. Myjésus, Gunter!!!!! Tu te

    Myjésus, Gunter!!!!! Tu te fundamentas no “disse, que me disse, que me contou o que disse”. e queres ser levado a sério? Eu, depois disso que li, sinceramente, acho que apenas sejas um ser, ainda,  confuso, a procura de algo, mas não sabe exatamente o que, ou qual, ou quem…Mas, eu gosto de ti, não sei o porquê, nem sei o quanto, nem tão pouco se vou gostar sempre, mas gosto por um motivo que não sei bem, mas que um dia poderei saber…

    1. Talvez goste

      porque estou avisando os colegas dos autoenganos.

      Ou porque sou franco. 

      Ou ainda porque, em cinco anos a completar daqui a dois meses, quase nada do que escrevi neste blog foi desmentido. Confuso não sou, certo?

      Apesar dos incômodos que torcidas sentem.

      Mas no post em pauta, eu me fundamento apenas no que observo.

      O artigo de Pepe Escobar é apenas um sintoma de um problema mais amplo.

      Não é convincente se fazer discurso antiimperialismo tentando defender exemplos práticos ainda piores.

      Só parte das esquerdas tenta isso. E o insucesso em eleições pelo Mundo é notório. Em redes sociais também, vai-se passando o tempo pós-crise de 2008 e não surgiu nenhum discurso crível de esquerda capaz de movimentar pessoas. E aí o apelo a coisas extremas só aprofunda o fosso junto à opinião pública.

      Nem na Grécia após cinco anos de crise houve troca de regime, certo? E isso com duas eleições consecutivas (porque na primeira a continuidade não obteve maioria.)

      E em mais alguns anos a centro-esquerda da América do Sul, notadamente na Argentina e Venezuela, sofrerá reveses eleitorais.

      Eu faço mal de avisar disso?

       

       

  18. Gunter entenda uma coisa.
    Os

    Gunter entenda uma coisa.

    Os ditos progressistas e antiimperialistas são em sua imensa maioria ESTELIONATARIOS ideologicos.

    Eles usam uma argumentação supostamente nobre apenas para dar um Verniz de ” luta por democracia “

    Mas na verdade esses fakes não tem e NUNCA tiveram compromisso N-E-N-H-U-M com : Democracia, liberdade de expressão, direitos Humanos , transparencia governamental.

    São Pelegos de alguem ou de alguma ideologica e como tal seus limites Eticos, Morais ou de qualquer outro tipo esbarra no que sera ou não benefico  a sua ideologia ou o que sera ou não aceito pelo lider messianico deles.

    Quando voce entender isso, talvez nao sera supreendido com incoerencias PORNOGRAFICAS desses tais em suas considerações falaciosas que são uma constante por aqui e pelo mundo…rs 

    1. Veja eu mesmo sou a favor de

      Veja eu mesmo sou a favor de que a Crimeia fique em poder Russo, na verdade sou da opinião que a Ucrania jamais deveria ter saido da esfera Russa.

      Agora isso nao tem ou não me impede em absoluto em admitir que a Russia é um estado totalitario que não tem nada a acrescentar em valores democraticos a qualque pais que seja…

  19. que barafunda!!!!
    o rótulo

    que barafunda!!!!

    o rótulo ‘teoria da conspiração’ não vale apenas para aqueles que suspeitam das práticas do império.

    a mídia corporativa e alguns oportunistas como o ‘premier’ australiano insistem em acusar putin, mas …

    a quem interessaria o crime?

    os ‘partizans’ pró rússia confundiriam um caça com um avião de passageiros?

    por que os partizans derrubariam um avião de passageiros da malásia?

    os partizans possuem esse tipo de armamento?

    por que a rússia derrubaria uma avião de passageiros da malásia em espaço aéreo ucraniano?

    por que a ucrania derrubaria um avião de passageiros no espaço aéreo de região disputada com separatistas?

    por que colaboracionistas pró ucrânia derrubariam uma avião de passageiros?

    até que um fato novo: o avião de putin teria passado pelo local menos de 30′ depois …

    seria mais fácil confundir as 4 turbinas do avião de putin com as 2 do avião abatido do que este de um caça-bombardeiro?

    ora: se houve a tal confusão, seria motivo suficiente para a rússia declarar guerra a trupe que governa a ucrânia e varrê-la do mapa sob a tarja de terroristas.

    por outro lado, e se realmente, havia um caça ucraniano naquela área, naquele momento, e foi atacado por alguma bateria dos separatistas, similarmente a outro evento, ocorrido nos anos 80, quando dois caças de reconhecimento estadudinenses usaram como escudo um avião de passageiros (que teria se desviado em mais de 1000 km da rota “por engano”) para filmar o espaço aérero fechado da base de salamina?

    como esse tal avião de passageiros não obedecera a ordem de pousar na base, foi abatido, causando na época a mesma comoção cínica que ora se vê, até que as notícias a respeito sumiram das páginas da imprensa-empresa global, quando a presença dos tais caças de reconhecimento vieram a tona.

    no caso dessa hipótese do uso de avião de carreira para camuflar caças-bombardeiros, muitos devem explicações, inclusive a empresa da malaísia.

    convém aguardar maiores informações, se é que elas virão.

    por enquanto, é só oba-oba para esconder do mundo as notícias do terrorismo de estado praticado pelo sionismo contra o povo palestino.

    1. Não me preocupo com Pondé.

      Mas faz algumas semanas um amigo me mandou um artigo dele sobre a questão palestina e na ocsião achei que mais concordava que não com ele.

      E acho que foi a única vez que concordei com Pondé.

      O que acontece é que só há militância de teclado pró-palestina no Brasil. Que não ajuda em nada ao defender o discurso contra o reconhecimento do Estado de Israel.

      Ao contrário de em países europeus, nem nas ruas se sai no Brasil, não é?

      As petromonarquias eram das poucas que apoiavam o Hamas. Na retórica e com armas, pois o chapéu de todos os envolvidos era o mesmo.

      Agora nem isso.

      Se alguém estiver realmente interessado em defender e apoiar o povo palestino deve começar a apoiar a solução dois estados.

      Qualquer coisa fora disso é só acirrar a manipulação.

      1. OK, Gunter. Agora falta

        OK, Gunter. Agora falta avisar aos sionistas. Como se pode arguir criação de estados se um deles – Israel – fez e faz vistas grossas aos assentamentos? 

        Será manipulação o cerco de Gaza, na realidade um campo de concentração? Como falar na criação de dois estados sem se remeter a questão dos refugiados? Como falar em criação de FATO quando os palestinos tem somente a posse simbólica de duas faixas de terras, ainda mais separadas? E não é só o Hamas que quer a destruição de Israel. Reciprocamente, a extrema direita sionista de Israel,  a que está por atrás dessas retaliações desumanas e bandidas, quer o completo extermínio dos palestinos e o retorno de Jerusalém ao status bíblico. 

        O que esse pseudo filósofo disse foi uma  A B E R R A Ç Ã O; um insulto as milhares de vítimas, em especial crianças, mulheres e velhos. É muita fácil – agora a crítica é a ti particularmente – ficar á frente de um teclado olvidando de um problema grave, complexo e de fundo humanitário. Fico profundamente decepcionado com essa tua  concordãncia. A ti não cala o sofrimento de milhões de pessoas? Como se aceitar uma argumento pelo qual se culpa as vítimas pelas atrocidades que sofrem? Isso Pondé não passa de um senhor CRETINO. 

        Que o Hamas se utiliza do terror, indiscutível. Mas não esqueçamos que essa mesma arma política foi utilizada lá atrás quando da consolidação do Estado de Israel através do IRGUN. Apesar de não concordar com terrorismo contra CIVIS, se pode negar que ao longo da história ele foi utilizado quando o mais fraco se viu acuado? Por que só o Hamas agora é tão amaldiçoado? Com que armas poderiam contar, se não o terror? Não justificável(contra civis), mas explicável. 

        Israel não é vítima. Vítimas são os palestinos que hoje se acumulam em verdadeiros guetos, sofrendo as maiores humilhações mesmo dentro do seu próprio território. Israel poderia combater o Hamas sem essa política racista e de terra arrasada. Por que o faz? Contam com o melhor serviço de informação do mundo: o Mossad. Quando quiseram mataram um a um os terroristas do ataque aos atletas judeus na Olímpiada de Munique. 

        Não, meu caro Gunter, não vamos querer simplificar o que não pode ser simplificado. Como querer racionalizações quando um Estado hiper armado sem mais nem menos assassina 425 vítimas civis, inocentes, como retaliação a 1(uma) do seu lado? Como coonestar com isso? 

        Finalizo repisando o meu conceito desse “filósofo”: é um CRETINO e um CRÁPULA. 
         

         

         

        1. JB, comentei o que eu acho desse assunto pro Jair.

          Não é só o Hamas que é amaldiçoado. Você não cobriu toda a história desde 1917 no seu comentário, apenas o que interessa ao discurso de um lado.

          Interessa em termos, porque o Hamas se prestar a manipulações é das coisas que mais atrapalha hoje em dia. À sua própria causa, inclusive (ou ao que diz defender.)

          Acredito na boa intenção dos que andam se manifestando em redes sociais. Só que também não estão ajudando.

          Quando se parte de premissas erradas não se tem sucesso, isso é claro. É isso o que preocupa.

          Compare o que você vê nas redes sociais e blogs hoje com o que via no fim de 2008/começo de 2009.

          Para que lado a opinião pública fora de Israel está se movendo?

           

           

          1. Não contei, Gunter, para não

            Não contei, Gunter, para não alongar demais o comentário. Um contencioso dessa magnitude necessita muito mais que dez, vinte linhas para ser dissecado em termos históricos, militares, estratégicos,culturais e econômicos. Entretanto, o que importa e parar esses massacres que periodicamente o Estado sionista perpetra contra civis. Eis a urgência urgentíssima. 

            Não há amparo nenhum, nem formal ou informal, para Israel agir do modo que age. Tanto é que internamente há sérias restrições por parte de muitos israelitas. Na realidade, o que prevalece, ou vem prevalecendo, é a política da força tendo por desculpa o Hamas. Como se este representasse todo o povo palestino. Política genocida alegremente apadrinhada pelos EUA que fez de Israel, não um Estado-Títere, por aí já seria demais, mas cúmplice e com a missão de servir de sentinela avançada de seus interesses geopolíticos e econômicos. 

            Não tenho dados para responder a pergunta que fechas tua tréplica. Só admito que jamais será coonestar assassinatos de civis. 
             

             

             

          2. É urgente sim.

            E aí temos que diagnosticar o que fazer.

            Eu apoio que Hamas reconheça o Estado de Israel tirando o pé do discurso de ultradireita de Israel.

            Ou apoiar que o Fatah vença em Gaza.

            É o que vejo como caminho para um retorno à solução dois estados. E salvar o que der dos acordos de Oslo ou recomeçar do zero.

            Que é a posição do Fatah (Cisjordânia), do Egito e Jordânia. E Turquia.

            E maior parte da comunidade internacional.

            A Autoridade Palestina saiu enfraquecida nesses 20 anos? Sim. E o que se fará se as próprias petromonarquias estão pressionando por isso? Ficar na dependência da retórica de Teerã?

            Acredito que fora disso é apenas dar falsas esperanças à população palestina.

             

             

  20. Ucrânia e morte de civis: a quem interessa?

    Algumas pessoas indiscutivelmente capazes de pensamentos de alta complexidade, autoras de escritos, raciocínios, juízos e comentários que em geral admiro, são exemplos de como é possível a manipulação da própria intelectualidade em prol de interesses ocultos nas entrelinhas. Tomadas por uma incapacidade relativa de manifestação lúcida sobre determinados assuntos, consideram o inimigo do seu inimigo como amigo e, por isso, elaboram sofisticadas interpretações dos acontecimentos para justificar qualquer barbaridade com ares de discurso acadêmico. Para isso, fecham os olhos ou tergiversam em relação a paisagem diferente que seja capaz de modificar o discurso assumido passionalmente. É realmente uma pena. A mim parece que, numa briga entre vilões ou entre vilões e mocinhos, pouco importa quem foi o autor da vilania em crítica, que deverá ser responsabilizado, ainda que seja o mocinho. Por outro lado, numa matéria cujos elementos para formação de convicção provavelmente jamais virão à tona, tudo é consideração e presunção. Assim, a pergunta a ser feita de imediato é, como já disse alguém aqui antes de mim: a quem interessa derrubar um avião com civis? Esse é, em princípio, o principal suspeito. Várias são as hipóteses, porém, a resposta a essa pergunta de forma isenta e inteligente tende a ser mais próxima da realidade.

  21. Entendam gente!

    Pessoal,

    Se eu não engano o Gunter é homossexual, certo?

    Então…ele elegeu os seus adversários. Parte do tempo se dedica ao PT/Padilha (pois atribui a eles o fracasso das políticas anti homofobia), parte dedica a Rússia (por promover a homofobia).

    Nada contra. Tá no direito dele. Mas saber alguns porquês antes de ler um texto, contextualiza muito a opinião da pessoa. O que é fundamental para entender os exageros e até ver o que há de bom e correto na opinião das pessoas.

    1. A questão não é ele ser

      A questão não é ele ser homossexual. Ele não representa os homossexuais. A questão é saber que ele está aqui a trabalho. Custou-me perceber mas hoje não tenho dúvida que o Sr. Gunter está aqui a trabalho.

      1. Estou mesmo a trabalho.

        Da evolução humana e do conhecimento.

        Que são as propostas do blog.

        No caso de algo não agradar reclame com a realidade.

        1. Muito bom

          Ótimos textos, imparciais e bem embasados. Coisa rara hoje, especialmente nestas páginas da esquerda reacionária, perdida nos anos 60. Quem dera eles reclamassem com a realidade – não suportam vê-la por meio minuto.

    2. Fiquei na dúvida!

      É realmente pertinente, pois tem gente que se comporta dessa forma…

      Também não tenho nada contra, só acho que prejudica análse de assuntos que são distintos.

      Apesar que não sei se seria o caso dele, teria que ver outras análises e ver a coerência. Acho que é apenas uma legítima opinião, ainda que com ares de certeza absoluta e certa prepotência.

      No mais, até onde sei, o PT sempre incorporou as bandeiras GLST…

      Hoje essa questão está mais difundida e aceita. Encontramos até homossexuais com tendências fascistas, como era o caso daquele líder holandês… Diversidade sexual não é mais bandeira exclusiva da esquerda, ainda que o conservadorismo religioso (de direita) seja o principal entrave. Acredito, inclusive, que a maioria da elite de quase todos os partidos (tirando o DEM e os partidos religiosos e o do Bolsonaro) sejam a favor da questão, mas evitam levantar a bandeira, por dependerem do apoio eleitoral desses setores conservadores.

      Já o vi elogiando o PSOL por ter uma bandeira secular, mas esse mesmo PSOL lançou Heloisa Helena (que já abandonou o PSOL), que nesse assunto é bem fundamentalista… O mesmo podemos dizer da Marina Silva… (aliás, me surpreende como ela conseguiu tanta difusão entre a juventude, sendo tão ‘careta” em termos comportamentais).

      Acredito que a bandeira GLST é justa e progressista, mas a dinâmica política/institucional/cultural é distinta, dificultando sua incorporação integral por qualquer força que tenha projeto real de poder. As mudanças via Judiciário foram uma forma de avançar no assunto…

      O Obama, por exemplo, só se manifestou favorável à questão quando o assunto já era meio a meio no país…

      Enfim, quem se pautar exclusivamente por essa questão no cenário eleitoral, dificilmente vai encontrar um candidato majoritário que o satisfaça. Já para deputado é mais fácil, como o ótimo Jean Wyllis…

       

    3. Não se engana

      Mas ser homossexual e ter senso crítico é coincidência.

      No lugar de procurar conspirações gayzistas, tente encontrar algum erro de argumentação no post.

      Melhor, tente encontrar algo que não pudesse ter sido escrito por heterossexuais. Até mesmo por homofóbicos.

       

  22. Maré alta

    Admiro muito as certezas expressas pelo Gunter. Eu pelo meu lado (e com a minha ignorância dos assuntos daquela região) só tenho dúvidas. A pergunta que mais vem à minha cabeça é: cui bono?

    Lógico, essa não é uma questão mágica que tudo resolve, mas é um ponto importante a ser abordado.

    A pressa na divulgação de uma conclusão, antes de qualquer investigação, em minha parca e obtusa visão, não é um indício de certeza. Muito menos acho que o mercado financeiro tenha bola de cristal e possa ser usado como indicador da verdade.

    Mas claro que estas são apenas observações genéricas de quem não conhece a complexa política que envolve a questão ucraniana, portanto estes pitacos atrevidos de minha parte nem de longe tem intenção de desmerecer o artigo, que por sinal lí com interesse e confrontando com mais três ou quatro outros que encontrei sobre o assunto.

    Do pouco que lí salta-me aos olhos a quantidade de certezas muito maior que a quantidade de fatos comprovados, tanto do lado dos “antiamericanos” como dos “antirussos”.

    Acho que jamais ficaremos sabendo da verdade, pois o mar de versões está com a maré alta e a tudo encobre.

    1. Então, Ruy

      Faça a pergunta ‘cui bono’ sobre o modo com que as coisas andam sendo expostas em redes sociais.

      Suponha que exista uma verdade. Que essa verdade seja defendida com uma mentira. Ao se fazer isso, ‘cui bono’?

      O ponto é só esse.

       

      1. Ah! A verdade…

        Como disse o inenarrável Luiz Fux “a verdade é uma quimera”…

        Então o que importa não é a verdade, mas a versão que é imposta às massas.

        Não é mesmo?

        Tudo indica (infelizmente) que sim.

        1. Não. Verdade é metáfora de ‘causa justa’

          Portanto é o que mais importa. 

          Tentar defender causas justas com peças de ficção não dá certo no longo prazo.

          No curto prazo às vezes também não.

          Tudo indica que sim.

           

  23. O interesse!

    “A quem interessa derrubar um avão civil?”

    A princípio, não interessa a ninguém. Interessaria apenas a alguém que quisesse dar um recado ao Putin: “Foi esse avião, mas poderia ser o seu!”

    Fora isso, acho que deve ter sido mesmo atacado por engano.

  24. O cara que defende as piores

    O cara que defende as piores atrocidades feitas aos palestinos por parte do governo de israel, vem levantar suspeitas sobre a suposta conduta da Rússia ao defender seu território e sua gente.  Jamais vi por aqui nenhuma linha sobre a usurpação de terras palestinas por milícias pró israel por parte desse senhor, nunca. Nós sabemos o porque da implicância dele com a Rússia.  É melhor o senhor procurar outro blog, para disseminar a sua verdade seletiva, talvés lá no uncle Ray o senhor angariará algumas simpatias.  Sorry! 

  25. Pois é

    Putz, que comparação!…Frente a economia mundial qualquer banco é pobrezinho. Irritante é esses caras tentarem nos fazer de Manés!….

    1. Esse argumento eu também achei improcedente

      Também achei que a citação ao banco dos BRICS foi de grande infelicidade.

      A importância da criação desse banco nãoestá em seu capital inicial e sim no PIB dos países envolvidos e em seu peso no contexto internacional.

      Comparar com a economia mundial ou com o patrimônio dos grandes bancos foi como comparar abacaxis com maçanetas. Prece que foi uma forçada de barra para minimizar a importância da crição do banco dos BRICS visando apenas desqualificar e descartar essa argumentação, coisa que não conseguiu dada a fragilidade dos argumentos utilizados.

      Parece-me que quem citou o fato de Putin estar retornando de um giro pela América do Sul e após a criação do banco, o fez comentando um momento de atuação diplomática do presidente russo, o que é sim bastante relevante para a análise dos acontecimentos.

      Observe-se que neste comentário estou apontando apenas este ponto e não tratando do texto como um todo.

  26. A premissa é a de que se está

    A premissa é a de que se está defendendo (ou torcendo) aqui no blog pela Rússia (talvez porque o blog seja frequentado, em sua maioria, por “esquerdistas”). E de que a Rússia não é essa belezinha toda, que o Putin é tão (ou mais) imperialista ou totalitarista do que os “imperialistas” estadunindenses e europeus, e que, tudo isso anuvia uma visão crítica, levando à demonização infantil e irritante (pelo tom do autor) de Globos e CIAs (sí-ái-êis, como gostam de falar nossos alinhados) da vida.

    O Gunter está, explicitamente, defendendo aqueles que defendem sua causa. Por isso sacrifica a objetividade. Uma pena. Sempre me deliciei com suas análises aqui no blog, muito detalhistas e o mais possível honestas. Com todo o respeito, perdeu esse apelo. Pra ele deve ser difícil manter a frieza, tento compreender. Mas nada disso justifica o descuido com os fatos de realidade.

    Neste caso específico da Ucrânia não dá para partir para uma análise isenta (a não ser que não se queira tal tipo de análise, que é o que parece) sem levar em conta que o país foi vítima de um golpe, e isso independe de se o Yucovich era fantoche do Putin ou não. Independe de se a situação economica do país estava ruim ou não. Se o fantoche exercia um poder com base numa rede de corrupção ou não. A mudança deveria se dar nas urnas. Não é isso que os nossos “pais do norte” pregam em todo o mundo, cara-pálida? Mas, como sabemos, OTAN, EUA e Europa, apostaram suas fichas no descontentamento da parte anti-russa e apressaram as mudanças. Logicamente (e o autor sabe disso) o motivo de fundo não é a melhora das condições de vida dos ucranianos (faz-me rir!). O objetivo sempre foi o isolamento geopolítico da rússia em face de sua política energética para a Europa e de sua busca por uma maior protagonismo e aumento de influência nesta área.

    Daí que essa troika terminou por ficar com um pepino nas mãos de pelo menos US$ 25 bilhões, uma porrada de fascistas trucidando a população civil, uma país em crise social-política e financeira e o Putin anexando a Criméia e fornecendo armas para rebeldes separatistas. Dá pra dormir com um barulho desses?! Movimento estúpido reconhecido até pelo Zbigniew Brzerzinski, aquele mesmo que deu todas as dicas para se isolar a Rússia e China e se conquistar o mundo.

    Quero crer que a questão da queda do avião se deu realmente por culpa dos rebeldes. Mas talvez tenhamos alguns novos detalhes que podem surpreender. Numa situação como a descrita, melhor aguardar uma apuração independente, porque contar com afirmações das partes envolvidas e em pé de guerra e acreditar em isenção nesta hora é debochar da inteligência alheia.

    Infelizmente o sr. Gunter está em guerra, e tem lado definido.

  27. Papai Noel.

    Armas químicas no Iraque. Vamos invadir… Esse foi um dos “relatórios” da CIA.

    Hoje, o “relatório” da CIA já aponta a “culpa” da Rússia. É isso aí…

    Cada um acredita naquilo que lhes convém.

     

  28. A Rússia deu uma passo maior que as pernas.

    A Rússia deu um passo maior que as pernas no caso da Ucrânia. Ela saiu ganhando com a anexação da Criméia. Deveria ter parado por aí. O importante para a Rússia é Ásia Central, cujos países (Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão) já assinaram ou estão a caminho de assinar a União Eurasiática, as únicas exceções é o Turcomenistão e o Uzbequistão. A Rússia deveria estar concentrada neles, principalmente o Uzbequistão. A Ásia central é a área de expansão da exploração de fontes energéticas, o que garante a Rússia manter seu monopólio sobre o fornecimento de gás a Europa. 

     

    A estratégia Russa é baseada no seguintes pontos (ver: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/3042/1/Livro-O_renascimento_de_uma_pot%C3%AAncia-a_R%C3%BAssia_no_s%C3%A9culo_XXI):

    1) Manter-se como importante fornecedor de gás a Europa.

    2) Não ser dependente deste fornecimento para seu equilíbrio fiscal (boa parte das receitas fiscais da Rússia vêm do setor de hidrocarbonetos) e externo.

    3) Impedir uma maior expansão da OTAN para os países da antiga área de influência soviética.

    4) Impedir uma maior expansão da UE para os países da antiga área de influência soviética.

    5) Não se tornar dependente da China.

    6) Diversificar sua economia de forma a chegar na quarta década deste século sem ser dependente do setor de hidrocarbonetos.

    7) Diminuir seu isolamento pela potência ocidentais

     

    Tudo estava indo bem até esse episódio da Ucrânia. O Putin tinha conseguido que o Obama repelisse a emenda Jackson–Vanik, o países da Ásia central assinaram a União Euro asiática o que caminha para tornar esta mais importante que o grupo Os Cinco de Xangai diminuindo a influência da China na região, e mesmo com a queda de Yanukovich a Rússia manteve a Criméia.

     

    O caminho agora seria de distensão, talvez ceder algum espaço à Ucrânia para a integração a UE com garantias que não haveria expansão da OTAN. Vários outros países da antiga URSS já estão na UE mesmo. Essa política russa de punir os países que se unem a UE com perdas territoriais tem riscos grandes demais.

     

    Agora com o agravamento da situação da Ucrânia a Rússia perde com o aumento de seu isolamento e é capaz da Ucrânia com medo de uma agressão Russa entrar para o OTAN e a UE. O que se combinado com a possibilidade de expansão dos gasodutos e oleodutos pelo sul (usando o território Ucraniano) pode ser quase que equivalente a entregar de vez seu sonho de grande potência. A única vantagem é que a Rússia mantém o controle da Criméia e, portanto, do mar negro. Pelo qual os dutos deverão passar. Mas não deixa de ser um enfraquecimento.

     

    Posso estar errado. Talvez punir a Ucrânia seja necessário para garantir a influência Russa na Ásia central. O Putin com certeza é mais inteligente do que eu.

    1. No meu entender você está certo.

      A retórica ocidental é apenas retórica para aprofundar os ganhos.

      O projeto eurasiano saiu dessa menor do que entrou, a fragilidade econômica da Rússia é maior que antes.

      E apenas se acirrou o sentimento anti-russo no Leste Europeu.

      Ninguém no exterior dá alguma importância se Putin tem 80% de popularidade ou não.

      Afinal, ele governa para a oligarquia que é grande interessada nas relações com o Ocidente.

      A Crimeia é vista como um “gambito”.

      1. Não acho que o Putim governe

        Não acho que o Putim governe para os oligarcas. Eu acho que ele governa com os oligarcas. O Putim reestatizou diversas empresas e prendeu ou expulsou os oligarcas mais liberais. 

         

        Eu acho que a elite plutocrata da Rússia chegou a conclusão que eles nunca vão se livrar de um problema: eles sempre serão russos. Com isso seus destinos estão entrelaçados ao destino da Rússia. 

         

        Na verdade a Rússia tem caminhado no fortecimento do capitalismo de estado em conjunto com o fortecimento de grandes grupos privados. Lembra-me muito o caminho seguido pelo Japão, Coreia e etc.

         

        Lembrando que a que Coréia seguiu este caminho e também não era o exemplo de democracia.

        1. A Coreia não era democracia

          enquanto diversificava sua economia e investia em educação e tecnologia.

          A economia russa nem isso. Não apresenta esse progresso, não se liberta da dependência de hidrocarbonetos e a popularidade do regime poderá cair se houver uma queda nos preços destes.

          Se tecnologia aplicada exclusivamente a forças militares levasse a alguma coisa, a URSS não teria tido dificuldades.

          E assustar os grupos políticos que controlam os países próximos não ajuda nada, claro.

          Mas, enfim, isso já é de conhecimento amplo. 

           

          1. Nesse ponto você está errado.

            A Rússia tem colocado muito foco no desenvolvimento tecnológico. 

            Leia o segundo artigo deste boletim aqui: http://www.controversia.com.br/uploaded/pdf/14836_121220-boletim-internacional012.pdf

            O problema é que o sistema de inovação da Rússia tem uma série de problemas herdados dos tempos soviéticos.

            As pesquisas são feitas em centros de pesquisas desconectados das universidades e das empresas. Além disso, a pesquisa é feita de forma isolada não há conexão entre a pesquisa de base, a pesquisa aplicada e os estudos necessários para levar isto para as fábricas. Nos tempos soviéticos o objetivo era facilitar pesquisas secretas e controlar informação. Em relação as empresas na Rússia Soviética, os gerentes das fábricas eram dominados por uma ótica de curto prazo, pois tinham que atingir metas e a introdução de inovações provocava uma queda da produção no curto prazo. Como o sistema não permitia uma recompensa extra (como os lucro extraordinários permitidos aos capitalistas pelo monopólio temporário de uma inovação) eles simplesmente não queriam inovar.

            Na Rússia atual os executivos têm dado preferência a importação de tecnologia associada a compra de novos equipamentos. O que faz com que o problema de desconexão entre a área de pesquisa e as indústrias permaneça.

            Mas a Rússia tem muitas vantagens em relação ao Brasil por exemplo. Para começar eles tem um repositório de capital humano imenso. Além disso, eles efetivamente fazem pesquisa de base, coisa que no Brasil é fraquíssima.

            Eles só precisam conectar o sistema deles. E tem sido feito muitos esforços neste sentido. Só para ilustrar:

            O número de instituições de pesquisas estatais subiu de 1193 para 1400 de 2000 a 2010. O número de instituições de pesquisa ligadas a universidade aumentou de 511 para 617 no mesmo período.

            Os dispêndios totais de P&D cresceram de 1,05% do PIB para 1,25% do PIB de 2000 a 2009. Ainda longe dos níveis soviéticos de 5% e da média da OCDE de 2,25%, mas maiores do que os níveis brasileiros que ficam entorno de 1% a 1,1% do PIB.

            O número de solicitações de patentes cresceu de 35.609 em 2000 para 58.759 em 2010. E de registros subiu de 23.316 para 44.469 no mesmo período.

            O número de patentes em exercício subiu de 164.099 para 259.689 de 2005 à 2010.

            Além disso, o tempo de utilização de tecnologia avançada diminui na indústria Russa. Em 2000 os equipamentos com menos de três anos representavam 33,2% do total e os de menos de seis anos 18%. Em 2010 representavam 36,1% e 20,6% respectivamente. Vale salientar que estes dados refletem mais uma importação de tecnologia importada.

            Porém a Rússia ainda é superavitária em tecnologia. Em 2011 os acordos comerciais de troca tecnológica apresentavam um saldo positivo de 614,4 milhões. Considerando que a Rússia não enfrenta problema de financiamento do seu balanço de pagamentos isso mostra que existe demanda pela tecnologia russa no mundo.

            Perceba que estes dados são todos anteriores a revisão do Programa Estratégico de Desenvolvimento de Longo Prazo da Federação da Rússia iniciada em 2012. Imagino que para frente veremos uma melhora nestes indicadores. Isso se a Rússia não ficar isolada novamente. 

  29. Teoria da conspiração: é só uma sopa de letras!

    A teoria de conspiração de sempre: “foi a KGB…”

    Ooops na falta dela, Putin (que era da KGB)!

  30. Quando uma pessoa está

    Quando uma pessoa está prisioneiro de dogmas e se acha imparcial qualquer análise sai como esse post.

    Superficial, pobre e irreal

  31.  
    OS MESMOS CABRAS QUE ATÉ

     

    OS MESMOS CABRAS QUE ATÉ HOJE NÃO SABEM DO VOO QUE SUMIRAM COM O AVIÃO DA MESMA EMPREZA. RAPIDAMENTE IDENTIFICAM  O MÍSSIL E O BADOGUE DOS ATIRADORES DE ELITE DO PUTIN.

    Eu em? Tou fora dessa arenga antidiluviana. Razão maior desses restos velhos e esfarrapados de anti-comunismo babaca.

    A questão da queda da aeronave da Malasia, poderia ser melhor destrinchada se o governo fantoche de Kiev, divulgasse toda gravação que detém, de sua torre de controle no momento do evento. Lá estão gravadas as conversas entre controladores de voo e pilotos. Ao menos, se tornaria claras as razões para a aeronave cumprir rota deslocada  200km ao norte da aerovia em que, o mesmo voo, se dava normalmente.

    No mais, é a turma de serviçais tentando mostrar serviço aos seus mentores da embaxada dos “homi” em Brasília.

     

    Orlando

     

  32. Gunter,
    Não vejo nenhum grupo

    Gunter,

    Não vejo nenhum grupo politico relevante, relevante dizendo que tenha sido coisa da cia. Embora todos saibam que ela seja capaz de todo tipo de provocação, estão todos sem saber o que aconteceu de fato.

    O que chama a atenção é a pressa em culpar o Putin, isso, sim. Sabemos de suas reservas em relação ao regime russo. Sabemos também que na internet tem todo tipo de maluco; de esquerda e de direita. Pegar exemplos desses pra generalizar posições de esquerda é uma tentativa baixa de desqualificação.

    Repito: não noto nenhuma grupo político relevante que faça defesa aberta da tese de que tinha sido obra da cia. É possível que tenha uns e outros dizendo por aí que foram os “parceiros do pt” os responsáveis pela barbaridade, mas por que colocar isso no centro do debate, senão pra desqualificar, pra servir de espantalho?

    1. Exatamente

      As teorias de conspiração saem de nichos que, se já não tinham credibilidade tornam-se ainda mais irrelevantes.

      O ponto é que quando pessoas ficam dando corda a isso em redes sociais acabam comprometendo o conjunto de coisas que defendem.

      E, exatamente como você fala, as pessoas notam m redes sociais quem é petista ou não. Aí a gente vê algumas (total minoria) defendendo coisas absurdas. Mas a maioria não tenta consertar o erro, se omite.

      O que acontece? A militância petista fica com a fama de defender absurdos. É culpa minha um processo real?

      É como ocorre com evangélicos, os crentes, não os pastores-políticos. eles sofrem muito preconceito. Mas por quê? Porque deixam alguns falarem bobagens por eles e não os desautorizam.

      Quando um coletivo se omite em relação ao que elementos falam, essa omissão passa por concordância.

      É a coletividade que se coloca como “espantalho”. E veja neste post: fazem o jogo do antagonismo direitinho. É o que eu disse no último parágrafo do post.

      Não estou tentando desqualificar ninguém, portanto, estou tentando é avisar que as pessoas correm o risco de se autodesqualificarem. A partir deste ponto, se alguém insiste, não é mais responsabilidade minha, né?

      As reservas em relação ao regime russo não são (só) minhas.

      Ou existe algum intelectual ou político influente defendendo-o?

      É tão anacrônico com seu nacionalismo do século XIX, faz tantos erros seguidos (eu diria que o único acerto foi no trato da questão Síria) que mesmo se um dia estiver propondo algo certo não terá credibilidade.

      Igual ao pastorzinho da fábula.

       

       

      1. A partir deste ponto

        “A partir deste ponto, se alguém insiste, não é mais responsabilidade minha, né?”  Jesus, Maria, José, que pretensão!!

  33. Sorry.

    Ao que parece, as coisas podem ser esclarecidas em breve: o avião pode ter sido abatido por míssil aéreo. O governo da Ucrânia e a grande mídia internacional não divulgam isso aqui com a mesma intensidade com que rapidamente se prontificaram a atacar os rebeldes para atingir a Rússia: um jato militar ucraniano aproximou-se por 3 a 5 kilômetros do avião abatido, poucos minutos antes de sua queda. Certamente há como se comprovar isso, através de registros de radar e satélite. Tomara que descubram logo quem é culpado pela morte de tantos civis nesse desastre, seja de que lado for., mas parece que foi mesmo do lado ucraniano. Saiu no importante jornal britânico The independent o depoimento desse militar russo.

    http://www.independent.co.uk/news/world/europe/malaysia-airlines-mp7-crash-ukrainian-military-jet-was-flying-close-to-passenger-plane-before-it-was-shot-down-says-russian-officer-9619143.html

     

    1. Enquanto isso.

      Por falar em morte de civis inocentes, continua o massacre em Gaza, em que o poderoso exército de Israel ataca até hospital, com seus doentes, feridos, equipes médicas, intrumentos e remédios – única chance de sobrevivência que têm os milhares de machucados e ameaçados de morte. E os governos ocidentais, a começar pelo dos EUA, acham tudo soft. 

      1. Militância virtual não desatará a questão do Oriente Médio.

        Não quero entrar a fundo nessa questão porque as pessoas usam demais a emoção e pouco a razão.

        Mas note que na diplomacia internacional apenas a Turquia apontou críticas mais contundentes e mesmo assim não cogitou suspender relações com Israel. Egito muito menos.

        Nem as petromonarquias que faziam jogo duplo (doações para o Hamas e torcida para que Israel continue antagonizando o Irã) andam enfáticas ultimamente. Afinal, o chapéu de Israel, Fatah, petromonarquias, Egito é o mesmo, a hegemonia ocidental-liberal.

        O Hamas escolheu um princípio equivocado com isso de se recusar a reconhecer o Estado de Israel e de pregar em público sua destruição. Não recebe apoio concreto e efetivo de quase nenhuma força política, é apenas inflado com discursos.

        A conjugação dos dois fatores “amarra” as diplomacias ocidentais. E nem Rússia ou China fazem algo, certo? O que falar das diplomacias latinoamericanas, não é mesmo?

        Há muita boa intenção no discurso anti-Israel em redes sociais, mas também há o contrário, há quem esteja sendo ingenuamente manipulado.

        Quanto mais se arrasta isso mais a ultradireita israelense se autojustifica. Mais os palestinos em Gaza são empurrados para um suicídio político. Piroando ainda mais as bases para uma solução dois estados.

        Pense nisso também.

         

         

        1. Gunter,

          Razão e emoção não se separam tão facilmente. O que se sente também é pensado; o que se pensa também é sentido. Até compreendo sua posição no caso do desastre na Ucrânia, porque sobre isso há dúvidas, não se sabe o que causou a queda da avião. Apesar de que nesse caso é você quem pensa a partir da emoção, com seu sentimento anti-russo. Mas sua posição sobre a situação da Palestina é insustentável. Trata-se de uma intermitente ação terrorista do Estado de Israel contra um povo sem exército, sem Estado, e cada vez mais sem as terras que já habitavam muito antes do estabelecimento do Estado de Israel. Só nesse último ataque a Gaza já foram assassinadas cerca de cem crianças – e o apelo emocional/racional aqui é inevitável. Mas estas poderiam estar incluídas entre os cerca de 500 mortos. Pergunta retórica (como tudo que passa pela linguagem da razão e da emoção): se fossem israelenses?

          1. Jair, não adianta.

            1. O Gunter está certo, e nós que o contestamos, estamos errados. E mais do que estarmos errados, somos cegos por não querermos ver as verdades irrefutáveis que ele nos apresenta. E mais ainda, ele tem acesso a informações que o próprio presidente da Rússia não conhece! Com tudo isso, como você ousa questionar as lições de moral que ele apresenta aqui? Democraticamente, temos todos que aceitar sem reclamar do que ele fala! Do contrário, você será taxado de “intolerante”, “desinformado”, “teórico da conspiração” ou de qualquer outro adjetivo que ilustre a sua ignorância diante do PhD em ciências ocultas e letras apagadas.

            2. Para mim, o Gunter perdeu todo o seu valor e todo o meu respeito no dia em que menosprezou o sofrimento daqueles que perderam tudo no Pinheirinho, após a desastrada atuação da polícia fascista do führer de Piratininga. “Afinal de contas, por que vou reclamar do Alckmin? Ele não fez nada pra mim!” Questionei-o pesadamente e ele, tal e qual uma criança mentirosa, disse que “nunca tinha escrito aquilo”. Copiei e colei o comentário dele palavra por palavra em uma de minhas respostas e ele daí escreveu que “não era o que ele tinha querido dizer” (?????). Uma pena que o sistema do blog não manteve comentários anteriores a setembro de 2013, adoraria recolocar os links para que vocês pudessem ler. Provavelmente, o que ele pensa a respeito de Israel e de suas forças armadas não é muito diferente. E se entitula “social-democrata” e “partidário do centro”! Vai ver é só pros amigos.

            Aliás, eis mais uma do “The Independent”: http://www.independent.co.uk/news/world/middle-east/israelgaza-conflict-the-myth-of-hamass-human-shield-9619810.html, ou “O mito do escudo humano do Hamas”. Eis o último parágrafo:

            “At the funeral of the Abu Jamaa family, as another body in a shroud was lowered into the grave, Saied, the cousin said: “ That is the only escape many of us will have from here.”

            (No funeral da família Abu Jamaa – uma família de 26 pessoas que foram todas mortas por um dos bombardeios de Israel – enquanto outro corpo numa mortalha era sepultado, Saied, um primo, disse: “Essa é a único jeito de escapar daqui que muitos de nós têm à disposição.”)

          2. Não inventa isso de sentimento anti-russo

            É querer sair pela tangente e você sabe disso.

            A política externa russa não é exemplo de melhoria em relação a dos EUA, a não ser para quem for acriticamente anti-EUA.

            Fez-se tantos e vários erros seguidos (desde o apoio incondicional à Sérvia em 2008) que os erros dos EUA ficam empanados.

            Ou ninguém notou como a mídia ocidental não precisa nem mais omitir ou defender coisas? Seus antagonistas se autoimplodem. Não é o que a situação brasileira fala da oposição? A diferença é que nesse caso é verdade.

            E não importa só o que Jair ou Gunter pensam. Mas o que a opinião pública pensa e pode vir a pensar.

            Há pouco estava conversando sobre Gaza com meu companheiro, ele diz que entre o tamanduá e a formiguinha vai ficar sempre do lado da formiguinha.

            E eu respondi que não quero empurrar a formiguinha para o suicídio.

            Insustentável é fingir apoio a Hamas em redes sociais a 15 mil quilômetros de distância ignorando que petromonarquias fazem jogo duplo e que o Egito deixou de fazer (para ficar claramente contra o Hamas.)

            Ignorar algumas coisas que o Hamas faz, como construir túneis clandestinos, ignorar que todas as forças na região estão sob o mesmo guardachuva, ignorar que não há consenso nem dentro da OLP, ajuda no que exatamente a haver menos mortos?

            E não se cobra nada da Rússia (ou China ou Índia ou mesmo Brasil), certo?

            Onde está a razão e onde está a emoção?

            Vamos parar com fingimentos.

            A estratégia é errada. Se for com boas intenções, está-se apenas sendo inocente útil.

            O Hamas manter sua posição oficial atual deixa a diplomacia internacional amarrada e dá subsídios para a ultradireita israelense.

            Não me peça para participar de um jogo perde-perde desses.

          3. Gunter,

            O “sentimento anti-Rússia” talvez fosse melhor traduzido por “anti-Putin”, mas fui meio pela generalização cultural análoga ao do “sentimento anti-americano” de tantos colegas aqui, que às vezes é um sentimento cego… A discussão vai longe, e cansa, e espero que Israel pare logo de matar crianças e adultos na Palestina! E os separatistas pró-Rússia entregam há pouco as tais caixas-pretas pros malaios, a quem de direito. Veremos o que há lá. Espero que nisso haja também algum indício do que pode ter acontecido com o outro avião deles, que é igual à Conceição cantada pelo Cauby: ninguém sabe, ninguém viu… Abrass!

          4. Menos ainda, Jair.

            Pensar isso seria um erro de diagnóstico.

            Apenas se critica os erros de política interna e externa da Rússia, fala-se do modo como isso prejudica a imagem externa desse país e sua capacidade de exercer soft power e, sobretudo, alerta-se para como é contraproducente usar construções de pensamento falseadas para defender causas, quaisquer que sejam.

            Se existe sentimento anti-americano em função dos equívocos dos EUA ao longo de décadas, a Rússia conseguiu algo análogo em 6 anos.

            Isso não é responsabilidade nossa, não nos cabe ‘passar a mão’.

            Nem nunca caberia para um país com regime de extrema-direita, mas estendo o raciocínio a outras fórmulas equivocadas.

        2. Vc abre com:”Não quero entrar

          Vc abre com:”Não quero entrar a fundo nessa questão porque as pessoas usam demais a emoção e pouco a razão.”. Como vc é o contrário disso, fecha com: “pense nisso”.  Se vc fosse menos arrogante seria bem melhor, provavelmente para vc também.

    2. depoimento de lado interessado

      é a razão porque cônjuges não podem prestar testemunho.

      Como disse no post aguardemos o que as partes exporão à opinião pública internacional. Mas a Bolsa de Moscou fechou em queda de 2,6% hoje, o que pode ser sinal.

      E a mídia convencional, especialmente da Europa Ocidental soi apresentar dois lados antes de um julgamento. E avisa quando é “editorial” ou “opinião”.

      Mas a questão não é apenas um míssil, é o conjunto da obra.

      Após a mudança de governo na Ucrânia, quer por vontade popular quer por golpe (ao gosto do freguês), foi um erro estratégico da política externa russa fomentar (quer por meios físicos, quer por propaganda) uma insurreição que nunca houve antes no Donbass (muito diferente da Crimeia, que desde 1991 tinha sido a única região contrária à dissolução da URSS e que por isso mesmo desde então já tinha obtido o status de república autônoma.)

      Mas fora da Europa Oriental como fica?

      O advento da internet deveria ser para se divulgar críticas a sistemas e regimes de forma propositiva. Mesmo que seja o regime norte-americano ou sistemas neoliberais como um todo, não?

      Agora, mesmo que seja com supostas boas intenções, a repetição constante em blogs e em redes sociais de teorias sem credibilidade alguma, estórias contadas pela metade, hoaxs, manipulações de imagens, defesas do indefensável, etc, só está favorecendo justamente o discurso que se pretendia denunciar/criticar.

      E pessoas podem inadvertimente prejudicar sua credibilidade no processo, o que compromete o sucesso no trabalho de convencimento de outras coisas.

      Eu não estou torcendo nem distorcendo nada.

      Só estou contando que há uma crise em um discurso.

      Só isso.

       

      1. Meu Deus!

        “Mas a questão não é apenas um míssil, é o conjunto da obra.” –> realmente, Gunter, a questão não é “apenas um míssil”. A questão é um possível ataque false flag para justificar uma ofensiva econômico-militar cujo pano de fundo é a expansão dos EUA para o leste, assim como a invasão do Iraque foi um gigantesco false flag (armas de destruição em massa, anyone?) para cimentar a posição dos americanos e aliados no oriente médio (e que tiro pela culatra!).

         

        É você, com esse seu discurso de “conjunto da obra” quem simplifica e emburrece a questão, ao se esquecer, seletivamente, que o outro lado (EUA) tem um conjunto da obra igualmente, senão mais perverso, com um modelo de atuação geopolítico que deixou um rastro de morte e destruição da América do Sul ao Vietnam, da Grécia à África, passando pelo pós-guerra Italiano, pela ex-Iugoslávia, etc…

         

        Se a Rússia é sua inimiga, aliar-se ao inimigo dela não te torna nem um pouco melhor que ela.

      2. Gunter,

        Como sabe, não sou fã de Putin, nem da tradição autoritária da Rússia, mas é compreensível que a gente duvide de um dos lados da contenda, que não é o ele, mas dos mais safados, sim, historicamente… Sem anti-americanismo em geral (gosto muito de muitos aspectos dos Estados Unidos!), convenhamos, Gunter, a política externa deles é uma lástima, por conta de seu famoso “complexo industrial-militar”. Alguém foi responsável pela queda desse avião civil, com centenas de mortos, e deve-se saber quem é. O primeiro registro visto por mim na imprensa britânica que “ouviu o outro lado” é o que mostrei acima, porque há indícios comprováveis do que se afirma. Na mídia americana que consultei, não vi nada a não ser o que disseram os militares americanos e o Obama repetiu, e toda a grande mídia alinhadíssima do mundo repercute como verdade, sem provas, até agora.

        1. Mas então, Jair

          Se for o caso duvide dos dois lados então.

          E escolha o caminho mais produtivo para aquilo que você acredita.

          Quando e em algum momento alguém disse que a política externa dos EUA é boa? 

          Se ocorre dela ser menos pior agora que a da Rússia ou de países do Oriente Médio, vamos fazer o quê? Apoiar as piores?

          A imprensa britânica cumpre ritos formais nesse caso. O que é bom, não?

          Não estamos falando da Guerra do Vietnã aqui.

          O Mundo mudou muito desde então.

          Se alguém quer levar a uma evolução além do deficiente modelo proposto pelo establishment norte-americano não tem sentido nenhum defender configurações piores (refiro-me a regimes e sistemas, não a episódios de guerra.)

          Imperialismos ao estilo do século XIX e regimes teocráticos são anacrônicos. Coisas assim não têm como receber apoio da opinião pública ocidental da década de 2010.

          Aceite-se isso como um começo.

           

  34. Putz grila, Gunter, voce

    Putz grila, Gunter, voce parte de uma premissa verdadeira, a de que apoiar incondicionalmente o Putin, ou qualquer um, por contrariar interesses do Tio Sam, é o infantilismo do anti-americanismo. E cai no mais puro infantilismo, ao abdicar da analise mais acurada de um fenômeno bem mais complexo.

    Eu não vou cair na sua armadilha*, Gunter. Vou continuar rejeitando o estilo Putin de governar, mas não vou me considerar na obrigação de menosprezar o banco dos Brics, tal qual um Jabor da vida. Muito menos fazer vista grossa para as barbaridades da parceria USA/Israel

    *Essa armadilha pode não ter sido sua racionalmente sua intenção. Mas é uma armadilha sim

    1. Putz grila, Juliano

      Seja realista.

      O discurso antiamericanismo ou antiimperialismo não pode ser feito com uso de exemplos do Mundo presente porque não há nenhum que não seja mais autoritário.

      Esse é o ponto. Na insistência de se defender os exemplos concretos de regimes antiamericanistas perde-se a credibilidade do próprio discurso.

      Não se pode criticar um regime por ser neoliberal, um pouco autoritário e com uso de religião na política (como faz o Tea Party) oferecendo como alternativa a defesa de regimes onde essas características são ainda mais aprofundadas.

      E, pior, defendendo as mentiras que esses regimes propagam.

      Isso simplesmente não é convincente. Se houvesse pesquisas de opinião a respeito disso no tempo isso ficaria mais claro.

      Quem se coloca numa armadilha é a própria atuação antiimperialista. Que só joga água pra esse moinho.

      Quer ela demore a perceber ou não esse “gol contra”.

      Se alguém desejar se contrapor a imperialismo deve estimular os modelos mais secularistas, mais social-democratas, com ainda maior liberdade de expressão. E não os evidentemente piores. E sem usar manipulações de pensamento também.

       

       

  35. Este post é

    Este post é Geo-localizado!

    Quem for morador dos Eua, Inglaterra e até mesmo do Canadá irão concordar…

    Já quem vive na Palestina, na Ucrânia e no Iraque pensarão de forma diversa…

  36. Capitalismo, violência e decadência sistémica

    Este texto publicado no “Resistir.info” não se relaciona diretamente com a situação na Ucrânia, mas explica as atuais motivações dos EUA, não é colonizar, governar, mas sim implantar o caos.

    Capitalismo, violência e decadência sistémica

    Do “Resistir.info”

    http://resistir.info/crise/beinstein_violencia_jun14.html

    Do fim do começo ao começo do fim

    por Jorge Beinstein [*]

    Da Líbia à Venezuela, passando pela Síria, México, Ucrânia, Afeganistão ou Iraque, no que já decorreu da década actual presenciámos o desdobramento planetário permanente da violência directa ou indirecta (terciarizada) dos Estados Unidos e dos seus sócios-vassalos da NATO. Toda a periferia foi convertida no seu mega objectivo militar. A onda agressiva não se acalma, em alguns casos combina-se com pressões e negociações mas a experiência indica que o Império não agride para se posicionar melhor em futuras negociações e sim que negoceia, pressiona, com o fim de conseguir melhores condições para a agressão.

    Estas intervenções quando têm “êxito”, como na Líbia ou no Iraque, não concluem com a instauração de regimes coloniais “pacificados”, controlados por estruturas estáveis, como ocorria nas velhas conquistas periféricas do Ocidente, e sim com espaços caóticos dilacerados por guerras internas. Trata-se da emergência induzida de sociedades-em-dissolução, da configuração de desastres sociais como forma concreta de submetimento, o que coloca a dúvida acerca de se nos encontramos diante de uma diabólica planificação racional que pretende “governar o caos”, submergir as populações numa espécie de indefensão absoluta convertendo-as em não-sociedades para assim saquear seus recursos naturais e/ou anular inimigos ou competidores… ou, ao contrário, trata-se de um resultado não necessariamente buscado pelos agressores, expressão do seu fracasso como amos coloniais, da sua alta capacidade destrutiva associada à sua incapacidade para instaurar uma ordem colonial (“incapacidade” decorrente da sua decadência económica, cultural, institucional, militar). Provavelmente encontramo-nos diante da combinação de ambas as situações.

    Também é possível supor que o Império, na sua decadência, se encontra prisioneiro de um emaranhado de interesses políticos, financeiros, mafiosos… conformando uma dinâmica auto-destrutiva imparável que o obriga a desenvolver operações irracionais se observamos o fenómeno com um certo distanciamento histórico, mas completamente racionais se reduzimos a observação ao espaço da razão instrumental directa dos conspiradores, ao seu micromundo psicológico (a razão da loucura como razão de estado ou astúcia mafiosa impondo-se à racionalidade no seu sentido mais amplo, superior).

    Ainda que esses desastres não representem necessariamente acções de verdugos impiedosos a destruírem paraísos periféricos, o capitalismo é uma totalidade global e o que aparece como a decadência do centro imperial é a manifestação decisiva mas parcial de um fenómeno planetário que inclui a periferia presa na armadilha da sobredeterminação burguesa universal (decadente) das suas sociedades. A operação de destruição da Líbia lançando sobre o seu território ondas de mercenários e bombardeamentos pôde triunfar graças à degradação do regime kadafista; o golpe neonazi de Fevereiro de 2014 na Ucrânia capturou o governo de uma “república” resultante do desastre soviético que a havia submergido num gigantesco apodrecimento seguido pela instauração de um capitalismo mafioso; a desestabilização da Venezuela orquestrada pelos Estados Unidos apoia-se em sectores das classes médias conduzidos pela velha burguesia local que não foi eliminada depois de quinze anos de “revolução” (“bolivariana” autoproclamada “socialista”) eternamente a meio caminho… essas elites não foram varridas do cenário ainda que fossem irritadas, enfurecidas pela ascensão social das classes baixas.

    Tudo isto nos conduz à necessidade de estabelecer o momento da história do capitalismo em que nos encontramos. Trata-se do bordel sangrento global prelúdio de uma nova acumulação primitiva berço de um futuro super-capitalismo ou dos golpes finais, desesperados, de uma civilização que entrou no ocaso?

    Proponho responder a essa pergunta utilizando aquela velha e tão repetida frase de Churchill em plena Segunda Guerra Mundial quando, ao terminar a batalha de El Alamein, assinalou que esse facto era não “o começo do fim (da guerra) e sim o fim do começo” de um processo muito mais importante, decisivo. Encontramo-nos actualmente na presença do fim do começo , vai-se concluindo a etapa preparatória do declínio ocidental que se prolongou durante várias décadas e começa a emergir o começo do fim , o desmoronamento do capitalismo como civilização que, como outras civilizações em declínio, provavelmente percorrerá uma trajectória temporal complexa de duração indeterminável de antemão.

    Ainda que não possa deixar de assinalar diferenças decisivas com as civilizações anteriores, como seu carácter planetário (não limitado a uma região), a massa de população incluída no processo (actualmente umas sete mil milhões de pessoas e não apenas umas poucas dezenas ou centenas de milhões) e o descomunal desenvolvimento das suas forças produtivas, com capacidade industrial e militar para destruir totalmente a vida no planeta. O que coloca de maneira radicalmente distinta o opção que enfrentaram todas as decadências de civilizações: superação ou afundamento num longo desastre do qual emergia mais adiante uma nova civilização no espaço anterior ou imposta por uma força externa. Isto não é a decadência da Babilónia devastada pelos pântanos difusores de malária gerados pelo seu próprio desenvolvimento, nem da Roma imperial esmagada pelo parasitismo e a hipertrofia militar, resultado da sua dinâmica imperialista marchando em direcção ao abismo enquanto boa parte do resto da humanidade ignorava esses factos. [1]

    Violência e decadência sistémica

    O fenómeno sobredeterminante é a decadência, demonstrada por numerosos indicadores como o declínio a longo prazo (desde os anos 1970) da taxa de crescimento económico global activada pelo arrefecimento tendencial do crescimento dos países centrais e a seguir pelo acompanhamento desta tendência por um processo de hipertrofia financeira que se articula com um aparelho parasitário sem precedentes: consumista, militar e burocrático.

    Encontramo-nos diante de sociedades imperiais tão decadentes que já não podem mobilizar militarmente a sua juventude como no século XX, ainda que a sua capacidade financeira e os seus avanços tecnológicos lhe permitam contratar mercenários em substituição das forças operativas tradicionais (a oferta de lumpens proveniente de todos os continentes é directamente proporcional ao progresso da decadência), utilizar armas como os drones e outros artefactos mortíferos super refinados que estabelecem um fosso técnico descomunal entre agressores e agredidos e, finalmente, esmagar com manipulações mediáticas suas vítimas directas e o resto do mundo.

    Estas “vantagens” são ao mesmo tempo expressões de poder e de fraqueza, de capacidade destrutiva mas também de descontrole ideológico das suas próprias sociedades, da ilegitimidade interna das suas operações, o que somado à sua deterioração económica impede-os de passar da destruição à reconstrução colonial dos territórios conquistados.

    As transformações burguesas das sociedades europeias haviam gerado, desde os fins do século XVIII, a possibilidade de integrar o conjunto da população às suas diferentes aventuras militares. Desse modo, o cidadão-soldado e a guerra de massas substituíram o mercenário e os exércitos das aristocracias. Os assassinos a soldo cederam lugar aos assassinos voluntários ou forçados que entregavam a sua vida não por dinheiro e sim pela defesa da “pátria”, da “liberdade”, etc.

    Mas a decadência do capitalismo e a sua transformação, depois do aggiornamento burguês da China e do derrube da URSS, em sistema único (ou seja, em dominação planetária, visivelmente amoral das elites parasitárias) deitou abaixo os mitos, as legitimações que permitiam aos estados fabricar causas nobres para enviar à morte o cidadão comum.

    A perda de legitimidade do aparelho militar ocidental surge como um traço decisivo da decadência, mas a reprodução imperialista continua e o exercício da violência contra a periferia retoma a velha tradição dos exércitos mercenários.

    Agora a propaganda do poder junto às suas populações não tem como objectivo arrastá-las ao campo de batalha (operação inviável) e sim, antes, obter a sua aprovação passiva ou diluir a sua recusa diante de aventuras fisicamente distantes apresentadas como fenómeno virtual, como um elemento mais do entretenimento brindado pela televisão e outros meios de comunicação.

    O desdobramento bélico foi teorizado pela chamada Guerra de Quarta Geração , resultado das reflexões no alto nível militar dos Estados Unidos posteriores à derrota do Vietname, visualizada como “guerra assimétrica” onde a força inimiga com baixo nível tecnológico e reduzida potência de fogo, mas bem integrada à população, pôde derrotar o exército imperial possuidor de um elevado nível tecnológico e um gigantesco poder de fogo.

    A nova doutrina militar aponta não para a simples destruição da força militar inimiga e sim, principalmente, para o conjunto da sociedade que a sustenta. A desintegração social (económica, moral, cultural, institucional) passa a ser o objectivo procurado e esse processo pode-se dar ou não com intervenções directas e sim, antes, com combinações variáveis de intervenções externas (militares, mediáticas, económicas, etc) e acções de desestabilização interna.

    Estabelece-se assim uma ampla variedade de cenários de agressão. Num extremo podemos localizar as guerras do Afeganistão e Iraque, numa zona intermédia a Líbia, a Síria ou a Jugoslávia e, no outro extremo, as chamadas intervenções suaves ou revoluções coloridas como no Paraguai, Honduras ou Ucrânia. Todas elas implicam o desenvolvimento intenso de acções violentas no começo da operação, em algum momento da mesma ou como resultado da vitória imperialista. Mas estas guerras de configuração variável não resolvem o problema da dominação colonial da periferia, o caos instalado entorpece, encarece ou por vezes torna impossíveis os saqueios sistemáticos.

    O atalho da Guerra de Quarta Geração aparece como o que realmente é:  o máximo possível de agressão num contexto de debilidade estratégica do agressor cujo resultado é não só a caotização periférica como também a degradação interna. As operações mafiosas em direcção ao exterior acabam por consolidar práticas mafiosas dentro do aparelho dominante do Império, onde se propagam as camarilhas parasitárias, as tendências irracionais, as loucuras elitistas, as rupturas das regras de jogo institucionais.

    Começo do fim:  o mundo depois de 2008-2013

    O sexénio 2008-2013 marca a transição entre o declínio relativamente suave e controlado do sistema, iniciado no princípio dos anos 1970, e a sua degradação geral de que estamos a presenciar os primeiros passos.

    A crise desencadeada entre fins dos anos 1960 e princípios dos anos 1970 não foi superada como as anteriores, através de uma grande onda depressiva destruidora de empregos e empresas que, reduzindo salários e concentrando a produção e a procura solvente, disparava um novo ciclo ascendente da economia. A era das “crises cíclicas”, descritas por Marx, havia concluído. Ainda que Marx explicasse que essas crises recorrentes iriam acumulando desordem no sistema – até que as forças entrópicas adquirissem uma dimensão tal que já nenhuma reconstrução capitalista seria possível. Ficava assim prognosticada a crise geral do capitalismo, o esquema teórico decorrente da lógica da sua dinâmica de acumulação O que de modo algum podia ser prognosticado era o seu desenvolvimento histórico concreto, seus tempos, seus protagonistas de carne e osso, os atalhos e inovações sociais que permitiram adiar ou precipitar o desenlace.

    A avaliação prospectiva de Marx era um cenário muito geral que dava cabimento a uma ampla gama de futuros possíveis. Não se tratava de uma profecia apocalíptica na qual se estabelece uma data ou como calculá-la, descrições precisas de actores e coreografia, etc. Mas esse esquema teórico permitia a Marx e Engels explicar, por exemplo, que “dado um certo nível de desenvolvimento das forças produtiva, surgem forças de produção e de meios de produção tais que nas condições existentes provocam catástrofes, já não são mais forças de produção e sim e destruição” [2] , o que abria a reflexão acerca do carácter auto-destrutivo da civilização burguesa na sua etapa decadente mais avançada.

    E isso começou a ser inegável em torno de 2008-2013, ainda que muito antes desse período fossem aparecendo sinais de alerta a respeito – quase sempre ignorados pelos grandes meios de comunicação e pelas ciências sociais. Quando se referiam a possíveis desastres ambientais, sanitários ou políticos atribuíam-nos a manejos irracionais corrigíveis no interior do sistema. A isso apegaram-se “a partir da esquerda” alguns adoradores masoquistas do capitalismo, propondo uma espécie de eternização dos seus ciclos, tentando destacar na crise em curso os sinais da próxima recuperação do sistema. Mas esses sinais eram puras fantasias ou então ladainhas conservadoras baseadas em que “sempre” o capitalismo havia conseguido superar suas crises, naturalmente à custa dos trabalhadores – o que normalmente entristecia o auditório (e não muito o orador).

    Dentre os variados factores da decadência destacam-se dois que são decisivos:  a degradação (e hipertrofia) financeira e a degradação (e hipertrofia) militar.

    A partir de 1990 (aproximadamente), enquanto o Produto Mundial Bruto vinha decrescendo suavemente em progressão aritmética (desde os anos 1970), a massa financeira começou a crescer em progressão geométrica. Os produtos financeiros derivados, sua espinha dorsal, que nos fins dos anos 1990 representavam umas duas vezes o PBM, em 2008 passaram a representar umas 12 vezes o PBM – mas a partir daí a expansão estancou e tendeu a decrescer pouco a pouco.

    Durante a sua ascensão a especulação financeira foi a muleta parasitária que permitiu aos consumidores, empresas e estados do Primeiro Mundo continuarem a gastar e investir apesar de os rendimentos marginais da avalanche financeira serem decrescentes em termos de crescimento do produto bruto dos países centrais. Cada vez era precisa mais droga financeira para obter cada vez menos expansão económica – até que finalmente, em 2008, o mecanismo quebrou:  o peso financeiro tornou-se insustentável e desencadeou-se um rodopio de auxílios estatais ao sistema financeiro a fim de impedir a sua derrocada.

    Mas estes auxílios não reactivavam a economia. Apenas travavam a derrocada financeira, fazendo aumentar as dívidas públicas até o ponto de o estado norte-americano ter estado duas vezes à beira do incumprimento (default), enquanto as dívidas públicas mais as privadas do Japão chegaram em 2013 a 520% do PIB, a 510% na Grã-Bretanha, etc. A partir daí, os auxílios esgotaram-se e o Primeiro Mundo entrou no que, no melhor dos casos para ele, poderia ser descrito como um longo período de estancamento, recessões e crescimentos anémicos que não devem ser pensados como um planalto de arrefecimento estável da produção, do consumo e do emprego e sim como um tobogã descendente.

    O crescimento zero ou o declínio, ainda que suave, significam o aumento tendencial do desemprego e em consequência a entrada num complexo fenómeno de desintegração social.

    Por sua vez, a militarização dos Estados Unidos não terminou com o fim da guerra fria. Após um breve estancamento em fins dos anos 1990 recomeçou a expansão das despesas militares. Foi de tal modo que em 2012 o seu volume real (somando todas as verbas com finalidade militar do estado, não apenas as do Departamento da Defesa) chegou a um número equivalente a cerca de 9% do Produto Interno Bruto [3] . Aquilo que poderíamos considerar como área militar e de segurança deslizou do passado “clássico”, povoado por militares e agentes profissionais de tipo tradicional adstritos directamente à administração pública, para uma nova etapa com participação crescente de mercenários, estruturas privadas contratadas pelo estado e uma multidão de organizações públicas e privadas informais oscilando entre a legalidade e a ilegalidade, misturadas com negócios clandestinos (drogas, prostituição, tráfico de armas, etc). Guerra de Quarta Geração, lumpen-burguesia financeira e lumpen-militarismo converteram-se no núcleo duro ideológico físico de uma elite imperial degradada que alguns autores assinalam como lumpen-imperialista [4] .

    Mas assim como a mega bolha financeira primeiro escorou o funcionamento do sistema e a seguir converteu-se num salva-vidas de chumbo, a degeneração militarista-mafiosa e sua doutrina nova surgiram como a tábua de salvação de estruturas militares e de inteligência ineficazes diante de uma periferia aparentemente pronta a ser devorada mas que lhes escapava das mãos. Contudo, essas esperanças eram ilusórias. A única coisa que conseguiram foi destruir países, fracassar na tentativa ou ambas as coisas ao mesmo tempo, acumulando despesas e défices fiscais:  a criminalidade converge com a estupidez.

    A “transição 2008-2013” significou uma mudança fundamental nas formas da guerra (sua degradação radical) que deixou a descoberto o carácter da mutação em curso do conjunto do capitalismo. Em meados dos anos 1950 e fazendo referência à então recente prática bélica nazi, Johan Huizinga assinalava que historicamente a guerra sempre havia feito parte das civilizações ou culturas “uma vez que uma comunidade (em guerra) reconhecia a outra (contra a qual fazia a guerra) como humana… e separava claramente e de maneira expressa a guerra da paz, por um lado, e da violência criminosa, por outro. A teoria da guerra total – destacava o historiador – renunciou ao último resto lúdico da guerra (ou seja, a toda regra de jogo) e com isso à cultura, ao direito e à humanidade em geral” [5] .

    No meu entender, a ruptura hitleriana em relação à prática e à teoria da guerra, ou seja, a “guerra total” e seus genocídios, foi uma antecipação, um primeiro ensaio em plena crise capitalista do que actualmente surge como Guerra de Quarta Geração. No primeiro caso tratou-se de uma monstruosidade precoce, pioneirismo “alemão” mas com antecedentes na cultura mais reaccionária dos Estados Unidos. Autores como Domenico Losurdo estabeleceram de maneira rigorosa as evidentes raízes ideológicas estado-unidenses do nazismo   [6] . Esse desastre exprimia a doença de uma civilização que ainda dispunha de reservas sistémicas (morais, produtivas, institucionais, etc) para recompor-se e que ainda não havia sofrido uma metástase geral. O tumor hitleriano foi extirpado parcialmente e o mal pôde sobreviver ocultando-se nas sombras à espera de uma nova oportunidade. Nos julgamentos de Nuremberga, os crimes de guerra (a violação das regras do jogo da guerra moderna) foram condenados selectivamente da maneira difusamente contida.

    Em fins dos anos 1930 Hermann Rauschning escreveu uma obra essencial para entender o funcionamento do fenómeno: “La revolución del nihilismo”. O autor acertou ao assinalar que “a essência da dominação nazi é o niilismo”, a negação simultaneamente criminosa e suicida da realidade humana, mas equivocou-se completamente quando prognosticou que “esse fanatismo produzido e difundido pela maquinaria do poder é tão vazio, tão artificial e inautêntico que todo esse gigantesco aparelho poderia ruir de um dia para o outro por causa de um só acontecimento sem deixar qualquer rastro de vida autónoma” [7] . Rauschning não soube (ou não quis) aprofundar o bisturi até o fundo, se o fizesse teria sido obrigado a colocar no banco dos réus o conservadorismo burguês no seu conjunto e, a partir daí, os aspectos destrutivos (e auto-destrutivos) da civilização ocidental à qual se orgulhava de pertencer.

    Agora, quando vemos o cancro fascista propagar-se tranquilamente por toda a Europa ao ritmo da crise, desde o avanço irresistível da Frente Nacional em França até a vitória neonazi na Ucrânia, passando pela Holanda, Bélgica, Croácia, Hungria, os países bálticos, Grécia, etc, não podemos deixar de constatar o enraizamento profundo do mesmo não só na tragédia dos anos 1920-1930-1950 como também em histórias muito mais antigas, em fanatismos religiosos, em genocídios coloniais e outras práticas sociais de grande crueldade (o nazismo clássico não era superficial nem inautêntico, fundia suas raízes na longa trajectória criminal do Ocidente).

    Mas o mais significativo e terrível foi a reinstalação sem maiores escândalos da doutrina hitleriana da guerra total, rebaptizada Guerra de Quarta Geração e por vezes adocicada como “golpes gentis” ou “suaves” ou sob a delirante apresentação de guerras ou bombardeamentos “humanitários”. Agora já não se trata de uma experiência pioneira e em certo sentido menos surpreendente, “anormal”, e sim de um vale-tudo aceite pelo conjunto das elites imperialistas. O facto de que a forma capitalista de fazer a guerra haja sofrido tal transformação está estreitamente vinculado à (faz parte da) transformação do capitalismo num sistema destruidor de forças produtivas estendendo-se ao contexto ambiental com suas terras, mares, montanhas, animais, etc a apontarem para a aniquilação de todo o património histórico da humanidade, de toda a acumulação de civilizações.

    Retorno à origem?

    Poderíamos estabelecer paralelos entre a conjuntura actual e as origens da modernidade. Robert Kurz pôs em evidência as origens militares do capitalismo. Por volta do século XVI, segundo Kurz, “não foi a força produtiva e sim, pelo contrário, uma contundente força destrutiva que abriu o caminho à modernização, a saber, a invenção das armas de fogo. A produção e mobilização dos novos sistemas de armas não eram possíveis no plano de estruturas locais e descentralizadas que até então haviam marcado a reprodução social, requeriam sim, em diversos planos, uma organização completamente nova da sociedade. As armas de fogo, sobretudo os grandes canhões, já não podiam ser produzidas em pequenas oficinas, como as pré-modernas armas de ponta e gume. Por isso desenvolveu-se uma indústria de armamentos específica, que produzia canhões e mosquetes em grandes fábricas” [8] .

    Entrada do Arsenal de Veneza, por Canaletto, 1732. Um bom exemplo disso é a presença em pleno século XVI do célebre Arsenal de Veneza , fábrica militar muito admirada na sua época, provavelmente a primeira indústria moderna, que inspirou muitos empreendimentos militares e civis posteriores e cuja organização produtiva baseada numa divisão eficaz de tarefas esboçava o modelo que vários séculos depois, no início da revolução industrial, foi descrito por Adam Smith.

    Foi efectivamente em torno dos desenvolvimentos militares que se foram gerando redes comerciais e financeiras que permitiam aos príncipes e demais senhores da guerra lançarem suas aventuras.

    As mesmas estavam destinadas às lutas intestinas das aristocracias e à repressão das massas camponesas. Contudo, o seu objectivo principal era a pilhagem da periferia, o que disparou decisivamente e alimentou durante séculos a emergência e consolidação do capitalismo, seus mercados centrais, sua ciência, sua arte e sua expansão industrial e tecnológica (existe, por exemplo, uma abundante literatura quanto à incidência da inundação de ouro e prata proveniente das colónias americanas na transformação burguesa da Europa) [9] .

    Foi a aliança militar-parasitária, entremeada de mercenários, aristocracia militarizada, comerciantes-bandidos, usurários de alto nível, etc que constituiu a plataforma de lançamento da conquista da periferia, permitindo que uma relativamente pequena economia guerreira realizasse uma pilhagem desmesurada em relação à sua dimensão inicial. No século XVI o produto bruto do Ocidente apenas superava os 10% do que poderíamos considerar como produto bruto mundial, contra 23%-24% para a China ou 27%-28% para a Índia [10] .

    Houve uma primeira tentativa:  as Cruzadas, quando aproximadamente nos séculos XII e XIII os ocidentais lançaram uma sucessão de invasões ao rico Oriente Próximo, ocupando parte do seu território [11] .

    Mas essa colonização fracassou apesar da enorme crueldade aplicada. Os povos invadidos dispunham de uma capacidade militar que lhes permitiu expulsar o invasor por meio do que poderíamos chamar guerra de longa duração. A disparidade militar entre invasores e invadidos não foi suficientemente grande para garantir a derrota definitiva das vítimas.

    A situação foi-se alterando a partir do século XV e experimentou uma grande viragem no século XVI, quando o Ocidente adquiriu uma superioridade técnico-militar decisiva sobre o resto do mundo.

    Batalha de Lepanto, autor desconhecido. A batalha de Lepanto (1571) provou a superioridade técnica ocidental sobre o Império Otomano. A eficácia do Arsenal de Veneza esteve por trás dessa vitória [12] . Meio século antes os espanhóis haviam utilizado sua esmagadora superioridade técnica para arrasar o Império Asteca, que não conhecia a pólvora nem as armas metálicas.

    Essa superioridade militar do Ocidente não foi produto do acaso, apoiou-se no vertiginoso desenvolvimento da sua ciência militar. Durante os séculos XV e XVI, a engenharia militar esteve no centro no Renascimento europeu, herdava a engenharia militar medieval que por sua vez mantinha vínculos com a ciência militar da antiguidade greco-romana. Bertrand Gille relata que “quando em 1328 Felipe V de Valois concebeu o projecto de partir para as cruzadas, Guy de Vigevano converteu-se no seu conselheiro militar e escreveu para o rei um tratado sobre máquinas de guerra … que pode ser considerado como um dos principais antecedentes da ciência militar posterior”. Gille destaca que “certas ilustrações do tratado apresentam analogias surpreendentes com algumas imagens de antigos manuscritos gregos e romanos” que, junto com outros desenvolvimentos medievais, demonstram segundo o autor uma clara continuidade científico-técnica no tema militar desde a Grécia e Roma até chegar aos séculos XV e XVI [13] .

    A continuidade histórica da “procura” (o militarismo) para essa ciência remonta primeiro à Idade Média europeia. Uma das suas características principais foi o sobredimensionamento dos seus dispositivos bélicos, a excessiva proliferação de organizações militares conduzidas por príncipes aspirantes a imperadores e titulares de “impérios” como Carlos Magno, passando por senhores da guerra de toda dimensão, bandos de mercenários, etc. Militarismo feudal entrelaçado historicamente com a Antiguidade europeia guerreira e imperialista, constatemos só que, como observa James O’Donnell em relação ao império romano já em decadência:   “depois de chegar ao trono no ano 284 o imperador Diocleciano e seus sucessores puderam restaurar as fronteiras romanas e a ordem romana multiplicando por cinco ou dez o número de soldados e funcionários. Diocleciano aumentou o número de soldados para 400 mil e mais tarde chegou a alcançar os 650 mil” [14] .

    No seu livro “Matança e cultura” [15]   Victor Hanson desenvolve a longa trajectória belicista do Ocidente e, ao referir-se às suas vitórias militares do século XVI, assinala que “o dinamismo militar europeu era um contínuo da Antiguidade clássica, não uma consequência casual da idade da pólvora e do descobrimento do Novo Mundo… desde a Grécia até o presente… as afinidades demonstradas pelas sociedades ocidentais na sua forma de fazer a guerra tornam-se assombrosamente duradouras” e acrescenta a seguir:   “as falanges macedónias, tal como o exército de Cortes, a frota cristã que combateu em Lepanto e a companhia de fuzileiros britânicos que defendeu Rorque’s Drift (1879, África, as tropas coloniais foram derrotadas pelos zulus) dispunham de um armamento muito superior ao dos seus adversários”.

    Não se trata só de superioridade técnica e sim da extrema crueldade na sua “forma de fazer a guerra”, o que leva o autor (apesar da sua admiração para com o Ocidente) a assinalar que:   “alguns estudiosos equiparam Alexandre Magno a César… ou a Napoleão, com os quais compartilhava sua vontade de ferro, seu génio militar inato e a busca de um império mais poderoso do que os recursos naturais da sua terra nativa permitia. Alexandre, com efeito, mantém afinidades com eles, mas com ninguém se parece mais que com Adolf Hitler”. O paralelo inevitável entre as falanges gregas, as legiões romanas, os cruzados, as tropas coloniais espanholas, inglesas, francesas e os exércitos hitlerianos estabelece o fio condutor “ocidental” de uma longa sucessão de guerras, conquistas e matanças.

    A acumulação primitiva do capitalismo baseou-se, com êxito, no saqueio desmesurado da periferia e com recursos naturais gigantescos, relativamente “infinitos” dado o nível técnico e a capacidade de rapina dos imperialistas europeus daquele tempo. Mas essa desmesura é impossível actualmente, o planeta é demasiado pequeno para as necessidades do que seria um novo processo de acumulação capaz de potenciar o parasitismo ocidental até gerar uma espécie de super-capitalismo global.

    As potências centrais são suficientemente grandes para destruir o planeta (o que significaria sua auto-destruição) e é por isso, por causa do seu gigantismo, que não se podem salvar, iniciar um novo ciclo ascendente devorando recursos humanos e naturais, ainda que para sobreviver como império precisem alimentar-se das suas vítimas. Isto assinala uma diferença qualitativa essencial com o que ocorreu há cinco séculos. Agora a violência imperialista não é a de um monstro vigoroso, na sua infância ou juventude, e sim a de um monstro velho e obeso.

    Ocidente

    É preciso associar conceitos artificialmente dissociados como “civilização ocidental”, “civilização burguesa”, “Império” (ocidental) e “capitalismo”. O capitalismo surge como um fenómeno histórico com raízes geográficas ocidentais bem delimitadas que carregavam uma pesada herança cultural específica. O Ocidente emergiu como um empreendimento imperialista colectivo, agrupando vários estados, expandindo-os globalmente e ao mesmo tempo envolvidos em ferozes disputas intestinas. A unificação chegou, após um longo percurso de muitos séculos, no final da Segunda Guerra Mundial sob o comando de uma super-potência não europeia:  os Estados Unidos.

    O irromper da guerra de 1914, mas especialmente a ruptura russa de 1917, assinalou o início do declínio ocidental – ainda que a tendência tenha parecido reverter-se nos anos 1990 com o derrube da URSS e em certo sentido, antes, a partir da reconversão capitalista da China. Mas não foi assim, da desintegração soviética após uma década de desastres surgiu a Rússia como potência militar-energética cada vez mais autónoma ainda que mantendo laços comerciais e financeiros estreitos com o Ocidente e do aburguesamente chinês não nasceu um país subdesenvolvido dócil aos interesses norte-americanos como a Índia ou o México e sim uma potência periférica também com importantes margens de autonomia.

    A deterioração geral da dominação ocidental, da sua hierarquia imperialista, ou seja, do capitalismo como sistema mundial, engendrou o fenómeno da despolarização, do descontrole periférico. A China e a Rússia mas também o Irão, e os jogos mais ou menos independentes de alguns estados “progressistas” da América Latina ilustram o processo. Os bárbaros do século XXI organizam-se sem tutela romana ou a negociarem com a Roma moderna já não como simples vassalos, mas essa Roma não pode reproduzir-se como tal, seu parasitismo não pode sobreviver sem os tributos crescentes dos seus súbditos periféricos, necessita cada vez mais sangue das suas vítimas (petróleo barato, lítio, ouro, cobre, salários miseráveis, maiores vantagens comerciais, mega-transferências financeiras, etc) enquanto as vítimas vão encontrando caminhos para reduzir a pilhagem graças precisamente ao enfraquecimento do parasita (o que não impede em certos casos que bárbaros pilhem-se entre si).

    Algumas precisões podem nos ajudar a entender melhor o que está a ocorrer.

    Em primeiro lugar, o facto de que a consolidação dos estados burgueses centrais tem estado (e continua a estar) estreitamente associada à expansão e consolidação colonial, à extracção maciça de riquezas da periferia, permitiu e continua a permitir a integração das sociedades centrais e a permanência do seu guardião estatal-militar. O fim ou o enfraquecimento grave da referida exploração assinalaria o eclipse desses estados e das suas bases sociais.

    Em segundo lugar, a comprovação de que o capitalismo é um sistema baseado num encadeamento de hierarquias fortemente autoritárias, desde a empresa em ascensão até chegar ao centro do poder mundial através de uma complexa articulação de estados, grupos económicos, instituições internacionais, meios de comunicação, etc. A hierarquia imperialista do capitalismo é inerente ao mesmo, é a sua forma histórica, concreta, de reprodução. Nunca foi uma articulação pacífica e sim um conjunto violento e instável onde a autoridade é ganha e conservada com guerra, pressões, armadilhas, etc. Mas até ao fim da Segunda Guerra Mundial essa hierarquia jamais pôde estruturar-se em torno de um único centro estatal, super-imperialista, de poder. Desde o início da modernização e sua sombra colonial encontramo-nos perante sucessivas rivalidades e guerras inter-imperialistas.

    A fantasia da globalização regida por uma só potência mundial, apesar de insinuar concretizar-se nos longínquos anos 1990, foi-se desvanecendo na década seguinte. A submissão da Europa e do Japão à chefia estado-unidense continua a basear-se na degradação de ambos os sócios menores; factos recentes como os da Líbia, Síria e Ucrânia são bons exemplos disso. Mas acontece que o chefe imperial também se degrada, o que introduz a incerteza quanto ao futuro dessa convergência central. Pelo seu lado, a periferia vai-se descontrolando precisamente quando mais necessário é o seu controle (super-exploração) para a reprodução do parasita. Em consequência o império enfurece-se, desespera-se, resgata toda a sua memória racista não só para expulsar ou reduzir à escravidão os intrusos periféricos que se instalam nos territórios imperiais como também para converter seus países de origem em zonas de caça livre.

    Esta última etapa ilumina toda a história anterior do sistema, destrói seus mitos decisivos, deixa a descoberto sua falsidade essencial. Sobretudo o mito do capitalismo como progresso, como etapa superior na sucessão de civilizações, ou seja, como a mais potente negação da barbárie.

    Boa parte das ideologias anti-capitalistas dos séculos XIX e XX apresentavam a superação do capitalismo como uma espécie de continuidade a um nível superior, de negação inicial, revolucionária, apoiada nos êxitos “positivos” do velho mundo (o projecto de ruptura albergava condicionamentos culturais que asseguravam a reprodução de aspectos decisivos da civilização burguesa).

    Mas a degeneração em curso desse sistema retira o véu ideológico e mostra o seu verdadeiro rosto. Os feitos aparentemente positivos da sua tecnologia (em que o capítulo militar é decisivo) surgem inscritos num contexto de conquistas coloniais com centenas de milhões de assassinatos, com liquidações de criações culturais, qualificadas com desprezo como atraso ou subdesenvolvimento, depredando até à extinção uma ampla variedade de recursos naturais.

    Podemos incluir um pequeno acrescento entre parênteses à célebre expressão de Voltaire para afirmar que a civilização (burguesa) não suprimiu a barbárie e sim que a aperfeiçoou. O capitalismo não deve ser assumido como uma etapa em última instância positiva na marcha do progresso humano e sim como uma desgraça, como um desastre, uma degeneração cuja não existência teria evitado numerosas tragédias. O balanço histórico da sua evolução é globalmente negativo, muitos dos seus progressos científicos e tecnológicos teriam sido obtidos seguindo provavelmente outros ritmos e caminhos mas em contextos sociais menos terríveis.

    Hegel, nas suas lições de filosofia da história, estabelecia que o desenvolvimento da liberdade, componente da marcha da Civilização entendida como encadeamento de civilizações, como a evolução do progresso universal, nascia penosamente no Oriente (ou seja, na periferia) para realizar-se integralmente no Ocidente com a vitória mundial da sua civilização, da modernidade burguesa [16] . A soberba eurocêntrica impedia-o de perceber que a liberdade periférica (embrionária, em desenvolvimento) havia sido arrasada, abortada, liquidada por um Ocidente parasitário e depredador concretizando a maior matança da história humana e sua civilização sanguinária só podia afirmar-se repetidamente por meio da força bruta, dos seus dispositivos militares contra os povos oprimidos da periferia (e quando foi necessário também contra suas próprias populações como o demonstrou o fascismo europeu do século XX, agora em pleno renascimento).

    A subestimação, o desprezo ocidental, sua visão desumanizante das culturas periféricas, constitui uma peça chave da sua ideologia imperial estruturada durante muitos séculos de saqueio. A animalização da imagem do homem do “resto do mundo” fez parte da construção psicológica que facilitou ao colonizador do Ocidente a realização dos grandes genocídios legitimados como obra civilizadora. A ignorância ou desprezo das riquezas culturais da periferia, da criatividade das suas bases sociais, do potencial de autonomia das suas comunidades camponesas não só armadilhou o cérebros das elites ocidentais como também uma boa parte dos seus inimigos internos. Foi assim que Gramsci pôde chegar a afirmar que na velha periferia pré capitalista “o Estado era tudo, a sociedade civil era primitiva e gelatinosa” ao passo que no Ocidente existia uma robusta sociedade civil [17] o que não permite explicar como fizeram, por exemplo, as populações andinas da América para sobreviver culturalmente ao genocídio inicial da conquista seguido por mais de cinco séculos de opressão e pilhagem ocidental, ou outras proezas culturais dos periféricos da Ásia e da África.

    É necessário entender que o declínio em curso do mundo ocidental se converte em degeneração do seu tecido ideológico e económico planetário, ou seja, do capitalismo como totalidade universal. Desde os anos 1970 sucederam-se as ilusões quanto às emergências capitalistas não ocidentais, desde o milagre japonês, passando pelos tigres e dragões da Ásia (Coreia do Sul, Formosa, etc) até chegar à China. Em todos esses casos era evidente que as expansões industriais exportadoras que lideravam os desenvolvimentos “milagrosos” se apoiavam nas necessidades dos mercados ocidentais ou de mercados periféricos fortemente dependentes dessas procuras. Em consequência, a deterioração dos referidos mercado golpeia os capitalismos não ocidentais. Além disso, factos como a hipertrofia globalizada das redes financeiras estabeleciam um só espaço mundial estreitamente intercomunicado. Portanto, a impossível desfinanciarização do capitalismo constitui um bloqueio comum do qual não podem escapar nem o centro nem a periferia. Esta última, além disso, quando embarca na prosperidade burguesa fica submetida ao modelo consumista, às pautas ideológicas ocidentais que têm efeito destrutivo devastador (familiar, comunitário, ambiental).

    Em meados de 2008, em plena explosão financeira, Richard Haass , presidente do Council on Foreign Relations dos Estados Unidos, publicou um artigo onde lançava o sinal de alarme:  a unipolaridade estava condenada à morte e não tendia a ser substituída pela multipolaridade, estava começando a emergir um mundo não polarizado que o autor carregava de imagens caóticas [18] . Haass percebia que o fim da hierarquia imperialista, unipolar desde 1991 e multipolar em toda a história anterior do sistema (incluído o período de auge do império britânico) podia chegar a ser uma espécie de “fim do mundo”, de ruir da “civilização”, ou seja, de desarticulação do capitalismo como cultura universal e naturalmente adiantava algumas medidas correctivas que permitiriam atenuar o suposto desastre.

    Haass tinha razão quando advertia que a não polaridade albergava o fantasma do fim da “civilização” (burguesa). George W. Bush e depois Barack Obama tentaram impedir esse futuro introduzindo correctivos militares que acabaram por agravar a enfermidade do império propagando o caos onde lhes foi possível.

    Por sua vez, potências periféricas como a Rússia e a China não estão em condições de reordenar, no sentido burguês do termo, a desordem causada pela decadência ocidental através do desenvolvimento de novos espaços capitalistas hierarquizado em substituição dos velhos espaços agonizantes. Não são forças negentrópicas do sistema e sim zonas capitalistas resistentes submersas, também elas, na decadência global. Tentam travar as bofetadas do império contra os seus interesses, mas ao resistir, revidar ou avançar sobre os flancos débeis do adversário contribuem para a “desordem” geral, bloqueiam as tentativas de recomposição do domínio ocidental do mundo e desse modo agravam a degeneração global do capitalismo.

    A insurgência global como necessidade histórica

    As elites dominantes da China e da Rússia, também as do Brasil, Índia ou Irão, acreditam na possibilidade de desenvolverem seus capitalismos nacionais, fazem o que podem para não afundarem no desastre ao qual o Ocidente as quer condenar. Mas o carácter global, profundamente inter-relacionado do sistema de que fazem parte, condiciona suas astúcias.

    Todos esses tropeções e empurrões entre o centro e a periferia contribuem para criar um panorama global rarefeito que a qualquer momento pode redundar em guerras e situações pré bélicas a nível regional, ameaçando por vezes transformar-se em confrontações mundiais como ocorreu em 2013 devido à situação síria e em 2014 com a ucraniana.

    Karl Polanyi descrevia a longa “pax europea” (salpicada de conflictos menores) que vigorou desde o fim das guerras napoleónicas até 1914, resultado segundo ele do papel harmonizador, apaziguador de conflitos, cumprido por alguns factores ocultos dentre os quais destacava a “haute finance”, os círculos financeiros europeus mais elevados que, pondo-se acima dos interesses políticos e nacionais, amarravam compromissos, negócios atravessando países e consequentemente acalmando as disputas inter-imperialistas [19] .

    Mas Polanyi só olhava a superfície do fenómeno. Na realidade os negócios da “haute finance” fundavam-se na vertiginosa acumulação de capitais proveniente principalmente da rapina imperialista do mundo, um de cujos pilares essenciais era a acção dos estados ocidentais, o desenvolvimento dos seus aparelhos militares (fonte decisiva de negócios) e da consequentes megalomanias “patrióticas” das respectivas burguesias nacionais rivais. Polanyi assinala que “os Rothschild não estavam sujeitos a um governo; como uma família, incorporavam o princípio abstracto do internacionalismo; sua lealdade era entregue a uma firma, cujo crédito se havia convertido na única conexão supranacional entre o governo político e o esforço industrial numa economia mundial que crescia com rapidez” [20] . Na realidade o papel “pacificador” dos Rothschild fazia parte de um jogo duplo perigoso mas muito rentável. Por um lado excitavam as bestas alentando suas ambições (e de imediato entregavam-lhes a conta) e por outro acalmavam-nos quando ameaçavam fazer um desastre. Mas essa sucessão de excitantes e calmantes aplicadas a bestas que absorviam drogas cada vez mais fortes terminou como tinha que terminar:  com uma gigantesca explosão (Agosto de 1914).

    Transferindo-nos para o mundo actual é necessário afirmar que a globalização dos negócios não estabelece um manto transnacional pacificador e sim exactamente o contrário, sobretudo nos centros globais de poder político-militar incentivando megalomanias criminosas.

    É no interior do sistema global decadente que se desenvolvem as ilusões, esperanças e rebeldias da periferia. A ilusão de assegurar capitalismos autónomos sob as bandeiras da restauração da “identidade russa” ou do “socialismo de mercado” chinês ou de um socialismo a meias como na Venezuela ou de uma sociedade baseada no islão como no Irão ou de capitalismos “progressistas” como no Brasil, Argentina ou Equador. Mas também a resistência ao invasor no Afeganistão ou na Líbia até chegar à guerra prolongada pelo socialismo das FARC na Colômbia, aos protestos sociais na Europa, etc. Esse grande quebra-cabeças não constitui uma insurgência global nem muito menos um movimento em vias de articulação e sim um processo sumamente heterogéneo onde se apresentam erupções efémeras, ciclos de longa duração, tentativas de desenvolvimento capitalista relativamente autónomo, rebeliões anti-capitalistas, etc que podem ser vistos de diferentes maneiras. Uma delas é a de uma grande turbulência periférica que se vai expandindo em meio a contradições de todo tipo a anunciarem ao mesmo tempo cenários futuros de insurgência popular contra o sistema e o seu contrário:  o afundamento em degradações prolongadas.

    É nesse espaço complexo no qual as potências ocidentais tentam arrasar, isolar, demonizar, triturar, que se reproduz um gigantesco proletariado universal, vários milhares de milhões de camponeses, operários, marginais, comerciantes miseráveis, etc condenados à morte ou à sobrevivência infra-humana pela dinâmica decadente do sistema. Constituem uma realidade plural que se opõe naturalmente à homogeneização escravizante do Ocidente tentando preservar e/ou construir identidades, espaços de liberdade, sobreviver, viver dignamente.

    Os próximos anos dirão se a partir dessa massa proletária irrompe a insurgência global que desdobrando-se na sua pluralidade irá convergindo na segunda ofensiva contra o império. A primeira ocorreu no século XX a partir da Revolução Russa, convertendo-se numa rebelião global que se prolongou durante cerca de seis décadas abarcando desde a China até Cuba, passando pela Argélia, Vietname, Nicarágua.

    O rapto da Europa, Ticiano, 1562. Há meio século estavam na moda na Europa ocidental autores que denunciavam a perda de hegemonia da região, superada por superpotências extra-regionais como a URSS, os Estados Unidos ou o Japão. Um desses textos, de grande êxito editorial, foi “El rapto de Europa” [21] de Luis Diez del Corral. Sua tese era que nações extra europeias estavam a roubar à Europa, ou já haviam roubado, sua maior criação cultural:  a modernidade.

    Deslumbrado pelo mito grego, o autor não reflectiu o suficiente acerca do seu significado histórico: Zeus rapta Europa, princesa do Oriente Próximo enganada pelo deus que mimetizado como touro a induz a montá-lo, do que se aproveita para sequestrá-la e levá-la à sua ilha. A origem do Ocidente histórico é o engano e o roubo. Seu próprio nome, Europa, é o de troféu, produto do roubo. Em última instância, se o mundo não ocidental se apropriasse da modernidade ocidental não estaria a fazer outra coisa senão recuperar o capital mais os juros das riquezas que o ladrão lhe havia sacado durante séculos:  ouro, prata, petróleo, cereais, centenas de milhões de vidas humanas. Na realidade, o planeta hoje está completamente modernizado. Para uns (o centro do mundo) isso significa desenvolvimento capitalista, poder, privilégios, ao passo que para o resto do mundo quer dizer subdesenvolvimento capitalista, miséria, frustrações.

    De qualquer forma, a “apropriação periférica da modernidade” é um anzol envenenado, é a ilusão de reproduzir os supostos êxitos culturais da civilização burguesa de modo independente ou a enfrentar o Ocidente. Quando o escravo imita o amo ou pretende regenerar sua comunidade adoptado-adaptando seus fundamentos ideológicos, o que consegue é bloquear a criatividade revolucionária da sua base social. Como o demonstra a experiência histórica do século XX [22] , quando acredita ter encontrado o fio de Ariadne que lhe permitirá sair do labirinto, aferra-se ao mesmo e marcha triunfalmente rumo à saída… Na realidade agarrou a cauda do diabo o qual, astutamente, o conduz rumo a paragens ainda mais sinistras.

    Mas a modernidade entrou no estado de decrepitude e a libertação das suas vítimas centrais e periféricas só pode ser alcançada por meio da negação absoluta do capitalismo, sua completa destruição, para a partir das suas cinzas construir um mundo novo. Nada autoriza a supor que essa proeza – a maior da história humana – seja inevitável. A regeneração pós capitalista é historicamente necessária ainda que não constitua um fenómeno inexorável imposto por supostas leis da história. Trata-se de uma tarefa que exige um gigantesco esforço voluntarista animado por ideias resultantes de práticas insurgentes, rebeldias mais ou menos radicalizadas, ensaios, erros, fracassos, êxitos efémeros ou duradouros.

    Notas

    [1] As decadências de civilizações anteriores e as reflexões contemporâneas sobre as mesmas, na medida em que conseguiam uma visão de certa amplitude associavam as referidas decadências com futuras renovações ou instalações de novas civilizações no mesmo território. A nível mundial, enquanto uma civilização decaía outras permaneciam ou emergiam. Agora, dado o potencial auto-destrutivo do capitalismo global, surge a possibilidade histórica do “fim da história” não no sentido idílico (sinistro) do mundo liberal feliz que Francis Fukuyama nos propunha há algumas décadas e sim como desastre universal.

    [2] Marx e Engels, “La ideología alemana”, Ediciones Progreso, Moscú, 1974.

    [3] Em 2012 as despesas do Departamento da Defesa chegaram a cerca de US%700 mil milhões. Se às mesmas forem adicionadas as despesas militares que aparecem integradas (diluídas ou ocultas) em outras áreas do Orçamento (Departamento de Estado, USAID, Departamento da Energia, CIA e outras agências de segurança, pagamentos de juros, etc) alcançar-se-ia um número próximo dos US$1,3 milhões de milhões. Esse número equivale a 50% das receitas orçamentais previstas ou 100% do défice orçamental. Essas despesas representaram quase 60% das despesas militares globais e se lhes somarmos as dos seus sócios da NATO e de alguns países vassalos extra-NATO como a Arábia Saudita, Israel, Colômbia ou Austrália estaríamos entre 75% e 80% da despesa global (Ref: Jorge Beinstein, “Capitalismo del Siglo XXI. Militarización y decadencia”, Ed. Cartago, Buenos Aires 2013).

    [4] Narciso Isa Conde, Estados neoliberales y delincuentes , Aporrea, 20/01/2008,

    (5) Johan Huizinga, “Homo ludens” (1954), Emecé Editores, Buenos Aires, 1968.

    [6] Domenico Losurdo, “Las raices norteamericanas del nazismo”, Enfoques Alternativos, nº 27, Octubre de 2006, Buenos Aires.

    [7] Hermann Rauschning, “La révolution du nihilisme”, Gallimard, Paris, 1980.

    [8] Robert Kurz, Los orígenes destructivos del capitalismo , 1997,

    [9] Em outros textos apresentei um conceito de Anouar Abdel Malek, no meu entender essencial para compreender o fenómeno. Trata-se do “excedente histórico” acumulado durante séculos pelo Ocidente em resultado de um saqueio universal sem precedentes, um património imperialista baseado na destruição do contexto ambiental e de civilizações de todos os continentes (Anouar Abdel Malek, “Political Islam”, Socialism in the World, Number 2, Beograd 1978.

    [10] Angus Maddison,”The World Economy:  Historical Statistics”, OECD 2003.

    [11] René Grousset qualificou-a como “a primeira expansãon colonial do Ocidente”. Renée Grousset, “Las cruzadas”, EUDEBA, Buenos Aires, 1965.

    [12] “O poder veneziano baseava-se na sua capacidade para fabricar armas de acordo com os modernos princípios da especialização e da produção capitalista”, assinala Victor Davis Hanson. E acrescenta que “três anos depois de Lepanto o monarca francês Henrique III, que se encontrava em Veneza, visitou o Arsenal que, para seu assombro, montou, equipou e lançou uma galera em uma hora!
    Em condições normais, recorrendo a princípios de construção naval, financiamento e produção em massa comparáveis unicamente aos do século XX, o Arsenal era capaz de lançar uma frota inteira de galeras no espaço de uns poucos dias”, Victor Davis Hanson, “Matanza y cultura. Batallas decisivas en el auge de la civlización occidental”, Fondo de Cultura Económica-Turner, México D.F. / Madrid 2006.

    [13] Bertrand Gille, “Les ingénieurs de la Renaissance”, Herman, Paris 1964.

    [14] James O’Donnell, “La ruina del imperio romano”, Ediciones B, Barcelona 2010.

    [15] Victor Davis Hanson, op cit.

    [16] G.W.F Hegel, “La Raison dans l`Histoire”, Union Générale d`Editions, 10/18, Paris 1965.

    [17] Antonio Gramsci, “Cuadernos de la cárcel”, Ed. Era, México, 1999.

    [18] Richard N. Haass, “The Age of Nonpolarity. What Will Folow U.S. Dominance”, Foreign Affairs, Mai/June 2008.

    [19] Karl Polanyi, “The Great Transformation.The Political and Economic Origins of Our Time”, Bacon Press, Boston, Massachusetts, 2001.

    [20] K. Polanyi, op. cit.

    [21] Luis Diez del Corral, “El rapto de Europa”, Alianza Editorial, Madrid 1974.

    [22] Desde os fantasmas burocráticos da história soviética até chegar ao realismo burguês dos dirigentes chineses passando pelos diversos nacionalismos mais ou menos “socialistas” ou capitalistas do Terceiro Mundo.
     

     

  37. Bom, o que de fato tem é que

    Bom, o que de fato tem é que o chefe da ucrânia eleito pelo voto foi destituído por facistas, digo, neonazistas.

  38. Gunter, convido mais uma vez ao debate

    Parece que você ignorou todas as minhas perguntas até agora (assim como a Veja, prefere bradar que a culpa é da Rússia). Para quem fez um post tão afirmativo, taxativo, dono da verdade até, seria interessante que você acabasse com as dúvidas. Para facilitar, compilo a lista aqui:

     

    1 – por que o “governo” Ucraniano publicou um vídeo falso, preparado COM UM DIA DE ANTECEDÊNCIA, culpando não só os rebeldes pró-rússia, como diretamente o governo russo, do atentado?

    2 – onde está o mínimo fiapo de prova de que os rebeldes possuíam (e sabiam operar) sistemas de mísseis anti-aéreos BUK?

    3 – por que o próprio ministro da defesa ucraniano, logo nas primeiras horas que se seguiram à derrubada do avião, afirmou ao presidente (e depois à imprensa) que os rebeldes NÃO POSSUÍAM tais armas?

    4 – quando você desmerece e ridiculariza o banco dos BRICS (fazendo corar o Aécio Neves) você se esquece que o Putin, durante o lançamento do banco, comentou longamente sobre as “sanções” dos americanos contra a Rússia (e me explique: por que sanções, se a Rússia não atuou diretamente uma única vez na crise ucraniana, ao contrário dos próprios americanos?) e  ressaltou as relações multi-laterais da Rússia com outros países não alinhados aos USA como forma de ridicularizar as tais sanções.

    5 – Por que um caça Ucraniano acompanhava de perto o avião que caiu?

    6 – E por que o exército ucraniano moveu uma bateria de mísseis anti-aéreos BUK (os mesmos que derrubaram o avião) para próximo da região da queda pouco tempo antes?

     

    http://vineyardsaker.blogspot.com.br/2014/07/the-russian-military-finally-speaks.html

    1. Não fale absurdos

      Ninguém vai debater com alguém que fala “você é histérico”, “se você quisesse ser honesto”.

      Eu debato e converso apenas com pessoas de boa vontade.

      1. Olha o dedo, olha o bolo, olha…

        Tá aí, embora o texto dele venha recheado de adjetivações aos que esposam teses que ele não concorda, ele refuta a prosseguir quando confrontado…

        É o pessoal do bate-e-corre, tipo coxinha BB…Quando chega a hora de entrar na borracha, colocam óculos e dizem: “pôxa, vai bater num cara de óculos?”.

      2. Eu NUNCA

        Falei que você é histérico. E estou te convidando ao debate há dias, e você vem fugindo sistematicamente.

        Nem comento mais os absurdos que você escreve por aí sobre a Palestina, sempre culpando a vítima, as petromonarquias, o Hamas, a OLP, e nunca Israel.

        Apenas te convido para o debate sobre um tema que você mesmo trouxe à tona, e até disso você foge.

        Sorry, você não é sério, tem uma agenda própria e distorce a verdade para dar-lhe cor de fatos (faz isso com a candidatura do E. Campos, na discussão sobre o Oriente Médio, sobre a Rússia) e quem está errado, na verdade, é quem lhe dá espaço para propagar suas sandices.

    2. Turco, não se dê ao trabalho.

      Quando o Gunter é pego com o dedo no bolo, o máximo que ele consegue fazer é ficar falando que não foi ele. Ou que entenderam errado, não era um bolo, ou não era um dedo. Ou faz como você já percebeu, responde perguntas que você não fez e que não elucidam as questões colocadas de maneira alguma, mas que revelam bastante sobre a personalidade dele. Isso – de desviar o assunto – é proposital, é uma técnica. Já a parte de se revelar, acho que não. De qualquer maneira, simplesmente não debato mais com ele. Recomendo que faça a mesma coisa, para poupar suas mãos, sua energia e não aumentar sua pressão arterial.

  39. Premonição sobre problemas em discussão aqui no blog

    https://jornalggn.com.br/blog/doney/lista-de-livros-a-caixa-preta-de-amos-oz

    ““Quando a batalha está no auge, não há mais sentido nas regras iniciais. Em todo caso, o inimigo não conhece as regras e não age de acordo com elas”.”

    Post sobre o livro do Amoz, A Caixa Preta, que fala das tumultuadas relações na Criméia e suas implicações geopolíticas no Oriênte Médio.

    Isto sem falar da crise de energia que irá traumatizar nossa civilização com o fim do petróleo barato.

  40. BOBAGEM GROSSA

    Prezado Nassif,

    Algumas reações em torno do incidente com o avião da Malasia Airlines simplesmente abandonam a lógica. Sempre partem do pressuposto de que a Rússia forneceu o sistema Buk e os legalistas (ditos terroristas por Kiev ou separatistas pro-russos pela mídia ocidental) derrubaram o avião.

    Ponto.

    Fica então, apenas uma perguntinha: os russos entregam material bélico, mas não fornecem inteligência ?

    A resposta é evidente, principalmente para quem conhece o conceito de guerra de quarta geração e o papel da mídia de massa no ocidente.

    É óbvio que sim.

    Outros dois raciocínios básicos:

    1 – há pouco tempo atrás caiu um outro avião da mesma empresa e até hoje não se sabe o que aconteceu; não causa estranhamento que a mídia (“fiscalizada e responsável”) tenha imediatamente afirmado que a culpa era dos legalistas e por extensão da Rússia ? Com base em fontes “anônimas” do Pentagono ?

    2 – se se admite que os norte-americanos saberiam, da distância de 5.000 km, que teriam sido os legalistas e russos, estes não saberiam que se tratava de um avião comercial a uma distância de mais ou menos 100 km de sua fronteira, uma zona conflagrada, estando suas tropas de prontidão?

    Por quê alguém aí não pergunta ao comentarista Júnior50 se um radar de designação de alvo, com banda estreita, não é capaz de identificar o tipo de avião pela decodificação das ondas de retorno? 

    A dissociação dessa gente da realidade é encontrada em outro aspecto: grita-se, quase que literalmente, na mídia de massa que a intervenção estatal é um malefício, mesmo estando-se diante do FATO de que a China se transformou na maior potência econômica do globo, em 30 anos, EM RAZÃO da intervenção estatal.

    Já que falei em economia…

    Cui prodest  com essa imensa campanha midiática ?

    Recentemente lancei um comentário que remete àquele célebre dito: é a economia estúpido 

    O quadro simplificado ao extremo:

    1 – os EUA pretendem afastar UE da Rússia, pois eles sabem que a produção econômica da UE depende do gás russo;

    2 – os EUA têm interesse em afastar a UE da Rússia, pois isso atingiria a produção da UE e, por consequência, o euro;

    3 – os EUA estão tendo problemas com sua divisa e querem quebrar o euro, seu primeiro concorrente – aqui (vai exigir tempo) é possível ver o que o mercado real pensa: www.leap2020.eu/; 

    4 – o fundo de contingência e o Banco dos BRICS agravam as preocupações americanas quanto ao concorrente euro e sua combalida divisa:

    a) não haverá mais pedágio, pois as negociações não mais passarão pelo sistema financeiro anglo-saxão;

    b) haverá perda do poder de senhoriagem;

    c) as condicionalidades estarão afastadas;

    5 – os EUA têm interesse nessa nova cortina de ferro, porque ela facilita  a negociação do tratado de comércio transatlântico, que está sendo negociado secretamente;

    6 – os EUA pretendem ver instalada uma nova cortina de ferro, pois ela afasta a união da Alemanha (por extensão a europa ocidental, com exceção da ilha), da Rússia (leia-se, união eurasiana) e da China, o pesadelo extremo para Mackinder; 

    Então, nessa história toda de avião sendo derrubado, cui bono ?

    7 – com CERTEZA (ironia ON) aos “terroristas”  e separatistas (não, eles não são legalistas por defenderem aquele govenro que foi eleito), que são objeto de uma ação “antiterrorista” de Kiev e, claro, também o Putin e a Rússia são culpados;

    Mas por qual motivo ?

    8 – ah, os separatistas se beneficariam de uma propaganda FAVORÁVEL da mídia de massa, muito responsável, porque (lembram?) ela é fiscalizada, viu ?;

    9 – a Rússia, claro, que adora jogar dinheiro fora e, ademais, porque o Putin é o demônio e faria isso mesmo se a consequência contrariasse todos os interesses da Rússia.

    Em resumo, a China e os demais credores não acharam nada engraçada a monetização da dívida americana via EQ e tomaram providências, o que de quebra dificulta as espolições militares do império….

    Saudações

  41. Política e sexo…

    Segue o articulista a filtrar (e esconder) suas preferências a partir de sua visão (compartimentada) da luta pelos direitos GLBT…Se Putin desse uma improvável guinada hoje no tema, e admitisse seus erros (?), o prezado pularia de lado…

    E acreditem: ele sabe (ou não sabe?) onde se esconde o Santo Graal da política anti-imperialista, mas é claro, não conta para ninguém…

    Como se a História (permanente) da Humanidade não fosse recheada de incoerências ideológicas que acabam por deliitar estranhos campos na luta geopolítica.

    Basta ver Vargas, Stalin, Roosevelt, Chamberlain, etc, todos flertaram com Hitler e depois amargaram o maior conflito armado do século…

    Assim como enxergar as contradições do regime cubano, ou das nações muçulmanas que lutam contra a presença estadunidense no Oriente Médio, não implica em desconsiderar a importância de seus papéis nesta luta hegemônica…

    Por fim, desprezar o sentido simbólico da iniciativa do fundo dos Brics, colocando questões meramente numéricas como medida de importância, é pueril, nem merece comentário…

    Mas fazer o quê, o cara defende a existência de uma invenção chamada Israel? 

  42. Em resumo:

    Bem, da celeuma toda eu capturei apenas parte:

    – Se tudo der certo na Ucrânia, é uma vitória dos EUA e aliados;

    – Se tudo der errado, a culpa é de Putin.

    – O discurso anti-imperialista é tão ruim quanto o imperialismo porque abusa dos fundamentalismos estadunidenses que diz combater.

    O rapaz só esquece de dizer que estes regimes autoritários lá estão, na sua maioria, como resultado das intervenções geopolíticas dos EUA e aliados, ou seja, são uma radicalização autodefensiva, como foi o Irã após o Xá Parlhevi, ou Castro pós Batista, Vietnam do Norte, Coreia, e por aí vai.

    – Claro, há povos mansos como nós…

    Ou seja, é bem mais factível acreditar que poderemos atrair países como o Irã em uma aliança anti-EUA, e propormos um debate sobre temas seníveis (como os DH), que apoiar a cruzada estadunidense contra o regime de Teerã…E esta estratégia se mostrou tão acertada que o Brasil foi duramente atacado pelo establishment sionista-estadunidense quando tentou mediar a questão nuclear daquele país…

    – O Estado de Israel é uma realidade que se impôs (à força e pela chantagem do Holocausto), e agora os palestinos ou dão ou descem, ou pior, dão e descerão também.

    – Até hoje eu desconfio que o Holocausto foi algo que se perdeu o controle após um negociação da elite judaica com o governo do Reich, já que no início, só os judeus mais pobres não conseguiam comprar asilo em países neutros…Eram os mártires perfeitos à causa, mas aí Hitler resolveu mostrar que acordos com o tinhoso são perigosos…e foi todo mundo para o forno…

    Os EUA têm os pais fundadores da nação, os italianos o mito romano, os franceses a Gália e os irredutíveis gauleses, enquanto o mito fundador de Israel, paradoxalmente, é o principal algoz de seu povo, Hitler, que deve estar sorrindo no Inferno (sde existir um), satisfeito em ver no que se tornaram aquelas “frágeis” criaturas.

    O engraçado mesmo é o rapaz tentar nos esconder que sua “predileção” pelos EUA está ligada a questão básica da sobrevivência israelense, pois sem o tacão do Tio Sam, a estrela de David já teria sido riscada do mapa.

    Como é que ele vai “morder” a mão de quem lhe “alimenta”?

     

     

  43. Definitivamente “softpower”

    Definitivamente “softpower” não é com qq um desses aí em cima, seja EUA, China e especialmente Israel e Russia… 

     

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